terça-feira, 30 de abril de 2019

Aplicativo vai apoiar jovens com deficiência intelectual

Trabalho desenvolvido na pós-graduação em Enfermagem pode ser utilizado por profissionais da saúde e da educação


ufmg.br

Elaine Gusmão:
Elaine Gusmão: Arquivo pessoal

A psicóloga e pesquisadora Elaine Custódio Rodrigues Gusmão desenvolveu, em sua tese de doutorado do Programa de Pós-graduação em Enfermagem, em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Paraíba, um aplicativo projetado para auxiliar profissionais a identificar habilidades adaptativas práticas, sociais e conceituais de crianças e adolescentes com Deficiência Intelectual (DI) e, assim, realizar um melhor trabalho de apoio para esses jovens. Segundo ela, o app, que leva o nome de Autonomy – a ideia é salientar a importância da autonomia para os jovens com DI –, está direcionado para o cuidado tanto na área de saúde como na de educação.

Elaine explica que a deficiência intelectual compreende limitações nas habilidades mentais relacionadas à inteligência, ao raciocínio, à resolução de problemas e ao planejamento, entre outras. Pessoas com DI enfrentam entraves e barreiras em capacidades adaptativas e têm maior dificuldade em compreender, aprender e aplicar informações e tarefas, novas ou complexas. Apesar disso, essas pessoas têm plena capacidade de desenvolver e aprender habilidades comuns às pessoas sem a deficiência, com os devidos apoio e direcionamento.

A pesquisadora enfatiza que o Autonomy pode auxiliar os profissionais no diagnóstico das habilidades adaptativas, pois ele identifica as atividades que as crianças e adolescentes com DI fazem sozinhos ou com ajuda, assim como as atividades instrumentais da vida diária, sociais e escolares que esses jovens costumam realizar. “A partir dessa avaliação, os profissionais da saúde e/ou da educação poderão elaborar planos de intervenção que estimulem o desempenho de tais habilidades de modo mais autônomo”, reforça. 

O Autonomy é destinado à utilização com crianças e adolescentes com DI na faixa etária entre 6 a 19 anos e possibilita, ao final das etapas propostas, verificar o nível de autonomia em relação às atividades desenvolvidas. Por meio do app, é possível a aplicação de questões representadas por imagens/figuras em que a criança ou o adolescente escolhe as opções sobre como realiza determinadas atividades básicas da vida diária, atividades instrumentais da vida diária, atividades sociais e atividades escolares. De acordo com Elaine, a escolha por trabalhar com figuras se deu para facilitar o entendimento, já que o Autonomy pode ser aplicado em jovens sem a habilidade de leitura e escrita. 

'Toque na sua resposta'
“Nós vamos fazer uma atividade bem diferente hoje, preciso que você se concentre na fala da pessoa, nas figuras que vão aparecer e toque na sua resposta. Algumas respostas você terá que tocar em uma carinha. A carinha sorridente indica a resposta sim e a carinha triste indica a resposta não”, instrui o aplicativo para que os profissionais conversem com as crianças e adolescentes que utilizam o Autonomy. 

O aplicativo estará disponível para o público ainda neste semestre. “Como sou professora e um dos estágios que supervisiono é na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), vou começar a utilizar o aplicativo para sondar as habilidades e montar planos interventivos”, comenta a pesquisadora. Além disso, ela afirma que pretende realizar outras pesquisas que visem de forma direta a questão da avaliação psicológica.

A psicóloga comenta que a experiência do planejamento e desenvolvimento do aplicativo foi muito gratificante. “A maioria interagiu muito bem. Um caso interessante foi o de algumas crianças com paralisia cerebral que não falavam, mas ficaram animadas com o som e as figuras do aplicativo e respondiam através das mães. Estar com as pessoas com deficiência intelectual é sempre um momento rico e de muito aprendizado”, conclui.

