quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Feliz ano novo!



Uma reflexão sobre o ano novo

“Uma data como outra qualquer”. Quantos de nós já não ouviram esta frase quando o assunto na roda de conversa era o ano novo? Sem dúvida, é uma data como outra qualquer, como o dia das Mães, dos Pais, das Crianças, etc...Salvo o que chamaremos aqui de "algumas incorreções astronômicas", o Ano novo tem a peculiaridade de não ser uma data escolhida arbitrariamente pelos homens, talqual o aniversário de alguém, mas estar lá determinada pelo movimento da Terra em torno do Sol. Tudo o que os homens fizeram foi calcular em que dia do ano o ciclo da Terra em torno do sol terminaria, dando início a um novo ciclo. Se olharmos por este ângulo, veremos então que temos aí sim uma boa oportunidade para nos lançarmos na empreitada de mudar os aspectos de nossa vida que precisam ser mudados. Vamos a dois exemplos:
Durante uma corrida, um piloto passa muitas vezes pela linha de chegada. É a mesma linha de chegada e esta sequência de ciclos só vai se encerrar no final da prova. E a cada vez que ele passa por esta linha, ele reavalia a sua performance, verifica onde acertou ou errou, o que fez que não devia ter feito; o que não fez e que era para fazer e assim se lança a uma nova volta tentando um desempenho ainda mais aprimorado.
O outro exemplo é o das ondas do mar. Uma onda vem quebrar sempre na mesma praia, na mesma areia. Após quebrar, ela se recolhe, reúne mais força e torna a lançar-se à areia, no seu movimento infinito.
Diremos então que o Ano Novo é uma oportunidade para reavaliarmos nosso desempenho, pensarmos onde foi que erramos ou acertamos, o que fizemos que não deveríamos ter feito e o que deixamos de fazer que tínhamos que ter feito. Ao mesmo tempo é a ocasião de nos recolhermos, adquirmos mais força e nos lançarmos com toda a energia e coragem a um novo ciclo que se inicia.
A Ong Sorriso Novo deseja a todos os seus leitores, colaboradores, aos pais, profissionais, pessoas interessadas e ao público em geral, um ano de 2015 repleto de grandes vitórias e muitas alegrias, e que a paz e a esperança estejam sempre vivas no coração de todos.

FELIZ ANO NOVO!


Ong Sorriso Novo

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Ong em ação - Lucas

Lucas tem 14 anos de idade e é autista. Foi recebido na Clínica Sorrir de Novo em 12/02/2014, para iniciar um tratamento que incluía higiene bucal, obturações e limpeza dentária, tendo concluído o mesmo em 02/09/2014, pelas mãos da Dra. Vania Letier, numa bem sucedida parceria com a Ong Sorriso novo.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Psicóloga indica como famílias devem lidar com o autismo


No Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, a psicóloga Silvia Brito, do Centro Atendimentos e Estudos em Psicologia, em entrevista ao Acre TV, falou sobre o transtorno, as dificuldades enfrentadas pelas famílias que convivem com essa situação e deu dicas de como identificar os sinais do problema em uma criança.
De acordo com ela, o autismo é denominado pelos profissionais da psicologia como Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD) e, por isso, não deve ser considerado uma doença. "Se ele é um transtorno, já nasceu com a pessoa. A doença você acredita que vá haver um tratamento, um processo de cura. O TGD, no caso o autista, não tem cura", comenta.
Silvana ressalta a dificuldade da família de uma criança com sinais de autismo em acreditar no diagnóstico em um primeiro momento. Segundo a psicóloga, o fato de fisicamente a criança se apresentar perfeitamente é o principal motivador dessa descrença.
"É muito difícil a família aceitar e acreditar no diagnóstico porque fisicamente a pessoa está bem, sem nenhum problema. Eles (pais) vão começar a observar que há dificuldade com aquela criança porque ela vai começar a ter comportamentos diferentes. As pessoas falam que elas ficam no mundinho delas, mas não é isso. É que de alguma forma o nosso mundo não está chegando até ela", explica.
Silvana afirma que o desenvolvimento da criança autista acontece de forma mais lenta se comparadas com outras sem a característica. "Tem muitas crianças autistas que participam, interagem, mas da forma delas, não como gostaríamos, não como as famílias ou a escola gostariam. A criança autista vai, de acordo com o desenvolvimento dela, nos dando essas respostas, mas não tão rapidamente", diz.
Principais sinais
A psicóloga destaca que é importante a família observar o transtorno o quanto antes. Segundo ela, o ideal é que ele seja identificado durante o período de zero a três anos de idade.
"Se você tem uma criança nessa faixa etária e ela não corresponde a brincadeiras que você faz. Se a fala dela não é aquela na qual você consegue perceber o que está dizendo, ainda não tem uma conexão de frase, mas apenas palavras soltas e você não identifica aonde ela adquiriu aquele vocabulário. Se ela não está interagindo. Se quando você sai para um aniversário, para um parquinho, e ela não consegue ficar em contato com outras crianças, está sempre brincando com um objeto de modo repetitivo. Todos são sinais que servem para identificar o transtorno", aponta Silvana Brito.
Ela comenta que algumas crianças estão chegando na faixa etária de zero a três anos, sendo, de alguma forma diagnosticada com autismo, mas não têm o transtorno, apenas alguma dificuldade com relação a audição.
"É muito comum uma criança autista não saber se relacionar e a pessoa com dificuldade na audição também ter essa dificuldade, inclusive de se expressar oralmente. Então há essa confusão. Ultimamente temos observado, na hora da avaliação, que tem chegado muita criança nessa faixa etária que não é autista, mas que tem problemas auditivos", alerta.
Amigo oculto: fantasia de criança
A psicóloga explica ainda sobre existência do 'amigo invisível', que geralmente as crianças dizem ter em certa idade, inclusive citando nome, atitudes e outras características que possam descrevê-lo. Segundo ela, tudo não passa de uma fantasia infantil.
"Geralmente, acontece quando a criança tem entre cinco, seis anos, por causa de alguma situação da qual ela não está conseguindo dar conta como momentos de separação, de perda. Ela evita falar daquele assunto e cria o amigo imaginário, o qual só ela sabe, que tem um nome, que ela consegue descrever como é, qual roupa está vestindo, o que está falando. Mas é uma fantasia da criança. Naquele momento, a criança está dizendo para você, através de seu amigo imaginário, o que ela realmente gostaria de estar falando, mas de algum modo não consegue", afirma Silvana Brito.
Tratamento
O tratamento de uma criança autista envolve o trabalho de diversos profissionais das áreas de pedagogia, psicologia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Apesar disso, conforme a psicóloga, o desenvolvimento de características como a fala vai depender de cada pessoa. "Algumas crianças autistas vão desenvolver oralidade, outras não. Não tem uma situação que garanta que uma criança vai falar", diz.

Fonte:  www.mundoazul.org.br

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A mais especial de todas as crianças



Há 2014 anos veio ao mundo um menino que teria a missão de ensinar à humanidade o amor. Uma coisa é indiscutível: ele mudou o mundo, fazendo com que a humanidade subisse um degrau em sua evolução. Em vários sentidos, a criança portadora de necessidades especiais é um mestre que entra na vida das pessoas também para ensinar o sentido do verdadeiro amor: Paciência, dedicação, boa vontade, renúncia e perseverança.
A Ong Sorriso Novo deseja que neste natal o espírito do amor esteja presente em todos os lares, trazendo luz, paz e esperança.
A todos os pais, professores, profissionais, colaboradores e aos nossos leitores desejamos um feliz natal.

Ong Sorriso Novo

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Inclusão escolar

Você sabia que a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989 garante a toda pessoa com deficiência a matrícula em escolas públicas e particulares de ensino regular? Pois é, caso haja negativa de matrícula a direção da escola poderá ser penalizada.
Basta entrar em contato com a Secretaria de Educação de seu Estado ou Município e formalizar uma reclamação. O Ministério Público também pode ser acionado sobre o assunto e tomará as providências apropriadas.
Nos casos de matrículas em escolas particulares, existe o costume de afirmar não haver vagas (sem justificativa) ou exigir a cobrança de uma taxa adicional para se adaptar ao aluno especial. Saiba que isto é errado e o Ministério Público deve ser acionado também!
As escolas são obrigadas a adaptar seus serviços com todo tipo de acessibilidade, não só incluir rampas na entrada da escola. Um tutor ou assistente de professor que auxilie na sala de aula também é acessibilidade. E o aluno não deve ser cobrado a mais por isso.
Apesar da proibição, as leis vigentes ainda abrem brecha para esse tipo de costume. Por isso, protocolei um projeto de lei para regulamentar esse procedimento e deixar claro que esse tipo de cobrança adicional não é correto.
Inclusive, relembrando que os pagamentos feitos acima do valor da mensalidade, que não seja cobrado para todos os alunos, sem distinções, deverão ser ressarcidos.
Saiba seus direitos, veja o que diz o artigo 8° da Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989 :
Constitui crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa:
I – recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos derivados da deficiência que porta;
II – obstar, sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer cargo público, por motivos derivados de sua deficiência;
III – negar, sem justa causa, a alguém, por motivos derivados de sua deficiência, emprego ou trabalho;
IV – recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial, quando possível, à pessoa portadora de deficiência;
V – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei;
VI – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público

Fonte: http://www.romario.org/inclusao-escolar/

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O desfralde da criança com Síndrome de Down(Final)

Antes do início do desfralde

Falamos muito sofre as fraldas e as calcinhas. Mostramos para ela como as calcinhas eram lindas. Vestimos nas bonecas e depois nela. Colocamos nas bonecas bebês as fraldas e nas bonecas maiores as calcinhas, mostrando a ela que as fraldas só eram usadas pelos bebês que ainda mamavam e dormiam no berço. Já as bonecas que andavam, brincavam e dormiam em camas usavam calcinhas. E aproveitávamos para fazer o paralelo com a situação dela, mostrando que Beatriz já era uma menina que dormia na cama e fazia muitas outras coisas que os bebês não fazem mais. Compramos uma boneca que faz xixi na privada e brincamos exaustivamente com ela, repetindo o mesmo ritual que fazíamos com Beatriz quando íamos ao banheiro. Isto permitiu que ela exercitasse com a boneca as ações que em breve ela realizaria.
Levamos Beatriz para nos ver fazer xixi durante vários dias. Sempre falava com ela “mamãe está com vontade de fazer xixi” fazendo gestos e exagerando bastante. Então, chamava Beatriz para me acompanhar até o banheiro dizendo “vamos logo porque se demorar muito o xixi escapa”. No banheiro, ia explicando a ela cada ação como “abaixar o short”, “abaixar a calcinha” e “fazer xixi”. Quando ouvíamos o som do xixi caindo na água, aplaudíamos muito felizes e dávamos vivas. Apos o xixi, continuava a explicar a ela que era preciso “pegar um pedaço de papel para secar”, “dar tchau para o xixi” e “dar a descarga para o xixi ir embora”. Depois, “lavar as mãos”. Quando ela começou a fazer xixi na privada, ela ficou muito feliz e aplaudia muito (aliás, aplaude até hoje!).

