sexta-feira, 31 de maio de 2019

Negligência no tratamento de filho com deficiência gera multa prevista no ECA

A 3ª turma do STJ fixou entendimento e aplicou multa a pais de menino com deficiência auditiva que negligenciaram tratamento especializado.


Prevista no artigo 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente, a multa pelo descumprimento doloso ou culposo dos deveres inerentes ao poder familiar pode ser aplicada quando os pais, por negligência, negam ao filho com deficiência a oportunidade de ser estimulado por meio de tratamentos oferecidos pelo próprio Estado. Nessas hipóteses, os genitores deixam de exercer o dever de zelar pelo desenvolvimento do filho, comprometendo suas possibilidades de evolução.

O entendimento foi fixado pela 3ª turma do STJ, que manteve aplicação de multa a pais que, apesar de terem sido advertidos diversas vezes sobre a necessidade de tratamento especializado para o filho com deficiência auditiva, negligenciaram o acompanhamento médico e multidisciplinar oferecido pelo Poder Público desde que a criança tinha dois anos de idade.

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O caso

Na ação, o MP alegou que, a fim de minimizar as sequelas cognitivas decorrentes da deficiência auditiva, o Estado disponibilizou tratamentos como terapia ocupacional, psicopedagogia e fonoaudiologia. No entanto, não houve interesse da família em manter a assistência multidisciplinar à criança.

Na origem, o juiz da Vara de Infância e da Juventude reconheceu o descumprimento da obrigação familiar e condenou os pais ao pagamento de multa no valor de três salários mínimos. A decisão foi mantida 2º grau.

No recurso especial, a família alegou que era carente e não poderia deixar de trabalhar para dar atenção somente ao filho deficiente, já que possui outras duas crianças. Segundo os pais, a multa não seria a melhor medida para puni-los, pois apenas agravaria suas condições financeiras.

STJ

O relator do recurso especial, ministro Villas Bôas Cueva, apontou inicialmente que a multa prevista no artigo 249 do ECA tem como destinatária a própria coletividade, pois a sociedade é a maior interessada na conduta responsável dos pais em relação a seus filhos, com vistas a assegurar o desenvolvimento das futuras gerações.

Além de dispositivos sobre os deveres paternos fixados pelo ECA e pelo Código Civil, o ministro salientou que o Estatuto da Pessoa com Deficiência prevê a necessidade de proteção dos vulneráveis contra discriminações e negligências, devendo-se comunicar às autoridades qualquer violação nesse sentido.
"Sem dúvida, ter um filho com deficiência traz desafios diários e constantes. No entanto, o exercício do amor, da educação livre de preconceitos, a dedicação voltada ao bem-estar da criança, lhe propiciarão novas perspectivas. Por tudo isso, a sanção legal, no caso concreto, é medida que se impõe, pois tem caráter tanto educativo quanto preventivo."

Patologias

No caso dos autos, Villas Bôas Cueva assinalou que, enquanto o Estado exerceu adequadamente o seu dever de zelar pelo futuro da criança com deficiência oferecendo-lhe atendimento especializado, ao se negar a comparecer às consultas, possibilitou o desenvolvimento de patologias psiquiátricas graves decorrentes de seu isolamento.

O ministro afirmou que a situação econômica da família não pode servir como justificativa para que os genitores deixem de exercer o seu papel, e que a multa, fixada pelo juiz de 1º grau no mínimo legal, não poderia deixar de ser aplicada, mesmo diante da alegação de hipossuficiência financeira.
"A única certeza ao se ter um descendente, negócio sempre arriscado e desprovido de garantias, é que o exercício do poder familiar seja o melhor possível, dentro das possibilidades, ainda que exíguas. E, na hipótese vertente, pode-se imputar aos pais a perda da chance do filho de desenvolver maiores habilidades dentro do seu potencial."
Dessa forma, o colegiado manteve a aplicação da multa prevista no ECA.

O número deste processo não será divulgado em razão de segredo de Justiça.

Informações: STJ

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Quais são os sinais precoces de deficiência intelectual?

Nossos leitores sempre enviam perguntas e relatos acerca da Deficiência Intelectual. São pais, mães e profissionais que buscam sempre conhecimento do assunto para lidarem com algum ente querido, paciente/aluno ou obter informações que possibilitarão recursos e condições adequadas. Uma das dúvidas sobre a DI é quais são os sinais precoces do distúrbio.


