sexta-feira, 26 de junho de 2020

Aplicativo de realidade aumentada ajuda na alfabetização de crianças com deficiência

App é gratuito e apoia o tratamento da apraxia de fala. Ferramenta é aliada nas atividades de educação durante a pandemia de covid-19 e as medidas de isolamento social por causa do coronavírus


Luiz Alexandre Souza Ventura para o Estadão


A apraxia de fala na infância é um distúrbio neurológico que atinge a produção de sons e reduz a capacidade da criança de pronunciar, de maneira clara e correta, as sílabas e palavras. É uma condição que limita a comunicação e a compreensão de forma significativa.

Pensando nas dificuldades para manter as atividades e os tratamentos dessa limitação – comum em crianças com síndrome de Down e Transtorno do Espectro Autista (TEA) – durante a pandemia de covid-19 e as medidas de isolamento social por causa do coronavírus, a Educ360°, empresa de tecnologia para a aprendizagem, lançou neste mês o aplicativo gratuito ‘Alfabetização na Apraxia de Fala Infantil’ (iOS e Android).

“Crianças com autismo ou síndrome de Down costumam ter dificuldade de concentração, mas adoram tecnologia”, diz Fábio Educ, diretor da Educ360°. “O objetivo é que o aplicativo apoie familiares e cuidadores de alunos durante o tempo de reclusão solidária”, ressalta.

O projeto é fruto de uma parceira com a Apae de Cotia, na Grande SP, e o Multigestos, método que auxilia no tratamento da apraxia de fala infantil, criado pelas fonoaudiólogas Cinthia Coimbra de Azevedo e Leticia Maria de Paula Silva.

No primeiro mês de uso do aplicativo, que oferecee conteúdos fonoaudiológicos, o dia a dia foi acompanhado pelos desenvolvedores, que receberam avaliações das famílias atendidas pela Apae de Cotia. Com base nessas análises, um game final foi elaborado.

Agora, as informações e respostas das mães e pais de todas as crianças que usarem o app serão constantemente reunidas em atualizações.

Realidade Aumentada – O app foi desenvolvido com apoio tecnológico da Foursys e usa a realidade aumentada, uma integração entre elementos ou informações virtuais e o que é visto no mundo real, pela câmera do smartphone ou tablet.

Essa união é possível com sensores de movimento (giroscópio e acelerômetro), presentes nos aparelhos.

Os desenvolvedores explicam que o aplicativo ‘Alfabetização na Apraxia de Fala Infantil’ só funciona em dispositivos que aceitam a realidade aumentada. No Brasil, dos 5.500 modelos disponíveis, 4.500 suportam essa tecnologia. Confira a lista abaixo.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Alunos com deficiência recebem material e acompanhamento para atividades em casa

Teresina, Piauí | pmt.pi.gov.br


Mais de 90 mil alunos da Rede Municipal de Teresina estão realizando suas atividades pedagógicas em casa, desde a suspensão das aulas presenciais como medida de proteção contra o coronavírus. Nesse novo contexto de aulas não presenciais, a Prefeitura de Teresina encontrou uma forma de continuar apoiando os alunos com deficiência no desenvolvimento de suas habilidades.

A Divisão de Educação Inclusiva da Secretaria Municipal de Educação (Semec) e as unidades de ensino enviaram para casa dos alunos especiais kits escolares com material concreto para que sejam executadas as atividades sugeridas. Esse é o mesmo tipo de material utilizado por eles nas escolas, sendo uma importante ferramenta de aprendizagem.

A turma também participa das atividades online, responde as tarefas impressas e assiste as aulas transmitidas pela TV. A ideia é oferecer a maior quantidade de plataformas para acesso aos conteúdos e garantir um ritmo de aprendizagem. A educação inclusiva oferece, ainda, o acompanhamento dos professores de AEE (Atendimento Educacional Especializado), que orientam as famílias no uso do material dourado, jogos e outros elementos que foram enviados nos kits.

Segundo Samara Moura, chefe da Divisão de Educação Inclusiva, cada criança recebeu um material adaptado para sua condição, mas os pais também estão recebendo dicas de tarefas para realizar com material que têm em casa.

