sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Inclusão na Educação Infantil: 5 dicas para realizar um bom trabalho

Os professores dessa etapa têm um papel essencial na luta por um ensino inclusivo que valorize as potencialidades de todas as crianças. Confira algumas sugestões de práticas e ações efetivas

Por Paula Sestari para o novaescola.org.br

Escolas, famílias e a sociedade no geral têm, cada vez mais, lutado contra os retrocessos no que diz respeito à Educação inclusiva. Nessa perspectiva, quando uma criança chega a uma instituição de Educação Infantil e amplia seu convívio social, geralmente o professor é o primeiro a identificar eventuais questões, como algum atraso no desenvolvimento da forma como a criança interage, se movimenta e se relaciona com o mundo.

Trata-se de indicativos iniciais de que serão necessárias algumas mobilizações, e o nosso papel, então, é primeiramente compartilhar essas observações com os familiares, sem, porém, fazer apontamentos ou juízo das possíveis causas. Essa conversa, posteriormente, pode levar à solicitação do apoio de outros profissionais, e a um acompanhamento mais específico. Aí então, se inicia um processo que quanto mais ágil, melhor: a criança receberá um tratamento de acordo com suas necessidades, e em paralelo, dará continuidade às suas atividades escolares.

Tendo esse cenário em mente, é importante relembrarmos que a nossa função, na escola da infância, é garantir os direitos de aprendizagem para todas as crianças, organizando contextos educativos significativos para que meninos e meninas aprendam por meio das interações e brincadeiras de qualidade. Por isso, na coluna de hoje, quero compartilhar alguns pontos importantes para pensarmos no planejamento de trabalho com as crianças quando, entre elas, temos alguma com deficiência, com ou sem laudo médico definido.

  1. Diálogo aberto com as famílias

É importante ter em mente que pais e responsáveis passam por três etapas de amadurecimento. Primeiro vem a negação, momento em que tendem a questionar a conduta da escola ao identificar as questões ligadas a possíveis deficiências, alegando padrões muito rígidos, ou mesmo mencionando rótulos socialmente construídos em torno dessas deficiências que os deixam apavorados.

Depois disso, vem a fase de adaptação, em que a rotina em casa precisa ser adequada para o bem-estar da criança, como a forma de lidar com crises, cardápio, organização do espaço, rotina com terapias e consultas e até a inserção de medicamentos. Por fim, na fase de aceitação, vem o encontro mais realista com a deficiência, a busca por mais informações, a troca de experiências com as pessoas que convivem com a criança, e a tendência em ampliar um comportamento superprotetor, algo que inclusive os pais esperam de nós.

Por isso, é importante que eles entendam qual o papel da escola. Certa vez, uma mãe trouxe o relato de algumas atividades da terapia particular com uma pedagoga e falou: “mas aqui no público vocês não fazem, né?”. Então respondi elencando a variedade de vivências que são propostas na escola, ampliando a socialização, a convivência, as interações, tudo com uma diversidade de elementos e recursos. Ali, a mãe entendeu que nossa abordagem é globalizada e que as terapias cumprem o papel das especificidades, ambas se complementando.

  1. Acessibilidade e adequação

A inclusão começa nas ações e na postura da equipe da instituição. A escola  deve oferecer condições de acessibilidade para todos, e o acesso a espaços e materiais deve promover a ação independente de todas as crianças, de acordo com a faixa etária. Inclusive, em relação aos materiais, é importante adequá-los ainda na fase de organização, levando em consideração como a criança participou nas vivências anteriores ou nos conhecimentos que você já possui sobre ela, de modo a eliminar as barreiras que comprometam seu protagonismo e independência.

Além disso, é válido manter-se por perto e se mostrar disponível caso solicite ajuda, mas jamais faça por ela ou diminua suas conquistas colocando em comparação com o que as demais realizaram – e utilize-se das observações desses momentos para fazer novas adequações.

