sexta-feira, 29 de março de 2019

O brincar e todos nós: as atividades lúdicas como espaço de desenvolvimento e convívio

A inclusão de crianças especiais é uma tarefa que deve ser praticada em todos os âmbitos da vida de uma pessoa que tenha algum tipo de necessidade.

Mesmo que mais de 45 milhões de brasileiros tenham declarado ter pelo menos um tipo de deficiência, segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda é um desafio encontrar pessoas com deficiências dividindo o espaço de trabalho, os transportes públicos e até mesmo as escolas e universidades.

O tema engloba todas as faixas etárias, incluindo a infância. Nesse sentido, a Semana Mundial do Brincar (SMB) 2019 propõe a reflexão: “O brincar que abraça a diferença”. A frente número dois da mobilização anual em prol do brincar livre traz a crença da Aliança pela Infância de que as deficiências não saem da brincadeira e, inclusive, proporcionam novos aprendizados a crianças com e sem deficiência. 

Uma das garantias presentes na Lei Brasileira de Inclusão (LBI), aprovada em 2015 para assegurar e promover o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, é o direito a um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, para que as pessoas possam “alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem”.

Apesar de estar prevista na lei, a inclusão é mais complexa do que realizar a matrícula e inserir a pessoa dentro da sala de aula. Mas o que, afinal, é necessário em termos de formação e preparação para uma escola receber uma criança com deficiência?

Formação de professores

Pamela Martins, especialista em educação inclusiva, explica que, além das falhas estruturais do nosso sistema de ensino, um dos pontos principais relacionados à presença de crianças com deficiências em salas de aula é a falta de preparação dos profissionais. “A inclusão é um processo que precisa acontecer em termos de método e capacitação profissional. Um dos primeiros passos é sensibilizar o professor e fortalecer sua autoconfiança. Ouvimos muitos relatos de insegurança desses profissionais, já que não recebem o preparo necessário na formação [inicial] para lidar com todas as novidades que ter um aluno com deficiência em sala de aula traz à sua dinâmica.”

Segundo a especialista, a sociedade ainda vive um modelo que se limita ao que a criança não pode fazer em vez de olhar e enaltecer suas potencialidades e, por isso, argumenta que ainda falta um longo caminho para superar o patamar da mera inserção da pessoa no ambiente escolar. “É da nossa cultura e do sistema tradicional de ensino não flexibilizar para as diferenças de cada um. É como se fôssemos formados em lote, ou seja, o tempo tem que ser tudo igual pra todo mundo: o tempo é o mesmo e as avaliações são as mesmas. Na verdade somos todos diferentes e, nesse sentido, a deficiência exige uma série de adaptações principalmente metodológicas.”

Graduada em educação inclusiva pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e doutora em educação inclusiva, Pamela, que atua na área há 13 anos, também trabalha com formação de professores. A vivência com profissionais de educação levou à percepção sobre a precarização da profissão docente. Por isso, a especialista ressalta que antes de julgar um professor, é preciso ter conhecimento da realidade de seu trabalho.

“Nós encontramos diferentes posturas quando trabalhamos com professores. Muitos deles realmente querem soluções e criam uma expectativa enorme quando chega uma equipe para falar de educação inclusiva. Mas precisamos ganhar sua confiança, levar histórias de sucesso e de fracasso, explicando que não existe uma fórmula. Cada aluno é único e vai depender da capacidade de observação de cada profissional sobre as necessidades desse aluno, o tratamento para com ele, sensibilidade, empatia e destreza de técnica. O professor precisa ser humano, empático e tomar decisões percebendo que a inclusão é uma necessidade, não somente uma garantia na lei. Ela precisa realmente acontecer porque o aluno é sua responsabilidade, mas também da escola e da comunidade. Esses profissionais precisam se sentir acolhidos e ver que não estão sozinhos nessa, porque ninguém pode negar o quanto é desafiador. Uma educação inclusiva eficiente envolve uma série de fatores, entre recursos materiais e principalmente recursos humanos.”