“Mantemos nas escolas da Prefeitura um planejamento para o desenvolvimento cognitivo desses alunos, e mesmo em meio às dificuldades causadas pela pandemia, tentamos levar para eles exercícios complementares ao regime de atividades não presenciais, de acordo com suas individualidades. Passamos dicas de tarefas que podem ser feitas com o que tem em casa, como garrafas, folhas, carvão, cerâmica e etc, tudo com intencionalidades ligadas às habilidades. Os pais e professores são nossos grandes aliados”, disse Samara.

A professora Leila Santos acompanha 18 alunos da Rede Municipal, todos com autismo. Ela conta que têm sido um grande desafio, mas o retorno é positivo. “Tenho contato online com as famílias e com as crianças, orientando sobre como organizar a rotina e conciliar as atividades pedagógicas com as terapias. Tivemos mesmo que nos reinventar para utilizar a tecnologia a nosso favor, e eles se dão muito bem, recebo depoimentos emocionantes dos pais”, afirma a professora.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Máscara é opcional para quem tem transtorno psicossocial

Entram no grupo cidadãos com depressão, fobias, esquizofrenia e aqueles com síndrome de Down e autismo. Mas governo alerta esse público: fique em casa e evite sair às ruas


Renata Moura para agenciabrasilia.df.gov.br | Edição Renato Ferraz

Família usando máscara protetora cirúrgica para prevenir o vírus ...

Em decreto publicado em edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), no dia 26 de maio, o Governo do Distrito Federal excluiu a exigência do uso de máscaras a dois públicos distintos: as pessoas com transtornos psicossociais e aquelas com deficiência mental. Entram no grupo os cidadãos diagnosticados por médicos especialistas com doenças como depressão, fobias, esquizofrenia e ainda aqueles com síndrome de Down, autismo ou algum tipo de grau de retardo.

O texto destaca ainda que, durante a abordagem de fiscais, outras pessoas que não consigam usar a máscara por questões de saúde poderão comprovar a necessidade por meio de laudo médico. “Demais pessoas cuja necessidade seja reconhecida devem atestar a  impossibilidade do uso da máscara por meio do serviço de saúde”, determina o decreto, ao apresentar os casos que se aplicam à exceção do regramento que estabeleceu a obrigatoriedade do uso dos protetores respiratórios. 

Apesar de facultar o uso das máscaras, o decreto alerta para o risco de infecção pela Covid-19 e orienta que esses grupos de pessoas permaneçam em suas casas. “Fica recomendado às pessoas referidas, seus familiares e acompanhantes, permanecerem em suas residências em razão da maior exposição ao risco de contaminação, evitando saídas que não sejam de extrema necessidade, a exemplo de tratamento de saúde e educacional”, diz o documento.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Pandemia é desafio extra para deficientes

Aline Melo para o Diário do Grande ABC | dgabc.com.br

André Henriques/DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra

As alterações promovidas no cotidiano por causa da pandemia de Covid-19 são diversas e têm diferentes alcances. Para pessoas com deficiência, medidas aparentemente simples podem significar novas dificuldades em suas vidas já marcadas pela ausência de uma inclusão efetiva. Máscaras são obstáculos para a comunicação de surdos; a determinação de evitar contato físico dificulta ainda a vida de cegos e as mudanças de rotina afetam de diferentes maneiras crianças, adolescentes e adultos que têm TEA (Transtornos do Espectro Autista).

A auxiliar de biblioteca, Marcia de Oliveira Freitas Ramalho de Sousa, 47 anos, moradora de Santo André, é deficiente visual e tem encontrado dificuldades nas atividades que realizava cotidianamente, como ir ao mercado. Após a pandemia, não conseguiu que um funcionário a acompanhasse durante as compras, com a alegação de que não seria possível que ela tocasse no trabalhador. “Na verdade, ele poderia me conduzir pelo carrinho, eu usando máscara, não haveria riscos”, ponderou.

Marcia alerta que até para obter ajuda para atravessar uma rua ficou mais difícil. “Já teve casos de a pessoa dizer ‘pode ir’. Não é assim, quando for oferecer ajuda a um cego, primeiro pergunte do que ele precisa, o diálogo é a base de tudo”, ensinou. A moradora acredita que a Prefeitura deveria ter um cadastro de quantas pessoas com deficiência visual vivem na cidade para ofertar auxílio, não somente neste período de pandemia. “Ofertar um carro para uma consulta médica, para um deslocamento, seria importante”, avaliou.