  1. Altas expectativas para todas as crianças

Nas vivências que for desenvolver, mantenha altas as expectativas para todas as crianças. O fato de simplificar, facilitar ou mesmo a condução direta faz com que a criança com deficiência perca boas oportunidades de superação, colocando-a numa posição de favorecimento negativo e de inferioridade em relação às demais.

Nessa linha, promova situações diferenciadas contemplando os campos de experiência e as múltiplas linguagens. Como sabemos, os campos de experiência se inter-relacionam, sendo colocados em evidência a cada momento de acordo com a intencionalidade do professor. Isso favorece para que possamos identificar os interesses e necessidades de cada uma das crianças, consolidando práticas de qualidade que envolvam todos os pequenos.

  1. Mediação afetiva e diálogo em prol da diversidade

Dedique-se a conhecer e reconhecer a criança para além da deficiência, por exemplo, entendendo sobre sua rotina, brinquedos e brincadeiras favoritas, o que a deixa feliz e a deixa triste, preferências, enfim, é importante esse interesse pela criança de maneira global. Algumas deficiências tendem a fazer com que o pequeno tenha iniciativas mais individualizadas, e é a mediação afetiva do professor que vai olhar para tais questões, de modo a apoiar a criança na ampliação de seu repertório e a arriscar-se em novas possibilidades.

É essencial também que o educador, a partir dessas demandas, busque construir um espaço solidário e acolhedor, já que dessa forma as demais crianças tendem a incorporar esses movimentos. Esteja sempre disponível para o diálogo com os outros pequenos da turma quando as dúvidas surgirem, de modo a compreenderem a deficiência e, mais do que isso, fazendo-os valorizar a diversidade cada vez mais. Trata-se de uma oportunidade muito rica para o educador integrar, acolher, diversificar os arranjos, e propor situações para a multiplicidade de interações, visando consolidar a inclusão e a participação de todos no cotidiano da escola.

  1. Pontos de atenção no planejamento e no registro

Organize no seu planejamento, estratégias para a convivência com o monitor/ professor auxiliar, pois esse profissional pode apoiá-lo na adequação de materiais, na forma como esta criança interage com seus pares e recursos disponíveis, e ajudar na locomoção, higiene e alimentação se necessário.

Além disso, invista no registro sistemático e organizado, já que dele pode resultar a criação de indicativos de como ampliar as oportunidades de vivências e boas experiências para toda a turma. Por fim, ao dividir os registros avaliativos com as famílias, dedique-se a compartilhar os avanços da criança com deficiência, as situações desafiadoras que foram exitosas, e as potencialidades para o futuro.

Para além dessas dicas, ressalto que nós educadores devemos sempre eliminar os termos capacitistas, seletivos e limitadores. Por vezes ouvimos coisas como: "eu tenho dez crianças e um PcD”, “todos se envolveram, menos a criança autista”. São colocações que denotam uma diferenciação entre as crianças exclusivamente por conta da deficiência, algo que segrega e tem consequências na interação entre elas.

Dessa forma, caros professores e professoras, não podemos perder de vista que os desafios com relação à inclusão só são devidamente superados por meio de práticas que reforcem a nossa concepção de toda criança como um ser capaz e potente em suas individualidades.

Paula Sestari é professora de Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com 10 anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto na área de Educação Ambiental com a faixa etária das crianças pequenas.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Alunos com deficiência ganham atenção especial da Prefeitura de São Gonçalo, RJ

Segundo o Executivo, as atividades desenvolvem coordenação motora e parte cognitiva

odia.ig.com.br

Para a mãe do Miguel Rosa, Lusimar Vidal, é nítido que o trabalho que está sendo feito com seu filho, desde o início do ano, tem dado resultados positivos. Ela ressalta a importância de também estimular a criança em casa, para ajudar ainda mais no desenvolvimento.
 