O que acontece na prática

Se o ‘mundo ideal’, como indica Pamela, é ter um time de professores formados para saber como integrar uma criança com deficiência no grupo, espaços físicos e equipe pedagógica preparada para recebê-la, sala de recursos para ser usada no contraturno e um profissional especializado na área de educação inclusiva para pensar na adaptação curricular junto com o professor regente, não é isso o que acontece no dia a dia das escolas no Brasil.

Não contar com essas ferramentas não impede, entretanto, que escolas da rede pública e privada trabalhem com esses alunos. É o caso do Jardim de Infância Tia Lucy, localizado no Clube Pinheiros, em São Paulo. Especializada em Educação Infantil, a escola já recebeu crianças com diferentes tipos de deficiência, como Transtorno do Espectro Autista (TEA), paralisia cerebral, Síndrome de Down, entre outros.

Regina Delduque, diretora da Educação Infantil, explica que em primeiro lugar a escola precisa de fato acreditar que o ambiente escolar precisa ser para todos. “Uma escola que faz inclusão meramente porque é obrigada por lei não está fazendo inclusão nenhuma na verdade.”

Em um segundo momento, ressalta a importância de estabelecer uma ligação entre três figuras com as quais a criança se relaciona: escola, família e terapeutas como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, neurologistas, entre outros profissionais da saúde. “São esses profissionais que vão nos ajudar a entender o que é importante para a criança com determinada necessidade, quais estímulos ela precisa e nos mostrar quais são as adaptações necessárias para recebê-la”, explica a diretora.

Sueli Nogueira, professora do Infantil 5 da Tia Lucy, já contou com alguns alunos com deficiência em suas turmas. A pedagoga conta que, nos casos em que a família tem ciência sobre a deficiência e informa o fato durante o processo de matrícula ou reunião de pais, é estabelecida uma conversa com a diretora e coordenadora pedagógica no sentido de entender quais são as necessidades daquela criança apontadas pela família e o que pode ser feito de forma mais imediata para recebê-la no início das aulas.

“Antes de 2015 com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases (LBI), recebemos a primeira criança com TEA severo na escola. Nessa ocasião, a minha diretora indicou algumas leituras sobre o tema. Como essa criança já estava na escola, foi possível acompanhar o histórico e trocar experiências com a professora do ano anterior. Foi uma experiência desafiadora porque era difícil fazer com que ela interagisse com outras crianças, por exemplo. Por isso, eu e a professora auxiliar nos empenhamos em realizar um trabalho de socialização a partir de histórias, brincadeiras, jogos e rodas de conversa, explicando para o grupo que aquela criança tinha um tempo diferente para aprender,” afirma Sueli.

O lúdico e as deficiências

As profissionais entrevistadas nesta reportagem concordam com a crença da Aliança pela Infância de que o brincar é o principal território de descobertas, explorações e desenvolvimento durante a infância. É na brincadeira que as crianças mais aprendem, se desenvolvem e se relacionam com o mundo a sua volta.

Pamela enxerga o lúdico como uma ferramenta de desenvolvimento cognitivo, indo além da socialização entre os brincantes. “O primeiro passo de tentar acolher e inserir o aluno independente de suas limitações é uma iniciativa muito democrática do espaço escolar. A negativa e a afirmação de ‘tal pessoa é deficiente e por isso não brinca’ é muito grave. Um jargão que repetimos muito na educação inclusiva é ‘ter um olhar para as potencialidades e não para a limitação’. Isso precisa ser um princípio norteador das práticas da escola.”

Segundo a especialista, pequenas atitudes de inclusão dão origem a outras, uma vez que se o grupo aprende a lidar com a diferença, o ambiente tende a ser muito mais inclusivo, pois haverá iniciativas das próprias crianças em ajudar e não deixar os colegas sozinhos. “Quando a gente trabalha com criança, vemos isso acontecendo na prática. Elas são muito solidárias. Eu acredito que essa convivência é sempre positiva. Costumo dizer que a criança é sim desprovida de preconceito até o adulto colocar na cabeça dela. Então quanto antes ela tiver contato com a diversidade e diferença, mais ela tem a ganhar.”