Após o início do desfralde

Tiramos uma foto da Beatriz no vaso sanitário e encapamos com papel contact transparente. Sempre que perguntamos se ela quer fazer xixi ou cocô mostramos a foto e vamos até o banheiro levando a foto conosco. No banheiro, mostramos que a foto foi tirada ali, que é uma foto dela no vaso sanitário e que sempre que ela quiser ir ao banheiro deve nos mostrar a foto ou fazer um gesto.
Andamos sempre com uma bolsa cheia de roupas e calcinhas para estar preparados para quando o xixi escapa. Na mochila da escola vão sempre quatro mudas de roupas e uma sandália porque às vezes quando o xixi escapa molha o tênis.  A cada trinta minutos levamos Beatriz ao banheiro, mesmo que ela não demonstre querer. Mas sempre perguntamos antes e explicamos que mesmo sem vontade é bom tentar fazer logo para não deixar a vontade ficar muito grande e o xixi escapar.

Compramos um assento portátil que levamos para todos os lugares . Ao chegar à casa de amigos ou em locais públicos, sempre mostramos que o local também tem banheiro e levamos o assento portátil para facilitar a adaptação ao novo ambiente e evitar contaminação, no caso de banheiro público. Sempre que o xixi escapa, explicamos para ela que é preciso avisar quando quiser fazer e que o local certo é a privada. Mas não fazemos muito alarde para que ela não utilize isto quando quiser chamar a atenção ou nos deixar bravos. sempre quando ela utiliza o banheiro, reforçando que ela é linda, que está crescendo e faz xixi no lugar certo igual à mamãe, ao papai e os outros adultos da casa e da família. Confesso que em alguns momentos pensamos em desistir e deixar para tirar mais tarde. Mas hoje sabemos que a persistência foi um acerto.

Fonte:  http://www.movimentodown.org.br/2013/08/confira-dicas-para-a-retirada-da-fralda-de-criancas-com-sindrome-de-down

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O desfralde da criança com Síndrome de Down(continuação)

Para a profissional de enfermagem especializada em uroterapia Maria José Felizardo, o primeiro passo deve ser dado após os pais observarem os intervalos em que a criança faz xixi. “Se a criança urina com intervalos menores do que duas horas, não pode começar. Outra questão é garantir que a criança se sinta segura quando estiver sentada com os pés apoiados”, esclarece.Quando a criança já está na escola, o apoio de professores e outros profissionais que fazem parte de sua rotina é fundamental. Os pais também devem ter disciplina e planejamento para evitar que a criança volte a usar as fraldas após o início do desfralde. Após deixar de usar as fraldas durante o dia, a criança pode começar a ser preparada para dormir sem fraldas.Os pais devem evitar dar líquidos duas horas antes da hora de dormir e levá-la ao banheiro antes de ir para a cama, mesmo que ela não demonstre vontade. Os “acidentes” noturnos possivelmente vão acontecer muitas vezes até que a criança aprenda a controlar suas necessidades fisiológicas e ir ao banheiro quando for necessário. Para evitar prejuízos, uma boa dica é utilizar um protetor impermeável de colchão ou outro material alternativo, como um pedaço de plástico ou de tecido para cortinas blecaute com um prendedor de colchão. Outra opção é procurar um tapete higiênico para cães em pet shops – ele parece uma fralda de bebê aberta sem elástico – e prendê-lo debaixo do lençol que forra o colchão.
Depoimento
No texto abaixo, Maria Antônia Goulart, coordenadora do Movimento Down, fala sobre o desfraldamento da filha Beatriz, que começou quando ela completou dois anos e falava poucas palavras. As dificuldades de fala não impediram o processo, que durou12 meses e trouxe ótimos resultados.Começamos a tirar a fralda da nossa filha Beatriz quando ela completou dois anos. Muitos colegas de turma da escola já estavam começando o desfralde e achamos importante que ela vivenciasse esta experiência junto com os demais.Lutamos sempre contra sentimentos que costumam surgir nestes momentos nos levando a pensar que Beatriz não conseguirá fazer as coisas junto com os amigos da mesma idade. Por isto, começar o processo junto com a turma foi muito importante.
Passa a mensagem de que é possível oferecer às crianças com síndrome de Down as mesmas experiências que oferecemos às crianças comuns, aguardando que elas nos deem os limites em vez de já decidir que elas não conseguirão, deixando para depois. Além disto, tirar a fralda junto com os colegas de sala é muito legal porque ver os amigos usando o vaso sanitário é mais um incentivo.
A primeira orientação que recebemos da terapeuta ocupacional é que só se deve iniciar o desfralde quando a criança já estiver andando há alguns meses. É que andar trabalha a musculatura da região pélvica, fazendo com que ela comece a exercitar o controle do esfíncter.  Além disto, a postura correta para sentar no vaso sanitário é com a coluna reta; a coluna curvada trava o esfíncter, dificultando as saída do xixi.
Outra dica importante que seguimos à risca é a de que uma vez iniciado a processo, as fraldas devem ser banidas! Toda aprendizagem se dá pela repetição. A criança repete cada ação várias vezes esperando para ver se a reação será a mesma ou se será diferente.
Se num determinado dia ela deve usar o vaso sanitário e no outro ela usa a fralda, a criança passa a ter dificuldade de entender qual é o comportamento que se espera dela. Como pode ser tão importante usar o vaso sanitário se ela não o faz todas as vezes? Conversei com várias mães que mantiveram a fralda para ir a festas ou andar de carro, receosas dos efeitos das escapadas de xixi, e nestes casos o desfralde foi muito mais demorado.
Uma vez iniciado o processo, Beatriz só usava fralda para dormir. Durante o dia, seja qual fosse a programação, ela usava calcinha. Mas não pensem que esta decisão é fácil. Foi preciso conversar e pedir apoio a todos que convivem com Beatriz. Na escola, houve dias em que Beatriz trocou de roupa quatro vezes, o que significa que todos os xixis foram na roupa. Meu carro também foi batizado e, é claro, os colos meu, do pai, das avós, da dinda e da babá!
Sempre colocamos Beatriz no vaso sanitário antes de sair de casa, mesmo que ela não demonstre que deseja fazer xixi. Mas sempre perguntamos a ela antes e explicamos que mesmo quando a pessoa não está com vontade, deve tentar fazer xixi antes de sair. Algumas vezes ela fazia, mas em outros casos ela não fazia no vaso sanitário e cinco minutos depois escapava na roupa. É normal que o xixi escape neste início e devemos estar preparados para lidar com isto.


(continua)

sábado, 13 de dezembro de 2014

O desfralde da criança com Síndrome de Down



A retirada da fralda não é tarefa fácil e requer, acima de tudo, muita paciência e persistência. No entanto, é uma etapa muito importante na vida de uma criança, tenha ela a síndrome de Down ou não. Deixar de usar a fralda é um grande passo no desenvolvimento e algo indispensável para a construção de uma vida independente.
A criança com síndrome de Down provavelmente levará um pouco mais de tempo para deixar as fraldas, mas tem total capacidade para dar esse passo. Muitos pais acreditam que a dificuldade de falar pode impedir o desfraldamento, mas existem outras formas de comunicação que podem e devem ser usadas neste e em todos os momentos da vida da criança.
Para o urologista pediátrico Domingos Bica, criador do Serviço de Urologia Pediátrica do Instituto de Puericultura Pediatria Martagão Gesteira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, embora enfrentem dificuldades por conta da deficiência intelectual, as crianças com síndrome de Down muitas vezes são subestimadas pelos próprios pais.
“O que a gente percebe é que os pais que são estimuladores e acreditam na capacidade dos filhos fazem toda a diferença. O desfraldamento pode ser um processo delicado, pois a criança vai urinar ou defecar fora do banheiro até aprender a usar o vaso sanitário. É uma situação desconfortável, mas os pais precisam enfrentar o problema”, afirma.Incentivo na medida certa De acordo com o especialista, a criança sem deficiência desenvolve mecanismos motores e neurológicos que possibilitam a retirada das fraldas diurnas por volta de dois anos de idade e noturnas até os cinco anos. No caso da criança com síndrome de Down, o processo costuma ser mais demorado e variar de acordo com o desenvolvimento cognitivo e a estimulação. “A criança muitas vezes não tem mecanismos para se sentir incomodada por ter urinado na roupa, por exemplo”. Estratégias como a adoção de rotinas (levar a criança ao banheiro regularmente) e a imposição de limites costumam trazer bons resultados.
Entretanto, Bica faz uma ressalva importante: pressionar a criança para acelerar o desfralde antes da hora pode trazer problemas futuros. “Vejo pais querendo tirar as fraldas dos filhos muito pequenos, com um aninho, e isso nem sempre é uma coisa boa”, alerta. “O controle muito precoce obriga a criança a utilizar um mecanismo primitivo para controlar o esfíncter, ela aprende errado. Por isso, pode acabar desenvolvendo uma bexiga neurogênica (problema  que leva a bexiga a se tornar incapaz de contrair, não esvaziando adequadamente (hipoativa) ou ao esvaziamento constante por contrações incontroláveis (hiperativa)”.
Atenção à constipação
O especialista também afirma que a criança com síndrome de Down pode apresentar distúrbios de micção com frequência maior do que as demais. Por isso, é importante que ela seja avaliada por um pediatra e, caso necessário, encaminhada a um especialista para avaliar se é necessário adotar um tratamento com medicamentos ou outras estratégias para possibilitar o controle do esfíncter.
Outra questão fundamental é avaliar se a criança apresenta constipação, problema que aparece com relativa frequência entre pessoas com síndrome de Down. “A criança constipada só vai sentir as fezes quando a ampola retal está muito estendida. Como as duas vias correm em paralelo, a bexiga fica imprensada. Isso também contribui para que ela não tenha a percepção de que está com a bexiga cheia”, explica.

