terça-feira, 24 de novembro de 2015

Inscrição em cadastro pode diminuir burocracia para pessoa com deficiência


Os cidadãos inscritos no Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa com Deficiência podem ser dispensados de apresentar provas adicionais de sua condição para usufruir de benefícios em leis e demais atos normativos federais, estaduais, municipais ou do Distrito Federal. A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) aprovou, no dia 18, projeto com esse objetivo (PLS 333/2014), na forma do substitutivo apresentado pelo relator, senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

O texto, que segue agora para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), estabelece que a inscrição no Cadastro Nacional será precedida da avaliação biopsicossocial da deficiência. Assim, no caso de inscrever-se em concursos públicos, por exemplo, a pessoa com deficiência não precisará comprovar novamente a deficiência física. Se aprovada na CCJ, a proposta do ex-senador Pedro Taques, hoje governador do Mato Grosso, seguirá à Câmara dos Deputados.


— Uma das maiores dificuldades para essas pessoas é comprovar a deficiência cada vez que pretende utilizar um serviço ou acessar um direito, principalmente em áreas como saúde, educação, transporte e assistência social — destacou o senador, frisando que a prévia inscrição no cadastro eliminará essa burocracia.

O projeto, apresentado pelo então senador Pedro Taques, atual governador de Mato Grosso, segue para análise da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, onde receberá decisão terminativa.

Fonte: Senado Federal

Como lidar com pessoas com deficiência - Parte I

Faça isso e você verá o quanto é importante e enriquecedor aprendermos a conviver com a diversidade!


Dicas para quando você encontrar uma pessoa com deficiência.

Muitas pessoas sem deficiências ficam confusas quando encontram uma pessoa com deficiência. Isso é natural. Todos nós podemos nos sentir desconfortáveis diante do "diferente". Esse desconforto diminui e pode até mesmo desaparecer quando existem muitas oportunidades de convivência entre pessoas com e sem deficiência.

Não faça de conta que a deficiência não existe. Se você se relacionar com uma pessoa com deficiência como se ela não tivesse uma deficiência, você vai ignorar uma característica muito importante dela. Dessa forma, você não estará se relacionando com ela, mas com outra pessoa, uma que você inventou, que não é real.

Aceite a deficiência. Ela existe e você precisa levá-la na sua devida consideração. Não subestime as possibilidades, nem superestime as dificuldades e vice-versa.

As pessoas com deficiência têm o direito, podem e querem tomar suas próprias decisões e assumir a responsabilidade por suas escolhas. A isso chamamos de empoderamento das pessoas com deficiência, ou seja, ao fato de tomarem o poder de suas próprias vidas.

Ter uma deficiência não faz com que uma pessoa seja melhor ou pior do que uma pessoa sem deficiência. Provavelmente, por causa da deficiência, essa pessoa pode ter dificuldade para realizar algumas atividades e, por outro lado, poderá ter extrema habilidade para fazer outras coisas. Pessoas com deficiência são iguais na diferença que as caracterizam.

A maioria das pessoas com deficiência não se importa de responder perguntas, principalmente aquelas feitas por crianças, a respeito da sua deficiência e como ela realiza algumas tarefas. Mas, se você não tem muita intimidade com a pessoa, evite fazer muitas perguntas muito íntimas.

Quando quiser alguma informação de uma pessoa com deficiência, dirija-se diretamente a ela e não a seus acompanhantes ou intérpretes.

Sempre que quiser ajudar, ofereça ajuda. Sempre espere sua oferta ser aceita antes de ajudar. Sempre pergunte a forma mais adequada para fazê-lo. Mas não se ofenda se seu oferecimento for recusado. Pois, nem sempre as pessoas com deficiência precisam de auxílio. Às vezes, uma determinada atividade pode ser mais bem desenvolvida sem assistência.

Se você não se sentir confortável ou seguro para fazer alguma coisa solicitada por uma pessoa com deficiência, sinta-se livre para recusar. Neste caso, seria conveniente procurar outra pessoa que possa ajudar.

