sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Vídeo mostra como crianças pequenas aceitam deficiência com naturalidade – já as mais velhas, não

Vídeo produzido pela fundação russa Naked Heart mostra como a sociedade e os pais influenciam a atitude e a percepção das crianças sobre as diferenças

 

Viralizou nas redes sociais semana passada um vídeo que fez um experimento com crianças de idades diversas. Elas tinham de escolher entre duas salas idênticas, que apresentavam os mesmos brinquedos. Em uma delas, porém havia uma criança com síndrome de Down. A outra não tinha ninguém. Qual delas as crianças escolhem?

As imagens revelam que os pequenos com menos de 5 anos se dirigem à sala com a criança com deficiência, demonstrando não perceber suas diferenças. Já as mais velhas vão para a sala vazia. A ideia do experimento é mostrar como a opinião das crianças é influenciada pela sociedade e por seus pais, o que geralmente encoraja certas atitudes em relação às pessoas com deficiência. Quanto maiores elas são, mas difícil é para elas não perceber que todas as pessoas são diferentes. O video foi produzido em março pela Naked Hear Foundation, uma instituição russa que se dedica a ajudar as crianças abandonadas, pessoas com deficiência e seus familiares.

De acordo com uma pesquisa encomendada pela fundação, a maioria das pessoas na Rússia não se envolve com os problemas enfrentados por pessoas com necessidades especiais – apenas 7% estão preparados para ajudar famílias a criar crianças e jovens com deficiência mental e mais de 50% pensam que as crianças com síndrome de Down e atraso no desenvolvimento devem ser educadas em casa ou em instituições especiais, em vez de junto com seus colegas de desenvolvimento típico.

Segundo a fundação diz em seu site, essas atitudes são repassadas às crianças em algum momento da infância, afetando a forma como elas se comportam com os seus pares com deficiência. Quando começam a escola, as crianças já estão começando a adotar os comportamentos e opiniões dos adultos ao seu redor. No entanto, as crianças em idade pré-escolar não percebem as deficiências e aceitam naturalmente pessoas que são diferentes delas. Portanto, para garantir que a sociedade se torne mais inclusiva, os pais devem explicar aos filhos que todas as pessoas são iguais, têm direitos iguais e devem participar plenamente na sociedade, independentemente de suas capacidades mentais ou físicas, ressalta a fundacão.

Segundo o vídeo, marcado como #nascemosinclusivos, algumas crianças tomaram a decisão de participar de uma comunidade inclusiva mas o mundo que elas vivem depende dos pais. “Ensine seus filhos o que essas crianças pequenas lhe ensinaram”, orienta a fundação.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Como as crianças e adolescentes com deficiência auditiva acompanham as videoaulas atualmente?


Este ano, devido à pandemia, o ensino foi adaptado para o sistema remoto. Mas como as crianças e adolescentes com deficiência auditiva fazem para acompanhar as videoaulas?

Têm sido um desafio enorme tanto para as crianças e adolescentes como para para os pais. A nova modalidade, seja ela temporária ou não, requer dedicação e atenção redobrada para a educação de qualidade, principalmente quando se trata do aluno com deficiência auditiva.

Não se vê a rodo por aí a inclusão social nas escolas, não é mesmo? Imagina então a inclusão no ensino a distância que pegou todo mundo de surpresa? A adaptabilidade para os deficientes auditivos é um processo mais demorado e com isso, as escolas e os pais tiveram que se reinventar rapidamente para descobrir e entender as plataformas disponíveis e quais mais se adequariam a todos.

Mas, infelizmente, a educação em sala de aula virtual ainda não é uma realidade para todos. Nem todas as escolas puderam disponibilizar vídeo aulas e com isso, muitos alunos com deficiência auditiva ou não, ficaram sem aulas e consequentemente podem ter ficado “pra trás” nos estudos.

A Unesco divulgou, durante este ano, uma lista de recomendações às escolas para o ensino à distância, dentre elas a inclusão de pessoas com deficiência. É descabido pedir que mães, pais e responsáveis aceitem retrocessos na inclusão por conta da pandemia.