(Continua)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Ong em ação - Gisele



Gisele vem sendo acompanhada há dois anos, tendo concluído seu tratamento em 23/05/14 pelas mãos da Dra. Vania Letier, em mais uma das ações sociais promovidas pela Ong Sorriso Novo, numa bem sucedida parceria com a Clínica médica e Odontológica Sorrir de Novo.

*Foto publicada com autorização do responsável.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Estudo da APAE-SP indica que alunos com deficiência vão melhor em escolas comuns



Um estudo recém-realizado pela Apae de São Paulo indicou que alunos com deficiência se desenvolvem melhor quando frequentam escola regular do que quando estão matriculados em escolas especiais. O resultado divide opiniões de famílias e até mesmo das Apaes com relação ao que é melhor para os alunos com deficiência: frequentar a escola regular e ter convívio com outras crianças, mas ter um atendimento menos especializado? Ou ter um atendimento mais especializado e ser privado do convívio com outras crianças sem deficiência?
Desde de 2007, a Apae de São Paulo segue as recomendações internacionais como a da ONU de que crianças com deficiência frequentem escolas regulares. Com isso, extinguiu o colégio especial e passou a oferecer apenas atividades extracurriculares. As crianças que estudavam no colégio especial tiveram que ser matriculadas em outras escolas. O estudo da Apae foi feito com 62 delas, 40 que foram para escolas regulares públicas e 22 de escolas especiais. O acompanhamento desses alunos mostrou que, após três anos, as crianças das escolas regulares melhoraram a autonomia, socialização e principalmente a comunicação que foram as áreas avaliadas no estudo. Já os alunos das escolas especiais quase não apresentaram evolução nas três áreas consideradas.

Foto: Rosilene Miliotti
Fonte:  http://www.movimentodown.org.br/2014/11/estudo-da-apae-sp-indica-que-alunos-com-deficiencia-vao-melhor-em-escolas-comuns/

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Em tramitação no Congresso


Projeto torna crime tratamento cruel contra pessoas com deficiência 

Punirá quem aplicar qualquer castigo corporal ou ofensa psicológica a criança ou adolescente portador de necessidades especiais, ainda que como forma de correção ou disciplina.

O Projeto de Lei 2515/2011 tipifica como crime qualquer forma de castigo corporal, ofensa psicológica, tratamento cruel ou degradante à criança ou adolescente com deficiência física, sensorial, intelectual ou mental.
O texto altera o Decreto Lei 2848/1940 do Código Penal e estabelece pena de reclusão de dois a quatro anos se o fato resultar em lesão corporal leve à vítima. Em casos de óbito, a prisão varia de quatro a doze anos.
Autor do projeto, Romário (PSB-RJ) lembra que o Estado deve adotar leis e políticas voltadas para as mulheres e para as crianças com deficiência, a fim de assegurar que os casos de exploração, violência e abuso sejam identificados, investigados e, se necessário, punidos.
“No Brasil, não existem dados consistentes sobre a violência contra a pessoa com deficiência. No entanto, é consenso entre estudiosos e especialistas que as pessoas com deficiência estão mais expostas a este tipo de crime, inclusive, dentro de casa”, ressalta o deputado.
Tramitação - Aguardando votação no Plenário.

Fonte:  http://www.romario.org/portfolio/all/tratamento-pessoas-com-deficiencia/

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Ong em ação - Maria Luciana


Maria Luciana tem 34 anos de idade e é portadora de Paralisia Cerebral. Foi recebida para sua primeira consulta em 18/06/2013, em mais uma ação social promovida pela Ong Sorriso Novo, numa bem sucedida parceria com a Clínica Médica e Dentária Sorrir de Novo. Sua última consulta se deu em 29/07/2014, para revisão, limpeza e aplicação de Flúor. Seu tratamento foi efetuado pela talentosa Dra. Vania Letier.

*Foto publicada com autorização do responsável.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Agradecimento

A Ong Sorriso Novo deseja expressar seus agradecimentos a todos os membros, especialmente aos mais recentes(aos quais damos também as boas vindas), pela gentileza de terem se inscrito em nosso Blog. Queremos também agradecer a Jane Di Lello, pela valiosa colaboração em nossa estratégia de expansão, procurando difundir o nosso trabalho e trazer novos inscritos para o nosso Blog. Reafirmamos então o nosso desejo de nos tornarmos um instrumento cada vez melhor de orientação e divulgação para todos aqueles que, de uma forma ou de outra, se encontram envolvidos com as questões das pessoas portadoras de necessidades especiais.

Muito obrigado!


A equipe da Ong Sorriso Novo

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Informativo: Exposição inclusiva permite vivenciar experiência de pessoas com deficiência

De 22 de outubro a 21 de dezembro, a Casa da Ciência da UFRJ, vai sediar a exposição Cidade Acessível, uma iniciativa da Folguedo Produções. O objetivo da mostra é fazer com que a sociedade se coloque no lugar das pessoas com deficiência, podendo desenvolver experiências através do caminhar, cheirar, tocar, ver, ouvir e sentir.
Durante a visita, que é gratuita, as pessoas poderão circular pela Cidade Acessível com venda nos olhos, abafadores de som, cadeiras de rodas, com pesos adicionais nos braços e pernas, entre outras experiências vivenciadas por cegos, surdos, cadeirantes e idosos.
Os visitantes poderão conferir tecnologias como o DosVox, sistema computacional que facilita o acesso de deficientes visuais a computadores, ou videoguias em LIBRAS para surdos. Também serão apresentados depoimentos que foram filmados especialmente para a exposição. Na mostra será possível participar de debates em mesas-redondas e de oficinas para educadores programadas paralelamente.

SERVIÇO
Exposição Cidade Acessível
Visitação:
Terça a sexta – 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados – 10h às 20h
Local:
Casa de Ciência da UFRJ – Rio de Janeiro
Rua Lauro Müller, 3 – Botafogo
Escolas e grupos:
Agendamento antecipado pelo telefone: (21) 2542-7494

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Dicas para pais e educadores


Como exemplo e sabendo que há inúmeras possibilidades e caminhos e a serem seguidos, aqui vão algumas sugestões (adaptadas de Espinosa de Gutiérrez) de soluções a problemas frequentemente encontrados. Apesar de se referirem a estudantes com deficiência intelectual em geral, também se aplicam a alunos com síndrome de Down.
– A aprendizagem se dá num ritmo mais lento
Devemos oferecer-lhe um maior número de experiências variadas para que aprenda o que o ensinamos
– Fica cansado rapidamente, sua atenção não se mantém por um tempo prolongado
Inicialmente, devemos trabalhar durante curtos períodos de tempo, aumentando-os pouco a pouco
– Às vezes não se interessa pela atividade, ou se interessa por pouco tempo
Devemos motivá-lo com alegria e com objetos chamativos e variados, para que se interesse pela atividade
– Muitas vezes não consegue realizar a atividade sozinho
Devemos ajudá-lo e guiá-lo apenas o necessário para que realize a atividade, até que consiga fazê-lo sozinho
– A curiosidade para conhecer e explorar o que está à sua volta é limitada
Devemos despertar nele o interesse pelos objetos e pessoas que o rodeiam, nos aproximando e mostrando as coisas agradáveis e chamativas
– É difícil para ele se lembrar do que já fez e do que aprendeu
Devemos repetir muitas vezes as tarefas já realilzadas, para que se lembrem de como fazê-las e para que servem
– Não se organiza para aprender sobre os acontecimentos da vida diária
Devemos ajudá-lo sempre a aproveitar todos os fatos que ocorrem ao seu redor, bem como lembrá-lo de sua utilidade, relacionando os conceitos com o que foi aprendido na sala de aula
– É mais lento ao responder
Devemos sempre esperar com paciência e ajudá-lo, estimulando-o ao mesmo tempo para que responda cada vez mais rapidamente
– Não costuma inventar ou procurar situações novas
Devemos conduzi-lo a explorar situações novas, a ter iniciativas
– Tem dificuldades em solucionar problemas novos, mesmo que sejam semelhantes a outros problemas vividos no passado
Devemos trabalhar permanentemente, dando-lhe oportunidades de resolver situações da vida diária, sem anteciparmos nem responder em seu lugar.
- Consegue aprender melhor quando foi bem sucedido em situações anteriores
Devemos saber em que ordem devemos ensiná-lo, oferecendo muitas oportunidades de sucesso. Apresente situações que são possíveis para o aluno e aumente progressivamente o grau de dificuldade
– Quando conhece imediatamente o resultado positivo de sua atividade, se interessa mais em seguir colaborando
Devemos dizer-lhe sempre o quanto se esforçou, o quanto já alcançou, animando-o pelo sucesso já alcançado. Assim é possível que ele se interesse mais pela atividade e aguente trabalhar por mais tempo
– Quando participa ativamente da tarefa, aprende melhor e se esquece menos
Devemos planejar atividades em que ele intervenha ou atue como sujeito principal
– Quando se pede que ele realize muitas tarefas em pouco tempo, se confunde e rejeita a situação
Devemos selecionar as tarefas e dividi-las pelo tempo, de forma que não se confunda nem se canse
Cada etapa tem suas características próprias, mas é preciso prestar atenção especial a alguns aspectos, desde o começo da ação educativa no programa de estimulação precoce e ao longo de todo o processo educativo:
– A programação por objetivos
– O desenvolvimento das capacidades, tendo em conta que se trata de um processo evolutivo
– O desenvolvimento da atenção
– O desenvolvimento da percepção e discriminação
– O desenvolvimento das habilidades manuais
– A comunicação e linguagem
– O desenvolvimento da leitura, escrita e cálculo
– A educação para autonomia
– O desenvolvimento de valores
Vamos contribuir, deste modo, para formar um adulto que seja maduro, responsável e feliz, que seja:
– capaz de se sentir bem consigo mesmo
– disposto a sentir-se bem com os outros e a que os outros se sintam bem com ele
– capaz de enfrentar os desafios e as dificuldades que vierem
– pronto a resolver e tomar decisões por conta própria, contando com ajuda somente quando for necessário
–  capaz de assumir sua própria responsabilidade


Fonte: Fundação Iberoamericana Down 21

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Quem tem Síndrome de Down pode namorar e ter filhos?