Regina Delduque usa sua experiência como diretora de escola para contar que um olhar atento do professor regente ajuda a tratar sobre o tema das diferenças desde cedo com os alunos. “Quando as crianças são muito pequenas, não há uma grande percepção sobre as diferenças. Mas conforme vão crescendo e amadurecendo, as professoras usam de vários recursos, como a literatura, para explicar que somos todos diferentes.”

A diretora ecoa as palavras de Pamela ao afirmar que a convivência com crianças com deficiência produz benefícios múltiplos. Se de um lado essa pessoa vai sendo estimulada e se desenvolvendo dentro das suas possibilidades, do outro o grupo de colegas aprimora um olhar de atenção a necessidades diversas. Nessa lógica, é na brincadeira que as diferenças são percebidas e respeitadas. “Eu acredito fortemente que na Educação Infantil a criança desenvolve todas as habilidades necessárias para a vida enquanto está brincando. Ela assimila muito melhor o que você quer que ela aprenda através da brincadeira, pois é nesses momentos que vai aprender a esperar, a ouvir e enfrentar desafios.”

Atuando como professora há mais de 20 anos, Sueli também reafirma sua crença no ato de brincar, momento em que as crianças conseguem se manifestar e se expressar da forma mais plena. “É através do jogo simbólico que o grupo faz com que aquela criança com deficiência participe desempenhando um papel na brincadeira, por exemplo”.

No caso da criança com TEA, a professora afirma que toda a aprendizagem conquistada foi a partir de atividades lúdicas. “Nós usávamos muito os brinquedos e livros que ela gostava, além de fotos e tintas, que ela adorava. Também percebíamos que não permitia a aproximação de todos os colegas. Mas em atividades mais agitadas, como em momentos de dança, aceitava melhor a presença dos demais.”

Além disso, a pedagoga acredita que, apesar da sociedade já ter percorrido um caminho de conquistas importantes, como a própria LBI, é preciso continuar apostando na inclusão dessas pessoas. “Ter uma criança com deficiência no grupo faz com que todos aprendam. Enquanto ela poderá ter uma vida social e escolar ao fazer parte do grupo, os outros aprendem a compartilhar, a entender, a ser solidário e a perceber que todos nós somos diferentes em muitos aspectos. Dessa forma, as crianças acabam ensinando os próprios pais, pois muitas vezes o preconceito vem dos adultos. Também mostra que a criança com deficiência é capaz de fazer muitas coisas, mas em um tempo diferente.”

Fonte: Aliança pela Infância

quinta-feira, 28 de março de 2019

“Uma boneca como eu”: Mulher faz bonecas para crianças com deficiência

Uma mulher notou a falta de diversidade e começou a fazer bonecas para que as crianças se sintam necessárias e incluídas.


Foto: A Doll Like Me

Uma mulher notou a falta de diversidade e começou a fazer bonecas para que as crianças se sintam necessárias e incluídas.

Amy Jandrisevits, de Wisconsin, nos EUA, criou A Doll Like Me – “Uma boneca como eu”, em tradução livre. Ela faz bonecas com as mesmas características de seus proprietários, com deficiências ou condições raras.

Amy está cooperando com um hospital infantil onde o seu produto melhora o bem-estar da criança. “Eu sempre digo que as bonecas tocam as crianças em um lugar onde a medicina simplesmente não consegue”, analisa.
Proprietária de uma pequena empresa, Amy é colecionadora de bonecas desde a infância.

Há 4 anos, depois de trabalhar como assistente social na unidade de oncologia pediátrica, ela sentiu o desejo de começar a criar brinquedos representativos para estas crianças.

“Mesmo quando eu era assistente social, achava importante ter bonecos disponíveis para as crianças, porque todos deveriam ter algo para segurar. Todos devem ter uma boneca que se pareça com eles”, escreveu Amy no Facebook.

Personalizada

Além de bonitas, as bonecas ou bonecos criados por “A Doll Like Me” fazem a diferença na vida de centenas de crianças.