Que indicações são essas?

É interessante notar que embora cada indivíduo seja único, existe uma série de características inerentes a determinadas fases da vida. Na adolescência, por exemplo, os questionamentos são absolutamente comuns. Já na infância, sobretudo em sua primeira fase, as crianças costumam mostrar afeição a algumas atividades que trabalham o aspecto lúdico.

Sendo assim, os pequenos utilizam objetos que induzem a curiosidade. Tudo isso é levado não só para seu convívio no ambiente familiar, mas na escola também. O espaço escolar é o local em que a Deficiência Intelectual começa a ficar mais evidente, tendo em vista que a criança começará a se diferenciar em alguns quesitos em relação aos demais colegas.

Enquanto os alunos que não apresentam a condição manifestam interesse em todas as tarefas e descobertas; os pequenos que convivem com a Deficiência Intelectual passam a não ficar tão inteirados acerca dos mesmos estímulos. Os principais pontos são os seguintes:


  • Pouca interação com os colegas e com a professora;
  • Dificuldade para identificar letras, desenvolver a fala de maneira satisfatória (a comunicação é uma das faculdades afetadas);
  • Dificuldade em coordenação motora (grossa e fina);
  • Dificuldade em se adaptar aos mais variados ambientes;
  • Falta de interesse pelas atividades dadas em sala de aula;
  • Quando a criança perde ou esquece o que já havia aprendido (e demonstrado habilidade);
  • Outros.

Como pode ser definida a Deficiência Intelectual?


Vale relembrar que a DI é caracterizada pelo déficit no funcionamento cognitivo da criança. Ela afeta algumas habilidades importantes do pequeno, podendo interferir principalmente em funções cruciais, como a autonomia da pessoa. Por isso a intervenção é sempre fundamental.

Existe uma causa única para a Deficiência Intelectual?

Não, o que podemos afirmar é que a Deficiência Intelectual tem origem em aspectos multifatoriais. Isso significa que um ou dois fatores podem ser a causa da condição diagnosticada pelo especialista. Embora haja várias causas, é prudente dizer que a Deficiência Intelectual é originada em grande parte pelo aspecto genético.

Há alguma maneira de se evitar a Deficiência Intelectual?

Mesmo que pesquisas já tenham evidenciado que a condição tenha causas genéticas, é inegável que algumas atitudes podem diminuir o risco de bebês nascerem com a Deficiência Intelectual. Uma dessas ações é evitar a exposição a alimentos ou qualquer objeto ricos em mercúrio. Entretanto, vale lembrar que essa recomendação é indicada principalmente para gestantes, uma vez que o mercúrio é prejudicial ao feto.

Durante a amamentação é aconselhável que a mãe não consuma peixes rico em mercúrio, assim também como a criança após o nascimento até que ela atinja uma determinada idade que não ofereça mais riscos a ela.

Seguir as orientações dos profissionais e consultar o pediatra de seu filho regularmente são outras maneiras exemplares de garantir a saúde da criança. No entanto, há que se ressaltar o fato de os casos citados acima serem aplicados somente àqueles pacientes que não tiveram o diagnóstico ao nascer.

O diagnóstico da Deficiência Intelectual

É sempre importante ressaltar a presença de um especialista para fornecer o diagnóstico diante de uma avaliação adequada. Além disso, o acompanhamento feito por uma equipe multidisciplinar é um ponto que não deve ser descartado. Os profissionais tendem a propor intervenções que visarão ao desenvolvimento de aspectos que precisam ser trabalhados.

Fonte: NeuroSaber

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Tecnologia do bem: Designers criam bicicleta e lápis para crianças com deficiência motora

Produtos fazem parte de uma coleção e foram desenvolvidos com a ajuda das crianças e seus familiares


Escrever e andar de bicicleta podem parecer atividades rotineiras no dia a dia, mas para pessoas com deficiência motora não são coisas tão simples assim. Sabendo disso, o centro italiano Opendot, especializado em pesquisa e inovação, criou produtos que prometem melhorar a autonomia de crianças com deficiência motora.

O glifo é uma ferramenta impressa em 3D que tem um suporte para colocar um lápis, permitindo que as crianças consigam escrever e desenhar sozinhas. O produto é leve, lavável e ajustável. Comparado a outros dispositivos no mercado, reduz a contração do membro, favorecendo a reabilitação.