A Síndrome de Down tem cura? Quem tem a síndrome pode estudar, namorar, ter filhos? Embora seja uma condição de saúde que atinge atualmente 270 mil pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, as pessoas que vivem com ela ainda têm sua capacidade frequentemente questionada.
A Síndrome de Down não é considerada uma doença, mas uma alteração genética na qual a pessoa possui três cromossomos 21 ao invés de dois. Os indivíduos que não possuem a síndrome têm 46 cromossomos em suas células e as com Síndrome de Down, 47. Este cromossomo a mais nas células é responsável por algumas características físicas e também pela maior prevalência de certos problemas de saúde.
O nome da síndrome é uma referência ao médico britânico John Haydon Langdon Down (1828-1896), o primeiro a escrever sobre ela.
"[A pessoa com a Síndrome de Down] têm maior risco de sofrer cardiopatias congênitas, malformações em órgãos internos, hipotireoidismo, determinados tipos de leucemia, doença celíaca, surdez e alterações oculares, além de alterações em ossos do pescoço que levam a uma fragilidade dessa região", afirma Tatiana Ferreira de Almeida, geneticista do Ambulatório de Diagnóstico da Apae de São Paulo.
Desde o nascimento, o bebê com Síndrome de Down precisa de mais cuidados do que um recém-nascido sem a condição. Segundo a pediatra Ana Claudia Brandão, do Hospital Israelita Albert Einstein, essa criança tem que ser constantemente acompanhada por pediatra; fisioterapeuta, para estímulo da parte motora; fonoaudiólogo, para cuidar da musculatura facial e desenvolvimento da fala; e terapeuta ocupacional, entre outros especialistas.

Como viver bem?

"Cuidados de saúde com atenção especial aos problemas mais frequentes, programas de estimulação precoce para os bebês, e a possibilidade de uma vida com oportunidades, incluindo escola, trabalho e lazer possibilitam às pessoas com Síndrome de Down ter um desenvolvimento que ainda surpreende muita gente", diz a pediatra Ana Claudia Brandão.
Os custos que envolvem cuidar da criança com Síndrome de Down são superiores ao de outras crianças, pela necessidade da consulta com diferentes especialistas. Mas o SUS (Sistema Único de Saúde), entidades filantrópicas como a Apae e planos de saúde oferecem atendimento específico -- basta os pais procurarem.
O Ministério da Saúde criou uma cartilha exclusiva para quem tem Síndrome de Down, com ajuda de jovens que vivem com a síndrome.
Exemplos de indivíduos que vivem bem com a condição de saúde vêm surgindo ao longo dos anos, simultaneamente ao consenso de que os portadores devem viver em sociedade, não confinados.
Débora de Araújo Seabra de Moura, 32, tornou-se a primeira professora com Síndrome de Down no Brasil, segundo a Associação Síndrome de Down do Rio Grande do Norte. Ela é professora auxiliar de desenvolvimento infantil há nove anos e sempre estudou em escolas convencionais.
O ator Ariel Goldenberg, que atuou no filme brasileiro "Colegas", diz que a síndrome não o impede de fazer nada. O filme conta a história de três jovens com Síndrome de Down apaixonados por cinema e que um dia, inspirados por um filme, fogem no automóvel do jardineiro do instituto em que vivem.
Já o fotógrafo britânico Oliver Hellowell, 18, tem Síndrome de Down e quase 50 mil fãs no Facebook, onde posta suas fotos. Estimulado pelos pais a ativar sua criatividade, ele se empolgou com a fotografia e, a partir da repercussão de seu trabalho nas redes sociais, ele diz que seguirá nessa profissão.

Down estuda, namora e faz sexo

Os cuidados com a saúde, aliados à possibilidade de interação com a sociedade, ampliam as chances de o portador da síndrome viver de forma mais independente. O primeiro passo deve começar pela família, que precisa evitar infantilizar o Down dentro e fora de casa. Por ter um retardo mental e sexual natural, é comum que eles sejam tratados como crianças. Um erro, na avaliação da pediatra.
"O comportamento infantilizado aparece por falta de oportunidades de interação e superproteção. A família não permite que a pessoa cresça, não a deixa decidir, escolher, correr risco, errar. Ninguém amadurece assim", diz Ana Claudia Brandão.
Esse tipo de tratamento perpetua outros mitos em relação aos portadores, de que eles não podem estudar em escolas consideradas 'normais', trabalhar e ter relacionamentos amorosos.
"As crianças com Síndrome de Down devem fazer o ensino regular para receberem o estímulo da convivência com crianças sem atraso de desenvolvimento e, da mesma forma, seria ideal que frequentassem alguma atividade pedagógica especializada voltada para suas demandas específicas", diz Tatiana Almeida, da Apae.
Além do estudo, é indicado que eles trabalhem ao atingir a maioridade. Uma vez treinados e observados em seu ambiente de trabalho, os portadores da síndrome podem realizar funções de acordo com sua capacidade individual. "Não há nenhum impedimento físico ou mental para o trabalho", afirma a geneticista.
Quanto à capacidade de se relacionar com outras pessoas e mesmo fazer sexo, é viável desde que isso seja mostrado como natural da condição humana, diz a pediatra.
"Os adolescentes com Down também sentem desejo. Para esse jovem, a educação sexual deve ser mais clara, é preciso ensiná-los a entender o corpo, a ter uma etiqueta social adequada para que não haja falta de limite ou para que não sejam mal interpretados. Tanto isso é possível que jovens com Síndrome de Down se casam e têm relações sexuais", diz Ana Claudia Brandão.

Podem ter filhos?

A fertilidade na Síndrome de Down ainda é estudada, mas sabe-se que as mulheres podem ter filhos, embora sejam menos férteis do que as mulheres que não têm a síndrome. Já os homens com Down, em sua grande maioria, são considerados estéreis.

Fonte:  http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2014/10/07/quem-tem-sindrome-de-down-pode-namorar-e-ter-filhos?

*Crédito da foto: Google

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

ONG em ação - Marcelo



Marcelo tem 12 anos de idade e é portador de Paralisia cerebral. Foi atendido pela Doutora Vânia Letier em 18/06/2013 para limpeza e aplicação de flúor, nas instalações da Clínica Sorrir de Novo, em mais uma das ações sociais da ONG Sorriso Novo.


*Foto publicada com a autorização do responsável.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Dicas de prevenção de acidentes com crianças e adolescentes



É fato que todo pai e mãe se preocupam com a segurança de seu filho. Mesmo assim, crianças e adolescentes são alvo frequente de acidentes domésticos. Basta se distrair por um instante e os pequenos escalam estantes, saem correndo, colocam o dedo na tomada ou mesmo no fogo! É preciso estar muito atento aos riscos cotidianos a que crianças e adolescentes estão expostos. Para conscientizar pais e responsáveis, foi criado o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes com Crianças e Adolescentes, celebrado dia 30 de agosto. O Movimento Down adere à campanha e traz uma série de dicas para garantir a segurança de crianças e adolescentes. No site da ONG Criança Segura é possível encontrar uma lista de orientações de prevenção importantes que valem para toda e qualquer criança. No caso de pessoas com síndrome de Down, além das medidas básicas de segurança, outros cuidados devem ser observados, devido a características como hipotonia muscular, falta de equilíbrio e dificuldades de percepção e cognição.

Risco de fuga

Não é raro que crianças e jovens com síndrome de Down fujam de casa. Os motivos variam muito: pode ser porque algo interessante atraiu sua atenção ou pela simples vontade de exercer a própria independência. Para reduzir os riscos de fuga, aqui vão algumas sugestões:
– Procure compreender as razões que levam à fuga; Use comunicação visual em casa.
– Tranque toda a casa: sempre se certifique de que todas as saídas de casa estejam trancadas, não deixe as chaves na fechadura, coloque algum tipo de alarme ou sinos que avisem quando uma porta ou mesmo janela for aberta;
- Limites e regras: procure sempre deixar claros os limites para a criança. Escreva as regras em lugar visível e, sempre que possível, use comunicação visual - desenhos e símbolos como o sinal de “PARE”, etc. Prefira a linguagem positiva: em vez de dizer “não saia de casa”, fale “você tem que pedir para sair”. Exercite os limites; pessoas com síndrome de Down aprendem melhor com a repetição;
Para o caso de a criança escapar:
- Coloque pulseiras com nome da criança e telefones de contato.
Identificação: use pulseiras, braceletes ou colares com identificação, como nome e telefone de contato. Atualmente existem até equipamentos com localizadores e GPS. Isso é especialmente importante em passeios e viagens. - Exercite a independência um dos maiores riscos de quando uma criança escapa é que ela não saiba o que fazer e como agir em locais públicos. O problema é que ela se exponha a situações perigosas como atropelamento ou mesmo que se perca. Por isso,é importante estimular que as pessoas com síndrome de Down desenvolvam as habilidades de se locomoverem sozinhas. Quanto mais cedo a criança começar a explorar novos lugares e aprender a atravessar a rua com segurança, por exemplo, melhor ela exercita a autonomia. Essa independência será extremamente importante quando a pessoa atingir a adolescência e depois a vida adulta.

Risco de lesões em atividades com movimentos bruscos

É essencial supervisão constante para as pessoas com síndrome de Down, especialmente em atividades, brincadeiras e esportes que envolvem movimentos bruscos. Devido a características da síndrome como problemas cardiorrespiratórios, falta de equilíbrio, dificuldades de percepção, e dificuldades causadas pela hipotonia, hipermobilidade das articulações e frouxidão ligamentar, podem acontecer lesões. A flexibilidade das articulações pode resultar em risco de deslocamento e luxação. Entre 15 e 30% das pessoas com síndrome de Down apresentam instabilidade no pescoço, conhecida como instabilidade atlanto-axial, que se caracteriza pela frouxidão entre a primeira e segunda vértebras cervicais. Isso faz com que a probabilidade de ocorrência de lesões na medula espinhal seja muito mais alta. De acordo com as Diretrizes de Atenção à Pessoa com Síndrome de Down, todas as crianças com a trissomia devem fazer uma radiografia da coluna cervical aos três e aos dez anos, para checar a existência de instabilidade atlanto-axial. Antes de matricular seu filho em esportes de contato, peça ao médico que avalie a dimensão dessa instabilidade. Da mesma forma, após um acidente de trânsito, é importante que se avise aos envolvidos no resgate que uma pessoa com síndrome de Down tem mais chances de sofrer lesão no pescoço do que outras pessoas.