A escola inclusiva é aquela que abre espaço para todos. As crianças com deficiência têm direito à Educação em escola regular, onde o convívio com todos os alunos, não segrega a criança e sua acolhida pode contribuir para a construção de uma visão inclusiva”

Os cuidados e ferramentas de um ensino inclusivo devem ser prioridade na direção de uma escola. Veja algumas medidas que devem entrar em questão:

– Instalação de equipamentos próprios dos laboratórios da escola na casa dos estudantes para que possam, de fato, participar das aulas à distância

– Diversificar estratégias e flexibilizar atividades de modo a incluir a criança com deficiência

– Nunca dispensar uma criança com deficiência de alguma atividade ou convocá-la a fazer outra mais simples

– Professores devem ter em mente que o ensino é um só, mas o aprendizado é diferente para cada aluno

A educação é para todos e nenhuma distância vai nos separar.

Fontes:

https://cangurunews.com.br/a-crianca-com-deficiencia-na-quarentena/

https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1972/desafios-na-inclusao-dos-alunos-com-deficiencia-na-escola-publica

https://busca.estadao.com.br/?q=inclus%C3%A3o+da+crian%C3%A7a+com+defici%C3%AAncia+no+ensino+a+distancia

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Empresa será contratada para produzir material sobre direitos das crianças e adolescentes com nanismo

 revistareacao.com.br

These Photos Of A Boy And His Dog Who Both Have Dwarfism Will Melt Your  Heart

A Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), fará licitação no valor de R$ 300 mil para o desenvolvimento de material informativo sobre a promoção dos direitos de crianças e adolescentes com nanismo. O edital, com os detalhes para a contratação da empresa, abrange intervenções disciplinares nas áreas da saúde, educação, inclusão social, acessibilidade e tecnologia assistiva.  

A licitação, realizada em parceria com a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), será na modalidade tomada de preços, tipo técnica e preço, e seguirá as regras da Lei de Licitações e Contratos (nº 8.666/93). O recebimento dos envelopes e a abertura da documentação ocorrerão no dia 9 de dezembro de 2020, às 10h, em Brasília (DF).

O edital inclui a realização de estudos e pesquisas sobre os desafios do diagnóstico precoce; tratamentos adequados e dificuldade de acesso; cirurgias de correção de deformidades e de alongamento ósseo pelo Sistema Único de Saúde (SUS); abordagem específica sobre o tema nas escolas desde a primeira infância, como estratégia de inclusão.

Também trata de temáticas referentes ao bullying, inclusive digital, culturalmente aceito no Brasil; aos direitos da criança com deficiência; e ao acesso a novas medicações que estão prestes a ser lançadas por alguns laboratórios.

As empresas interessadas em participar precisam comprovar experiência na realização de projetos de pesquisa ou extensão e na área temática e/ou correlata. A equipe-chave também deve ter a formação exigida.

Para o titular da SNDCA, secretário Maurício Cunha, o projeto se justifica pela necessidade de promover a igualdade e a inclusão, além de prestar auxílio às famílias, com o intuito de potencializar as competências dessas crianças.

“Queremos fortalecer as crianças e adolescentes com nanismo e fomentar a aceitação, além de prevenir e combater o bullying, ao capacitar a rede de promoção de direitos. A proposta é conscientizar sobre a melhor maneira de abordar a diferença, permitindo, assim, a transformação social”, afirma.

O nanismo

Em 2004, o nanismo foi reconhecido nacionalmente como deficiência física pelo Decreto 5.296/2004. A condição médica ou genética se caracteriza pela baixa estatura desproporcional.

De acordo com a Fundación ALPE e a Associação Somos Todos Gigantes, a acondroplasia é o tipo mais comum. Ocorre com frequência semelhante em ambos os sexos, em todos os grupos étnicos, e acomete aproximadamente 250 mil pessoas no mundo. Estudos indicam que a prevalência global é de aproximadamente 1 em 25 mil nascidos vivos.