“Eu pude ver uma grande mudança no desenvolvimento dele. A escola é muito fundamental na vida dele. Eu consigo ensinar o básico, mas a escola tem essa orientação. Muitas coisas que foram feitas na sala, o Miguel foi aprendendo e eu fui estimulando em casa. Eu fiquei muito alegre, pois ele tem força de vontade, eu consigo ver isso nele, mesmo com a dificuldade, ele tenta fazer e consegue”, afirmou Lusimar Vidal.
 
A diretora Conceição Freitas entende que é difícil lidar com a expectativa dos pais, mas que é necessário que a escola e a família trabalhem em conjunto para que a criança tenha seu pleno desenvolvimento.
 
“Os pais chegam com uma ansiedade e uma angústia de que aquela criança se desenvolva como o filho do outro, e a gente aqui da equipe recebe esses pais com muito carinho. Nós sempre damos uma assistência até psicológica para a mãe, temos um carinho com a família, que tem o anseio que essa criança desenvolva tudo rapidamente, mas é um processo”, analisou Conceição Freitas.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Autismo deve ser diagnosticado antes dos 2 anos, dizem especialistas

O transtorno do espectro autista não tem cura, portanto, a detecção precoce é fundamental para reduzir os sintomas e melhorar a vida da criança

O rastreamento do autismo deve começar a partir do 16º mês de vida, dizem especialistas. A doença, também chamada de transtorno do espectro autista (TEA), apresenta graus variáveis, podendo ter forma leve, como a síndrome de Aspeger, ou grave, quando há maior comprometimento cognitivo. O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado nos sintomas e comportamento da criança.

Nesta avaliação, os profissionais identificam se há prejuízos na interação social, na linguagem, comunicação e padrões repetitivos de comportamento – sintomas comuns ao TEA. “O autismo pode ser diagnosticado em crianças de 2 anos, mas a idade média de diagnóstico é de 5 anos”, alertou Lisa Goring, do Autism Speaks, organização americana de defesa do autismo, à CBS News.

O autismo não tem cura, portanto, o rastreamento precoce é fundamental para garantir o início do tratamento, que ajuda a reduzir os sintomas e oferecer maior apoio ao desenvolvimento e à aprendizagem do paciente. Entretanto, o diagnóstico precoce só é possível se pais e pediatras estiverem atentos aos sintomas da doença.

Leia a matéria completa em veja.abril.com.br

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Diagnóstico precoce e educação especial permitem progressos de crianças com deficiência

 Por Gabriel Sestrem gazetadopovo.com.br

Em entrevista à Gazeta do Povo, o PhD em Psicologia Experimental da Cognição e professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) Fernando César Capovilla fala sobre o que há de mais recente em conhecimento científico e recursos tecnológicos para potencializar o desenvolvimento educacional de crianças e adolescentes com deficiências.

Membro do Conselho Nacional e Educação (CNE), onde preside a Comissão de Alfabetização, e autor de 60 livros e mais de 400 trabalhos científicos em desenvolvimento e distúrbios de linguagem oral, escrita e de sinais, Capovilla explica que o potencial de desenvolvimento das crianças e adolescente com deficiências é bastante amplo desde que todos os envolvidos no processo educativo – como pais, irmãos, babás e profissionais de educação – tenham as ferramentas e os conhecimentos necessários.

Para o pesquisado, atualmente, há um “arsenal” de recursos e novos conhecimentos que permitem progressos bastante significativos, fazendo com que crianças que possuem diferentes distúrbios neurológicos e são atendidas pela educação especial consigam alcançar o desenvolvimento pleno de seus potenciais.

Leia a matéria completa em gazetadopovo.com.br

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Quero que as crianças com deficiência tenham o que eu tive e não tive

 Gustavo Torniero para o Yahoo!

Crianças merecem ser incluídas. Merecem sonhar, fantasiar, aprender. Merecem brincar, se divertir e, porque não, aprender também com os seus erros

A infância é uma fase de descobertas, sonhos, aprendizados, fantasias. E, para vivê-la na sua plenitude, é preciso investir em uma palavra que está presente com frequência nessa coluna: inclusão.