Problemas com medicamentos

Muitos indivíduos com síndrome de Down fazem uso de medicamentos. Fique atento a reações adversas e, na dúvida, converse sempre com o médico. Não minta dizendo que o remédio é balinha para convencer uma criança a tomá-lo. Isso pode levá-la a ingeri-lo sem indicação, correndo sérios riscos. Além disso, mantenha os medicamentos sempre fora do alcance de qualquer criança.

Fonte:

 http://www.movimentodown.org.br/2014/08/dicas-de-prevencao-de-acidentes-com-criancas-e-adolescentes

terça-feira, 21 de outubro de 2014

ONG em ação - Bruno



Bruno tem 20 anos de idade e é autista. Completou seu tratamento com êxito em 12/03/2014,pelas mãos da talentosa Doutora Vânia Letier, nas instalações da Clínica Sorrir de Novo. Seu tratamento contou com o patrocínio da ONG Sorriso Novo.

Foto publicada co a autorização do reesponsável.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

ONG em ação - Vitória



Vitória Caroline é portadora de Paralisia cerebral e tinha 13 anos de idade quando iniciou procedimento de limpeza dentária e aplicação de Flúor em 11/06/2013, tendo estado em tratamento já desde um ano antes. Retornou em 11/06/2014 para revisão e novo procedimento de limpeza dentária. Seu tratamento foi realizado com êxito pela Doutora Vânia Letier,  nas instalações da Clínica Sorrir de Novo, em uma de várias iniciativas levadas a efeito pela ONG Sorriso Novo na Comunidade da Maré, Rio de Janeiro.


(Foto publicada com autorização da mãe)

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Rain Man – Um olhar sobre o Autismo e a Síndrome de Savant(Final)

Mais do que a herança, o que Charles buscava ao fim da viagem que fez com Raymond, era recuperar sua família. Buscava um afeto que Raymond não conseguia retribuir. Mas, como as nuances do autismo ainda são complexas demais para o nosso entendimento, talvez, em algum nível, na mente de Raymond essa proximidade provocou alguma modificação. Mesmo que tal fato não seja expresso de uma forma que, no momento, tenhamos condição de identificar.
O estudo da mente tem várias vertentes, que refletem nas mais diversas situações. Doenças como a Síndrome de Savant podem contribuir para um melhor entendimento de como se dá o processo de aprendizagem, mais especificamente a parte do processo relacionado à memorização. Que diferenças estruturais existem nos cérebros dessas pessoas? O que possibilita a execução de ações extraordinárias, como a memorização de uma sinfonia de Beethoven ou de uma obra de Shakespeare? Por que a execução de algo extraordinário é feita de forma tão fácil enquanto ações simples, como amarrar o cadarço do sapato, não?
Para Treffert (2009),
nenhum modelo da função cerebral, incluindo a memória, estará completo até que se possa explicar e incorporar plenamente a condição rara, mas espetacular, da Síndrome de Savant. Na última década, particularmente, muito progresso tem sido feito para explicar esta justaposição dissonante de capacidade e incapacidade, mas muitas perguntas continuam sem resposta.
Para ele, as inovações tecnológicas no campo da tomografia computadorizada e da ressonância magnética serão cruciais nessas investigações. Pois, elas fornecem imagens de alta resolução de toda a arquitetura do cérebro (superfície e profundidade), o que permite uma inspeção detalhada da sua estrutura. Treffert (2009) acrescenta ainda que “estudos das funções do cérebro, tais como a tomografia por emissão de pósitrons (PET), tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT – sigla da expressão em inglês) ou a ressonância magnética funcional, são técnicas muito mais informativas sobre a Síndrome de Savant e, inclusive, do próprio autismo, uma vez que estas novas técnicas fornecem informações sobre o cérebro em funcionamento, ao invés de simplesmente visualizar a arquitetura do cérebro”.

O autismo colocou Raymond em um mundo à parte enquanto que a Síndrome de Savant transformou-o em um prodígio no uso da memória. Em alguns estudos, busca-se no reforço desses talentos, uma forma de inclusão social, já que a pessoa passa a se sentir útil em um dado contexto. Uma dessas pesquisas foi relatada em Treffert (2009):
Clark (2001) desenvolveu um currículo de habilidade savant usando uma combinação de estratégias bem-sucedidas e atualmente empregadas na educação de crianças superdotadas (enriquecimento, aceleração e orientação) e educação de autistas (suportes visuais e histórias sociais) em uma tentativa de canalizar e aplicar, de forma útil, as habilidades, muitas vezes pouco funcionais e obsessivas, de um portador da Síndrome de Savant. Este currículo especial foi muito bem sucedido na aplicação funcional das habilidades Savant e produziu uma redução global do nível dos comportamentos autistas em muitos aspectos. Melhorias no comportamento, nas habilidades sociais e acadêmicas foram observadas, juntamente com o ganho nas habilidades de comunicação em dados contextos.
A expressão “fazer do mundo um lugar melhor”, nesse contexto, deixa seu sentido macro e volta-se para o interior do indivíduo. Talvez possamos usar a ciência para construir pontes entre os universos que compõem a natureza de cada um de nós.
 
Referências:
DSM-IV. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Disponível em: http://www.psicologia.pt/instrumentos/dsm_cid/dsm.php
TREFFERT, D. A. The savant syndrome: An extraordinary condition. A synopsis: Past, present, future. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences 364 (1522): 1351–7, 2009. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2677584/

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Rain Man – Um olhar sobre o Autismo e a Síndrome de Savant(I)

 

Por
Bacharel em Psicologia. Mestre em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Coordenadora e professora dos cursos de Sistemas de Informação e Ciência da Computação do CEULP/ULBRA. 


Rain Man estreou em 1988. Nessa época, o transtorno do autismo era pouco divulgado na mídia, o que fez com que o personagem de Dustin Hoffman (Raymond) se transformasse em uma espécie de referência no que tange aos sintomas desse transtorno. Algumas pessoas (e a mídia em geral) associavam as características do personagem ao transtorno, o que poderia produzir uma equivalência perigosa. O filme foi extremamente relevante para a apresentação do autismo, mas também contribuiu para provocar erros de interpretação, já que reduzia, aos olhos do grande público, os sintomas desse transtorno à imagem do personagem.
Raymond é o irmão mais velho de Charles Babbit (Tom Cruise). Viveu grande parte de sua vida em uma instituição para pessoas com transtornos mentais. A história inicia-se com a morte do pai e a leitura do seu testamento. Enquanto Charles ganhou apenas um velho carro e as roseiras da casa, Raymond foi beneficiado com todos os recursos dos investimentos do pai.
Aos poucos descobrimos que essa família é totalmente desestruturada. A mãe de Charles morreu quando ele tinha três anos e Raymond foi mandado para a clínica, pois representava (segundo o pai) um perigo para o irmão. Charles deixou de falar com o pai aos 17 anos depois de uma tentativa fracassada em ser notado por ele. Assim, o distanciamento que Raymond tem das pessoas parece ser um traço presente (em um dado nível) em todos os membros de sua família.
Charles, que até então não se lembrava da existência do irmão, apenas que um amigo imaginário cantava música para acalmá-lo quando tinha 3 anos, foi procurá-lo na clínica e tirou-o de lá sem o consentimento dos médicos. Era a forma que ele havia encontrado de recuperar a herança.
O que ele não esperava era que Raymond, mais do que repetir determinadas sentenças insistentemente, de gostar de determinadas produtos, locais e programas de TV de forma obsessiva, poderia ter fortes crises se vivenciasse mudanças bruscas em sua rotina ou se fosse impelido a fazer algo que não quisesse.
Segundo o DSM IV,
as características essenciais do Transtorno Autista são a presença de um desenvolvimento acentuadamente anormal ou prejudicado na interação social e comunicação e um repertório marcantemente restrito de atividades e interesses. As manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do nível de desenvolvimento e idade cronológica do indivíduo [...]. Os indivíduos com Transtorno Autista têm padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades.
Uma das grandes complexidades desse transtorno reside no entendimento das variações dessas manifestações e a fase em que são identificadas. Quanto mais tarde é feito o diagnóstico, mais difíceis são as possibilidades de tratamento. No caso de Raymond, a questão ainda tem um diferencial, pois ele também sofre da Síndrome de Savant. ParaTreffert (2009), essa síndrome “é uma condição rara, em que pessoas com graves deficiências mentais, incluindo o transtorno autista, possuem algum tipo de talento ou habilidade extraordinária”.
Segundo pesquisas apresentadas em Treffert (2009), em cada 10 pessoas autistas, uma tem habilidades notáveis em algum grau. Logo ter autismo não implica ter a Síndrome de Savant. Há outras variações de autismo, como é apresentado no DSM IV, em que “o prejuízo na comunicação é marcante e persistente, afetando as habilidades tanto verbais quanto não-verbais; podendo haver atraso ou falta total de desenvolvimento da linguagem falada”.
Ter a Síndrome de Savant também não implica ser autista.  Segundo Treffert (2009), essa síndrome pode ocorrer através de outras deficiências de desenvolvimento ou em outros tipos de lesões do sistema nervoso central. Seja qual for a habilidade apresentada pelo portador da síndrome, ela tem uma base única: a memória. São habilidades intrinsicamente relacionadas à capacidade surpreendente de memorização.

Apesar de a personagem Raymond Babbit ter ambos os transtornos, Kim Peek, que foi a inspiração para os roteiristas desenvolverem o filme, não tinha autismo, mas era mentalmente incapacitado, precisava do auxílio do pai para realizar as tarefas mais básicas (como se vestir ou barbear), apesar de ter uma capacidade de memorização extrema. Até a sua morte em 2009, aos 58 anos, Kim havia memorizado cerca de 12.000 livros (inclusive a Bíblia). Mesmo sem compreender aquilo que memorizava, era capaz de citar palavra por palavra o texto de cada um dos livros.
 Ter que passar um tempo com o irmão fez Charles aprender mais sobre as suas próprias fragilidades. Quando estavam em Las Vegas, ele usou as habilidades de Raymond para ganhar no jogo de cartas, entendendo, apenas posteriormente, o que aquela ação refletia, ou melhor, o tipo de homem que ele se tornara. Essa proximidade com o irmão, principalmente, fez com que ele trouxesse à tona passagens de sua infância, assim, ele pôde perceber que aquela pessoa tão distante, que vivia em um mundo particular e, aparentemente, inacessível, um dia foi seu protetor. O “Rain Man” que dá título ao filme é a forma com que Charles, aos três anos, se referia ao irmão, que, dentro de sua rotina de tarefas, protegia-o da solidão.