O nanismo, com raríssimas exceções, mantém preservada a capacidade intelectual.

Confira as regras do edital no link: https://www.oei.org.br/pdf/licitacoes/2020/TOMADA_DE_PRECO_N_005-2020-OEI-MMFDH-TECNICA_E_PRECO.pdf

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do MMFDH

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Isolamento pode ser grave para crianças com deficiência auditiva

 As dificuldades enfrentadas pela falta de convivência em sociedade durante a surto de Covid-19 serão debatidas durante o primeiro simpósio internacional multidisciplinar sobre surdez na infância

d.emtempo.com.br

Como saber se a criança tem deficiência auditiva? - Revista Crescer | Saúde

Com o início na pandemia do novo coronavírus, as pessoas precisaram se adaptar às recomendações de isolamento social para retardar a evolução da doença. Diante desse cenário, inúmeras áreas da saúde foram afetas, como alguns tratamentos que precisaram ser interrompidos, consultas médicas canceladas e cirurgias adiadas. Em meio a essa nova realidade, as pessoas com deficiência auditiva tiveram suas rotinas abaladas, impossibilitando seu progresso auditivo e a evolução da comunicação.

A busca por alternativas para diminuir o impacto dessa situação e o sofrimento do isolamento serão discutidos por especialistas nacionais e internacionais durante o "Surdez e Escuta: simpósio internacional multidisciplinar sobre surdez na infância", um evento 100%, que será realizado entre os dias 30/11 e 04/12 e terá sua renda totalmente revertida para a realização de atividades educativas. A programação completa está disponível no site e nas redes sociais do Instituto, Instagram e Facebook . A inscrição pode ser feita pelo link .

Segundo a Dra. Mariana Guedes, fonoaudióloga consultora na área de audiologia e reabilitação auditiva do Instituto Escuta, o isolamento social e o uso de máscaras interferem na qualidade de vida e na saúde emocional de muitas pessoas com algum grau de surdez. Porém, nas crianças com perda auditiva os danos podem ser ainda mais graves. "A crianças com surdez e que são oralizadas podem experimentar dificuldades com a leitura labial devido ao uso das máscaras ou com a qualidade do som e da escuta durante as aulas ou sessões de terapia online. Isso pode ser mais grave para àquelas que não tem acesso digital e perderão muito pela falta de contato e comunicação social promovido pela escola e pela falta das sessões de terapia. Já, as crianças usuárias da LIBRAS, também podem experimentar muitas dificuldades. Se considerarmos que nem todos os pais e familiares são fluentes na linguagem de sinais e que o maior núcleo eram as escolas e o contato com outros surdos da comunidade, essas crianças poderão ficar cada vez mais sozinhas durante a pandemia", explica.

Para confirmar essa tendência, o Instituto Escuta realizou uma pesquisa com seus assistidos durante a pandemia. A maior parte das crianças atendidas ficaram sem fonoaudióloga durante a pandemia e alegaram ter maior dificuldade nas interações com os colegas de sala, nas atividades em casa e até mesmo para manter as atividades de rotina.

Nesse sentido, os danos podem impactar tanto a capacidade de se comunicar das crianças, quanto a evolução do processo de construção da fala e até o relacionamento com o mundo. "A perda auditiva é classificada em graus, sendo eles, do leve ao moderado, pessoas que usam aparelhos auditivos que amplificam o som e assim conseguem se comunicar através da fala e, o severo a profundo, grupo que se comunica através da língua de sinais (Libras) ou utiliza implantes cocleares e realiza um processo de reabilitação auditiva para aprender a escutar e a falar. Logo, uma criança que não recebe estímulos consistentes e frequentes para se comunicar, acaba se isolando completamente ou apresenta atraso no seu desenvolvimento da linguagem, seja qual for a modalidade utilizada - oral ou sinalizada", afirma a especialista.