Para quem precisa da expressão facial e da leitura labial para se comunicar, o uso de máscara vira grande obstáculo. A microempreendedora Debora Medeiros, 32, é mãe de Emily, 12, que perdeu a audição com 1 ano e seis meses. A criança usa implante, mas se comunica por meio de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) e de leitura labial. “Dentro de casa ela não está usando máscara, mas sabe que se sair, vai ter que usar”, relata a mãe. Debora lamenta que o mercado não tenha pensado em produzir máscaras transparentes para este público. “Comigo mesmo ela se comunica por leitura, porque eu não domino Libras”, citou.

Caroline Maciel dos Reis, 23, é moradora de São Bernardo. A jovem, que tem síndrome de down, sente falta de poder sair para o curso de marketing pessoal que faz em uma ONG (Organização Não Governamental) da cidade. Sua mãe, a vigilante Rose Maciel Reis, 50, relata que a filha praticamente não tem saído de casa e anseia pelo fim da quarentena.

Coordenadora da ONG Conecta PCD, de Santo André, Ana Paula Brasil, 39, é mãe de dois adolescentes, ambos com TEA. Mikaell, 14, é autista leve e, se não for por muito tempo, não tem muitos problemas para usar a máscara. Já o Vitor, 15, é autista severo não verbal e não consegue usar o acessório. Recentemente, Ana Paula precisou ir ao mercado na companhia do filho, que por não usar máscara, foi impedido de entrar no estabelecimento. A mãe argumentou que o garoto não conseguia usar a proteção facial e ele foi autorizado a entrar, mas Ana Paula passou pelo constrangimento de ouvir o locutor do mercado anunciar, insistentemente, sobre a lei que exigia o uso de máscaras.

“Minha rotina tem sido muito difícil. O Vitor ia para escola especializada, para as terapias e com o passar do tempo da quarentena foi ficando mais nervoso por causa da saída da rotina. Precisamos aumentar a medicação e hoje não temos como fazer as coisas que promovem a inclusão deles, como ir ao parque ou ao shopping”, relatou. “Me causa muito espanto ver que essas regras que estão impostas está afetando e acabando com a inclusão que a gente luta tanto para promover. Quando comércios, serviços e parques reabrirem, nossos filhos, que não conseguem usar máscaras, vão ter que ficar de fora”, lamentou Ana Paula .

Redes municipais de três cidades têm 938 alunos com deficiência

As redes municipais de ensino de Santo André, São Bernardo e São Caetano têm 938 alunos com deficiência visual e/ou auditiva em suas unidades escolares – as outras quatro cidades do Grande ABC não informaram os dados.

Em Santo André, os Polos de Deficiência Visual e Bilingue, que acolhe 80 alunos cegos, com baixa visão ou surdos, continuam disponibilizando propostas adaptadas para atender as necessidades dos frequentadores, agora por meio remoto. Na página da Prefeitura do Facebook está disponível websérie com cinco vídeos voltados para as pessoas com deficiência.

Também foi disponibilizada uma cartilha para familiares e cuidadores de pessoas com deficiência, com orientações e cuidados necessários, que pode ser acessada no link encurtador.com.br/ctzFJ.

Em São Bernardo, 258 alunos têm atendimento educacional especializado por meio do SAPDV (Serviço de Apoio à Pessoa com Deficiência Visual) e na Escola Bilingue Neusa Bassetto, além dos polos para alunos surdos ou com deficiência auditiva nas Emebs (Escolas Municipais de Educação Básica) Olavo Bilac e Neusa Macellaro, para educação infantil e fundamental. Em todos os equipamentos atuam professores especializados que adaptam os materiais conforme as necessidades e o trabalho segue no modo on-line.

Diretora da escola Neusa Masselaro, Jussara Almeida Bezerra destacou que a tecnologia é grande aliada da inclusão e que os alunos que não contam com acesso a internet ou a computadores e smartphones estão enfrentando dificuldades. “Para o surdo a tecnologia é uma fonte inclusiva que dá autonomia, mas quando ele não tem, se torna um elemento de exclusão muito forte”, destacou.

