terça-feira, 24 de novembro de 2015

Inscrição em cadastro pode diminuir burocracia para pessoa com deficiência


Os cidadãos inscritos no Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa com Deficiência podem ser dispensados de apresentar provas adicionais de sua condição para usufruir de benefícios em leis e demais atos normativos federais, estaduais, municipais ou do Distrito Federal. A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) aprovou, no dia 18, projeto com esse objetivo (PLS 333/2014), na forma do substitutivo apresentado pelo relator, senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

O texto, que segue agora para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), estabelece que a inscrição no Cadastro Nacional será precedida da avaliação biopsicossocial da deficiência. Assim, no caso de inscrever-se em concursos públicos, por exemplo, a pessoa com deficiência não precisará comprovar novamente a deficiência física. Se aprovada na CCJ, a proposta do ex-senador Pedro Taques, hoje governador do Mato Grosso, seguirá à Câmara dos Deputados.


— Uma das maiores dificuldades para essas pessoas é comprovar a deficiência cada vez que pretende utilizar um serviço ou acessar um direito, principalmente em áreas como saúde, educação, transporte e assistência social — destacou o senador, frisando que a prévia inscrição no cadastro eliminará essa burocracia.

O projeto, apresentado pelo então senador Pedro Taques, atual governador de Mato Grosso, segue para análise da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, onde receberá decisão terminativa.

Fonte: Senado Federal

Como lidar com pessoas com deficiência - Parte I

Faça isso e você verá o quanto é importante e enriquecedor aprendermos a conviver com a diversidade!


Dicas para quando você encontrar uma pessoa com deficiência.

Muitas pessoas sem deficiências ficam confusas quando encontram uma pessoa com deficiência. Isso é natural. Todos nós podemos nos sentir desconfortáveis diante do "diferente". Esse desconforto diminui e pode até mesmo desaparecer quando existem muitas oportunidades de convivência entre pessoas com e sem deficiência.

Não faça de conta que a deficiência não existe. Se você se relacionar com uma pessoa com deficiência como se ela não tivesse uma deficiência, você vai ignorar uma característica muito importante dela. Dessa forma, você não estará se relacionando com ela, mas com outra pessoa, uma que você inventou, que não é real.

Aceite a deficiência. Ela existe e você precisa levá-la na sua devida consideração. Não subestime as possibilidades, nem superestime as dificuldades e vice-versa.

As pessoas com deficiência têm o direito, podem e querem tomar suas próprias decisões e assumir a responsabilidade por suas escolhas. A isso chamamos de empoderamento das pessoas com deficiência, ou seja, ao fato de tomarem o poder de suas próprias vidas.

Ter uma deficiência não faz com que uma pessoa seja melhor ou pior do que uma pessoa sem deficiência. Provavelmente, por causa da deficiência, essa pessoa pode ter dificuldade para realizar algumas atividades e, por outro lado, poderá ter extrema habilidade para fazer outras coisas. Pessoas com deficiência são iguais na diferença que as caracterizam.

A maioria das pessoas com deficiência não se importa de responder perguntas, principalmente aquelas feitas por crianças, a respeito da sua deficiência e como ela realiza algumas tarefas. Mas, se você não tem muita intimidade com a pessoa, evite fazer muitas perguntas muito íntimas.

Quando quiser alguma informação de uma pessoa com deficiência, dirija-se diretamente a ela e não a seus acompanhantes ou intérpretes.

Sempre que quiser ajudar, ofereça ajuda. Sempre espere sua oferta ser aceita antes de ajudar. Sempre pergunte a forma mais adequada para fazê-lo. Mas não se ofenda se seu oferecimento for recusado. Pois, nem sempre as pessoas com deficiência precisam de auxílio. Às vezes, uma determinada atividade pode ser mais bem desenvolvida sem assistência.

Se você não se sentir confortável ou seguro para fazer alguma coisa solicitada por uma pessoa com deficiência, sinta-se livre para recusar. Neste caso, seria conveniente procurar outra pessoa que possa ajudar.

As pessoas com deficiência são pessoas como você. Têm os mesmos direitos, os mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos.

Você não deve ter receio de fazer ou dizer alguma coisa errada. Aja com naturalidade e tudo vai dar certo. Se ocorrer alguma situação embaraçosa, uma boa dose de delicadeza, sinceridade e bom humor nunca falham.

Fonte: Bengala Legal

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Os problemas da marcha na paralisia cerebral

A marcha é um conjunto de eventos que ocorrem nos membros inferiores da criança e que permitem a sua locomoção.
Para que a locomoção ocorra de forma eficaz, é preciso que a musculatura funcione adequadamente, as articulações estejam com sua amplitude de movimento livre e sem restrições e que os alinhamentos ósseos estejam corretos.