Incluir crianças com deficiência é fundamental para que elas tenham a oportunidade que merecem de se desenvolver, se divertir, sonhar, fantasiar e aprender. Boa parte dessa vivência está nas escolas - que devem investir na diversidade, no preparo dos professores, no acolhimento e na comunicação com profissionais especializados em educação de pessoas com deficiência.

Eu estudei por quase toda minha vida no mesmo colégio. Lá, tive o privilégio e a oportunidade de aprender com professores que infelizmente nem sempre estavam preparados, mas que se propunham a pensar em soluções criativas para me ensinar temas mais complexos para uma criança com deficiência visual.

Também tive apoio de profissionais especializados e externos, além de uma pessoa dedicada a me apoiar em sala de aula.

Eu quero que todas as crianças com deficiência tenham tudo isso que eu tive e muito mais. Mesmo com uma grande rede de apoio e suporte familiar, tive muitos percalços na minha infância: preconceito, discriminação, dificuldade na obtenção de materiais acessíveis e dificuldades em matérias específicas na escola são só algumas delas.

Ter de se demonstrar capaz e eficiente todos os dias é exaustivo, ainda mais quando você é apenas uma criança e não tem consciência disso.

Ainda mais quando você topa, na sua infância, com colegas que duvidam do seu potencial e acreditam que você é privilegiado, simplesmente por ter uma deficiência. Essa parte eu não quero para as crianças no presente e no futuro.

Aos pais, espero que estimulem seus filhos a lidar e a conviver com as diferenças; que possam mostrar o caminho para o acolhimento, para a aceitação e inclusão de crianças com deficiência; que possam entender, valorizar e estimular o desenvolvimento delas; que possam ter apoio especializado, sempre que necessário.

Elas merecem ser incluídas. Merecem sonhar, fantasiar, aprender. Merecem brincar, se divertir e, porque não, aprender também com os seus erros. Merecem, acima de tudo, viver a infância na sua plenitude, com tudo de bom e de desafiador que essa fase nos oferece.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Toda criança com deficiência quer e pode falar com você

 Jairo Marques para o assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br

 

“Ele fala ou só fica assim paradinho?”… Minha família e meus amigos mais próximos tiveram de responder a esta pergunta vinda de curiosos diante de minha condição de cadeirantinho por centenas de vezes ao longo da minha infância.

A insistente atitude que temos de projetar incapacidades nos outros –ou de não vislumbrar suas capacidades– é especialmente mais displicente e despreocupada com a criança com deficiência.

Algumas décadas se passaram, já me tornei um “senhor cadeirante”, mas resiste entre nós um conceito extremamente ultrapassado de achar que os pequenos com algum tipo de comprometimento físico, sensorial ou intelectual –sobretudo os que aparentam condições muito desafiadoras de estar vivo– não possuem condições de se expressar, de interagir, de falar a seu modo, de gritar para o mundo os seus desejos.

Passamos o dia “conversando” por aplicativos, achando graça de figuras e dancinhas das “internets”, mas há uma dificuldade e um certo constrangimento de pensar que um sacolejar de pernas, uma piscadela, um agitar de cabeça ou mesmo um pezinho que balança pode representar uma porção de coisas e, vindas de uma criança, é bem provável que seja um gracejo, um afago ou um convite para conversar um pouco mais.

Leia a coluna completa em assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

A pandemia é a desculpa perfeita para excluir os que não são como a média

Não, as crianças com deficiências não atrapalham as aulas, mas nem todas conseguiram retornar para as escolas. E eu tenho uma hipótese...

Por Poliana Martins para o bebe.abril.com.br

Meus filhos ainda não voltaram para a escola desde o início da pandemia. Sei que muitas mães decidiram que suas crianças retornariam, algumas há muito tempo. Os motivos para que essas mulheres decidissem colocar os filhos na escola foram variados, a depender da realidade de cada uma.

Certamente mães das periferias, que nunca deixaram de trabalhar como caixas de supermercado, serventes, babás e domésticas e precisavam do apoio das escolas na educação de suas crianças, foram aquelas que por falta de escolha, expuseram os filhos ao vírus precocemente, mesmo quando a pandemia ainda estava fora de controle.