As pessoas com deficiência são pessoas como você. Têm os mesmos direitos, os mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos.

Você não deve ter receio de fazer ou dizer alguma coisa errada. Aja com naturalidade e tudo vai dar certo. Se ocorrer alguma situação embaraçosa, uma boa dose de delicadeza, sinceridade e bom humor nunca falham.

Fonte: Bengala Legal

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Os problemas da marcha na paralisia cerebral

A marcha é um conjunto de eventos que ocorrem nos membros inferiores da criança e que permitem a sua locomoção.
Para que a locomoção ocorra de forma eficaz, é preciso que a musculatura funcione adequadamente, as articulações estejam com sua amplitude de movimento livre e sem restrições e que os alinhamentos ósseos estejam corretos.

Qualquer encurtamento muscular, com ou sem limitação na mobilidade articular ou até mesmo mal alinhamento angular ou rotacional nos ossos dos membros inferiores da criança, poderão produzir uma marcha ineficaz.

Na paralisia cerebral, existe uma classificação motora funcional, conhecida com a sigla GMFCS, onde existem 3 grupos de envolvimento motor que permitem a marcha, seja ela independente ou com auxilio de andadores ou muletas.


As dificuldades na locomoção na criança com paralisia cerebral são inúmeras pois, estamos falando de uma patologia que afeta a coordenação motora, o equilíbrio,  leva a hipertonia muscular (espasticidade) e, muitas vezes, está acompanhado de distonia, ou seja, movimentos involuntários.

Sabemos que as limitações nos movimentos dos quadris (principalmente a dificuldade na extensão completa), acompanhado ou não de limitação na abertura das pernas, limitação na extensão dos joelhos e deformidade nos pés (principalmente os pés equinos), são problemas que dificuldam as distâncias percorridas pelas crianças com paralisia cerebral.

As alterações rotacionais dos ossos dos membros inferiores são responsáveis por anormalidades como marcha com os pés virados para dentro, sendo que na maioria das vezes, isso ocorre por deformidade rotacional interna excessiva femoral (osso da coxa).


A deformidade rotacional externa excessiva da tíbia, osso da perna (segmento do membro inferior localizado abaixo do joelho), também pode ser o responsável por anormalidades na marcha da criança principalmente quando estamos diante de uma criança cujos pés estão apontados para fora quando caminham.

paralisia cerebral marcha crianca e saude

Frequentemente, encontramos várias anormalidades no mesmo membro inferior da criança que contribuem em diversos graus, com os problemas na locomoção.

Os padrões de marcha anômalos frequentemente encontrados são:

– Marcha na ponta dos pés ou marcha em equino, onde as crianças, ao caminharem, apoiam apenas a ponta dos pés no solo.

– Marcha com os joelhos fletidos, ou seja, aquela em que a criança não consegue a extensão completa dos joelhos para manter-se em postura ereta. Esse tipo de marcha é também conhecido como marcha da “criança desabada”.

– Marcha em tesoura, ou seja, aquela em que, ao tentar dar o passo, uma perna cruza sobre a outra.

– Marcha com os joelhos rígidos, ou seja, aquela em que a criança não consegue fletir os joelhos para dar o passo.

Com o exame físico ortopédico especifico para a criança espástica, podemos identificar e diagnosticar os problemas na locomoção e com isso, fazer a melhor indicação para cada caso.

Podemos ainda utilizar o exame de laboratório da marcha em 3D ou 2D, onde a marcha é filmada de frente e de lado, como mais um objeto de análise para as conclusões necessárias.

O tratamento ortopédico visa promover a correção de todos os componentes anômalos nos membros inferiores da criança, melhorando, assim, seu desempenho motor e dando mais autonomia para a locomoção em casa, na escola e na comunidade.

Tanto as contraturas musculares, bem como as deformidades esqueléticas (ósseas), precisam ser corrigidas e, para isso, contamos com as cirurgias em múltiplos níveis.