São Caetano tem 600 alunos com deficiências na rede e as pastas responsáveis elaboraram sequências didáticas individualizadas, considerando as necessidades destes estudantes.

Os alunos cegos utilizam aplicativos específicos que realizam a leitura das atividades postadas na sala Google (NVDA: leitor de tela gratuito) e outros que recebem as atividades impressas em Braille. Para os estudantes surdos, as sequências didáticas/atividades seguem com legenda em Libras (Linguagem Brasileira de Sinais). Quando não há acesso às mídias também recebem material impresso utilizando o recurso de imagens/fotos em Libras.

Diadema não informou quantos alunos com deficiência estão na rede e afirmou que a Secretaria de Educação ainda está produzindo materiais adaptados para atender esse público.

Público precisa de protocolos específicos

Para especialistas e familiares de pessoas com deficiência, o poder público deve pensar protocolos específicos para essas pessoas. Coordenadora da ONG (Organização Não Governamental) Conecta PCD, de Santo André, Ana Paula Brasil tem dois filhos com espectro autista e defende que os parques, por exemplo, sejam abertos em horários específicos para este público.

“Os parques, ou alguma quadra escolar, poderia ser aberta com atividades físicas para as crianças com espectro autista poderem se exercitar, gastar energia, porque eles estão todos no limite. Usando máscara, quem pode, passando álcool gel, seria seguro”, defendeu.

Em Santo André, a Prefeitura está cadastrando pessoas com deficiência e que não conseguem usar as máscaras. Já foram emitidas 110 autorizações e o cadastro pode ser feito no link bit.ly/2TG3daG. Até o momento, a cidade é a única da região a tomar atitude nesse sentido.

Coordenadora da ONG Mais Diferenças, que desenvolve projetos de educação e cultura inclusiva em São Paulo, Carla Mauch lembrou que as pessoas com deficiências não podem ser olhadas de uma forma uniforme, pois cada uma tem suas necessidades e especificidades. Carla destaca que, mesmo pessoas sem qualquer tipo de deficiência, têm se mostrado resistente ao uso de máscaras e cumprimento de protocolos, logo não seria diferente com os deficientes.

“É importante dizer que muitas pessoas com deficiência não estão incluídas, que as políticas publicas são frágeis e que elas também integram grupos de risco. Imaginem uma criança ou adolescente com espectro autista que se contamine com a Covid-19 e precise ficar internada sem acompanhante. Isso precisa ser revisto”, apontou.

Carla lembrou que a pandemia trouxe para a sociedade uma situação de isolamento e exclusão que é muito dura, mas que é a realidade de muitas pessoas com deficiência e que também são cidadãos como todos os outros. Como nós, como sociedade, isolamos essas pessoas por tanto tempo e nunca pensamos nisso”, questionou.

Deficiente visual, palestrante, pianista e escritor, Ari Protázio ponderou que pandemia acentuou as dificuldades da falta de inclusão. “Como navegar na internet se o site não tem todas as funcionalidades, como assistir TV se ela não é acessível. Neste momento, e em todos, é preciso ter empatia com o próximo”, afirmou.

Sociedade deve se adaptar às necessidades dos autistas

Entre os públicos com mais dificuldade para o uso de máscaras estão as pessoas com TEA (Transtorno de Espectro Autista). Doutora e mestre em distúrbios do desenvolvimento, Carolina Quedas afirma que é a sociedade quem deve se adaptar às necessidades deste grupo e não o contrário.

“Eles vêem e sentem o mundo de maneira diferente. A rotina é muito importante porque eles não conseguem se adaptar à mudanças bruscas”, declarou Carolina.

Para a especialista, faltou o poder público pensar detidamente nas necessidades das pessoas com deficiências. “Principalmente as famílias que necessitam de atendimento público. Tenho relatos de famílias que não conseguem achar o médico para pegar nova receita, por exemplo”, destacou.

“Na área de educação, poucas escolas estão preparadas para o atendimento educacional desta população e agora ficou bem claro isso. Não culpo professores, mas claramente o poder público está falhando neste ponto”, concluiu.

