quarta-feira, 31 de março de 2021

Crianças com autismo na quarentena: como ajudá-los?

maristalab.com.br

Muito se fala sobre a importância de manter uma rotina com as crianças, mesmo estando em casa por conta do isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus (Covid-19). Fato é que estabelecer horários para as refeições, estudos, dormir e acordar, e até mesmo para momentos de lazer é essencial para todas as pessoas, independentemente da idade. Quando falamos em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a relevância de construir uma rotina equilibrada é tão importante quanto para qualquer outra criança.

“Encontrar uma rotina contribui para manter o sentido de ordem, de propósito de vida. Afinal, esse momento de incerteza é desafiador para todos. No caso específico de crianças com TEA, pode ser difícil para eles compreenderem o que está acontecendo”, explica a psicóloga clínica Carol Sella, pós-doutora em psicologia comportamental para transtorno do espectro autista, Board Certified Behavior Analyst (BCBA-D).

Afinal, se trata de um momento em que tudo mudou: de repente, os filhos não vão mais para escola e nem para terapia – mesmo quem recebia tratamentos em casa, em muitos casos está com o atendimento interrompido. Por isso, uma das primeiras preocupações é criar uma rotina, que deve respeitar as especificidades de cada criança, que é única.

Carol lembra que é interessante avaliar, por exemplo, qual a probabilidade de a criança ter algum comportamento que talvez coloque ela ou outra pessoa em risco. Os pais também precisam estar atentos ao fato de o filho correr o risco de perder aquilo que já foi estudado.

 “Muitas crianças quando retornam das férias, por exemplo, perdem muito do que já aprenderam e foram estimuladas ao longo do semestre”, observa.

Planejar o dia-a-dia

Mesmo sendo desafiador organizar uma rotina em casa, já que muitas mães e pais também estão fazendo trabalho remoto, é essencial planejar o cotidiano. Este planejamento deve incluir atividades físicas, além de tempo determinado para assistir TV, descansar e ler. No caso de crianças com Transtorno do Espectro Autista, Carol lembra que também é importante ser flexível e avaliar o momento do filho, com todas as suas variáveis.

“A previsibilidade é importante para as pessoas de forma geral, e no caso de quem tem TEA não é diferente”, sublinha a psicóloga.

Ou seja, as crianças se sentem mais seguras quando sabem o que vai acontecer durante o dia e, com isso, tendem a ficar mais tranquilas diante da rotina diferente que está sendo imposta pelo isolamento.

Como os pais podem acompanhar as atividades domiciliares dos filhos? A recomendação é estar sempre junto, acompanhando o estudo do conteúdo proposto pela escola, especialmente no caso daquelas crianças que apresentam dificuldades de concentração. Além de estarem presentes nesses momentos, é essencial reservar tempo para brincar com as crianças e participar de momentos de lazer.

Brincadeiras são essenciais

Atividades e brincadeiras não devem faltar na rotina, e devem estar alinhadas com o objetivo que se procura para cada um.

“Crianças em momentos diferentes da terapia pedem jogos e brincadeiras variados. Algumas participam de jogos sociais na internet, outras envolvem os irmãos nas brincadeiras feitas em casa”, explica Carol.

Um exemplo de atividade física muito benéfica para gastar energia é a peteca.

“Dependendo da fase em que a criança estiver no processo terapêutico é muito legal porque ela terá que trabalhar a coordenação motora e a força”. Quanto mais os pais puderem participar, melhor os ganhos afetivos e emocionais”, ressalta Carol.

Mesmo com as dificuldades impostas pelo isolamento social, o fato de os pais estarem mais tempo em casa pode ser benéfica para as crianças. É a chance de ter mais presença com o filho, inclusive em atividades menos estruturadas.

Sites com ideias de como gastar energia com atividades para fazer em casa:

sexta-feira, 26 de março de 2021

Cresce número de pessoas com Síndrome de Down na rede de ensino

 

Toda criança tem direito inalienável à educação, segundo a Constituição Brasileira. Porém, na prática, o desafio de levar conhecimento a todos encontra barreiras na inclusão de pessoas com Síndrome de Down. No Brasil, dentre as mais de 270 mil pessoas com essa síndrome, cerca de 74 alcançaram êxito e concluíram uma graduação, conforme o Movimento Down.

Desde 1998, houve crescimento significativo de alunos com Síndrome de Down matriculados na rede regular de ensino, de 200 mil à época, o número saltou para mais de 1,18 milhão, de acordo com último censo do Ministério da Educação (MEC).