São cirurgias que envolvem alongamentos tendinosos múltiplos com ou sem transferências tendinosas e as correções ósseas sedo realizadas no mesmo momento, com as osteotomias.

As vantagens das correções múltiplas são que permitem a correção do membro inferior como um todo, no mesmo ato cirúrgico, permitem uma só reabilitação pós-operatória e evitam reinternações frequentes para as correções sucessivas.

O pós-operatório necessita de equipe de fisioterapeutas pediáricos para a reabilitação articular e treino da marcha de forma intensiva.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Jovem com síndrome de down vira chef de cozinha

Para os ingredientes será necessária uma garota com muita determinação e força de vontade. Depois acrescente uma família maravilhosa, unida e muitas pitadinhas de alegria e amor. Misture tudo com carinho e guarde no coração, essa é a receita da felicidade da Família Basilio.


Uma doçura! É assim que se pode definir a chef de cozinha e voluntária no Abraço da Paz, Grupo 21 e no Instituto Chefs Especiais, Laura dos Reis Sant´ana Basilio, de 24 anos, graduada em Gastronomia pela HOTEC Faculdade de Tecnologia em Hotelaria, Gastronomia e Turismo de São Paulo, pessoa com síndrome de down e que, apesar das dificuldades, soube superá-las e conquistar tudo o que queria. Adelino Basilio, pai da Laura, conta com emoção a história de superação da filha: “A Laura sempre foi um presente para nossa família, uma criança doce como mel e que ao nascer me transformou em “pai com açúcar”, nos ensinando e dando incríveis lições de amor diárias. Em casa são três irmãos: a Laura; a Isabela, que está cursando Faculdade de Psicologia, e o Luis Henrique, um pequeno grande guerreiro.

Nada foi fácil, mas a Laura cresceu rodeada de amor, acreditou em si própria e foi sempre em frente, contando com o apoio da mãe, do pai e de toda a família. Além disso, ela cresceu em meio a pilhas de livros, pois sempre valorizamos e incentivamos o estudo, muitos de nossos passeios eram em livrarias e naturalmente ela foi estudando e cresceu com crenças de capacitação e não limitantes. Alfabetizou-se, concluiu o Ensino Fundamental e Médio, passou no vestibular e conquistou regularmente seu diploma na faculdade de Gastronomia, tirou o título de eleitor. Posso dizer que até hoje ela continua vencendo as inúmeras barreiras que a sociedade ainda impõe”.

História de superação

O exemplo da conquista da Laura foi tanto, que ela foi convidada para contar sua história de sucesso no Mulheres Inspiradoras, projeto social que promove ciclos de palestras e treinamentos sobre liderança e motivação, durante a noite de lançamento do projeto, fundado por Marlene Campos Machado, que aconteceu na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. “Foi maravilhoso poder compartilhar a minha experiência de vida com todas aquelas pessoas, falar da minha dedicação aos estudos, da força de vontade e superação, pois com sabedoria e determinação é possível realizar sonhos. Também foi muito importante, pois falei da inclusão e para as pessoas não olharem os outros com preconceito, apenas olharem com o coração, um olhar de amor, pois ser diferente é normal. Viva a Inclusão!”, afirma Laura.

Na ocasião, Laura recebeu uma homenagem contando um pouquinho sobre sua história. “Fiquei muito emocionada quando vi a homenagem, principalmente as fotos da faculdade com meus amigos e professores, me lembrei do quanto me esforcei, lutei e acreditei em mim mesma, até conseguir me graduar regularmente e conquistar meu diploma, que hoje está em minhas mãos e é uma grande conquista e uma vitória da inclusão”, conta Laura.


Planejando o futuro

A chef Laura está com um projeto em andamento. “Trata-se do lançamento do livro As delícias de Laura, que trará uma seleção das receitas que mais gosto de cozinhar, mas ainda não tem data para ser finalizado, estou sempre fazendo planos”, revela Laura.