Referência na área de direito de vulneráveis, o advogado Marcelo Válio relatou que foi aprovado pela Câmara dos Deputados, na última semana, projeto de lei federal que trata da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais públicos, mas determina que pessoas deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado do item de segurança estarão dispensadas da obrigação. No entanto, ainda que sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a norma pode não se aplicar aos Estados e municípios, devendo estes aprovarem leis específicas.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Webinários discutem educação inclusiva durante quarentena

Debates acontecem pelo Youtube nos dias 10, 17 e 24 de junho com especialistas em educação, familiares e estudantes


Por Verônica Fraidenraich para o cangurunews.com.br

“Educação inclusiva durante a pandemia” é o foco de série de webinários realizados em junho que irão discutir a importância da escola incluir todas as crianças, como esta imagem que mostra dois meninos brincando
Videoconferências terão recursos de acessibilidade como janela de Libras, legenda e audiodescrição | Foto: Leonne Sa Fortes

Como garantir o diálogo e a criação de vínculos entre família e escola para apoiar os estudantes durante o ensino remoto? O que fazer para planejar aulas com recursos de acessibilidade para garantir a participação de todos os alunos, inclusive aqueles com deficiência? Quando as aulas voltarem, o que as escolas terão de fazer para garantir a equidade entre os alunos, levando em conta que eles tiveram experiências distintas durante a quarentena? Esses são alguns dos temas que serão abordados nos webinários gratuitos promovidos pelo Instituto Rodrigo Mendes (IRM) e o portal Diversa nos dias 10, 17 e 24 de junho.

A série “Educação inclusiva durante a pandemia”, reúne especialistas em educação, familiares e estudantes para tratar de assuntos referentes à inclusão escolar em tempos de pandemia do novo coronavírus. Sempre às quartas-feiras, às 16 horas (Brasília), as videoconferências terão recursos de acessibilidade como janela de Libras, legenda e audiodescrição. Todas serão abertas ao público – para participar, não há necessidade de fazer inscrição previamente.

O primeiro debate – Diálogo e criação de vínculo entre escolas e famílias (10 de junho) – contará com a participação de Rodrigo Hübner Mendes (fundador e superintendente do IRM), Luciane Fridschtein (mãe de David e Arthur, autora do relato de experiência Mãe inicia pós-graduação para ajudar escola a se tornar inclusiva para filho, publicado no portal Diversa, e servidora pública municipal de Manaus) e Andrea Duque (diretora do Núcleo de Apoio à Saúde da Comunidade Escolar – NASCE, em Cruzeiro/SP).

Em 17 de junho, o tema será Possibilidades pedagógicas para atividades a distância. E, em 24 de junho, o tema é Garantia da equidade no retorno às aulas presenciais. Ao final da conversa de cada webinário, o público será convidado a enviar perguntas via chat para os debatedores. Todo o conteúdo da série ficará disponível depois das transmissões ao vivo no Canal do Youtube do Instituto Rodrigo Mendes.

Serviço:

Webinários sobre educação inclusiva

10 de junho, às 16 horas – Diálogo e criação de vínculo entre escolas e famílias   
17 de junho, às 16 horas – Possibilidades pedagógicas para atividades a distância  
24 de junho, às 16 horas – Garantia da equidade no retorno às aulas presenciais 

Local: Canal do Youtube do Instituto Rodrigo Mendes 

quarta-feira, 10 de junho de 2020

O ensino remoto e as crianças com deficiências: elas foram esquecidas?

As escolas tiveram de se adaptar às pressas ao ensino remoto por causa da pandemia do coronavírus, mas a inclusão de crianças com deficiência parece ter sido esquecida por muitas instituições


Por Verônica Fraidenraich para o cangurunews.com.br

A criança com deficiência deve ser incluída nas atividades realizadas a distância neste período de pandemia é dever da escola.
Ao não participarem das aulas online, as crianças podem se sentir desmotivadas e distante dos amigos

Em tempo de isolamento social e ensino remoto, videoaulas e atividades com vídeos se tornaram frequentes nas aulas online, mas será que essas ferramentas funcionam para a criança com deficiência? Como faz um aluno surdo para entender o que diz a professora no vídeo se não há tradução para a Língua Brasileira de Sinais (Libras)? E como pode uma criança cega realizar uma tarefa que exige assistir a um vídeo que não vem com audiodescrição? No caso de uma criança com autismo, é adequado ela participar de videoconferências com a turma toda, mesmo sabendo que não reage bem a ambientes barulhentos?