No ensino superior, a presença de pessoas com Síndrome de Down ainda é escassa, menos de 100 conseguiram concluir uma graduação. Neste caso, as preferências dos cursos escolhidos por pessoas com Síndrome de Down, segundo o Movimento Down, são: Educação físicaPedagogiaDesignModa e ArtesGastronomia.

Em 2019, o Conselho Regional de Relações Públicas de Minas Gerais atestou a primeira profissional do segmento com Síndrome de Down. A mineira Luísa Camargos, na época com 25 anos, virou exemplo de superação. Dona de um entusiasmo e força de vontade notáveis, Luísa está determinada a incentivar outras pessoas com deficiências a lutar pelos seus sonhos. Para isso, ela usa o seu perfil no Instagram @lusrcamargos como espaço de motivação. Atualmente, ela trabalha como relações-públicas na Agência de Iniciativas Cidadãs.

Educação inclusiva

O Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado em 2014 lista 20 metas a serem alcançadas em 10 anos. Dentre elas, a meta de inclusão na rede regular de educação é a meta número 4.

“Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados”, diz meta 4 do Plano Nacional de Educação.

Além do PNE, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) também assegura que pessoas com síndromes tenham garantido o direito à educação. Confira, a seguir, alguns artigos da LBI sobre a inclusão educacional:

Art. 27: “A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.”

Art. 28-IV: “Nas escolas inclusivas é indispensável que o conteúdo e as aulas sejam oferecidos em Libras, como primeira língua, e em português, na modalidade escrita, para os alunos surdos. O mesmo vale para as escolas e classes bilíngues e para os materiais de aula.”

Art. 28-V: “A adoção de medidas individuais e coletivas que proporcionem o desenvolvimento acadêmico e a socialização dos alunos com deficiência. Isso facilita a integração e, consequentemente, o aprendizado.”

(Art. 28-XII): “Além da oferta de aulas e materiais inclusivos (em Libras e Braile), as práticas pedagógicas também precisam ser incorporadas e preferidas pela instituição que possuir alunos com deficiência.”

21 de março: Dia Internacional da Síndrome de Down

A Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down estima que, no Brasil, em um a cada 700 nascimentos ocorre o caso de trissomia 21, que totaliza, aproximadamente, 270 mil casos no país.

Conforme a entidade, essa síndrome não é uma doença. Trata-se de uma condição genética gerada pela presença de uma terceira cópia do cromossomo 21 em todas as células do organismo (trissomia).

Fonte: Agência Educa Mais Brasil

quarta-feira, 24 de março de 2021

'Criança autista não é só um diagnóstico, ela precisa de cuidados', diz psiquiatra infantil

 Maria Amélia Ávila para o hojeemdia.com.br

 
 
Receber um diagnóstico de qualquer deficiência, principalmente em relação aos filhos, não é nada fácil. Uma síndrome que ainda assusta muito pais é o autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA). A psiquiatra infantil, Jaqueline Bifano, conta que muitos pais e mães choram ao receber o diagnóstico de que o filho tem autismo, mas o alerta que ela faz para os pais é que “seu filho não é um diagnóstico, ele é uma criança que precisa de cuidados”.

E são muitos os cuidados para melhorar a qualidade de vida de uma criança autista. O tratamento é multidisciplinar, com psiquiatra, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta assistencial, e o que é melhor, todas essas terapias podem ser feitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Mas o diagnóstico só pode ser feito por um neuropediatra ou um psiquiatra infantil, são esses dois profissionais que vão avaliar a criança e identificar os sintomas que, normalmente, são refletidos em problemas na comunicação, na socialização e nos comportamentos repetitivos.

A psiquiatra infantil lembra que o dia 2 de abril é o Dia Mundial De Conscientização do Autismo, data para chamar a atenção da sociedade para uma questão que atinge, pelo menos, 2 milhões de pessoas no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Acompanhe a entrevista na íntegra.

sexta-feira, 19 de março de 2021

Um outro universo

Livro de Lulu Lima convida o leitor para um mergulho sensível no universo do autismo


 
 
A obra Menino Baleia (Mil Caramiolas, 70 pp, R$ 52,90 – Ilustração: Natália Gregorini), de Lulu Lima com coedição de Carolina Moreyra, convida o leitor para um mergulho delicado e sensível no universo do autismo.
 
menino Roger, personagem principal, tem “olhos de baleia” porque dentro dele mora uma. Por trazer, em si, o silêncio e a profundidade do oceano, Roger é uma criança diferente das outras, no comportamento e nas necessidades. O leitor é convidado a conhecer o mundo interior do personagem e no decorrer da leitura encontra outras perspectivas relevantes.
 