Jandrisevits realiza um verdadeiro desafio para que a boneca se pareça com a criança para a qual é destinada: desde marcas de nascença até diferenças nos membros.

Cada boneca é única, mas ainda tem uma coisa em comum – todas têm um sorriso.

“É tão difícil dizer a uma criança ‘você é linda do jeito que você é, mas você nunca verá uma boneca que se pareça com você.” – diz uma Amy de 45 anos, fundadora da A Doll Like Eu.

“Normalmente, os pais ou cuidadores pagam pelas bonecas – cerca de US $ 100 com frete por boneco. Quando eles não podem pagar, eu encontro uma maneira de cobrir isso sozinha. Qualquer que seja o custo, o que eu tiver que fazer, vou deixar uma boneca nas mãos dessas crianças. Isto não é apenas um negócio. É a coisa certa a fazer”.

Amy no seu ateliê Foto: A Doll Like Me
Amy no seu ateliê Foto: A Doll Like Me

A Doll Like Me já forneceu mais de 300 bonecas, enviadas para crianças de todo o mundo.

Amy pretende transformar seu pequeno negócio em uma organização oficial sem fins lucrativos, onde todas as crianças necessitadas poderiam ter sua boneca exclusiva gratuita.

Ela já alcançou a meta de U$ 38.000 de U$ 50.000 no GoFund.me.

“É incomum para mim fazer bonecas sem diferenças de membros, mas um tempo atrás, uma mãe me contatou pra fazer uma boneca para sua filha que foi adotada na China e tinha albinismo.

Eles não foram capazes de encontrar bonecas como ela e perguntaram se eu poderia ajudar. Eu não pude resistir. (foto abaixo)

Veja as fotos das bonecas e a felicidade das crianças:

Fotos: A Doll Like Me

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Mais informações sobre “A Doll like me”: Facebook | Instagram | ca.gofundme.com

Com informações do Bored Panda

quinta-feira, 21 de março de 2019

Dia Internacional da Síndrome de Down é para comemorar e lutar, diz associação do DF

Brasil avançou na educação, mas saúde e mercado de trabalho ainda são grandes desafios, afirma Associação DF Down. Veja atividades em Brasília.


Por Luiza Garonce para o G1 DF

Dia Internacional da Síndrome de Down é para comemorar e lutar, diz associação do DF
Divulgação/Apae-BM

O Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado nesta quinta-feira (21), é ao mesmo tempo motivo de celebração e de luta. Segundo a presidente da Associação DF Down, Cléo Bohn, que atua junto a cerca de 250 famílias no Distrito Federal, a inserção no mercado de trabalho ainda é o maior obstáculo.

"Avançamos com muita dificuldade, porque muitas leis ainda não são cumpridas", disse ao G1.
"Temos conhecimento de mais de 70 pessoas com Down graduadas no país, mas o mercado de trabalho é o grande desafio."

Exposição sobre pessoas com Síndrome de Down — Foto: Divulgação
Exposição sobre pessoas com Síndrome de Down — Foto: Divulgação

Por isso, a presidente do Movimento Down, Patrícia Almeida, considera a data essencialmente um momento de reivindicação. "É uma oportunidade para as pessoas com Down saírem da invisibilidade e cobrarem o cumprimento dos seus direitos."
"Temos razão pra celebrar? Está todo mundo incluído? Ainda não."
"Avançamos especialmente na educação inclusiva, mas temos que melhorar as políticas de trabalho e de saúde", explica Patrícia. Com o entendimento de que ainda há muito o que se avançar em todo o mundo, uma campanha internacional da Coordown Itália questiona as "razões para celebrar" (veja abaixo).



Em todo o Brasil, cerca de 300 mil pessoas têm a síndrome, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – o levantamento mais recente é de 2010. O recorte do DF não existe, porque a Secretaria de Saúde não faz este controle.

"Essa é uma das nossas pautas", disse Patrícia Almeida. "Fizemos o pedido para que o registro seja compulsório no nascimento, mas a lei [nº 13.685/2018] começou a valer em dezembro e o Ministério da Saúde ainda precisa fazer uma portaria para capacitar as secretarias estaduais."