Tese: Construção e validação de um aplicativo de identificação das habilidades adaptativas de crianças e adolescentes com Deficiência Intelectual
Autora: Elaine Custódio Rodrigues Gusmão
Orientadora: Tânia Couto Machado Chianca
Defesa: 26 de março de 2019, no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

Teresa Cristina / Assessoria de Comunicação da Escola de Enfermagem (edição de Rosânia Felipe)

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Como realizar um tratamento de deficiência intelectual

Dr. Clay Brites para o neurosaber.com.br

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A deficiência intelectual é um transtorno de desenvolvimento caracterizado principalmente pelo nível cognitivo abaixo da idade esperada para a sua idade. Ela pode variar entre quatro grupos: leve, moderada, grave e profunda. As intervenções devem sempre suprir a demanda do paciente. Alguns aspectos, quanto à precocidade, são determinantes para um bom resultado.

O tratamento da deficiência intelectual deve ser feito de maneira multidisciplinar tamanha a necessidade que o paciente deve apresentar. Falando nisso, ressaltamos a importância de intervenções bem variadas como aquelas que trabalham com o aspecto pedagógico, fonoaudiológico, médico e psicológico.

Tratamento pedagógico na deficiência intelectual
Importante salientar que a permanência de uma criança com deficiência intelectual deve ir além da socialização, que realmente representa um passo importante no desenvolvimento do aluno, mas o quesito pedagógico também deve ser pensado de forma que possa refletir na experiência da criança naquele espaço. As atividades podem e devem ser adaptadas para que o pequeno obtenha resultados satisfatórios, a saber:

– Personagens do universo infantil e que desperte interesse na criança. Isso pode fazer com que ela desenhe e construa tanto o seu silabário quantos jogos temáticos, o que favorece a alfabetização;

– Utilização objetos reais e do cotidiano para o desenvolvimento de percepções e compreensão de medidas e suas variações de maneira eficaz, valorizando os registros por meio de desenho para posteriormente atribuir significado numérico;

– Uso de objetos do interesse e de coleções da criança para categorização, classificação, agrupamento, ordenação, noções de conjunto e quantidade;

– Uso de encartes de revistas são excelentes para a criação de quebra-cabeças, além de possibilitar percepções de posições no espaço;

–  Utilização de brinquedos que possam incentivar a leitura, a associação de palavras e dos objetos e a categorização.

Tratamento fonoaudiológico na deficiência intelectual
Devemos salientar que as intervenções voltadas para a comunicação e a linguagem do pequeno são essenciais para o seu desenvolvimento. No entanto, outros aspectos podem interferir nessas habilidades citadas, são elas: a motricidade oral e as funções neurovegetativas (responsáveis pela deglutição, mastigação e respiração). Isso influencia o desempenho comunicativo.

Com isso, o especialista aplica técnicas específicas voltadas para a necessidade da criança com deficiência intelectual, dando enfoque à sua comunicação. Um detalhe que precisa ser levado em conta é o conjunto que constitui os parceiros comunicativos e os aspectos socioculturais individuais.

A urgência de um tratamento fonoaudiológico para a deficiência intelectual se deve também ao fato de o desenvolvimento pré-linguistico ocorrer de forma bastante tardia em pacientes com o distúrbio. Enquanto tal habilidade surge nos primeiros 18 meses de vida de uma criança atípica; no caso de quem convive com a deficiência intelectual, esse desenvolvimento aparece apenas por volta dos dois ou três anos de idade.

Tratamento psicológico na deficiência intelectual
Os especialistas da área da psicologia devem propor intervenções que trabalhem as necessidades do paciente, levando em consideração a realidade vivida pela criança. Há que ressaltar a importância do contexto social, cultural e econômica do pequeno.

É imprescindível que a família também seja incluída nesse processo de intervenção, tendo em vista que o comportamento dos membros desse núcleo pode exercer influência no dia a dia do pequeno, impactando em sua vida e no desenvolvimento de aspectos essenciais para a interação social.