O livro põe luz, por exemplo, na reação dos pais diante das características da criança, suas angústias e dúvidas tão particulares. E ainda, por ser contextualizado no interior de uma escola, termina por levantar questões como a importância da educação inclusiva, o papel do educador e o valor do convívio com outras crianças.

quarta-feira, 17 de março de 2021

Mães de crianças com deficiência podem ganhar ESTE benefício no mercado de trabalho

 Bartira Araújo para o fdr.com.br

De acordo com a PL 4/2021, mães de crianças com deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave poderão ter cotas de vagas nos concursos públicos. A ideia é que essas mulheres possam concorrer às vagas relativas às cotas para pessoas com deficiência. Vale lembrar que também vale para quem tiver a guarda ou tutela da criança.

Qual a razão da proposta de cotas?

Essa PL altera o regime jurídico dos servidores públicos da União (Lei 8.112, de 1990) e é idealizada pela ex-senadora Nailde Panta (PP-PB). Segundo ela, o intuito é ajudar essas mães que precisam se dedicar aos cuidados especiais dos filhos.

“O projeto vai ao encontro da necessidade de muitas mães que, ao terem que dedicar-se quase que exclusivamente aos cuidados de pessoas que possuem deficiência grave, acabam por ter que abdicar do tempo necessário ao estudo e à preparação necessária para aprovação em um concurso público”, afirmou.

Além disso, Nailde informou que essas mães têm dificuldades de conseguir uma realização profissional. Afinal de contas, precisam utilizar o tempo para dedicar aos filhos e aos tratamentos.

“Procuramos minimizar os impactos vivenciados por essas mães, permitindo que elas possam concorrer a vagas dentro da cota destinada a pessoas com deficiência [PCD], na medida que, em sua eventual aprovação, certamente a PCD será a maior beneficiada com os recursos advindos da nova fonte de recursos'”, acrescenta a ex-senadora.

Horário diferenciado

Vale ressaltar que existe uma lei (13.370), imposta em 2016, que permite ao servidor público federal que tenha filhos com deficiência horário um especial no trabalho. Nesse caso, é possível ter horário diferente de entrada/saída e não há obrigatoriedade de compensação.

Lei de cotas para portadores com Síndrome de Down é questionada

A Lei estadual 11.034/2019, que fixa cotas para pessoas com Síndrome de Down tem sido questionada. O governador Mauro Mendes (DEM), do estado de Mato Grosso, ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 6634), junto ao Supremo Tribunal Federal.

A oposição do governador é com relação ao fato da obrigação de ter uma equipe multiprofissional para avaliar estes candidatos.

sexta-feira, 12 de março de 2021

Instituto Braille ajuda a desenvolver brinquedos para crianças cegas

Proposta é que a criança com deficiência visual tenha contato com o sistema Braille desde o começo da vida


 

Produção dos brinquedos contou com a participação de funcionários do instituto jundiaiense (Foto: Divulgação/Luiz Braille)

O Instituto Jundiaiense Luiz Braille de Assistência ao Deficiente da Visão foi responsável por ajuda na produção inédita de brinquedos para crianças cegas. A pedagoga Keite Coutinho e o psicólogo Gilson Modesto, funcionários da entidade, ajudaram nos detalhes de produtos com partes em relevo e linguagem em Braille criados pela fábrica Cardoso Toys.

“A equipe de desenvolvimento da empresa nos procurou e ajudamos em cada detalhe dos brinquedos”, contou Keite. Segundo ela, as peças adaptadas contam com alfabeto e número em Braille, além de formas geométricas e diferentes recursos pedagógicos.

“A proposta é que a criança com deficiência visual tenha contato com o sistema Braille desde o começo da vida, auxiliando na aprendizagem, coordenação motora e reconhecimento de números, além de estimular a imaginação e o universo lúdico”, afirmou a profissional.

A Cardoso Toys é a primeira fábrica brasileira de brinquedos de plástico a lançar produtos com Braille. A coleção, que se chama Baby Land, conta com diversos tipos de brinquedos, como caminhões, mesa de atividades e baldinhos, entre outros. “A ajuda da Keite e do Gilson foi essencial para que a empresa concretizasse o projeto conforme havia idealizado, ou seja, o de produzir brinquedos que realmente contribuam para o desenvolvimento das crianças com deficiência”, declarou a fábrica, em nota.