Além disso, com o uso obrigatório de máscaras o canal de comunicação se tornou cada vez mais difícil e algumas práticas precisaram ser adaptadas no contexto em que vivemos. "Com a pandemia em vigor, as técnicas e meios utilizados nos programas de reabilitação auditiva precisaram mudar. Sessões online passaram a ser realizadas e o vínculo presencial com o foi interrompido, ou seja, a comunicação com o deficiente auditivo se tornou mais difícil e nem todas as famílias conseguiram se adaptar bem a esta nova realidade", reforça Mariana.

O acompanhamento social e extra familiar é algo importante para esse grupo, principalmente neste período de vulnerabilidade. Entretanto, nem todas as famílias têm acesso a esses recursos. "O paciente que depende de artifícios externos cedidos pelo governo, por exemplo, muitas vezes não tem continuidade das consultas via internet, sendo assim, não desenvolve as atividades de estimulação de linguagem e fala, que consecutivamente causa um déficit de aprendizado e que futuramente irá impactar no seu progresso", finaliza a fonoaudióloga Mariana.

*Com informações da assessoria

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Máscara pode prejudicar habilidade emocional e de comunicação em crianças

 Carol Firmino para o uol.com.br

A OMS (Organização Mundial da Saúde) e a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) publicaram em agosto as orientações sobre o uso de máscara em crianças, que foram divididas em três faixas etárias: até cinco anos, a indicação é que elas não usem a proteção; de seis a 11 anos, orienta-se uma análise dos riscos para avaliar a necessidade; e as de 12 ou mais devem seguir as mesmas orientações que os adultos, com exceção de crianças com condições específicas —como algum tipo de deficiência intelectual — cujos familiares também precisam ponderar se é necessário.

Porém, seja por precaução ou não concordância sobre as orientações da OMS, muitos pais têm adotado o uso de máscaras nos filhos a partir dos dois anos de idade, decisão endossada pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e outras instituições, que fazem alerta para o risco de sufocamento, mas não defendem a proposta da OMS.

Sabemos que usar máscara é um dos novos hábitos mais significativos adotados em 2020 e que existem evidências suficientes sobre a sua eficácia na prevenção do coronavírus. Entretanto, esse uso também é motivo de dúvidas e ansiedade entre as famílias, os professores, os pesquisadores e outros profissionais que seguem avaliando as consequências para os mais novos, seja na interação social, na fala, na linguagem ou em outras áreas do desenvolvimento.

Contexto de adaptações

A infância é uma fase de descobertas que inclui, principalmente, a socialização: brincar, interagir com a família e os amigos, pisar descalço em texturas diferentes, tocar os objetos para sentir as formas, e outras atividades que fazem parte do desenvolvimento sensorial, motor, cognitivo e social de uma criança. Mas, com a pandemia, essas dinâmicas foram excluídas da rotina infantil ou readaptadas para dentro de casa.

No entanto, também é durante a infância que o cérebro tem as melhores condições para se adaptar a um contexto ainda desconhecido. Isso acontece por causa da neuroplasticidade (capacidade que o sistema nervoso tem de se moldar a mudanças), que permite às crianças aprenderem mais rápido por meio de suas vivências. Assim, com algumas estratégias e ajuda dos adultos, elas podem desenvolver as habilidades de comunicação, emoção e interação, mesmo com a introdução do uso de máscara no dia a dia. É importante lembrar que as brincadeiras e as ocupações diárias dentro dos lares —ambiente em que normalmente não há a obrigatoriedade da proteção facial para os que moram juntos — são muito promissoras por haver mais liberdade.

máscara; criança - iStock - iStock
Imagem: iStock

Pesquisadores da Universidade de York, em Toronto, no Canadá, coordenaram um estudo online para avaliar até que ponto as máscaras mudam a maneira como os rostos são percebidos pelas pessoas. Entre os 500 adultos que concluíram os desafios de memorização facial, 13% tiveram problemas para identificar as faces cobertas por máscaras cirúrgicas. Agora, imagine a dificuldade de um bebê que, recorrentemente, precisa visualizar os pais dessa maneira? Isso porque, mesmo que a criança seja muito pequena para usar a máscara, todos ao redor dela estão usando.