A “bicicleta de Lorenzo” foi fabricada especialmente para um garoto de 6 anos, de mesmo nome. Ela possui três rodas, suporte para as costas e um guidão que pode ser adaptado a outras crianças com deficiências diferentes.

A bicicleta feita pela Opendot é ajustável (Foto: Reprodução/Opendot)
A bicicleta feita pela Opendot é ajustável (Foto: Reprodução/Opendot)

Os dois produtos fazem parte de uma coleção de oito itens chamada de “UNICO”. Eles foram pensados com a ajuda de crianças e seus familiares, e desenvolvidos em uma parceria entre designers do Opendot e a TOG (Together to Go Foundation, uma organização sem fins lucrativos para crianças com doenças neurológicas).

Crianças conseguem desenhar com a ajuda do glifo (Foto: Reprodução/Opendot)
Crianças conseguem desenhar com a ajuda do glifo (Foto: Reprodução/Opendot)

Fonte: Revista Tecnologia 360

terça-feira, 21 de maio de 2019

Projeto Sorriso Especial - Gisele

Uma das primeiras beneficiárias do projeto Sorriso Especial, Gisele Porto retornou hoje para uma nova avaliação dentária.

Ela foi atendida pela profissional Angelica Fleitas, que elogiou a boa saúde bucal de Gisele.


Drª Angelica e Gisele

Gostaria de ajudar no tratamento de Gisele e das dezenas de crianças e adolescentes com deficiência da comunidade da Maré? Saiba como ajudar aqui.

Conheça o Projeto Sorriso Especial aqui.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

PEC prioriza crianças com deficiência na educação infantil

undime.org.br

Resultado de imagem para crianças com deficiência na educação infantil

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 36/19 prioriza as crianças com deficiência no acesso à educação infantil. Hoje a Constituição estabelece como dever do Estado garantir a educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até cinco anos de idade, sem priorizar as crianças com deficiência nesta etapa da educação.

A proposição, apresentada pela deputada Maria Rosas (PRB-SP), tramita na Câmara dos Deputados.

Maria Rosas argumenta que os cuidados na primeira infância são determinantes no desenvolvimento pleno da criança. “Nos três primeiros anos de vida, a criança forma mais de 90% de suas conexões cerebrais, por meio da interação do bebê com
estímulos do meio ambiente. O desafio é maior para as crianças com necessidades educacionais especiais, que exigem intervenção de profissionais preparados. Deixar essas crianças em casa, sem estimulação, é literalmente um crime”, diz, citando documento do Ministério da Educação.

Por outro lado, a parlamentar aponta a falta de vagas nas creches públicas do País como impeditivo para que essas crianças frequentem de fato a escola, ainda que o aumento da oferta seja uma das metas do Plano Nacional de Educação. O déficit justificaria a prioridade proposta.

“Ao viabilizarmos o acesso das crianças com deficiência à escola, estamos incluindo também todas as crianças da sala, que aprenderão a conviver com as diferenças, a respeitar as individualidades e a entender a dignidade humana”, defende ainda Maria Rosas.

Tramitação

A PEC será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania quanto aos seus aspectos constitucionais, jurídicos e de técnica legislativa. Se admitida, será analisada por comissão especial e votada em dois turnos pelo Plenário da Câmara.

Íntegra da proposta: PEC-36/2019

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Autismo na cultura pop: aumenta a representatividade do transtorno em filmes e séries

Desenho animado ensina crianças autistas a lidar com situações que causam ansiedade


Rain Man marcou a história por ser o primeiro filme a retratar um portador de TEA. Mas conforme a conscientização sobre o autismo aumenta, começamos a ver mais personagens que mostram um pouco mais da diversidade que existe dentro do espectro.

Pablo




A série animada da Nat Geo Kids é pioneira por ser o primeiro desenho infantil a promover a inclusão de portadores de TEA. Além do personagem principal ser um menino autista, todos os dubladores da versão brasileira são crianças e jovens dentro do espectro, indicados a partir de uma parceria com o Autismo e Realidade. A série mostra Pablo enfrentando situações desafiadoras, como cortar o cabelo ou acompanhar os pais no supermercado, com a ajuda de seus desenhos.