Qualquer encurtamento muscular, com ou sem limitação na mobilidade articular ou até mesmo mal alinhamento angular ou rotacional nos ossos dos membros inferiores da criança, poderão produzir uma marcha ineficaz.

Na paralisia cerebral, existe uma classificação motora funcional, conhecida com a sigla GMFCS, onde existem 3 grupos de envolvimento motor que permitem a marcha, seja ela independente ou com auxilio de andadores ou muletas.


As dificuldades na locomoção na criança com paralisia cerebral são inúmeras pois, estamos falando de uma patologia que afeta a coordenação motora, o equilíbrio,  leva a hipertonia muscular (espasticidade) e, muitas vezes, está acompanhado de distonia, ou seja, movimentos involuntários.

Sabemos que as limitações nos movimentos dos quadris (principalmente a dificuldade na extensão completa), acompanhado ou não de limitação na abertura das pernas, limitação na extensão dos joelhos e deformidade nos pés (principalmente os pés equinos), são problemas que dificuldam as distâncias percorridas pelas crianças com paralisia cerebral.

As alterações rotacionais dos ossos dos membros inferiores são responsáveis por anormalidades como marcha com os pés virados para dentro, sendo que na maioria das vezes, isso ocorre por deformidade rotacional interna excessiva femoral (osso da coxa).


A deformidade rotacional externa excessiva da tíbia, osso da perna (segmento do membro inferior localizado abaixo do joelho), também pode ser o responsável por anormalidades na marcha da criança principalmente quando estamos diante de uma criança cujos pés estão apontados para fora quando caminham.

paralisia cerebral marcha crianca e saude

Frequentemente, encontramos várias anormalidades no mesmo membro inferior da criança que contribuem em diversos graus, com os problemas na locomoção.

Os padrões de marcha anômalos frequentemente encontrados são:

– Marcha na ponta dos pés ou marcha em equino, onde as crianças, ao caminharem, apoiam apenas a ponta dos pés no solo.

– Marcha com os joelhos fletidos, ou seja, aquela em que a criança não consegue a extensão completa dos joelhos para manter-se em postura ereta. Esse tipo de marcha é também conhecido como marcha da “criança desabada”.

– Marcha em tesoura, ou seja, aquela em que, ao tentar dar o passo, uma perna cruza sobre a outra.

– Marcha com os joelhos rígidos, ou seja, aquela em que a criança não consegue fletir os joelhos para dar o passo.

Com o exame físico ortopédico especifico para a criança espástica, podemos identificar e diagnosticar os problemas na locomoção e com isso, fazer a melhor indicação para cada caso.

Podemos ainda utilizar o exame de laboratório da marcha em 3D ou 2D, onde a marcha é filmada de frente e de lado, como mais um objeto de análise para as conclusões necessárias.

O tratamento ortopédico visa promover a correção de todos os componentes anômalos nos membros inferiores da criança, melhorando, assim, seu desempenho motor e dando mais autonomia para a locomoção em casa, na escola e na comunidade.

Tanto as contraturas musculares, bem como as deformidades esqueléticas (ósseas), precisam ser corrigidas e, para isso, contamos com as cirurgias em múltiplos níveis.

São cirurgias que envolvem alongamentos tendinosos múltiplos com ou sem transferências tendinosas e as correções ósseas sedo realizadas no mesmo momento, com as osteotomias.

As vantagens das correções múltiplas são que permitem a correção do membro inferior como um todo, no mesmo ato cirúrgico, permitem uma só reabilitação pós-operatória e evitam reinternações frequentes para as correções sucessivas.

O pós-operatório necessita de equipe de fisioterapeutas pediáricos para a reabilitação articular e treino da marcha de forma intensiva.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Jovem com síndrome de down vira chef de cozinha

Para os ingredientes será necessária uma garota com muita determinação e força de vontade. Depois acrescente uma família maravilhosa, unida e muitas pitadinhas de alegria e amor. Misture tudo com carinho e guarde no coração, essa é a receita da felicidade da Família Basilio.