Exemplo de motivação

Quando questionada sobre qual conselho daria para que as pessoas corram atrás de seus sonhos, Laura enfatiza: “Eu aconselho, primeiramente, a acreditar em si mesmo, sonhar e ir em busca dos seus sonhos, estudar, se dedicar e agir. Assim é possível realizar qualquer sonho ou objetivo”, disse Laura.

Já quando o assunto é qual a receita de sucesso para uma vida feliz, ela completa: “Minha receita é a paz, a perseverança, a fé e o amor, porque o amor é único e muito forte. Minha mensagem é que a síndrome de down não me impediu de seguir em frente porque eu tenho algo maior dentro de mim, que é o amor. O amor é a grande energia do universo, siga em frente você também, todos podemos mais do que imaginamos, basta acreditar e agir”, finaliza Laura.

Bate-papo com a chef Laura

O Retrato – Na culinária, que tipo de gastronomia você mais gosta?
Laura Basilio – Doces e confeitaria.

OR – Dentro da culinária nacional, o que destaca?
Laura – Doces caseiros da fazenda.

OR – Quais atividades mais gosta de fazer?
Laura – Cozinhar, ir ao cinema e passear na natureza.

OR – O que a inspira a continuar quebrando barreiras?
Laura – Os exemplos de meu pai e minha mãe.

Fonte: Jornal O Retrato

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Paralisia cerebral: mito e realidade (Parte 2 - Final)

Sociedade e pessoas com paralisia cerebral

Por desconhecimento da sociedade em geral, as pessoas que possuem PC têm dificuldades na vida social e profissional. Com relação ao mercado de trabalho, o preconceito em relação ao paralisado cerebral leva ao descrédito sobre suas reais capacidades. No Brasil, onde a crise de emprego atinge parte considerável da população, a paralisia cerebral se apresenta como mais uma barreira para que o individuo consiga uma colocação profissional, e por consequência, aceitação na sociedade.

Alguns paralisados cerebrais vencedores

Muito embora a sociedade manifeste desconhecimento ou preconceito em relação ao paralisado cerebral, existem vários exemplos de pessoas que se destacam com maestria em suas áreas de atuação. São vencedores, sobreviventes da realidade excludente a que são submetidos.

Paralisia cerebral: mito e realidade (Parte 1)
10 termos e conceitos sobre deficiência que deveriam ser abolidos
A dignidade das pessoas com deficiência intelectual

Ricardo Tadeu Marques da Fonseca


Um exemplo clássico é o procurador do Ministério Público do Trabalho, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, que nasceu no sexto mês de gestação e o excesso de oxigenação no cérebro e problemas no parto ocasionaram deficiência visual e paralisia cerebral. Ele é um exemplo de paralisia cerebral leve. Hoje, aos 48 anos, é cego, com PC e um dos mais brilhantes defensores dos direitos das pessoas com deficiência. A paralisia cerebral afetou seus membros superiores e inferiores, mas realizou fisioterapia e várias cirurgias na infância e adolescência, ficando com poucas sequelas.

Antonio Carlos Viviane

Um exemplo de pessoa com paralisia cerebral não tão leve é Antonio Carlos Viviani, o Carlinhos, escritor e poeta. Com 31 anos, tem deficiência física nos membros superiores e inferiores. Quando escreve, expressa nas letras seu lado romântico e terno com amplo alcance. Quando fala é pouco entendido, pois a PC lhe deixou sérias seqüelas que prejudicam a comunicação oral.

Para ele, as maiores dificuldades que enfrenta no dia-a-dia são a comunicação, o preconceito e a falta de informação de algumas pessoas. "Dependendo do caso, algumas coisas não consigo fazer, como tirar a barba, porém me alimento sozinho e faço quase tudo", destaca.

No fundo, Carlinhos alimenta o sonho de um dia ser tratado como qualquer um. "Afinal, a gente é igual", afirma. Carlinhos destaca, ainda, que no caso dele, a PC não lhe afetou a mente. "O mais importante é a força de vontade. É preciso ter força de vontade para colocar o dom para fora. Eu escrevo porque gosto! As pessoas começaram a elogiar e saiu o livro. Para vender é difícil, mas eu gosto de escrever", observa.