Para a fundadora da Central Humanizada de Acolhimento à Trissomia 21 (Chat 21), uma rede virtual que acolhe e informa mães e pais de pessoas com Down em todo o Brasil, o momento também é de celebração.

Desde 2017, quando começou a funcionar, o projeto atendeu cerca de 700 mil famílias. "É um número importante, embora pareça pequeno se pensarmos na proporção populacional do Brasil", diz Gabriela Laborda.

Bebê com síndrome de Down brinca com menina durante CaminhaDown em Brasília, no Parque da Cidade — Foto: Gi Salles/Divulgação
Bebê com síndrome de Down brinca com menina durante CaminhaDown em Brasília, no Parque da Cidade — Foto: Gi Salles/Divulgação

Segundo ela, a rede online permite que o alcance das pessoas que precisam de ajuda cresça a cada ano.
"O atendimento é imediato e gratuito. A mãe ou o pai pode enviar uma mensagem quando quiser que a nossa equipe responde."
 Dia Internacional da Síndrome de Down — Foto: Divulgação
Dia Internacional da Síndrome de Down — Foto: Divulgação

O "Chat 21" funciona com uma rede de apoiadores em 20 estados do Brasil. As principais frentes de atuação são um portal informativo – onde é possível encontrar detalhes sobre o projeto e vídeos explicativos voltados para a saúde – e grupos de Whatsapp.

É na troca de mensagens que a atuação do projeto se faz mais efetiva – e pessoal. "Os grupos são administrados por equipes multidisciplinares, com fonoaudióloga, psicopedagogos, especialistas em amamentação, em direitos humanos", explica Gabriela.

"E todos são pais de crianças com Down. Então não fica a sensação de que a pessoa que te ajuda não sabe o que é ter uma criança com a síndrome, não sabe o que você está vivendo."
"É empatia na prática."

Exposição pelo Dia da Síndrome de Down é atração em Barra Mansa — Foto: Divulgação/Apae-BM
Exposição pelo Dia da Síndrome de Down é atração em Barra Mansa — Foto: Divulgação/Apae-BM

Foi buscando essa relação, de igual para igual, que Gabriela fundou o "Chat 21". Ela é mãe da Maíra, uma menina de 4 anos que tem a síndrome. "Eu lembro dos médicos me falando que estava tudo bem, que ela ia crescer saudável, mas eu perguntava: 'você tem filho com down? Sabe como é?'."

"Eu não conhecia ninguém, foi um universo novo e inesperado que se abriu pra mim e eu queria ter com quem conversar."
Assim como ela, os pais que procuram a rede de apoio virtual querem compartilhar as angústias, medos e dúvidas. As principais, segundo Gabriela, residem nas questões de saúde, como cardiopatia e apneia, e no desenvolvimento cognitivo e da fala.

"O processo começa logo no diagnóstico. Surge o receio do preconceito e a dificuldade de entendimento sobre a síndrome. Tudo isso traz uma responsabilidade muito grande: estar com um bebê e você não conhecer aquele diagnóstico."

Além de uma rede de "desabafo" e apoio, os grupos também compartilham conteúdos informativos seguros – "para evitar que as pessoas leiam coisas erradas na internet", explica ela.

Comemorações em Brasília


3ª CaminhaDown em Brasília, no Parque da Cidade — Foto: Little Things Photo/Divulgação
3ª CaminhaDown em Brasília, no Parque da Cidade — Foto: Little Things Photo/Divulgação

Em celebração ao Dia Internacional da Síndrome de Down, a Associação DF Down promove uma caminhada no Parque da Cidade, das 9h às 14h30. A concentração será no estacionamento 10.

A 5ª edição da CaminhaDown tem como objetivo afirmar os direitos das famílias e das pessoas com deficiência intelectual e aproximar a sociedade do tema, em busca de uma inclusão efetiva.