Tratamento médico na deficiência intelectual
Por último, mas não menos importante, a intervenção médica requer o acompanhamento de um especialista que analise clinicamente a situação da criança. Há que se ressaltar o fato de o pequeno ser submetido a terapias de reabilitação e estímulos. O uso de medicamento não deve ser aplicado a todos os casos. É preciso haver sempre a autorização do médico para a sua indicação.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Curta-metragem premiado fala da importância da inclusão e do respeito à diversidade nas brincadeiras de criança

Luisa Bertrami D’Angelo para o controversia.com.br

Curta-metragem premiado fala da importância da inclusão e do respeito à diversidade nas brincadeiras de criança

Ian é um menino com deficiência e quer brincar em um parquinho, apesar dos olhares e comentários das outras crianças e suas dificuldades em interagir com ele. O curta é inspirado na história de um Ian real. Sua mãe, autora de um livro e criadora da Fundação Ian, tomou como tarefa ensinar os responsáveis por fazer bullying com o filho uma importante lição a respeito da diversidade e da inclusão, tarefa esta que desembocou na criação do curta-metragem, uma parceria com o estúdio de animação latinoamericano MundoLoco.

O filme, deliberadamente sem falas para que a linguagem falada não fosse uma barreira para falantes de diferentes línguas e de diferentes idades – crianças e adultos podem assisti-lo -, é uma bela e importante reflexão a respeito da importância do respeito às diferenças e do quão significativo é, para uma criança com deficiência, habitar os espaços que desejar e brincar com outras crianças – mas não só isso: mostra também que, para crianças que não tenham deficiência, este é um exercício de cidadania que pode ser feito desde os primeiros anos de vida.

Confira, abaixo, o curta-metragem na íntegra:

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Cientistas explicam por que alguns autistas têm sensibilidade extrema ao toque

Alterações genéticas em nervos do sistema nervoso periférico podem explicar as alterações sensoriais comuns em pacientes com o transtorno, indica estudo norte-americano


Por Isabela de Oliveira para o uai.com.br


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A última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) incluiu as anomalias sensoriais do autismo como algumas das principais dimensões da doença (foto: SXC.hu)

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, descobriram o que faz com que alguns indivíduos enquadrados no espectro autista estejam sempre à flor da pele: a ansiedade social e a sensibilidade extrema ao toque podem ser, em parte, causadas por falhas em nervos dos braços, das pernas, das mãos, dos dedos e da pele que enviam informações sensoriais ao cérebro, sugere a equipe de cientista na última edição da revista Cell. “Nós mostramos que uma disfunção tátil, somatossensorial, contribui para o deficit comportamental, algo que não foi visto antes”, conta David Ginty, autor sênior do estudo, feito com ratos. Ainda não está claro, porém, como o problema de processamento do toque gera ansiedade e desconforto social.

Até então, acreditava-se que desordens do espectro autista (DEA) eram, basicamente, problemas cerebrais normalmente manifestados por comportamentos repetitivos e deficiências nas habilidades de interação social. No entanto, a maioria das pessoas com DEA também tem os sentidos táteis alterados, sendo hipersensíveis até mesmo a toques suaves e texturas. O aspecto é tão relevante para a compreensão da doença que a última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) incluiu as anomalias sensoriais do autismo como algumas das principais dimensões da doença.

“A hipersensibilidade é, realmente, impressionante. Para se ter uma ideia, no caso de minha filha e de outros autistas, a primeira coisa que precisamos fazer após comprar uma roupa nova é remover a etiqueta. Eles não suportam tocar naquilo, têm uma sensibilidade absurda. Por isso, em locais cheios, ficam mais estressados: percebem a confusão com mais intensidade e assimilam tudo isso de uma vez só, simultaneamente”, conta o médico José Carlos Pitangueira, diretor executivo do Instituto Priorit, um centro especializado em tratamento de DEA no Rio de Janeiro.

A sensação de toque é recebida inicialmente pelo sistema nervoso periférico, a partir de receptores na superfície da pele. Só depois, viaja para o sistema nervoso central. Enquanto muitos pesquisadores do autismo concentram seus estudos no destino final da viagem — o cérebro —, David Ginty preferiu entender melhor a primeira estação da jornada sensorial. Para isso, a equipe liderada por ele inseriu, nos nervos periféricos de ratos, as mutações que silenciam os genes Mecp2 e Gabrb3, cujas anomalias estão associados com DEA.

Ratos que nasceram com os genes mutantes se mostraram mais sensíveis a toques sutis: um sopro leve no pelo das costas, por exemplo, era o suficiente para gerar uma perturbação exagerada em relação aos animais sem o defeito. Além disso, os ratinhos com o problema genético eram incapazes de distinguir texturas macias e ásperas dos brinquedos, ao contrário dos bichos sem as variantes. Embora as mutações não estivessem presentes no cérebro, apenas no nervo periférico, as cobaias diferenciadas eram mais ansiosas e menos sociais, tratos normalmente atribuídos à função do sistema nervoso central.