Sueli Harumi Satow

Outro exemplo é a comunicadora e filósofa Suely Harumi Satow, 54 anos, com mestrado e doutorado em Psicologia Social, pela PUC de São Paulo. Apesar da titulação, ela destaca que, em geral, os atendentes de lojas e médicos a tratam como se tivesse deficiência intelectual.

Ela atribui seu desenvolvimento ao apoio da família. Seus pais a incentivavam sempre, mesmo nas situações mais difíceis. "Na escola também havia um outro extremo, na classe me consideravam a aluna exemplar por causa das sequelas, mas na hora do lanche eu ficava com as excluídas (a mais gorda, a mais feia, etc.). Estas circunstâncias levaram-me a um desequilíbrio psíquico muito forte, que quase me colocaram em um hospício", afirma

.Suely gostaria que a sociedade a tratasse como as outras pessoas, vendo-a como ser humano, apesar das diferenças, e não como um ser incapaz com necessidade de tutela. "A sociedade deveria rever sua hipocrisia, fingindo que não é preconceituosa, e olhar profundamente para ela mesma, os indivíduos que a compõem, e se conhecer melhor. Talvez, agindo assim, as diferenças diminuiriam gradativamente", observa.

Felipe Sales

Também o pequeno Felipe, de quatro anos, é um garoto com PC, mas isso não é sequer imaginado por quem o vê serelepe pelos corredores da Divisão de Medicina de Reabilitação do HC (DMR), onde faz reabilitação e conquista a todos com seu sorriso maroto. Sua mãe, Maria Paula Sales, psicóloga, conta que sua gravidez foi sem intercorrências, calma e normal. O filho apresenta pequena dificuldade motora em membros inferiores e braço esquerdo.

"Ele tem uma rotina normal, como qualquer outra criança, brinca, vai à escola, adora cantar e dançar, enfim, é uma criança muito alegre", destaca a mãe. Com a reabilitação, ela espera que as sequelas, que não são acentuadas, sejam ainda mais amenizadas e que ele consiga cada vez com mais facilidade realizar as atividades de vida diária. "Espero que ele se realize como pessoa e que a pequena deficiência que ele apresenta não o impeça de fazer o que ele gostar e quiser", afirma.

Fonte: Bengala Legal

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Inclusão escolar: aprendizagem através das diferenças humanas

Com os movimentos mundiais de respeito à diversidade e às diferenças, a inclusão escolar de pessoas com deficiência tornou-se uma realidade a ser encarada nas escolas brasileiras. Inclusão é um processo em construção ainda, ninguém faz favor para ninguém; a presença e a participação de todos e de cada um numa escola é a possibilidade de aprendizagem com e pelas diferenças humanas, numa perspectiva de igualdade de direitos.


Quando docentes e gestores precisam repensar e movimentar os padrões escolares pré-estabelecidos para responderem às necessidades específicas de um determinado estudante, em razão de suas diferenças, há ganhos para além do benefício do próprio aluno em questão. Pois, professores ao revisarem suas práticas, introduzindo outros recursos e aplicando novas estratégias, vão se auto formando e compreendendo um pouco mais sobre desenvolvimento humano. Os estudantes na interação com seus pares, no uso de recursos acessíveis, na participação de estratégias diversificadas, se beneficiam, pois o ensino se amplia e passa atender vários estilos de aprendizagem.

Destacando, ainda,  as aprendizagens de convivência social. A escola que quer efetivar inclusão, considerando seu tripé – acesso, permanência e aprendizagem – caminha na direção da constituição de uma nova cultura: escuta a necessidade de seus atores, investe em mão de obra especializada e na formação de seus docentes, envolve cada vez mais as famílias em seus projetos, promove fóruns para reflexão sobre diferença e equidade, se baseia no viés das possibilidades. O seu foco não é o limite ou a diferença, mas a possibilidade, a potência.