Desde os primeiros meses de vida, as expressões não verbais são muito importantes, pois, ao observar o outro, a criança colhe informações que não são ditas e começa a entender os sentimentos e emoções do seu interlocutor, fator essencial para desenvolver as habilidades sociais. Por isso, os fonoaudiólogos sugerem o investimento nas máscaras com visor, que são transparentes na região da boca. Essa é uma escolha inclusiva, indicada para facilitar a leitura labial por pessoas surdas, mas que pode funcionar para todos.

Porém, no geral, os adultos vão precisar ser cada vez mais claros e explícitos sobre o que desejam comunicar à criança, especialmente para as menores. Assim, as regras e as emoções devem ganhar mais ênfase na fala e no olhar, para que elas possam entender. Outra dica é associar as conversas a acessórios divertidos como chapéus, arcos de cabelo e até máscaras coloridas ou com personagens que a criança goste. Repetir comandos, realizar movimentos durante a interação, usar a expressão corporal e pistas sonoras como cantar, bater palmas e utilizar sons também favorecem o envolvimento. Nos momentos em que a criança precisa focar apenas no que o adulto fala, estratégias sensoriais podem contribuir para o nível de alerta cerebral, como fazer com que ela fique sentada numa bola em vez da cadeira.

Atenção redobrada

Crianças e adolescentes que têm algum tipo de deficiência precisam de um olhar mais atento e cuidadoso para suas necessidades. Nos tratamentos que incluem ações relacionadas à atenção, independência e autonomia nas ocupações cotidianas, as atividades podem ser diminuídas e dificultadas em função da pandemia, além de acarretar prejuízo das recomendações gerais relacionadas à covid-19.

É comum que a convivência se torne mais complicada até mesmo para a família, que precisa lidar com situações ainda mais atípicas do que de costume. Comportamentos como dificuldade de concentração, alteração nos padrões de sono ou alimentação e irritabilidade já são sinais de que algo não está indo bem e pode interferir nos avanços conquistados. Neste caso, o acompanhamento de profissionais da saúde —como psicólogos e terapeutas ocupacionais — é fundamental para pensar em adaptações para a nova realidade e minimizar o impacto no desenvolvimento.

Indivíduos com síndrome de Down, autismo e até TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) requerem estímulos mais lúdicos para se manterem atraídos. O uso de vídeos e fotos que os ajudem no reconhecimento facial das expressões, de plaquinhas com imagens de sorriso, tristeza ou raiva por cima da máscara, e de jogos que explorem mais o corpo são opções inteligentes para se aplicar na terapia, em casa ou na escola.

Criança com máscara protetora espera ser testada para a doença de coronavírus (COVID-19) na Bela Vista do Jaraqui - BRUNO KELLY/REUTERS - BRUNO KELLY/REUTERS
Imagem: BRUNO KELLY/REUTERS

Volta às aulas

No Brasil, as atividades estão retomando o seu curso normal, ainda que não se tenha decretado o fim da pandemia ou a chegada da vacina. Crianças e adolescentes fazem parte desse contexto, e o retorno presencial aos colégios já acontece em diferentes estados no país para alunos de todas as idades. No entanto, o desafio do novo momento não se limita ao uso correto da máscara ou ao cumprimento de protocolos.

É necessário reconhecer que será um período de ansiedade para alunos e professores, e que o laço social precisa se fortalecer longe das telas, mesmo com o respeito do distanciamento. Dessa maneira, por mais que haja expectativas por cumprir a demanda de prazos, essa retomada requer paciência e acolhimento. Nem todas as crianças e adolescentes tiveram o mesmo desempenho nas atividades em casa, seja por dificuldades emocionais, sociais ou técnicas.

É normal também que haja uma superexcitação nesses alunos, já que a escola seria o espaço para extravasar a energia contida; ou o contrário, com apatia, flacidez motora pela provação de movimentos globais —correr, saltar, rolar — bem como medo de percorrer distâncias ou certa inabilidade diante do reencontro com os colegas.