Por exemplo, quando tinham a opção de passar tempo com outro rato ou um copo vazio, os animaizinhos mutantes optavam pela companhia inanimada. Testes de ansiedade também revelaram diferenças: enquanto ratos normais exploravam com curiosidade áreas abertas, se aventurando até mesmo em plataformas elevadas sem proteção, os roedores com os genes silenciados preferiam as regiões protegidas.

Fator tempo
Os autores, por fim, observaram o comportamento de ratos que tiveram os genes Mecp2 e Gabrb3 depois de adultos. Nesse caso, as cobaias passaram a apresentar hipersensibilidade ao toque. No entanto, ao contrário de ratinhos que haviam nascido com os genes silenciados pelas mutações, elas não exibiram o comportamento anormal. Diante disso, os autores imaginaram que o comportamento antissocial poderia ter sido condicionado pelo período mais longo que os animais que nasceram com a mutação foram obrigados a conviver com o desconforto sensorial. Durante o desenvolvimento, o toque media a interação com o ambiente e outros indivíduos.

Portanto, se um rato achar que o contato físico com outro é desconfortável, ele passará a evitar o contato no futuro. O mesmo vale para o ambiente: uma vez considerado abrasivo, tenderá a ser evitado pelo animal. Além disso, ao longo das pesquisas, os autores perceberam que os nervos periféricos dos ratos mutantes apresentavam níveis mais baixos de um receptor de ácido gama-aminobutírico (Gaba), que é o principal neurotransmissor inibitório do cérebro, sendo responsável por moderar a intensidade das sensações.


“A partir disso, acreditamos que os ratos com essas mutações genéticas associadas ao autismo têm um grande defeito no ‘interruptor de volume’ em seus neurônios sensoriais periféricos”, diz Lauren Orefice, principal autora da pesquisa e pós-doutoranda no laboratório de Ginty. Ou seja, no autismo, o volume da sensibilidade dos animais está ligado no máximo, fazendo com que eles sintam o toque em um nível exagerado. “Achamos que funciona da mesma maneira em humanos com DEA” Ginty acrescenta.

Tratamento
Os investigadores estão, agora, à procura de abordagens genéticas e farmacêuticas que possam regular a intensidade do volume para os níveis normais nos neurônios sensoriais periféricos. Uma opção seria encontrar uma droga que restitua a função do Gaba nas periferias do sistema nervoso. Presidente da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal (SPDF), Christian Muller considera que a discussão sobre o comprometimento sensorial periférico precisa ser melhor analisada. Ele questiona, por exemplo, se os achados poderiam explicar, em humanos, outras formas de autismo.

“A grande dificuldade das pesquisas em autismo é que múltiplos genes estão envolvidos em sua causa e, como tal, dificultam a investigação e o tratamento. A conclusão desse estudo ainda não pode ser levada a todos casos de autismo, visto que se testou genes específicos, dentre os tantos envolvidos”, observa o também neuropediatra do Hospital Santa Lúcia. Mesmo assim, Muller frisa que as ressalvas não diminuem a contribuição do trabalho, considerado por ele “uma novidade no campo dos estudos sobre autismo”. “O grupo de autores e a revista publicada são muito respeitados cientificamente, o que aumenta a relevância do estudo”, certifica o neuropediatra.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Projeto Sorriso Especial - Cauã de Lima

Essa semana recebemos a visita do Cauã de Lima e família.

O Cauã tem 9 anos e é autista. Ele foi atendido pela dentista voluntária Isadora Schaider.

Autismo infantil – Vivendo dentro do seu próprio mundo
Dia do autismo: acreditamos num mundo baseado na inclusão e na tolerância

Confira as fotos:




Cauã e Drª Isadora

Gostaria de ajudar no tratamento do Cauã e das dezenas de crianças e adolescentes com deficiência da comunidade da Maré? Saiba como ajudar aqui.

Conheça o Projeto Sorriso Especial aqui.