Como professora envolvida com Educação Especial e inclusão escolar faz algum tempo, posso afirmar que já caminhamos bastante, mesmo que pela força da lei. Mas ainda temos muito que resistir e lutar, por melhores escolas, por profissionais bem qualificados e remunerados dignamente, por espaços físicos acessíveis e agradáveis. Para TODOS, isso é inclusão!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Cientistas brasileiros criam startup de biotecnologia para revolucionar o diagnóstico e o tratamento de autismo

O Brasil terá o primeiro laboratório do mundo exclusivamente dedicado a análises genéticas focadas em perspectivas terapêuticas personalizadas para Transtorno do Espectro do Autismo e outros transtornos neurológicos de origem genética, tais como a Síndrome de Rett, Síndrome de Timothy, Síndrome do X Frágil, Síndrome de Angelman e a Síndrome de Phelan-McDermid, por exemplo. É a Tismoo, com sede em São Paulo (SP), uma startup de biotecnologia idealizada por cientistas brasileiros, que pretende, por meio da modelagem celular e edição genética, criar nova plataforma para a análise funcional das alterações dos genes e, desta forma, desenvolver e testar novos medicamentos em “minicérebros” dos pacientes, produzidos no laboratório, auxiliando a clínica. Veja reportagem e vídeo sobre minicérebros no G1 e o artigo do neurocientista Alysson Muotri, também no G1).

Logotipo da empresa Tismoo

O projeto é desafiador e ambicioso, pois a ideia é trazer técnicas e estudos de ponta realizados nas universidades e colocá-los em prática para o benefício clínico dos indivíduos afetados. Primeira no mundo, a Tismoo quer impactar as pesquisas no desenvolvimento de novas substâncias e no entendimento das doenças neurológicas, oferecendo uma medicina personalizada, capaz de atender as características de cada paciente. As tecnologias em desenvolvimento podem antecipar ainda mais esta personalização clínica, pois o conhecimento da individualidade genética pode contribuir para um melhor entendimento do autismo além de, potencialmente, abrir janelas para intervenções mais específicas.

Com o propósito definido, os cientistas fundaram a Tismoo para mudar o panorama atual das doenças neurológicas. O time tem Alysson Muotri, biólogo molecular e professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia (UCSD), em San Diego; Carlos Gadia, neuropediatra e diretor-associado do Miami Children’s Hospital Dan Marino Center; e Patrícia Braga, bióloga e responsável pela reprogramação das primeiras células iPS no Brasil e uma das idealizadoras do Projeto “A Fada do Dente” da USP em parceria com a UCSD, .

Em pesquisas já realizadas pela equipe da Tismoo, foi possível constatar atividades importantes em neurônios, por meio da reprogramação celular. "Nossas pesquisas têm demonstrado que as células neurais de autistas conseguem se recuperar dos defeitos sinápticos se expostos ao ambiente certo — na presença de substâncias que alteram as sinapses, por exemplo — mostrando que as alterações genéticas não são deterministas. Disso tudo tiramos uma lição importante: o autismo, em muitos casos, pode ser reversível. Nosso próximo passo, é entender porque alguns pacientes conseguem isso e outros, não", salienta Muotri.

Além das descobertas realizadas em laboratório, a Tismoo pretende também desmistificar a ciência e mostrar os benefícios que os estudos podem trazer para a população em geral. "O que queremos é permitir que as pessoas e seus familiares tenham a oportunidade de entender e aprofundar um pouco sobre autismo e, se possível, colaborar no diagnóstico e tratamento. Sabemos que a ciência, às vezes, é difícil de entender e, justamente por isso, estamos trabalhando para criar uma empresa de biotecnologia ‘amigável’", comenta Patrícia Braga.

Autistas: 2 milhões no Brasil

Se levarmos em consideração o percentual de 1% aceito pela OMS, o número de casos de autismo no Brasil deve estar em torno de 2 milhões. No mundo, o número é estimado em 70 milhões de autistas.