Entre as orientações para os professores está falar mais alto e devagar, cuidar do tom de voz, ser mais objetivo, diminuir objetos visuais muito chamativos, dar oportunidade para que as crianças possam dizer o que entenderam sobre a explicação e investir na expressão corporal, com mímicas, performances teatrais etc. Permitir que elas masquem chiclete ou chupem uma bala também contribui para aumentar o nível de alerta cerebral.

Diante disso, se a rotina desses profissionais já era difícil antes da pandemia, o esforço e o cansaço ao utilizar a máscara para lecionar não podem ser normalizados. Para se protegerem dos nódulos nas cordas vocais, as recomendações são fazer pausas entre as exposições, beber bastante água e procurar ajuda profissional se houver qualquer desconforto.

Fontes: Ana Gabriela Andriani, psicóloga, especialista em psicoterapia dinâmica breve pelo IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), mestre e doutora em educação pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); Amanda Tavares, terapeuta ocupacional pediátrica pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), pós-graduada em terapia ocupacional aplicada à neurologia pela FICSAE (Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein); Cristiane Magacho, fonoaudióloga, especialista em dermatoglifia, doutora em linguística aplicada e estudos da linguagem pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo); Deyse Campos, psicopedagoga, especialista em psicopedagogia clínica, doutoranda em psicanálise na UCES-AR (Universidade de Ciências Empresariais e Sociais de Buenos Aires - Argentina) e conselheira pedagógica do colégio Interpares; Fabiana Vieira Gauy, psicóloga, terapeuta cognitivo-comportamental, mestre em psicologia pela UnB (Universidade de Brasília) e doutora em psicologia clínica pela USP; Simone Lavorato, pedagoga, psicóloga, neuropsicóloga, doutora em educação de ciências (educação inclusiva) pela UnB e professora de neuroeducação e competências socioemocionais na Rede Pedagógica.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

App para alfabetização de crianças surdas chega ao Brasil

tecmundo.com.br

O ser humano aprende a falar e a ler corretamente não apenas observando as letras como também repetindo os sons apresentados – um empecilho na alfabetização de crianças surdas. Um aplicativo que usa inteligência artificial e realidade aumentada pode ajudar nesse processo: o StorySign, lançado no Brasil pela Huawei.

O app existe desde 2018, mas somente agora ele foi adaptado para o português, graças ao trabalho do tradutor e intérprete de libras Edílson Andrade e o revisor Erik Honorato, que traduziram para a linguagem de sinais dois livros infantis nacionais: Gildo, de Silvana Rando (Brinque-Book), e A Festa Encrencada, de Sônia Junqueira (Ática). Edílson deu vida ao avatar que narra as histórias no aplicativo.

 

O StorySign existe em 15 línguas, e está presente no Reino Unido, na França, na Alemanha, na Itália, na Espanha, em Portugal, na Austrália e no Brasil, e conta com uma biblioteca em Libras de 71 livros. Não há previsão de quando o aplicativo, que é gratuito e tem suporte para Android e iOS, contará com mais títulos por aqui.

 

Como funciona o StorySign

1. Com o livro de leitura habilitado para o StorySign à sua frente, a criança abre o aplicativo e segura o smartphone sobre a página.
.
2. O avatar do app (chamado Star) conta a história em libras enquanto o aplicativo destaca cada palavra gesticulada.
.
Huawei/Libby Burke Wilde/Divulgação
3. A criança aprende a grafia da palavra e sua tradução em libras.
.
Huawei/Libby Burke Wilde/Divulgação
Segundo comunicado da Huawei, o StorySing foi desenvolvido em parceria com a União Europeia de Surdos, a Associação Britânica de Surdos, o grupo editorial Penguin Books e a Aardman Animations, entre outras instituições. “O aplicativo captura movimento e animação, garantindo que as expressões faciais e as mãos dos personagens transmitam a representação perfeita das Libras, criando um personagem virtual divertido”, disse a empresa. No Brasil, a gigante chinesa teve o apoio da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis).