Keite e Gilson, com os brinquedos doados (Foto: Divulgação/Braille)

Como forma de agradecimento, a Reabilitação recebeu doações dos brinquedos – que serão utilizados nas terapias com os assistidos. “É emocionante ver o brinquedo aqui, em nossas mãos, após ter participado de todo este processo. Ganham a inclusão e as crianças com deficiência visual, pois o brincar é essencial para o desenvolvimento infantil”, avalia Modesto.

Atendimento

Referência em reabilitação de pessoas com deficiência visual, o Instituto Jundiaiense Luiz Braille de Assistência ao Deficiente da Visão atende uma média de cem pessoas com deficiência visual que buscam a inclusão ou a readaptação à sociedade.

Para isso, conta com uma equipe composta por pedagogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, assistente social e professor de orientação e mobilidade. “É uma honra fazer parte da equipe da Reabilitação do Instituto Jundiaiense Luiz Braille, que abre as portas para projetos incríveis como este”, comemora Keite.

O Braille também atua na área de Oftalmologia, com consultas, exames e cirurgias realizados via SUS, por intermédio da Prefeitura de Jundiaí.

quarta-feira, 10 de março de 2021

Inclusão social e os seus grandes desafios

Será que a sociedade está pronta para esse tipo de conversa?

jornalosemanario.com.br

São Paulo – SP,01/03/2021 – Pensar em inclusão social em pleno século 21 e saber que ainda existem barreiras, leva a pensar na evolução humana. Uma vez que ao pensar no avanço da ciência, da tecnologia, crê-se também no avanço da humanidade, conforme consta no portal do MEC (Ministério da Educação) os direitos da criança que necessita ser incluída ao meio.

A inclusão social e escolar de pessoas com necessidades especiais é um fenômeno recente e consiste em uma resposta do sistema educacional brasileiro à histórica segregação dessas pessoas e que se configurava em um mecanismo de cerceamento do pleno desenvolvimento delas, até o início dos anos 2000, existiam no Brasil dois tipos de serviços escolares: a Escola Regular e a Escola Especial. Os Alunos com Deficiência (AcD) frequentavam a última, ao passo que os outros alunos eram matriculados na escola regular; a Educação Inclusiva (EI) abrange a educação especial dentro da escola regular e a transforma em um espaço que pode ser ocupado por todos, incluindo e favorecendo a diversidade, tendo em vista que a educação é um direito de todos os brasileiros e deve ser encarada como um meio ou instrumento para o desenvolvimento pessoal e para o fortalecimento da personalidade. Nesse sentido, o respeito aos direitos e liberdades humanas deve ser considerado como o primeiro passo para o estabelecimento da cidadania.

Além de aprender a adaptar o planejamento e os procedimentos de ensino, é preciso que os educadores olhem para as competências dos alunos, e não apenas para suas limitações. A educação especial como modalidade de ensino ainda está se difundindo no contexto escolar. Para que se torne efetiva, precisarão dispor de redes de apoio que complementem o trabalho do professor. Atualmente, as redes de apoio existentes são compostas pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE) e pelos profissionais da educação especial (intérprete, professor de Braille, etc.) da saúde e da família.

Segundo a especialista, o Brasil ainda tem uma grande jornada de conscientização, um dado interessante que percebeu durante os trabalhos realizados que envolviam o aprimoramento de profissionais da Educação no setor de inclusão social é que muitas vezes a própria família impõe limites e excesso de proteção à criança, antecipando ao que poderia acontecer, assim, a criança fica limitada a romper limites e consequentemente, conseguir avançar na sua jornada de desenvolvimento, por isso destaca-se a importância organizacional e estatal de termos profissionais capacitados e preparados para implementar a “inclusão” de forma natural.

Jane Garcia, como pedagoga renomada no âmbito escolar para capacitação de profissionais da área de educação especial, afirma que existem de fato necessidades que interferem ou dificultam significativamente o processo de aprendizagem e que exigem uma atitude resolutiva e específica da escola, como o uso de recursos educacionais e apoio especializado com vistas a alcançar a aprendizagem satisfatória, destaca a especialista que ainda existem muitas barreiras quando se fala de inclusão social, e que um dos principais desafios é que educadores frequentemente não recebem uma formação adequada referente ao processo de inclusão para melhor atuarem na escola.