Com o avanço da vacinação e o aumento da segurança sanitária, outras famílias foram decidindo reinserir seus filhos na escola. A absoluta exaustão materna da rotina de ser professora-cozinheira-faxineira-serventedacantina-monitora e acumular a maior parte das funções da casa é uma das justas razões desta volta ao ambiente escolar.

A pandemia nos mostrou que qualquer demanda que se criar no mundo cairá, necessariamente, nas costas das mulheres. Se hoje alguém disser: “bom dia, a partir de agora a educação das crianças deve acontecer dentro das casas”, amanhã as mulheres estarão com seus cadernos e livros ensinando história e ciência, leitura e gramática, alfabetização e letramento. Presenciamos exatamente isso acontecer ao longo dos últimos 2 anos.

Leia a matéria completa em bebe.abril.com.br

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Autismo deve ser diagnosticado antes dos 2 anos, dizem especialistas

O transtorno do espectro autista não tem cura, portanto, a detecção precoce é fundamental para reduzir os sintomas e melhorar a vida da criança

O rastreamento do autismo deve começar a partir do 16º mês de vida, dizem especialistas. A doença, também chamada de transtorno do espectro autista (TEA), apresenta graus variáveis, podendo ter forma leve, como a síndrome de Aspeger, ou grave, quando há maior comprometimento cognitivo. O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado nos sintomas e comportamento da criança.

Nesta avaliação, os profissionais identificam se há prejuízos na interação social, na linguagem, comunicação e padrões repetitivos de comportamento – sintomas comuns ao TEA. “O autismo pode ser diagnosticado em crianças de 2 anos, mas a idade média de diagnóstico é de 5 anos”, alertou Lisa Goring, do Autism Speaks, organização americana de defesa do autismo, à CBS News.

O autismo não tem cura, portanto, o rastreamento precoce é fundamental para garantir o início do tratamento, que ajuda a reduzir os sintomas e oferecer maior apoio ao desenvolvimento e à aprendizagem do paciente. Entretanto, o diagnóstico precoce só é possível se pais e pediatras estiverem atentos aos sintomas da doença.

Leia a matéria completa em veja.abril.com.br

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Saiba como colaborar para a inclusão da pessoa com deficiência na faculdade

 por Brida Rodrigues para o querobolsa.com.br

Em 2017, o tema da redação do Enem levou milhares de estudantes a refletirem sobre os desafios para formação educacional de surdos no Brasil. Mas a luta para a inclusão e acessibilidade da pessoa com deficiência ainda é pouco discutida em grande parte das universidades no País. Assim como muitas outras reivindicações, essa questão também precisa de visibilidade e de mais participação social para que a mudança aconteça de forma significativa.

Na faculdade, diariamente nos deparamos com desafios financeiros, de convivência e com o aprendizado de conteúdos complexos. Para grande parte dos alunos, locomover-se ou fazer a leitura de um texto, por exemplo, não é nada limitante. Mas, para uma pequena parcela de universitários, esses desafios são muito maiores.

O Brasil é um dos países que mais possui leis bem estruturadas, que garantem o direito da pessoa com deficiência. Entretanto, há pouca vontade e comoção pública para que esses direitos sejam cobrados ou colocados em prática.

Quer saber como os estudantes e as instituições podem juntos colaborar para a inclusão? O primeiro passo é entender e se interessar pela causa. Mesmo que você não tenha nenhuma familiaridade com o assunto, você pode ser um agente de transformação na faculdade e, consequentemente, na sociedade.

Por isso, a Revista Quero conversou com profissionais que atuam na área e com pessoas que enfrentam esses desafios diariamente.