As crianças diagnosticadas com autismo ou distúrbios relacionados vem crescendo exponencialmente. Um estudo publicado pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA - Centers for Disease Control and Prevention (CDC) - aponta que 1 em cada 68 crianças americanas com até oito anos de idade tem autismo. A prevalência do transtorno no país sofreu um aumento de 30% em relação aos números divulgados em 2012, os quais apontavam que uma em cada 88 crianças dos Estados Unidos estariam dentro do espectro autista. Na década de 80, este número era de 1 a cada 2 mil crianças, como pode ser observado no infográfico a seguir.

Gráfico do crescimento dos casos de autismo de 1975 a 2014. Fonte: CDC, EUA.

O relatório revelou que a maioria das crianças com autismo recebe o diagnóstico após os quatro anos de idade, embora o Transtorno possa ser detectado muito antes disso. "Precisamos diagnosticar as crianças mais cedo. A detecção precoce é a ferramenta mais eficaz que temos para fazer a diferença na vida dessas crianças", afirma Coleen Boyle, diretora do Centro Nacional de Defeitos Congênitos e Deficiências do Desenvolvimento do CDC.

Casos de sucesso nesse tipo de tratamento não são tão raros quanto se pensava. "Há mais de uma década já sabemos que, com diagnóstico precoce e terapias intensas, entre 1% e 5% dos autistas progridem tanto que saem do espectro”, explica Gadia. O mais interessante é, que até bem pouco tempo atrás, muitos ainda acreditavam que estas diferenças fossem causadas por um diagnóstico errado.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Casal decide adotar criança especial da lista dos inadotáveis

Adotar é um ato nobre que vai muito além do amor. Quando decidiram aumentar a família, Aline e Cleber, que já tinham um filho biológico, o pequeno Daniel, que na época tinha pouco mais de um ano, o casal tinha apenas uma certeza: queriam uma criança da lista dos inadotáveis. Foi assim que os gêmeos Felipe e Rebeca, que é especial, chegaram em suas vidas e transformaram tudo para melhor.



No início, tudo era muito novo, tanto para os pais quanto para as crianças, mas rapidamente todos se adaptaram.

Foi como se tivesse saído [com eles] da maternidade mesmo. Tudo era uma grande descoberta, noites em claro e no começo eles eram bem medrosos, então choravam muito, era tudo muito novo, mas em questão de semanas entraram no ritmo da casa.

Rebeca tem uma doença congênita, chamada mielomeningocele, que é uma má formação na coluna que gerou a hidrocefalia. Foi após passar uma temporada no Haiti em uma viagem humanitária que Aline e Cleber decidiram que gostariam de adotar uma criança, mas, no meio do processo, ela engravidou, então os planos foram adiados por um ano.

“Queríamos ser pai de uma criança que precisasse ser filho, esse foi nosso critério. Restringimos a idade até sete anos e colocamos que aceitaríamos crianças com irmãos, especiais, com outras raças, enfim, estávamos abertos. Além de crianças maiores de sete anos, eu e meu marido também já tínhamos decidido não adotar uma criança que fosse dependente fisicamente, como é o caso da Rebeca, que é cadeirante, porque não tínhamos estrutura”, conta Aline.

No processo de adoção, quando receberam a primeira ligação para falar de Felipe e Rebeca, Cleber e Aline logo recusaram, mas, com os passar, não conseguiram deixar de pensar nos dois pequenos.



“A gente sentiu como se estivesse abortando os nossos filhos com essa ligação que recusamos. Nós não queríamos escolher, nosso critério era ser pais de uma criança que precisasse ser filho e o fato de não querer escolher e falar “não” ao telefone, de certa forma, é uma escolha. Aí me senti como se estivesse abortando os planos de Deus para a nossa vida e o filho que ele colocou na barriga”, comenta Aline.

“No fórum, eles passaram, em um texto, as características médicas das crianças. Só depois mostraram as fotos. Quando vimos as fotos, foi a mesma sensação do ultrassom do Daniel. Aquela coisa de “são eles, são os nossos filhos”, afirmam, emocionados, os pais adotivos.

Fonte: R7 (Programa Hoje em Dia)