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Tecnologia abre portas para o mundo dos sons

Aparelho auditivo de alta tecnologia disponibilizado pelo Centrinho-USP de forma pioneira na rede pública tem propiciado melhor audição a crianças

O pequeno David Gabriel Vicente de Souza, de apenas dois anos,já derrotou "gigantes". Depois de lutar pela vida em seus primeiros meses, a mais nova batalha vencida é poder ouvir!

David Gabriel ouvindo após receber a banda elástica no HRAC / Crédito: Divisão de Saúde Auditiva, HRAC-USP

David Gabriel nasceu com perda auditiva severa decorrente de malformação nos dois ouvidos e recebeu, no último dia 16 de outubro, uma tecnologia que permite uma audição melhor para bebês e crianças que ainda não podem passar por cirurgia para prótese auditiva implantável.


Banda elástica (softband) com processador de áudio bilateral / Crédito: Tiago Rodella, HRAC-USP

"O David Gabriel praticamente não escutava, não reagia quando o chamávamos. Vê-lo ouvindo bem agora, dançando e se alegrando com música é um alívio e uma felicidade muito grande", comemora a mãe, a dona de casa Rosangela Borges, 32, de Joinville, Santa Catarina.

O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP em Bauru é o primeiro serviço no Brasil a oferecer, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a chamada banda elástica (softband) com processadores de áudio para os dois ouvidos, destaca a fonoaudióloga Tyuana Sandim Silveira Sassi, chefe técnica da Divisão de Saúde Auditiva da instituição.

David Gabriel com o pai Sidnei e a mãe, Rosangela, no aniversário de 1 ano
David Gabriel com o pai Sidnei e a mãe, Rosangela, no aniversário de 1 ano  / Foto: Arquivo pessoal

"A reabilitação de indivíduos com deficiência auditiva é rotineiramente realizada por meio da adaptação de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI). Contudo, em pacientes com deficiência auditiva decorrente de malformações de orelha, a adaptação destes dispositivos é inviável. Atualmente, temos as próteses auditivas ancoradas no osso. Porém, em crianças menores de cinco anos, enquanto não é possível realizar a cirurgia para implantação dessas próteses, é indicada a adaptação do processador de áudio posicionado por meio da banda elástica, a qual permite estimulação auditiva por via óssea sem causar desconforto", explica a fonoaudióloga.

"Como hospital de ensino da USP, buscamos sempre desenvolver e oferecer os melhores tratamentos, tecnologias e inovações em nossa rotina assistencial. Esta é uma marca do HRAC! É uma satisfação indescritível ver a ciência, a expertise de profissionais altamente qualificados e também as políticas públicas e esforços de gestão beneficiando diretamente a saúde e qualidade de vida dos nossos pacientes", assinala o professor Carlos Ferreira dos Santos, superintendente do Centrinho-USP e diretor da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP).

Já o professor Luiz Fernando Lourençone, diretor clínico do Centrinho-USP e docente do Curso de Medicina da FOB-USP, ressalta a importância da reabilitação integral dos pacientes. "O HRAC sempre priorizou um tratamento completo e, felizmente, temos conseguido avançar nas diversas frentes para a reabilitação global de crianças e adultos com tantas e diferentes necessidades".

OFERTA PELO SUS

A banda elástica passou a integrar a rotina assistencial do HRAC-USP em outubro de 2020. Segundo a fonoaudióloga responsável Tyuana Sassi, há licitação em andamento para aquisição de 20 processadores de áudio para serem adaptados com banda elástica bilateralmente, portanto em dez pacientes. "A previsão, inicialmente, é de um paciente adaptado por mês", informa. Com atendimento pelo SUS, o acesso de novos pacientes no Centrinho-USP é por meio da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) do Estado, a partir de avaliação inicial em unidade básica de saúde.


Reprodução do planejamento virtual da cirurgia da micrognatia / Crédito: Dr. Cristiano Tonello, HRAC-USP

MUITO ALÉM DA AUDIÇÃO

Ouvir foi a vitória mais recente, mas David Gabriel já travou inúmeros outros combates. O pequeno nasceu com alterações nos membros - braços e pernas -, Síndrome de Treacher Collins e Sequência de Pierre Robin, condições que comprometem, além da estética, funções vitais como a respiração e a alimentação, e que podem trazer consequências graves aos pacientes.