(Continua)

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Vencendo barreiras - Vinícius

Mesário com síndrome de Down trabalha em sua quarta eleição


Aos 27 anos, Vinicius Streda tem síndrome de Down e mora no município de Santo Cristo, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul. Pela quarta eleição consecutiva, ele se prepara para ser mesário.
No próximo domingo (5), ele assumirá os trabalhos como segundo mesário na seção número 22 do município com menos de 12 mil habitantes, em um salão paroquial no distrito de Linha Bom, área rural onde mora. A mesma função foi desempenhada nos pleitos de 2006, 2008 e 2010.
Vinicius deu entrevista ao portal G1. Confira aqui trechos da reportagem:
“O Brasil precisa de inclusão, das pessoas com necessidades específicas. E a minha vontade de ser mesário surgiu para ter esse orgulho e satisfação”, disse Vinicius ao G1.
Desafiar preconceitos não é novidade para o jovem. Foi acreditando na própria capacidade intelectual que ele escreveu e publicou um livro, em coautoria com a prima, Carina Streda, que é pedagoga.
Publicado neste ano, “Nunca Deixe de Sonhar”, que conta a história pessoal do jovem, já esgotou 2 mil exemplares e está atualmente na terceira edição. “Traz minha experiência de vida, as angústias e dificuldades que passei”, explica.
Para ele, contribuir com a democracia também representa um gesto de reafirmação de competência diante dos eleitores de Santo Cristo. “Quero exercer a cidadania e a democracia. Acredito muito na inclusão. Em centros de reabilitação para quem tem necessidades específicas”, diz o jovem.
Vinicius, porém, ainda tenta superar as dificuldades para terminar o ensino médio. Segundo a família, ele busca neste ano a aprovação em duas matérias que ficaram pendentes. Além disso, o jovem diz estar desempregado desde o ano passado por conta de dificuldades financeiras da empresa onde trabalhava, e que lhe ofertou um cargo dentro do programa inclusivo de contratações.
Com informações do G1.


Fonte:http://www.movimentodown.org.br

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Por que abraçar uma causa?





Desconheço o autor da frase, mas penso que ele foi muito feliz quando afirmou: “Quem tem um “Por quê” para viver suporta qualquer “Como”. De fato, abraçar uma causa, por exemplo, muitas vezes se constitui num poderoso expediente terapêutico que vem a decidir a sobrevivência física e/ou psíquica de uma pessoa. É o caso de muitas pessoas que se dedicam a cuidar de animais de rua, defender a natureza, cuidar de uma praça, etc, e encontram nisso uma nova razão para viver. A explicação é muito simples: nós nos sentimos mais úteis e vivos fazendo isto e, na medida em que o fazemos, estamos trabalhando aspectos de nossa personalidade que precisam ser abordados de uma maneira mais prática. Esta é a essência do serviço, estando a sua recompensa no fim das contas na própria ação que praticamos. Quando se fala em abraçar uma causa, é comum que venha à mente das pessoas a doação em dinheiro, o serviço voluntário e as manifestações coletivas em lugares públicos, por exemplo. Existem, no entanto, outras formas de colaborar com uma determinada causa e que podem ser bem mais eficazes e simples. Para entendermos como isto funciona, é necessário que entendamos o conceito de “Médium”. “Médium” significa meramente “Meio” ou “Veículo”, e é um conceito muito importante não só para a Psicologia Comunicacional, como também para a Propaganda e Publicidade. A palavra da moda nos dias atuais é “Mídia”, plural de “Médium”. Portanto, chamamos os jornais, revistas, rádios e televisão de Mídia pelo motivo óbvio de que estes são os veículos privilegiados de informação. Se assim é, então temos que o maior de todos os veículos é o próprio ser humano que, através da sua fala, das suas atitudes, do seu vestir entre outros, veicula as ideias, os ideais e os valores da sua cultura, valores estes que lhe foram transmitidos das gerações passadas pelos pais, professores, etc, e que ele retransmite para diante. Importante é perceber que, mesmo sem o sabermos, todos nós estamos o tempo inteiro fazendo isto, e não há como evitar. Todos nós somos “Médiuns” no sentido comunicacional do termo. Muitas vezes, ganhar visibilidade é muito mais importante do que receber doações, etc. O melhor e mais recente exemplo disso foram as manifestações ocorridas em todo o país em meados de 2013, cujo slogan era “Não é pelos 20 centavos”. Nada se lucrou com estas manifestações, mas foi um fenômeno de midia que chamou a atenção até internacionalmente, e tem muitas lições que interessam aos profissionais das áreas de Marketing, Propaganda, Publicidade, Política e Psicologia.
A ONG Sorriso Novo há vários anos abraçou, entre outras, a causa das crianças portadoras de necessidades especiais e, neste momento, conquistar visibilidade tem importância fundamental para nós, de forma que ao solicitarmos a sua colaboração estamos pedindo apenas que você, leitor, colabore da maneira mais fácil, prática e barata: inscrever-se em nosso Blog e/ou ajudar a disseminar as nossas postagens e o nosso noticiário através das redes sociais. Simples, não? Desta forma, você também estará abraçando a nossa causa e ajudando a criar um mundo mais confortável para os portadores de necessidades especiais. Junte-se a nós. Colabore!
Muito obrigado!


Janez Robba
ONG Sorriso Novo

Crédito da foto: Google

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Bobath

O Conceito Neuroevolutivo - Bobath é uma abordagem terapêutica que prioriza a solução de problemas. O conhecimento da Filosofia, Teoria e Princípios do Conceito Neuroevolutivo- Bobath, devem ser enfatizados e considerados em cada sessão de terapia.

O Conceito Neuroevolutivo – Bobath foi desenvolvido por Karel e Bertha Bobath em 1943, quando trabalhavam com pacientes adultos hemiplégicos e mais tarde usaram e aperfeiçoaram com crianças portadoras de Paralisia Cerebral. O tratamento baseado no conceito Neuroevolutivo passou por várias mudanças desde seu início, mas sua filosofia permanece a mesma. O que mudou foi sua teoria, já que a ciência mudou em várias áreas, ou seja, novas pesquisas levaram a mudar o nosso entendimento do funcionamento e da integração do SNC.

O conceito Neuroevolutivo é largamente usado e respeitado na Europa, USA, América do sul (principalmente no Brasil, Argentina e Venezuela) e também em alguns países da África. Desde que começou a ser mais usado, vários outros fatores, como biomecânicos e cinesiológicos, foram adicionados na definição original do Conceito.

O conhecimento dos componentes do movimento normal, ou como a criança realiza as etapas do desenvolvimento motor grosseiro, é atualmente considerada uma parte importante da sessão de tratamento. O conhecimento mais profundo da integração da função biomecânica das articulações com o movimento motor grosseiro também se tornou muito importante.

O conceito Neuroevolutivo é, como já dissemos, uma abordagem terapêutica usada para a solução de problemas de pacientes com distúrbio do movimento e da função. Cada função desejada deve ser desmembrada e analisada cuidadosamente para conseguir um maior benefício do tratamento do paciente
 O paciente e sua família são tratados e/ou considerados como uma unidade. Os familiares ou pessoas que cuidam do paciente são incluídos na sessão de terapia onde lhes são ensinadas técnicas de posicionamento, transferências, brincadeiras que deverão ser usadas em casa. Toda equipe de profissionais deve ser incluída e devem trabalhar juntos com objetivo de dar suporte para a família e tratar adequadamente o paciente.

O conceito Neuroevolutivo é usado por Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos e Terapeutas Ocupacionais. O uso das técnicas de tratamento talvez sejam diferentes entre as diversas especialidades, pois cada um tem objetivos variados, mas a base teórica e o conhecimento da técnica é a mesma. Sendo o Conceito Neuroevolutivo baseado no movimento normal, ele é flexível e pode ser aplicado em vários tipos de doenças.

O diagnóstico mais comum é a paralisia cerebral em crianças e os hemiplégicos adultos, porém, pode ser usado em qualquer paciente com disfunção motora. Pode ser usado em crianças com meningomielocele, distrofia muscular, hipotonia, traumatismo craniano, prematuros de alto risco ou adulto com hemiplegia, esclerose múltipla, traumatismo craniano, e em outras doenças ou trauma que produzem alterações do tônus muscular, distúrbio ou atraso do movimento. O conceito Neuroevolutivo usa equipamentos como rolos, bolas, bancos, porém, não são tão importantes como as técnicas de manuseios.