Jane Garcia, lidera o caminho ao guiar educadores a intervir nas atividades as quais o aluno ainda não tenha autonomia para desenvolver sozinho, ajudando o estudante a se sentir capaz de realiza-las, usando dessa dinâmica para que o professor e mesmo os pais possam selecionar procedimentos de ensino e de apoio para compartilhar, confrontar e resolver conflitos cognitivos, nos afirma Jane, quando os procedimentos de ensino privilegiam a construção coletiva e são organizados com base nas necessidades de cada aluno.

O MEC disponibiliza cartilhas, materiais para promover um trabalho de inclusão junto as entidades e familiares, mas segundo relatou a especialista, falta um trabalho de humanização, de conscientização, um desafio que, segundo ela, é muito grande ainda. A inclusão deveria acontecer naturalmente, deveria ser algo comum, sem haver necessidade, muitas vezes, da família precisar recorrer à justiça para conseguir algo que já é seu por direito, conforme notícia publicada em 21 de setembro de 2020 no portal Tocantins.

No Brasil existem leis que asseguram as pessoas com necessidades especiais e que muitas vezes a família não tem acesso, desconhecem os seus direitos. Para Jane Garcia, os desafios são grandes, mas não podem ser esquecidos e defende ainda que, as famílias devem lutar pelos seus direitos, que a criança deve ter acesso a escola e se socializar, poder se desenvolver como toda criança, ela ainda destaca que o trabalho precisa ser realizado com toda a família, que por sua vez, não sabe como conduzir o trabalho em casa com uma criança especial, que requer cuidados, que a escola precisa prestar esse atendimento, esse acolhimento.

Afinal, sabe-se que 23% da população geral tem deficiência e estima-se que, ao menos, 9,5% das crianças brasileiras (até 14 anos de idade) têm uma deficiência diagnosticada, segundo pesquisa do IBGE, de 2010, as quais precisam de serviços de educação especial na escola. É fundamental que as crianças com deficiência ou outras necessidades especiais, e suas famílias, estejam incluídas em programas de cuidados infantis de qualidade, esses são os ambientes naturais de seus pares que estão normalmente em desenvolvimento. Todos se beneficiam de programas de cuidados infantis de qualidade que oferecem cuidados inclusivos.

“A inclusão social precisa ser trabalhada com toda a família, não adianta apenas acolher a criança e não realizar um trabalho em conjunto com todas as pessoas que estão inseridas no meio em que a criança convive, só assim poderá garantir que essa criança venha ser inserida na sociedade com dignidade, precisa preparar a família, uma vez que o período que essa criança fica na escola é curto e a maior parte do seu tempo será fora da escola”, conclui Jane.

sexta-feira, 5 de março de 2021

Pandemia e transtornos psiquiátricos em crianças

Não são só os adultos que apresentam transtornos psiquiátricos. As crianças também podem ter transtornos psiquiátricos, depressão, TOC, pânico ou fobia. Vale lembrar que a pandemia pode ajudar a desencadear algum transtorno psiquiátrico infantil. Então, é importante que pais, avós, cuidadores e professores redobrem a atenção. Diante de alterações sérias de comportamento, leve a criança ao médico.

O médico precisa estar informado e conhecer muitos aspectos dos transtornos nos pequenos, pois o diagnóstico é clínico. O que deve chamar atenção é se o comportamento traz algum tipo de prejuízo seja social, biológico e/ou afetivo na vida dessa criança. É necessário também prestar atenção se acontece em vários locais como, por exemplo, na escola, em casa ou com os amiguinhos. Verifique e anote se ocorre por um período maior de seis meses e sempre comente com o médico.

Os pais têm de procurar profissionais habilitados para que o filho seja bem assistido. O psiquiatra infantil e o neurologista infantil estão capacitados para auxiliar no tratamento. É necessário ainda uma equipe multidisciplinar composta por psicopedagogos, fonoaudiólogos e psicólogos, dependendo do nível das áreas prejudicadas.

Vale ressaltar que não é só a medicação que resolve. É fundamental que haja uma união entre profissionais da saúde, pais e a escola. O ambiente escolar também deve estar envolvido, pois é o local em que os pequenos ficam mais tempo no decorrer da vida. Assim, o tratamento trará melhores resultados e a criança vai conseguir recuperar a sua qualidade de vida.