“A creche em que minha filha está matriculada envia vídeos e pede para fazermos as tarefas, mas infelizmente minha filha não entende o vídeo e a tarefa não é adaptada para as dificuldades dela, mandam a mesma tarefa que mandam para os outros aluno típicos. Eu já falei na escola, mas não fui atendida”, diz Cybelle Dayane, mãe de Ana Beatrice, 3 anos, que tem transtorno do espectro autista em grau moderado. Cybele explica que vídeos com muitas falas e poucas figuras são de difícil compreensão para a sua filha. “As crianças sendo típicas já sofrem com essa pandemia e as aulas online, o que dizer das crianças atípicas, como a minha filha, em que o desenvolvimento não é igual ao de outras crianças?”, questiona a mãe que vive em Serra Talhada, no interior de Pernambuco.

Diversos são os relatos e queixas de pais quanto à falta de adaptação das atividades a distância para a criança com deficiência, seja ela da educação infantil ou do ensino fundamental. A verdade é que as escolas tiveram de se adaptar, às pressas, para oferecer ensino remoto por causa da pandemia do coronavírus. Mas a inclusão da criança com deficiência, que já não ocorria como deveria na educação brasileira (embora esteja prevista em lei), parece ter sido esquecida.

A criança com deficiência deve ser estimulada a participar das mesmas atividades que os colegas de turma

“Todas as crianças, sem exceção, têm o direito de participar das atividades propostas pela escola, sejam presenciais ou remotas. Não podemos aceitar retrocessos por conta da pandemia, privando a criança com deficiência do acesso ao conteúdo curricular”, afirma Rodrigo Hübner Mendes, fundador e superintendente do instituto Rodrigo Mendes, ONG que luta por uma educação de qualidade para a pessoa com deficiência. Ele lembra que as equipes pedagógicas devem planejar as aulas considerando diversificar estratégias e flexibilizar atividades, de modo a incluir a criança com deficiência.

Entenda-se por criança com deficiência as crianças com síndrome de Down, com deficiência física, deficiência auditiva, deficiência visual, deficiências múltiplas, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades (superdotação), entre outras condições.

Maria Teresa Eglés Mantoan, coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diferença (Leped), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que os docentes não precisam imaginar atividades completamente diferentes para o aluno com deficiência, nem tentar simplificar a realização para evitar problemas. “Nós não temos a capacidade de fazer ninguém aprender. Temos que dar liberdade para que o aluno possa aprender e considerar o que ele consegue e o que não tem interesse em aprender. O bom professor considera o ensino igual para todos, mas o aprendizado completamente díspar”, declarou a educadora para a revista Gestão Escolar, referindo-se ao trabalho na sala de aula mas que, feitas as devidas ressalvas, pode servir também para o momento atual.


Falta de adaptação de atividades online pode prejudicar vínculo da escola com a criança com deficiência

O aluno com deficiência, portanto, não pode ser tratado de modo diferenciado, sendo dispensado de algumas atividades e convocado a fazer outras mais simples, enquanto os colegas fazem as tarefas “de verdade”. Ele tampouco deve ser deixado somente a cargo do auxiliar da classe nem com outros profissionais especializados no atendimento a deficiências. Promover essa separação não é saudável à criança e pode prejudicá-la na volta às aulas em aspectos como:
  • Falta de entrosamento com os colegas e destes com a criança com deficiência
  • Desconhecimento do conteúdo trabalhado durante a quarentena
  • Perda do vínculo com a escola e desinteresse em ir para as aulas


Base Nacional Comum Curricular reforça necessidade da escola ser inclusiva

A pedagoga e colunista da Canguru NewsPriscila Boy, recorda que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento normativo que orienta a elaboração dos novos currículos escolares, destaca a necessidade de a escola contribuir para aplacar toda discriminação e preconceito e dialogar com a multiculturalidade. “A convivência e respeito à diversidade na escola deve ser uma dimensão fundamental de uma instituição acolhedora”, diz ela.