Deficiência visual: como Gilmar se tornou advogado

Com o apoio da família e amigos, Gilmar concluiu o curso de Direito há 20 anos. Antes, ele teve que passar por um processo de reabilitação na instituição Dorina Nowill que, assim como muitas outras, colabora para ampliar a participação da pessoa com deficiência na sociedade. Após aprender a ler em braile, a caminhar com o uso da bengala, entre outras técnicas, ele conquistou uma independência maior, o que o fez acreditar que poderia ir mais longe. 

Como advogado atuante, ele permaneceu fazendo cursos para aprimorar seu conhecimento na área e, mesmo depois de tantos anos, percebe que ainda tem muita coisa para mudar. Na época, a faculdade não tinha nenhum recurso e nenhum outro aluno com deficiência visual. Então, Gilmar se propôs a fazer o vestibular de forma oral, assim como foram feitas suas provas durante todos os anos de graduação.

A infraestrutura do prédio não era nada acessível, e ele contava com a colaboração dos colegas e do uso de técnicas para subir os dois lances de escada, todos os dias, para chegar até a sala de aula. Mas o colega cadeirante não tinha a mesma oportunidade.

Cadeirante: Viviane fez duas faculdades e chegou à pós-graduação

Viviane Alvarez (22), entende bem o que é isso. Sua deficiência atinge braços e pernas. Para ter mais autonomia, ela faz o uso da cadeira de rodas automatizada. Formada em 2017 no curso de Rádio e TV na Faculdade Cásper Líbero, ela chegou a estudar um período na Anhembi Morumbi e atualmente faz pós-graduação de Direção de Arte em Comunicação na Belas Artes. Entre todas as experiências que teve, o maior desafio foi a locomoção e a falta de acessibilidade em algumas áreas das faculdades.

Ao ser perguntada sobre em que as instituições deveriam investir para melhorar a qualidade de vida de estudantes cadeirantes, ela relata que as faculdades precisam oferecer pisos planos, sem degraus; rampas de acesso; elevadores e banheiros com tamanhos adequados; lugares para cadeirantes nos auditórios e mais sinalização. A estudante reforça: “não podemos esquecer que tem outras pessoas com deficiências diferentes, não tão comuns, e que também precisam ser atendidas”.

Inclusão: muito além das rampas

Elaine Rodrigues é formada em Letras, Gestão de Pessoas e tem proficiência em Libras (Língua brasileira de sinais). Seu irmão é deficiente auditivo e, com a experiência que adquiriu durante os anos, ela acredita que a inclusão deve “oferecer o que o outro precisa para que a pessoa com deficiência possa ter os mesmos resultados que uma pessoa sem deficiência”. Acessibilidade, para ela, é mais do que rampas de acesso, é necessário trabalhar, principalmente, as barreiras atitudinais.

“A primeira coisa para ajudar é procurar saber como ajudar e não ter vergonha em perguntar”, afirma Elaine. Essa postura, que serve para toda a sociedade, serve principalmente para as instituições de educação. Tanto Elaine como Teresa Costa d’Amaral, que é superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), acreditam que o correto seria as universidades marcarem uma avaliação individual e, junto ao aluno, entender do que ele precisa, preocupando-se em dar suporte desde o primeiro dia de aula.

Minha necessidade é diferente da sua

Tanto Elaine como Teresa afirmam que cada pessoa e cada deficiência precisa de um tipo de suporte. Por isso, é de extrema importância que haja interesse e disposição em entender a necessidade particular de cada um, para que assim não ocorram equívocos, como a aquisição de algum material ou a contratação de profissionais que não atendam à real necessidade dos alunos com deficiência, da instituição.

No entanto, existem suportes que atendem a mais de uma deficiência, que é o caso de pessoas com mobilidade reduzida. A rampa de acesso, por exemplo, não serve só para cadeirantes, mas também atende o anão, o idoso e a pessoa acidentada que faz o uso de algum aparelho para se locomover, temporariamente.

Mas existem casos, como o da pessoa com deficiência auditiva, que as necessidades são diferentes. Algumas pessoas precisam de um intérprete e outras de não, uma vez que sejam adeptos à leitura labial.

Leia a matéria completa em querobolsa.com.br