A mãe de David Gabriel, Rosangela, conta como a notícia da malformação impactou a família. "Perdi o chão. Ouvi de alguns que, se meu filho sobrevivesse, ele não ia andar, falar. Muita coisa ruim passou pela minha cabeça. Cheguei até mesmo a pensar em tirar minha própria vida, para o meu filho não sofrer. Mas, felizmente, com muita fé, força da nossa família e amor, superei isso".

Depois de passar os primeiros dias de vida na UTI em sua cidade, com 26 dias o bebê foi transferido para a UTI pediátrica do Centrinho-USP em Bauru. No centro especializado, David Gabriel passou por distração mandibular com apenas 40 dias de vida, procedimento que envolveu um complexo planejamento virtual da cirurgia, com a colaboração das Faculdades de Odontologia e de Medicina da USP da capital. "Obtivemos avanço de 17 milímetros da mandíbula, com ganho de peso e melhora completa do desconforto respiratório da criança", explica o cirurgião craniofacial Cristiano Tonello, chefe técnico do Departamento Hospitalar do Centrinho-USP e professor do Curso de Medicina da FOB-USP.

A mãe relembra que só retornou para casa com o filho perto dos seus três meses de vida. "Sei que temos um longo caminho a seguir ainda, mas a vida do David Gabriel se transformou completamente. Hoje ele é outra criança, anda, brinca e procura se virar. Só tenho a agradecer ao Dr. Tonello e a toda equipe do Centrinho por salvar a vida do meu filho", finaliza Rosangela.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Mãe cria bonecos inclusivos e leva representatividade para crianças com deficiência

Clare Tawell pensou em uma forma maravilhosa de levar representatividade para as crianças, através dos seus brinquedos.

librasol.com.br

Para Clare, se uma criança com deficiência ou doença congênita consegue identificar suas características no próprio brinquedo, ela se desenvolve muito melhor. Clare sabe disso porque tem uma filha, Matilda, de 4 anos, que é surda.

Então essa mãe maravilhosa resolveu aproveitar um pouco do seu tempo livre, para criar bonecos de bebês e elfos, adaptados à diversas deficiências.

Fiquei muito desanimada quando não consegui encontrar uma boneca, ou qualquer brinquedo com aparelho auditivo. Achei que a sociedade não dava importância pra isso”, disse Clare.

Ideia de sucesso
Como não encontrou uma boneca para Matilda, Clare então decidiu fazer uma! E a ideia logo se espalhou entre outros pais.

Os pedidos começaram a chegar e Clare ainda montava bonecos personalizados, com outras características da criança, como cabelo, cor de pele, cor dos olhos, etc.

Com o sucesso nas vendas, Clare criou a ONG a Bright Ears UK e vendeu mais de 2.000 bonecos, somente no Reino Unido.

Além de bonecos com aparelho de surdez, ela passou a produzir também com outras deficiências, como fenda palatina, tubos de alimentação, bombas de insulina, respiradores, cirurgias cardíacas, e muito mais.

Distribuição para Escolas
Clare deseja quetodas as crianças com alguma deficiência se sintam aceitas e normalizem as suas condições.

E parece que isso está realmente funcionando!

Clare conseguiu levar a ideia para dentro das escolas britânicas e algumas instituições estão comprando o brinquedo para ensinar os alunos sobre inclusão!

Eu adoraria que as crianças no futuro pudessem entrar em uma loja e ver bonecas com aparelhos auditivos e fissura labial ao lado das bonecas comuns, porque isso torna tudo normal, não diferente”, explicou Clare.

Pra pedir – ou conhecer – uma boneca customizada, Clare está vendendo através do Facebook e de uma loja no site Etsy. Não há informações se ela envia para o Brasil.

Fonte: Razões para Acreditar / Inspire More