Uma doçura! É assim que se pode definir a chef de cozinha e voluntária no Abraço da Paz, Grupo 21 e no Instituto Chefs Especiais, Laura dos Reis Sant´ana Basilio, de 24 anos, graduada em Gastronomia pela HOTEC Faculdade de Tecnologia em Hotelaria, Gastronomia e Turismo de São Paulo, pessoa com síndrome de down e que, apesar das dificuldades, soube superá-las e conquistar tudo o que queria. Adelino Basilio, pai da Laura, conta com emoção a história de superação da filha: “A Laura sempre foi um presente para nossa família, uma criança doce como mel e que ao nascer me transformou em “pai com açúcar”, nos ensinando e dando incríveis lições de amor diárias. Em casa são três irmãos: a Laura; a Isabela, que está cursando Faculdade de Psicologia, e o Luis Henrique, um pequeno grande guerreiro.

Nada foi fácil, mas a Laura cresceu rodeada de amor, acreditou em si própria e foi sempre em frente, contando com o apoio da mãe, do pai e de toda a família. Além disso, ela cresceu em meio a pilhas de livros, pois sempre valorizamos e incentivamos o estudo, muitos de nossos passeios eram em livrarias e naturalmente ela foi estudando e cresceu com crenças de capacitação e não limitantes. Alfabetizou-se, concluiu o Ensino Fundamental e Médio, passou no vestibular e conquistou regularmente seu diploma na faculdade de Gastronomia, tirou o título de eleitor. Posso dizer que até hoje ela continua vencendo as inúmeras barreiras que a sociedade ainda impõe”.

História de superação

O exemplo da conquista da Laura foi tanto, que ela foi convidada para contar sua história de sucesso no Mulheres Inspiradoras, projeto social que promove ciclos de palestras e treinamentos sobre liderança e motivação, durante a noite de lançamento do projeto, fundado por Marlene Campos Machado, que aconteceu na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. “Foi maravilhoso poder compartilhar a minha experiência de vida com todas aquelas pessoas, falar da minha dedicação aos estudos, da força de vontade e superação, pois com sabedoria e determinação é possível realizar sonhos. Também foi muito importante, pois falei da inclusão e para as pessoas não olharem os outros com preconceito, apenas olharem com o coração, um olhar de amor, pois ser diferente é normal. Viva a Inclusão!”, afirma Laura.

Na ocasião, Laura recebeu uma homenagem contando um pouquinho sobre sua história. “Fiquei muito emocionada quando vi a homenagem, principalmente as fotos da faculdade com meus amigos e professores, me lembrei do quanto me esforcei, lutei e acreditei em mim mesma, até conseguir me graduar regularmente e conquistar meu diploma, que hoje está em minhas mãos e é uma grande conquista e uma vitória da inclusão”, conta Laura.


Planejando o futuro

A chef Laura está com um projeto em andamento. “Trata-se do lançamento do livro As delícias de Laura, que trará uma seleção das receitas que mais gosto de cozinhar, mas ainda não tem data para ser finalizado, estou sempre fazendo planos”, revela Laura.

Exemplo de motivação

Quando questionada sobre qual conselho daria para que as pessoas corram atrás de seus sonhos, Laura enfatiza: “Eu aconselho, primeiramente, a acreditar em si mesmo, sonhar e ir em busca dos seus sonhos, estudar, se dedicar e agir. Assim é possível realizar qualquer sonho ou objetivo”, disse Laura.

Já quando o assunto é qual a receita de sucesso para uma vida feliz, ela completa: “Minha receita é a paz, a perseverança, a fé e o amor, porque o amor é único e muito forte. Minha mensagem é que a síndrome de down não me impediu de seguir em frente porque eu tenho algo maior dentro de mim, que é o amor. O amor é a grande energia do universo, siga em frente você também, todos podemos mais do que imaginamos, basta acreditar e agir”, finaliza Laura.

Bate-papo com a chef Laura

O Retrato – Na culinária, que tipo de gastronomia você mais gosta?
Laura Basilio – Doces e confeitaria.

OR – Dentro da culinária nacional, o que destaca?
Laura – Doces caseiros da fazenda.

OR – Quais atividades mais gosta de fazer?
Laura – Cozinhar, ir ao cinema e passear na natureza.

OR – O que a inspira a continuar quebrando barreiras?
Laura – Os exemplos de meu pai e minha mãe.

Fonte: Jornal O Retrato

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Paralisia cerebral: mito e realidade (Parte 2 - Final)

Sociedade e pessoas com paralisia cerebral

Por desconhecimento da sociedade em geral, as pessoas que possuem PC têm dificuldades na vida social e profissional. Com relação ao mercado de trabalho, o preconceito em relação ao paralisado cerebral leva ao descrédito sobre suas reais capacidades. No Brasil, onde a crise de emprego atinge parte considerável da população, a paralisia cerebral se apresenta como mais uma barreira para que o individuo consiga uma colocação profissional, e por consequência, aceitação na sociedade.