Brinquedos para crianças durante CaminhaDown no Parque da Cidade em Brasília — Foto: Gi Salles/Divulgação
Brinquedos para crianças durante CaminhaDown no Parque da Cidade em Brasília — Foto: Gi Salles/Divulgação

O evento vai contar com um pequeno show da banda Baião de 2, formada por músicos alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a fanfarra do bloco carnavalesco "Vai Quem Fica", além de brinquedoteca e lanche para as crianças.

Pela manhã, também serão realizadas atividades no Senado. A partir das 9h, haverá palestras, peça teatral, apresentações de dança e música, além de homenagens. O evento segue até as 12h45 no auditório Antônio Portela.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Supermercados poderão ter carrinhos adaptáveis para crianças com deficiência

Mateus Benfatti Almeida para o tercalivre.com.br

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Projeto de Lei (PL 485/2019), apresentado mês passado pelo deputado Capitão Wagner (Pros-CE), em Brasília, prevê obrigatoriedade de supermercados fornecerem carrinhos de compra adaptáveis para crianças com deficiência. Segundo Wagner, a Constituição de 1988 garante a proteção integral da criança e do adolescente.

A proposta acrescenta parágrafo único ao art. 12-A da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que “estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências“, para fins de disciplinar obrigatoriedade de disponibilização de carrinhos de compra em supermercados adaptáveis para utilização de crianças com deficiência ou com mobilidade reduzida.

“Art. 12-A ……………………………………………. .

§ 1 ° Os supermercados de médio e de grande porte e os estabelecimentos congêneres com grande fluxo de consumidores devem disponibilizar carrinhos de compras adaptáveis para utilização exclusiva pelos consumidores que estejam acompanhados, na condição de pais ou responsáveis, por crianças com deficiência ou mobilidade reduzida.“, consta no texto.

A proposta será analisada em caráter conclusivo pelas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços; de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.


* Com informações de Agência Câmara

sexta-feira, 15 de março de 2019

Ações para a inclusão de crianças com deficiência pautam debate em painel

Atendimento, cuidado e legislação voltados para esse público foram alguns dos pontos tratados no Seminário Internacional da Primeira Infância


Joelson Dias (esq.), moderadora Maristela Baione, Odilia de Souza e Cristina Albuquerque
Foto: Clarice Castro

Brasília - Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que quase 1 bilhão de pessoas no mundo possuem algum tipo de deficiência. No Brasil, a estimativa é de 45,6 milhões. As políticas sociais para a inclusão das crianças que fazem parte dessa parcela da população brasileira foi tema de um debate na manhã desta quarta-feira (13) no Seminário Internacional da Primeira Infância – o melhor investimento para desenvolver uma Nação. Promovido pelo Ministério da Cidadania, o encontro reuniu especialistas em desenvolvimento infantil para avaliar as políticas públicas e provocar reflexões que qualifiquem e ampliem o atendimento a essa faixa etária no país.

A coordenadora geral do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas e coordenadora geral de Saúde da Pessoa com Deficiência, Odilia Sousa, apresentou parte da estrutura e informações sobre a rede de cuidados à saúde da pessoa com deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, 217 Centros Especializados em Reabilitação (CER) e 36 oficinas ortopédicas atendem esse público. Ela destacou ainda metas de investimentos em maternidades públicas e filantrópicas do Ministério da Saúde e a oferta de cursos relacionados à saúde da pessoa com deficiência.

Odilia Sousa também enfatizou a relevância do Programa Criança Feliz, do Ministério da Cidadania, mostrando que a iniciativa já está em algum município de pelo menos 384 das 438 regiões de Saúde no Brasil – 87,6% do total. “Nosso desafio agora é fortalecer as ações intersetoriais junto com o Criança Feliz e trazer a criança que precisa ser atendida para os serviços de atenção à Saúde”, assegurou.

Legado - A intersetorialidade também foi defendida pela chefe dos programas de Saúde, HIV/Aids e Desenvolvimento Infantil do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Cristina Albuquerque. Ela usou o atendimento dado às vítimas do Zika Vírus como exemplo e afirmou que o importante legado de mobilização conjunta deve ser mantido no futuro. “Se não tivéssemos trabalhado de forma intersetorial, não teríamos os bons resultados, por isso, vamos continuar apoiando Estados, municípios, o Ministério da Cidadania e o Criança Feliz.”