Atypical



Sam é um adolescente autista que está em busca de uma namorada. O seu desejo por independência muda a rotina da sua família e faz Sam lidar com situações novas e desafiadoras. A comédia familiar da Netflix aborda com delicadeza os obstáculos enfrentados pelos portadores de TEA, ao mesmo tempo que deixa claro que muitos dos problemas são os mesmos enfrentados por qualquer outra pessoa.

Filme e série mostram os desafios de portadores de Asperger na idade adulta


The Good Doctor



Renovada para a terceira temporada, a série conta a história de Shaun Murphy, um médico recém-formado que começa a trabalhar em um hospital de prestígio. Mas, logo, todos no hospital entendem que Shaun é diferente: enquanto a Síndrome de Asperger gera dificuldades nas suas relações, a sua memória espetacular advinda do savantismo impressiona os colegas de trabalho e pacientes. Com a ajuda de seu mentor e amigo, Shaun aprende e ensina aos outros a como lidar melhor com o cotidiano de um portador de transtorno mental.

Adam



Adam é um jovem com Síndrome de Asperger que vive sozinho após a morte do pai. Ele leva uma vida solitária e dedica a sua atenção ao estudo de astronomia. Sua rotina muda com a chegada de uma nova vizinha, a professora Beth. O filme aborda as dificuldades sociais e de comunicação do portador de Asperger ao enfrentar questões da vida adulta (como se relacionar no trabalho e demonstrar interesse amoroso), e também mostra como a falta de compreensão das pessoas típicas sobre a desordem pode aumentar ainda mais as dificuldades num relacionamento.

E não deixe de escrever nos comentários sobre os filmes e séries sobre TEA que você conhece e indica.

Fonte: Autismo e Realidade

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Salvando os dentes de pacientes com necessidades especiais

Acessibilidade continua sendo escassa quando se trata de odontologia


Catherine Saint Louis para o The New York Times

Jackie Molloy / NYTNS
Jackie Molloy / NYTNS

Cheryl Closs tem quatro filhos e mora em West Islip, Nova York. Ela queria salvar os dois dentes da frente de sua filha Bella. Eles estavam gravemente cariados e um dentista queria arrancá-los. Mas Closs não concordou.

Bella, que tem 15 anos e está no oitavo ano, tem necessidades especiais e usa uma cadeira de rodas.

"Eles logo querem arrancar os dentes de uma criança que tem necessidades especiais", disse Closs. Então, ela começou uma busca por um especialista em tratamento de canal. Bella não iria à escola durante um dia e seu marido as levaria a qualquer distrito para uma consulta odontológica. Mas levaram Bella a oito dentistas e especialistas em canal, pelo menos, e todos se recusaram a tratá-la. Alguns "nem sequer olharam para os dentes. Isso já aconteceu muitas vezes", disse Closs.

Bella gosta de tranças e de camisetas da Mulher Maravilha, sorri bastante, mas não fala muito e não gosta de ser tocada. Ela tem uma doença genética chamada fucosidose, que deteriora o funcionamento cerebral. Fazer um raio X ou uma limpeza de dentes pode ser um desafio, exigindo mais tempo ou mais gente para segurar sua cabeça ou seus braços.

E muitos dentistas não podem – ou não querem – tratar pacientes com deficiências. Alguns não têm como acomodar fisicamente uma cadeira de rodas, "ou não se sentem confortáveis tratando deles", disse a dra. Rita Bilello, diretora odontológica do Centro de Saúde Metro Community no Brooklyn, em Staten Island e no Bronx.


Normalmente, os odontopediatras aprendem a tratar pacientes com necessidades especiais, mas não os dentistas gerais. Isso significa que uma criança com autismo pode fazer check-ups regulares, mas não necessariamente depois de adulta.

Porém, em 2006, um novo padrão para programas odontológicos entrou em vigor. A Comissão de Acreditação Odontológica determinou que todos os alunos precisam ser capazes de avaliar competentemente as necessidades de tratamento de pacientes especiais. Mas, desde 2012, menos de três quartos das escolas de odontologia têm estudantes de pré-doutorado ativamente envolvidos em seu tratamento, de acordo com um estudo publicado em "Journal of Dental Education".