Alguns paralisados cerebrais vencedores

Muito embora a sociedade manifeste desconhecimento ou preconceito em relação ao paralisado cerebral, existem vários exemplos de pessoas que se destacam com maestria em suas áreas de atuação. São vencedores, sobreviventes da realidade excludente a que são submetidos.

Paralisia cerebral: mito e realidade (Parte 1)
10 termos e conceitos sobre deficiência que deveriam ser abolidos
A dignidade das pessoas com deficiência intelectual

Ricardo Tadeu Marques da Fonseca


Um exemplo clássico é o procurador do Ministério Público do Trabalho, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, que nasceu no sexto mês de gestação e o excesso de oxigenação no cérebro e problemas no parto ocasionaram deficiência visual e paralisia cerebral. Ele é um exemplo de paralisia cerebral leve. Hoje, aos 48 anos, é cego, com PC e um dos mais brilhantes defensores dos direitos das pessoas com deficiência. A paralisia cerebral afetou seus membros superiores e inferiores, mas realizou fisioterapia e várias cirurgias na infância e adolescência, ficando com poucas sequelas.

Antonio Carlos Viviane

Um exemplo de pessoa com paralisia cerebral não tão leve é Antonio Carlos Viviani, o Carlinhos, escritor e poeta. Com 31 anos, tem deficiência física nos membros superiores e inferiores. Quando escreve, expressa nas letras seu lado romântico e terno com amplo alcance. Quando fala é pouco entendido, pois a PC lhe deixou sérias seqüelas que prejudicam a comunicação oral.

Para ele, as maiores dificuldades que enfrenta no dia-a-dia são a comunicação, o preconceito e a falta de informação de algumas pessoas. "Dependendo do caso, algumas coisas não consigo fazer, como tirar a barba, porém me alimento sozinho e faço quase tudo", destaca.

No fundo, Carlinhos alimenta o sonho de um dia ser tratado como qualquer um. "Afinal, a gente é igual", afirma. Carlinhos destaca, ainda, que no caso dele, a PC não lhe afetou a mente. "O mais importante é a força de vontade. É preciso ter força de vontade para colocar o dom para fora. Eu escrevo porque gosto! As pessoas começaram a elogiar e saiu o livro. Para vender é difícil, mas eu gosto de escrever", observa.

Sueli Harumi Satow

Outro exemplo é a comunicadora e filósofa Suely Harumi Satow, 54 anos, com mestrado e doutorado em Psicologia Social, pela PUC de São Paulo. Apesar da titulação, ela destaca que, em geral, os atendentes de lojas e médicos a tratam como se tivesse deficiência intelectual.

Ela atribui seu desenvolvimento ao apoio da família. Seus pais a incentivavam sempre, mesmo nas situações mais difíceis. "Na escola também havia um outro extremo, na classe me consideravam a aluna exemplar por causa das sequelas, mas na hora do lanche eu ficava com as excluídas (a mais gorda, a mais feia, etc.). Estas circunstâncias levaram-me a um desequilíbrio psíquico muito forte, que quase me colocaram em um hospício", afirma

.Suely gostaria que a sociedade a tratasse como as outras pessoas, vendo-a como ser humano, apesar das diferenças, e não como um ser incapaz com necessidade de tutela. "A sociedade deveria rever sua hipocrisia, fingindo que não é preconceituosa, e olhar profundamente para ela mesma, os indivíduos que a compõem, e se conhecer melhor. Talvez, agindo assim, as diferenças diminuiriam gradativamente", observa.

Felipe Sales

Também o pequeno Felipe, de quatro anos, é um garoto com PC, mas isso não é sequer imaginado por quem o vê serelepe pelos corredores da Divisão de Medicina de Reabilitação do HC (DMR), onde faz reabilitação e conquista a todos com seu sorriso maroto. Sua mãe, Maria Paula Sales, psicóloga, conta que sua gravidez foi sem intercorrências, calma e normal. O filho apresenta pequena dificuldade motora em membros inferiores e braço esquerdo.

"Ele tem uma rotina normal, como qualquer outra criança, brinca, vai à escola, adora cantar e dançar, enfim, é uma criança muito alegre", destaca a mãe. Com a reabilitação, ela espera que as sequelas, que não são acentuadas, sejam ainda mais amenizadas e que ele consiga cada vez com mais facilidade realizar as atividades de vida diária. "Espero que ele se realize como pessoa e que a pequena deficiência que ele apresenta não o impeça de fazer o que ele gostar e quiser", afirma.

Fonte: Bengala Legal