Maria Terezinha Baldessar Golineleo é fisioterapeuta, especializada no tratamento de crianças e adultos com disfunção neurológica e instrutora do Conceito Neuroevolutivo – Bobath, reconhecida pela Abradimene e para cursos de Hemiplegia do Adulto – Conceito Bobath 

Fonte: http://www.apaesalvador.org.br

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Preconceito

Desde que a “onda” do politicamente correto ganhou força e parte da sociedade se conscientizou  que somos  TODOS  iguais (ou, pelo menos, deveria ter se conscientizado), vem sido propagada aos quatro ventos a importância e necessidade vitais de vivermos em comunhão.
Mas, juntamente com o politicamente correto, um outro termo surgiu e veio para ficar: o PRECONCEITO! A partir do momento em que todos nós (ou quase todos, infelizmente!) internalizamos este conceito, passamos a compreender também que tudo aquilo que fosse de encontro a essa nova concepção, se tornaria errado,  constituindo  preconceito.
Mas, afinal, o que quer dizer a palavra preconceito?
Vamos à sua etimologia:A palavra preconceito é formada pelo prefixo latino “pré” (anterioridade, antecedência) mais o substantivo  “conceito” (opinião, julgamento). Assim sendo, percebemos que o preconceito nada mais é do que um conceito pré-estabelecido acerca de algo ou alguém. Desde os primórdios da humanidade que o ser humano tem dificuldade em conviver com as diferenças, pois tudo aquilo que é diferente, choca, assusta e nos tira da chamada “zona de conforto”.
Mas onde quero chegar com toda esta conversa acerca de preconceito? É bem provável que a esta altura do texto você deve estar fazendo esta pergunta…
Dez entre dez mães de pessoas com autismo, quando perguntadas sobre as maiores dificuldades que enfrentam diariamente, mencionam o preconceito em seus depoimentos.
Mais do que um simples fato, isto é uma triste realidade! Realidade esta que os movimentos de pais e mães, Brasil afora, têm lutado bravamente para mudar!
Entretanto, será que nós, que sabemos o quanto o preconceito machuca e fere, pois sentimos na pele e na alma os seus efeitos devastadores, somos preconceituosos?
Vamos acompanhar as frases abaixo:
“Meu filho tem TEA, transtorno do espectro autista, o que é MUITO diferente de autismo.”
“Meu filho tem autismo leve. Em razão disso, não gostaria que ele ficasse em um grupo  com crianças autistas mais comprometidas do que ele.”
Quantas vezes já escutamos estas falas em nosso cotidiano? Esta semana me peguei refletindo sobre isso…
São afirmações que surpreendem, principalmente por serem oriundas de mães de autistas.
A primeira frase mostra a fuga do termo autismo, como se a família tivesse “medo” desta nomenclatura. Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, Transtorno Global do Desenvolvimento e, mais recentemente, Transtorno do Espectro Autista, são apenas algumas das nomenclaturas utilizadas para designar a mesma síndrome que abrange 1% da população pediátrica mundial, o autismo.
Penso que se nos prendermos a rótulos estaremos perdendo um tempo valioso. Que importância tem o nome da dificuldade que meu filho tem? Faz alguma diferença que ele tenha TEA, TGD ou  Autismo, por exemplo? As dificuldades, porventura, deixarão de existir com este ou aquele nome? Infelizmente, não.
As questões estarão ali,  sem mudança alguma, independente do nome que tenham.
Na segunda frase, a família demonstra preocupação pelo fato de seu filho, com “autismo leve”, ter que interagir com crianças com um comprometimento maior.
Interessante observar que esta, provavelmente, é a mesma família que luta para que seu filho seja incluído em uma escola regular, para conviver com crianças ditas “normais”.
Se as mães de crianças neurotípicas pensarem assim, o que será da inclusão? Não é justamente contra este tipo de pensamento que lutamos?
Atualmente, muito se fala dos “diferentes tons de azul”, expressão utilizada para denominar os diversos graus de comprometimento que o autismo apresenta.
Embora o autismo possa afetar cada indivíduo de forma única e diferenciada, penso que a dor que uma família sente ao ter um filho com este diagnóstico independe do tom de azul que seu filho tenha.
É óbvio e não cabe nenhum questionamento que, quanto mais grave for o comprometimento de uma pessoa autista, maiores serão os cuidados que ela inspira, assim como os obstáculos a serem ultrapassados, fazendo com que as dificuldades adquiram uma proporção muito maior.
O que não quer dizer, de forma alguma, que uma família com um filho considerado autista leve não sofra e não enfrente seus próprios percalços.
Em meu entendimento, é inconcebível julgar a dor alheia, assim como mensurá-la.
Não se pode e nem se deve comparar uma dor a outra. Dor não se julga!
Não pode haver, entre nós, diferenças oriundas pela nomenclatura do diagnóstico ou em razão do grau de comprometimento de nossos filhos. Afinal, são todos autistas! Cada um a seu jeito, com suas próprias limitações e habilidades.
E estes diferentes “tons de azul” não são um impedimento para nos irmanarmos na mesma dor pungente de termos nossas vidas modificadas pela síndrome de nossos filhos.
O autismo afeta a todos nós e não escolhe raça, cor, idade, classe social, profissão ou credo. Lutamos tanto contra o preconceito! Nossos filhos são vítimas quase que diárias dele!
Não sejamos nós, pois, algozes uns dos outros.
Lembremo-nos que toda forma de preconceito é odiável e odiosa, venha de onde vier e de quem vier.

Denise Aragão


Fonte:  http://www.mundoazul.org.br/

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Interdição da Pessoa com Deficiência Intelectual – Tutela e Curatela(Final)

Benefício da Prestação Continuada – BPC
  • O que é o benefício da prestação continuada – BPC?
É um benefício assistencial – não é pensão previdenciária – devido a toda pessoa com deficiência que comprove não possuir meios de prover a sua própria subsistência ou tê-la provida por sua família.
O valor do benefício pago é de um salário-mínimo mensal.
  • O que a pessoa com deficiência deve fazer para obter o BPC?
Deve dirigir-se a um posto do INSS, preencher o requerimento, comprovar a deficiência e renda mensal familiar inferior a ¼ do salário-mínimo por pessoa.
A pessoa com deficiência precisa estar interditada para receber o BPC?
Não, a interdição não é requisito para a concessão do benefício da prestação continuada.
  • O que fazer se o INSS indeferir o benefício?
Se a avaliação das condições estiver equivocada, a pessoa com deficiência de procurar um advogado e ingressar com ação judicial contra o INSS, no Juizado Especial Federal, visando receber o benefício a que tem direito.
  • A pessoa com deficiência que recebe o BPC pode exercer uma atividade remunerada?
Sim, desde que o valor recebido pela pessoa com deficiência, somado aos demais rendimentos da família, não seja superior a ¼ do salário mínimo por pessoa.
  • E se for com carteira de trabalho assinada, pode continuar a receber o BPC?
Primeiro caso: Não, porque o benefício assistencial não pode ser acumulado com salário decorrente de contrato de trabalho. Daí porque se a pessoa com deficiência assinar um contrato de trabalho, tiver uma atividade empreendedora, autônoma ou em cooperativa será suspenso o BPC.
Se perder o emprego ou qualquer das atividades remuneradas poderá requerer a continuidade do pagamento do benefício suspenso, sem a necessidade de realizar perícia, dentro do prazo de dois anos.
Se tiver direito ao seguro desemprego, só poderá retornar ao benefício da prestação continuada decorridos os cinco meses da concessão do seguro.
Segundo caso: Sim, se for um jovem aprendiz. A nova lei n° 12.470/2011 permite ao jovem aprendiz acumular o salário do contrato de aprendizagem e do benefício da prestação continuada (salário + BPC) pelo prazo máximo de dois anos.
Poderá também ser aprendiz as pessoas com deficiência acima de 24 anos e não será exigida a comprovação da escolaridade do aprendiz com deficiência intelectual, devendo ser consideradas as suas habilidades e competências relacionadas com a profissionalização.
  • A pessoa com deficiência que mora com outra pessoa que já recebe o BPC pode pedir o mesmo benefício para si própria?
Sim, pois o benefício já recebido pela outra pessoa (pessoa idosa ou outra pessoa com deficiência) não integra o cálculo da renda familiar máxima. Porém, a pessoa com deficiência não poderá acumular o benefício de prestação continuada com outro benefício previdenciário (pensão, aposentadoria).
Aposentadoria e Pensão
  • A pessoa com deficiência intelectual tem direito à aposentadoria?
Sim, desde que tenha completado 35 anos contribuição à Previdência Social, se homem, e 30 anos, se mulher. Deverá ainda ter a idade mínima de 65 anos (homem) e 60 anos (mulher).
E à pensão dos pais?
Sim, com a morte dos pais, se a pessoa for menor de 18 anos. Se for maior de 18 anos, a pessoa interditada parcialmente e, cadastrada perante o INSS como dependente dos pais (aconselha-se que se solicite ao juiz para que na sentença que decreta a interdição parcial conste que o interditado tem direitos previdenciários).
  • Quando trabalha com carteira de trabalho assinada, perde o direito a esta pensão?
Não, a pessoa com deficiência intelectual ou com deficiência mental que optar por trabalhar terá a redução de 30% do valor da pensão enquanto perdurar o vínculo de emprego, o trabalho por conta própria, o sistema cooperativado.
  • A pessoa com deficiência intelectual pode receber mais de uma pensão?
Sim, pode receber mais de uma pensão, desde que sejam de níveis distintos da administração pública a exemplo de pensão do Distrito Federal e federal, ou uma pensão municipal e uma federal, etc.
Serviço Militar
  • A pessoa com deficiência está obrigada a prestar o serviço militar?
A pessoa com deficiência está isenta do serviço militar. Porém, deve se apresentar a uma unidade militar das Forças Armadas para ser dispensado.

Bibliografia
FAVERO, Eugenia Augusta Gonzaga. Direitos das Pessoas com Deficiência: Garantia de Igualdade na Diversidade – Rio de Janeiro: WVA Ed., 2004.
GUGEL, Maria Aparecida Gugel. Pessoa com Deficiência e o Direito ao Trabalho: Reserva de Cargos em Empresas, Emprego Apoiado. Florianópolis : Editora Obra Jurídica, 2007.