O acesso continua a ser um grande problema para pacientes com necessidades especiais. Mas o Centro de Saúde Bucal para Pessoas com Deficiências, da faculdade de odontologia da Universidade de Nova York (NYU), oferece uma nova opção para pacientes como Bella. É um dos raros locais que tratam de adultos e crianças com todo o espectro de deficiências – aqueles com atrasos no desenvolvimento, como o autismo e as inabilidades intelectuais, ou circunstâncias como a paralisia cerebral e a demência. Há duas salas de operação onde os pacientes que não conseguem ficar parados na cadeira podem ser sedados.

Além de ampliar o acesso dos pacientes, o centro da NYU tem como objetivo formar todos os seus alunos com as habilidades e a confiança imprescindíveis para cuidar de pacientes com necessidades especiais.

O dr. Ronald Kosinski, dentista pediátrico e diretor do novo centro, não mede as palavras. Os pacientes com deficiências não conseguem tratamento porque "as pessoas têm medo deles. Eles não são vistos como pessoas. Precisamos treinar os alunos de odontologia para que comecem a aceitá-los".

A NYU forma aproximadamente 10 por cento dos dentistas do país, portanto o novo centro poderá causar um grande impacto. "Você pode não perceber que é capaz de tratar um esquizofrênico em uma cadeira de rodas com paralisia cerebral até que tenha a oportunidade de tentar", disse Bilello.

A procura é grande. Cerca de 915 mil pessoas com alguma deficiência vivem na cidade de Nova York, de acordo com o Gabinete Municipal para Pessoas com Deficiência. Isso é potencialmente um monte de dentes não tratados.
"O acesso aos cuidados é um problema enorme", disse o dr. Alan N. Queen, encarregado de uma clínica odontológica para pessoas com necessidades especiais no Centro Médico New York-Presbyterian Queens. "O problema é que os pacientes com necessidades especiais são difíceis de tratar se comparados com o paciente médio, e, infelizmente, o seguro pode não pagar."

Queen, que também tem um consultório em Flushing, no Queens, disse que, para tratar um paciente com os tremores do Parkinson, por exemplo, ele precisa de um assistente para "segurar a cabeça, outro para segurar a língua, outro para a sucção, e eu fazendo o trabalho dentário". Consultórios odontológicos deveriam obter reembolso adicional para esses casos, disse ele.

Em outubro passado, a Associação Odontológica Americana atualizou seu código de ética para especificar que os pacientes com deficiências não devem ter o serviço odontológico negado. No mínimo, diz o código, os dentistas que não puderem tratar um paciente devem encaminhá-lo a outro profissional.

Foi assim que Bella teve sua chance. Recentemente, quando um funcionário de um consultório odontológico ligou para cancelar uma consulta no dia anterior por causa da cadeira de rodas de Bella, Closs começou a chorar: "Você me fez esperar seis meses." Um gerente do escritório pegou o telefone e encontrou uma solução.

Após alguns dias, Bella foi levada para a NYU, terminando sua epopeia.

Inúmeros deficientes nova-iorquinos evitam visitas ao dentista, uma vez que muitos consultórios não são acessíveis a cadeiras de rodas, uma violação da Lei dos Americanos com Deficiência. "O propósito da lei é garantir que as pessoas com deficiências tenham os mesmos direitos e oportunidades que todas os outras", disse Jonathan Novick, gerente do Gabinete Municipal para Pessoas com Deficiência. "Portanto, elas têm o mesmo direito à higiene dentária que todo mundo."

Mesmo quando conseguem entrar em um consultório odontológico, os pacientes em cadeiras de rodas enfrentam um obstáculo adicional: os assistentes muitas vezes têm de movê-los para a cadeira odontológica, ou mecanismos desajeitados podem ser usados. "Para um paciente confinado a uma cadeira de rodas, passar de uma para outra é uma fonte de ansiedade", disse o dr. Charles Bertolami, reitor da faculdade de odontologia da NYU.

O novo centro da NYU facilitou as coisas. Em uma visita recente, Bella teve sua cadeira travada em uma poltrona reclinável especial, e foi então inclinada para trás para que seus dentes fossem inspecionados. Há 24 dessas poltronas nos Estados Unidos, de acordo com John Walters, designer da Design Specific, a empresa que as produz. No primeiro mês do centro, cerca de metade dos pacientes as usou, disse o dr. Robert Glickman, cirurgião oral.

Em meados de abril, os dentistas da NYU determinaram que Bella poderia fazer o tratamento de canal para reparar seus dois dentes. Uma semana depois, seu sorriso havia sido corrigido.