Mariana Rosa e a filha Alice
Mariana Rosa e a filha Alice

Para a jornalista Mariana Rosa, autora do blog e do livro “Diário da Mãe de Alice” e ativista da inclusão, a adoção das videoaulas como única ou principal estratégia de manutenção do vínculo entre professores e alunos revela uma preocupação apenas em retomar o curso do que já havia sido planejado, sem levar em conta a diversidade de desafios que se apresentam, nem a adaptação do currículo para a compreensão do momento atual. “Nesse cenário, crianças – como as com deficiência – que não souberem ou não tiverem condições de responder a contento à proposta ficam excluídas”, comenta ela em artigo para o portal Lunetas.

“Aquelas para quem o plano de aula nunca é pensado. Aquelas para quem nem a matrícula na escola é garantida. Aquelas de quem nunca se presume competência. Aquelas cujo direito de estar em uma escola “comum” ainda é questionado. Aquelas cujas mães têm se desdobrado para adaptar materiais. Aquelas de quem se pensa que nada têm a oferecer. Aquelas que são vistas como falhas, doentes, obstáculos. Aquelas cuja presença na escola precisa ser permanentemente negociada. Aquelas que não são vistas, porque há sempre um laudo em primeiro lugar”, escreve Mariana em trecho do artigo.


Academia Americana de Pediatria recomenda atenção especial à criança com deficiência na volta às aulas

No início de maio de 2020, a Academia Americana de Pediatria (AAP) publicou orientações sobre a reabertura de escolas e disse que certas crianças podem ser capazes de acessar o ensino à distância e continuar a crescer academicamente, enquanto outras podem ter dificuldades de acesso ou de se envolver com as aulas online. Segundo a academia, certas situações devem receber atenção, entre elas, a dos estudantes com deficiência:
  • Os alunos com deficiência podem ter mais dificuldade com os aspectos sociais e emocionais da transição para fora do ambiente escolar e de volta a ele;
  • A escola deve desenvolver um plano para garantir uma revisão de cada criança com um Programa Educacional Individual que determine as necessidades de educação compensatória para ajustar o tempo de instrução perdido, bem como outros serviços relacionados

Unesco alerta para necessidade de inclusão nas aulas a distância durante pandemia

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) também divulgou durante a pandemia uma lista de recomendações às escolas para o ensino a distancia, prevendo a inclusão de pessoas com deficiência. Veja abaixo algumas das principais orienrações:

1. Escolher as melhores ferramentas e tecnologias disponíveis para o ensino remoto, como por exemplo, recursos de acessibilidade que garantam o acesso a vídeos por todas as pessoas. Entre eles, instrumentos de audiodescrição, tradução em Libras e Closed Caption.

2. Assegurar programas inclusivos, o que pode exigir instalar equipamentos dos próprios laboratórios da escola na casa dos estudantes, para que estes possam de fato participar das aulas a distância.

3. Criar comunidades e aumentar a conexão, promovendo diálogo constante entre professores da sala de aula comum e profissionais do Atendimento Educacional Especializado (AEE), tal como deles com estudantes e familiares, favorecendo a troca de experiência e a criação de estratégias para enfrentar dificuldades.

4. Apoiar pais e professores quanto ao uso de tecnologias digitais, equalizando as capacidades tecnológicas dos estudantes e de quem vai atendê-los. A escola precisa organizar formações de curta duração e prover condições básicas de trabalho dos professores, prevendo acesso à internet para vídeo conferências.

5. Criar regras e avaliar a aprendizagem de cada estudante, considerando as particularidades de cada um e colocando tudo isso em discussão com os pais e os estudantes. Ao mesmo tempo, os professores devem avaliar continuamente a aprendizagem, evitando sobrecarregar os pais.

Quem são as pessoas com deficiência

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, de 2006, diz que: pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas. Incluem-se aqui, portanto

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Nossa sugestão de 6 filmes sobre a inclusão de pessoas com deficiência

Por Canguru News


O Centro de Referências em Educação Integral selecionou dez filmes que têm como tema a inclusão de pessoas com diferentes tipos de deficiência. E a Canguru separou aqueles que têm classificação indicativa livre, para que as crianças também possam assistir.

Veja os trailers dos filmes:

Uma Lição de Amor (2001)

Duração: 2h12min


Janela da Alma (2001)
Duração: 1h13min



Amy – Uma Vida pelas Crianças (1981)
Duração: 1h40min



Sempre Amigos (1998)
Duração: 1h40min



A Pessoa é para o que nasce (2002)
Duração: 1h24min


Cordas (2014)
Duração: 1h24min