Fonte: http://www.movimentodown.org.br/2013/02/interdicao-da-pessoa-com-deficiencia-intelectual-tutela-e-curatela.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Interdição da Pessoa com Deficiência Intelectual – Tutela e Curatela(Continuação)

O que é interdição?
    É um direito da pessoa com deficiência para lhe garantir proteção. É uma medida judicial que declara a falta de capacidade da pessoa para gerir seus negócios e atos decorrentes da vida civil. A interdição pode ser total ou parcial e será nomeado curador para representar a pessoa interditada.
    A interdição é um instrumento judicial necessário para se obter a curatela.
    • Como proceder à interdição?
    É um processo judicial que se inicia com um pedido dirigido ao Juiz, por meio de petição inicial apresentada por advogado ou defensor público.
    O pedido deve ser apresentado no juízo do domicílio da pessoa e conter: a prova da legitimidade do autor da ação e a prova da incapacidade do interditando para exercer os atos da administração de seus bens.
    Se o objetivo da ação for para obter a decretação de interdição total, deve ser indicado o artigo 1.767, inciso I do Código Civil.
    Se o objetivo da ação for para obter a decretação de interdição parcial, devem ser indicados os incisos III ou IV do artigo 1.767 do Código Civil. A petição inicial deve conter pedido expresso de que a sentença de decretação da interdição mantenha os direitos de trabalhar, votar, ter conta bancária, receber direitos previdenciários.
    O juiz determinará a citação do interditando e o ouvirá para se convencer sobre sua capacidade. Após o prazo de cinco dias para impugnar a petição inicial, serão produzidas provas da deficiência e grau de comprometimento por meio de laudo do perito. Poderão ser ouvidas 6 testemunhas. O juiz julgará o pedido e decretará a interdição, nomeando o curador e, ao mesmo tempo determinará os limites da interdição.
    A sentença judicial produz efeitos imediatos, devendo ser registrada em cartório de registro de pessoas naturais.
    Será expedido mandado, com cópia da sentença, e edital para ciência de terceiros, noticiando a decretação da interdição, dele constando os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição e os limites da curatela.
    O procedimento judicial está previsto nos artigos 1177 e seguintes do Código de Processo Civil.
    • Quem pode promover à interdição?
    Os pais, em conjunto ou não, ou tutores, o cônjuge ou qualquer parente próximo, na falta dos primeiros. O Ministério Público Estadual promoverá a interdição em casos de doença mental grave.
    • Quando promover à interdição?
    A partir do momento em que a pessoa completar 18 anos de idade.
    • A interdição pode ser cessada? E quem pode solicitar?
    Sim, quando cessar a causa que determinou a interdição. Nesse caso, o juiz para decidir sobre o levantamento da interdição, nomeando um perito para emitir laudo, podendo também ouvir testemunhas.
    A própria pessoa interditada poderá solicitar o levantamento da interdição.
    • O que é interdição parcial?
    É a interdição proporcional ao desenvolvimento mental do interditando ou ao seu comprometimento intelectual.
    Nesse caso, o interditando possui habilidades, aptidões e autonomia para praticar alguns atos da vida civil, sem que seja necessário o curador.
    É o perito, via de regra um médico, nomeado pelo Juiz que afere o desenvolvimento do interditando. Daí a necessidade de se requerer ao Juiz que nomeie uma equipe multiprofissional constituída de psicólogo, assistente social, fonoaudiólogo para aferir o interditando com deficiência intelectual.
    Em resumo, qual é a diferença entre tutela, curatela e interdição?
    A tutela é uma medida de proteção da pessoa menor de 18 anos, órfão de pai e mãe ou quando estes estão destituídos do poder familiar.
    A curatela é uma medida de proteção da pessoa maior de 18 anos de idade, que se enquadre nas hipóteses do artigo 1.767 do Código Civil.
    A interdição é o processo judicial por meio do qual se requer a curatela do incapaz.

    Interdição e Trabalho
    • A pessoa com deficiência intelectual interditada pode trabalhar?
    Sim, pois o acesso ao trabalho é um direito garantido a todos pela Constituição da República. A pessoa deverá ter habilidades e qualificação profissional para as funções a serem exercidas.
    A pessoa com deficiência intelectual interditada pode assinar e rescindir seu contrato de trabalho, assinar recibos e receber salários?
    Se a interdição da pessoa for total, o curador praticará todos os atos decorrentes do contrato de trabalho: assinar e rescindir o contrato de trabalho, assinar recibos de pagamento e verificar o efetivo recebimento do valor do salário.
    Se a interdição for parcial, ao curador caberá dar quitação das verbas decorrentes da rescisão do contrato.
    Interdição e Conta Corrente em Banco
    A pessoa com deficiência intelectual interditada pode ter conta corrente em banco?
    Sim, e quem administra a conta bancária é o curador.

    Interdição e Direito de Votar
    • A pessoa com deficiência intelectual interditada pode votar?
    A Constituição da República e o Código Eleitoral não fazem qualquer restrição à pessoa com deficiência intelectual.
    A pessoa com deficiência intelectual que esteja interditada parcial ou totalmente pode exercer o direito ao voto, desde que o comprometimento intelectual que possua não a impeça de livre manifestação da vontade.
    É aconselhável requerer ao juiz que resguarde o direito de votar.


    (Continua...)

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Interdição da Pessoa com Deficiência Intelectual – Tutela e Curatela

Dúvidas mais freqüentes de pais de pessoas com deficiência intelectual da APAE-DF

  • Tutela
O que é tutela? É um encargo atribuído pelo Juiz a uma pessoa que seja capaz de proteger, zelar, guardar, orientar, responsabilizar-se e administrar os bens de uma criança ou de um adolescente menor de 18 anos, cujos pais são falecidos, ou estejam ausentes, ou tenham sido destituídos do poder familiar. Poder familiar é o conjunto de direitos e obrigações que os pais têm perante os filhos (zelar pelo seu bem estar e por sua educação, alimentar, vestir). Perde-se o poder familiar em função de maus tratos, negligência ou falta de condições para prover o sustento dos filhos. Quem pode ser tutelado? A criança e o adolescente, menor de 18 anos, e não tiver pais (falecido ou ausente), ou quando seus pais tiverem destituídos do poder familiar pelo juiz e, ainda, quando não for casado, alistado no exército ou emancipado.
  • Quem pode requerer a tutela?
Os avós, os irmãos, os tios, ou qualquer outra pessoa que conheça a criança ou adolescente, observada esta ordem e sempre levando em conta o interesse da criança ou do adolescente.
  • Quem pode ser tutor?
O pai e/ou a mãe. Na falta dos pais (se falecidos, ausentes ou destituídos do poder familiar) o tutor é designado pelo Juiz e pode ser qualquer parente ou pessoa próxima, desde que seja idônea, pois irá assumir o compromisso legal de zelar pelos direitos e garantias do menor tutelado, promovendo-lhe a educação, saúde, moradia, lazer, convívio familiar, etc.
  • O que se espera do tutor?
O tutor é o representante legal da criança ou adolescente tutelado. Espera-se que administre o patrimônio (pensão, aluguéis, contratos) do tutelado, suas despesas e dívidas e o represente nos atos da vida civil, tais como a matricular na escola ou cursos, autorizar viagens, autorizar internamentos hospitalares e cirurgias. É responsável pela saúde, educação, lazer e pelo bom desenvolvimento das funções emocionais e afetivas do tutelado. Antes de assumir a tutela, o tutor deve comprovar que também possui renda ou bens compatíveis com o patrimônio que irá administrar pelo tutelado (o que é feito pelo procedimento de especialização da hipoteca legal).

Curatela
  • O que é curatela?
É o encargo atribuído pelo Juiz a uma pessoa que seja capaz de proteger, zelar, guardar, orientar, responsabilizar-se e administrar os bens de uma pessoa declarada judicialmente incapaz. A incapacidade está atrelada à má formação congênita, transtornos mentais, dependência química ou doenças neurológicas.
A incapacidade da pessoa é de reger os atos da vida civil, ou seja, de compreender as conseqüências de suas ações e decisões em relação à assinatura de contratos, vender e comprar, movimentar conta bancária, entre outros.
  • Quem pode ser curatelado?
Pessoa maior de 18 anos de idade que devido a alguma enfermidade, doença mental ou dependência química seja impedida de temporária ou permanentemente de reger e discernir os atos da vida civil.
As pessoas com deficiência que não puderem exprimir sua vontade e as pessoas com deficiência mental (ou intelectual).
Os ébrios e os pródigos (pessoas esbanjadoras ou compulsivas que colocam em risco seus bens e/ou patrimônio, bem como a sobrevivência de seus dependentes e da família). O nascituro (feto) e o recém-nascido, cujo pai tenha falecido antes de seu nascimento, e a mãe não tiver condições de exercer o poder familiar.
A pessoa doente ou o deficiente físico, que se julgar incapaz de administrar seus bens ou não puder exprimir sua vontade.
  • Quando deve ser requerida a Curatela?
Quando a pessoa não puder manifestar sua vontade ou gerenciar a sua própria vida de forma independente.
  • Quem pode requerer a curatela?
O pai, a mãe, o tutor, o cônjuge, o parente próximo, o Ministério Público, ou ainda qualquer pessoa interessada, pois a medida tem por objetivo proteger o interesse da pessoa com deficiência.
  • Quem pode ser o curador?
O cônjuge ou companheiro do interditado. São curadores legítimos o pai ou a mãe. Na falta destes o parente mais próximo, ou qualquer outra pessoa nomeada que se responsabiliza perante o Juiz pela pessoa do interditado. Os pais podem indicar em testamento o curador de sua preferência.
  • O que se espera do curador?
Representar o interditado, zelar pela garantia de seus direitos fundamentais, administrar seus bens, pensão ou aposentadoria (caso possua). Proteger e velar pelo bem-estar físico, psíquico, social e emocional do interditado.
  • O que é prestação de contas na tutela e na curatela?
É um relatório apresentado na forma contábil e encaminhado periodicamente (anual, semestral, trimestral) ao juiz pelo advogado ou defensor público que representa o tutor e o tutelado ou curador e o curatelado, contendo a descrição dos ganhos financeiros e despesas administradas pelo tutor em favor do tutelado.
A prestação de contas é obrigatória quando houver a substituição do tutor ou quando o tutelado completar a maioridade civil, ocasião em que a tutela será extinta.
  • O que acontece se o tutor e/ou o curador falecerem?
O fato deve ser informado imediatamente ao Juiz onde teve curso o processo, solicitando a substituição do falecido por outra pessoa.
A comunicação ao juiz e a substituição são necessárias para dar continuidade a administração dos bens, recebimento de pensão ou rendas. A demora na substituição poderá causar prejuízos materais ao interditado.
  • O tutor e/ou o curador podem ser substituídos?
Sim, podem ser substituídos se não cumprirem com as atribuições legais e judicialmente determinadas.
Deve ser solicitada a substituição em casos de falecimento, doença e acidente que os impossibilitem de exercerem suas funções.
  • Qual é a responsabilidade do tutor e/ou curador quanto aos atos praticados pelo tutelado/curatelado?
Caso o tutelado ou curatelado cometa algum ato que cause dano material a terceira pessoa o tutor ou o curador serão responsabilizados financeiramente pelo prejuízo. Se o tutor ou o curador não tiverem patrimônio algum, poderá ser responsabilizado o patrimônio do tutelado ou curatelado, desde que existente.
O tutor ou curador poderão reaver do tutelado ou curatelado, juridicialmente, o valor pago em indenização para a terceira pessoa.
Se o ato praticado pelo tutelado ou curatelado for uma infração ou um crime, eles próprios responderão perante a Justiça, cabendo ao tutor ou curador providenciar advogado ou defensor público para a defesa.

(Continua...)