"A maneira como a fizeram se sentir foi algo importante para nós", disse Closs. Joe Dockery, pai de Bella, acrescentou: "Eles a tratam como a uma filha."

Bella mostrou seu agradecimento a seu modo: após sua primeira visita, ela abraçou o dentista.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Projeto Sorriso Especial - Enzo

Hoje recebemos a visita do Enzo Gabriel e sua mãe, Ana Carolina.

Enzo e sua mãe

Campanha busca a inclusão de crianças com deficiência
Recebendo o diagnóstico de deficiência do filho

O Enzo tem 7 anos e possui paralisia cerebral. Ele foi atendido pela dentista voluntária Isadora Schaider. A profissional realizou uma limpeza completa no paciente.



Drª Isadora e Enzo

Gostaria de ajudar no tratamento do Enzo e das dezenas de crianças e adolescentes com deficiência da comunidade da Maré? Saiba como ajudar aqui.

Conheça o Projeto Sorriso Especial aqui.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Como preparar crianças com autismo para ler e escrever?

Luciana Brites, Psicomotricista, para o neurosaber.com.br

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Nada mais essencial na vida de uma pessoa do que o domínio da leitura e da escrita. É inegável a importância que essas habilidades exercem no dia a dia, não só na questão pedagógica e profissional, mas até mesmo pela autoestima, algo tão necessário para todo ser humano. O foco deste artigo será um público específico: as crianças com autismo.

O ensino de leitura e escrita para esse público é de extrema necessidade como um passo para a autonomia os pequenos e adolescentes. Vale lembrar que quanto antes a criança for estimulada, mais fácil pode ser sua aprendizagem.

Não são poucas as dúvidas que permeiam a vida dos pais em relação ao aprendizado da leitura e da escrita. Sendo assim, vamos mostrar a vocês as principais informações que temos a respeito do tema.

Metodologia fônica: técnica que mostra eficiência

Tal método consiste em enfocar não só o nome das letras, mas o som delas também. Isso significa que as crianças com autismo, ao serem alfabetizadas, trabalham a sonorização das letras. Essa metodologia considera o fato de o som é assimilado de forma mais satisfatória no cérebro.

Como é o funcionamento da metodologia fônica?

As crianças com autismo precisam de um acompanhamento que seja efetivo no ensinamento da leitura e da escrita. Sendo assim, a metodologia fônica tem um papel fundamental no desenvolvimento de tais certas habilidades.

A técnica funciona da seguinte maneira: quando o professor vai apresentar o som das letras, peguemos como exemplo as vogais, o nome da letra já é o som que ela emite (a, e, i, o, u).

No caso das consoantes, precisamos fazer um pouco diferente e trabalhar não só o nome da letra, mas o som que ela faz. Por exemplo:

– Letra F

– Qual o som que ela faz? Mordemos levemente o lábio inferior e soltamos o ar entre os dentes (ffff…)

– Letra M

– Qual o som que ela faz? Juntamos o lábio superior e inferior, então soltamos a voz com a boca fechada (mmmm….)

Quais são as formas de estimular a alfabetização?

– Utilizando o visual

Os educadores podem trabalhar a necessidade visual do estudante usando uma série de imagens enquanto eles ensinam o conteúdo. Tudo isso sem abrir mão de conduzir discussões e explicações.

Por exemplo, quando os alunos estão estudando sobre um filme, o professor pode fornecer às crianças com autismo (e talvez a toda a classe) uma linha de tempo dos eventos na história do filme. Essa tática ajuda não só no estabelecimento de um raciocínio, mas da comunicação oral também.

– Unindo as letras e formando palavras

Quando os educadores trabalham o som da letra, a criança com autismo passa a ter a percepção de unir as letras e formar as sílabas. Importante ressaltar que o processo de alfabetização se torna mais simples e mais adequado. Além disso, alfabetizá-las passa também a ser algo mais efetivo para essas crianças, contribuindo para o aprendizado da leitura e da escrita.

A importância de uma equipe voltada para o desenvolvimento

A questão da leitura e escrita direcionada para crianças com autismo é algo que depende de muito preparo por parte dos profissionais. O acompanhamento feito por uma equipe multidisciplinar é necessário.

Profissionais como analistas comportamentais, psicopedagogos, fonoaudiólogos e neuropediatras são imprescindíveis; principalmente por envolver uma área tão sensível como a comunicação e a linguagem dos pequenos.