“O Ministério da Saúde avançou muito nos cuidados de pessoas com deficiência”, disse o ministro da Cidadania, Osmar Terra. Ele destacou a atuação com relação ao drama das mães de filhos com microcefalia. A criação de dez Centros-Dia de Referência para Pessoa com Deficiência pela atual Secretaria Especial do Desenvolvimento Social sanou parte das necessidades com reabilitação, acolhimento e educação das crianças. “Foi um exemplo de trabalho integrado. A reabilitação das crianças é tarefa nossa e temos que ajudar essas famílias”, concluiu.

Legislação - O olhar brasileiro para a inclusão das crianças com deficiência foi o tema da apresentação do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e atual vice-presidente da Comissão Nacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência do Conselho Federal da Ordem de Advogados do Brasil (OAB), Joelson Dias. Muito aplaudido pelo público formado por pesquisadores e membros da rede de Assistência Social, ele comentou que não basta ter apenas no papel os direitos assegurados às crianças com deficiência, é preciso agir de maneira articulada para a criação de políticas públicas eficientes. “Nós temos uma das mais avançadas legislações de Direitos Humanos das pessoas com deficiência do mundo. O que precisamos é caminhar para executar, garantir e criar condições de que sejam efetivados”.

O painel foi moderado pela representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Maristela Baione. Ela falou da importância da agenda da primeira infância e dos temas levados pelos painelistas nos dois dias de evento.

Criança Feliz - O Ministério da Cidadania coordena o Criança Feliz por meio da Secretaria Especial do Desenvolvimento Social. O programa integra ações nas áreas da saúde, assistência social, educação, justiça, cultura e direitos humanos. Nas visitas semanais, técnicos capacitados orientam sobre o desenvolvimento das crianças de até três anos beneficiárias do Bolsa Família e de até seis anos que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC). As gestantes também recebem atendimento.

Até o momento, o programa está presente em 2.622 municípios brasileiros e já atendeu mais de 519 mil crianças e gestantes. No total, mais de 12,1 milhões de visitas domiciliares foram realizadas por cerca de 16 mil profissionais capacitados para orientar as famílias a impulsionar o desenvolvimento cognitivo, motor, socioafetivo e da linguagem das crianças.

*Por Diego Queijo para o mds.gov.br

sexta-feira, 1 de março de 2019

Crianças deficientes visuais realizam atividades sensoriais na Chácara Turma da Mônica

REDAÇÃO - O ESTADO DE S.PAULO

Ao lado da personagem Dorinha, elas conheceram o restaurante temático da turma


Crianças interagem com a personagem Dorinha.
Crianças interagem com a personagem Dorinha. Foto: Vinicius Campos / Divulgação

Doze crianças com deficiência visual visitaram a Chácara Turma da Mônica, primeiro restaurante temático da turma, localizado na zona oeste de São Paulo, na última quinta-feira, 21. As crianças são de Santos, litoral de São Paulo, e participam do Lar das Moças Cegas, instituição que promove a evolução social de deficientes visuais e completa 76 anos no mês de abril.

As crianças foram recebidas por Dorinha, integrante da 'Turma da Mônica' desde 2004, que é deficiente visual. O nome da personagem foi inspirado em Dorina Nowill, mulher que perdeu a visão ainda criança, mas enfrentou o problema e foi um exemplo de força de vontade e simpatia.

Por meio de atividades sensoriais, as crianças se divertiram ao lado de Dorinha e apuraram sentidos como tato, olfato e paladar. Na atividade ‘Cozinha da Magali’, por exemplo, fizeram lanchinhos no espeto utilizando frutas para sentir suas texturas e aromas.

Dorinha é uma personagem da Turma da Mônica com deficiência visual.
Dorinha é uma personagem da Turma da Mônica com deficiência visual. Foto: Vinicius Campos / Divulgação