Luciana Brites é CEO do Instituto NeuroSaber(www.neurosaber.com.br), autora de livros sobre educação e transtornos de aprendizagem, palestrante, especialista em Educação Especial na área de Deficiência Mental e Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UniFil Londrina e em Psicomotricidade pelo Instituto Superior de Educação ISPE-GAE São Paulo, além de ser Mestranda em Distúrbios do Desenvolvimento pelo Mackenzie

quarta-feira, 3 de março de 2021

Por que seu filho deve conviver com crianças com deficiência na escola

 Danielle H. Admoni | ecodebate.com.br

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas tem algum tipo de deficiência no mundo e, uma em cada dez, é criança. No Brasil, 45,6 milhões de pessoas são portadoras de deficiência. Destas, 7,5% são crianças de até 14 anos de idade, segundo o último censo do IBGE, de 2010, ou seja, cerca de 3,5 milhões de crianças.

Em primeiro lugar, vamos entender quem são essas crianças com necessidades especiais. São aquelas que, por alguma diferença no seu desenvolvimento, requerem certas modificações ou adaptações no programa educacional, visando torná-las autônomas, capazes e mais independentes, para que possam atingir todo seu potencial. Podem elas ser de condições visuais, auditivas, intelectuais (mentais), físicas e ter duas ou mais destas deficiências, como visual e intelectual ao mesmo tempo.

O que vocês, pais e mães, precisam saber

Entre 2014 a 2018, o número de matrículas de estudantes com necessidades especiais cresceu 33,2% em todo o país, segundo dados do Censo Escolar divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No mesmo período, também aumentou de 87,1% para 92,1% o percentual daqueles que estão incluídos em classes comuns.

Em 2014, eram 886.815 os alunos com deficiência, altas habilidades e transtornos globais do desenvolvimento matriculados nas escolas brasileiras. Esse número tem aumentado ano a ano. Entre 2017 e 2018, houve aumento de aproximadamente 10,8% nas matrículas. Em 2018, chegou a cerca de 1,2 milhão.

Por lei, pelo Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil deve incluir todos os estudantes de 4 a 17 anos na escola. Os estudantes com necessidades especiais devem ser matriculados preferencialmente em classes comuns. Para isso, o Brasil deve garantir todo o sistema educacional inclusivo, salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.

O assunto, já abordado exaustivamente, diz respeito à inclusão social de crianças com deficiências físicas e intelectuais. A proposta educacional é oferecer educação de qualidade para todos, sem discriminação, incentivando os alunos com deficiência a frequentarem as mesmas escolas que as demais crianças. Trata-se de um movimento mundial, uma importante transformação, resultando na valorização da diversidade.

Qual o benefício da integração com crianças com deficiência

Naturalmente, como em toda mudança, partem dúvidas dos pais: será positiva a convivência do meu filho entre crianças com diferenças? É benéfico? Nas escolas que recebem crianças com deficiência, elas são estimuladas pelos outros alunos, alcançam progressos muito superiores aos que teriam em escolas especializadas, onde estariam “protegidas” deste contato e, portanto, segregadas.

Ao participarem das atividades regulares, as crianças deficientes desempenham maior quantidade de tarefas do que antes e aprendem mais com o amigo que tem uma habilidade maior. Em contrapartida, as crianças ditas “normais” fortalecem características que talvez não adotassem se não tivessem essa experiência.

A convivência entre alunos com deficiência desenvolve significativamente a tolerância e a solidariedade, além de aumentar a qualidade nos relacionamentos e diminuir a tendência de comportamentos agressivos.

A visão de pais e professores

Os educadores, diante de uma turma ainda mais heterogênea, aprendem a lidar com as diferenças dos alunos, enxergando cada um como um ser individual, com suas próprias particularidades e dificuldades. Consequentemente, a avaliação feita pelo professor se torna mais personalizada, humanizada.

Os pais também aprendem, pois se envolvem em uma realidade totalmente desconhecida até então, embora alguns ainda tenham receio de que um aluno com necessidades especiais possa gerar queda no rendimento de todo o grupo. Entretanto, o preparo da escola inclui lidar com o fato de que as crianças com deficiência possam não alcançar a mesma produção dos demais, o que não interfere no cronograma e tampouco prejudica o restante da classe.

A proposta da inclusão é que as crianças se beneficiem com este convívio. Afinal, todas têm algo a aprender e ensinar, independentemente do nível intelectual e social.

Com esta experiência, as crianças ditas “normais” tendem a crescer sem preconceitos e com uma noção mais ampla sobre a realidade da vida. Dar às crianças essa oportunidade é oferecer ao mundo futuros cidadãos que saberão o real significado de respeito, empatia, responsabilidade e compreensão sobre ser diferente.

Dra. Danielle H. Admoni, psiquiatra da Infância e Adolescência na Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria)