sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Como lidar com o preconceito na escola

Por Essence Cuidados | essencecuidados.com.br

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Os últimos anos foram de grandes avanços na legislação em favor das pessoas com deficiência. A principal delas talvez tenha sido a que garante o acesso à escola a todas as crianças. Um grande benefício para o desenvolvimento das crianças com deficiência, porém que também traz outro problema: o preconceito na escola.

Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo vive com algum tipo de deficiência. Entre essas pessoas, quase 93 milhões são crianças. Aqui no Brasil cerca de 877 mil estudantes com algum tipo de deficiência estudavam na Educação Básica em 2017.

É comum que o processo de adaptação seja conturbado, mas é preciso saber como agir corretamente para eliminar esse tipo de comportamento e reduzir, cada vez mais, o preconceito na escola.

A escola e os educadores possuem grande responsabilidade nesse trabalho de conscientização. Muitas vezes atitudes que parecem combater a exclusão acabam promovendo-a, ainda que inconscientemente.

O ambiente escolar contribui para a formação do moral das crianças

Ao contrário do que é idealizado no imaginário coletivo, o ambiente escolar tem muito mais representatividade do que apenas a instrução formal e acadêmica.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional determina que todas as crianças com mais de 4 anos de idade devem estar matriculadas na educação básica. Portanto, a escola é o primeiro lugar, fora do seio familiar, no qual a criança terá trocas de experiências diversas, inclusive afetivas.

O preconceito na escola

Entre os comportamentos mais comuns nas escolas relacionados ao preconceito, os mais recorrentes são a marginalização e a segregação. Na marginalização a criança faz parte de um grupo, porém não lhe é permitido participar das atividades. Já na segregação a criança com deficiência é deixada de lado, ignorada.

Estudos já demonstraram que o preconceito tem muito mais a ver com quem pratica do que com quem é atingido. Ele surge por uma falta de empatia e a incapacidade de se identificar com o outro.

Sendo assim, não são apenas os alunos os responsáveis pelo preconceito na escola. Algumas ações adotadas pela direção das escolas podem também cooperar para que a discriminação se fortaleça.

Um exemplo dessa atitude, de acordo com o professor José Leon Crochik, do Laboratório de Estudos sobre o Preconceito (LEP), do Instituto de Psicologia (IP) da USP, é a presença de um segundo professor em sala. Geralmente os alunos percebem essa presença como um prova de que o aluno com deficiência é diferente. Isso reforça preconceitos. O ideal é que esse profissional de apoio não ficasse exclusivamente para o aluno com deficiência e sim pudesse ajudar a atender a necessidade de todos.

Outro ponto importante é a discriminação que vem de casa. Os familiares são a referência das crianças e eles reproduzem comportamentos presenciados em casa. Quando os pais acreditam que a escola perderá qualidade no ensino porque aceita uma criança com deficiência, esse comportamento passa para o filho.

Bullying na escola

Xingamentos, agressões, apelidos grosseiros ou o próprio isolamento do colega são considerados bullying. Esse comportamento não deve ser visto como brincadeira natural da idade ou como algo banal.

Quando o alvo é uma criança com deficiência o caso é ainda pior, pois elas nem sempre têm habilidade física ou emocional para lidar com as agressões. Esse tipo de comportamento é impulsionado, principalmente pela falta de conhecimento sobre a deficiência e pelo preconceito trazido de casa.

Colocar em prática ações pedagógicas inclusivas para reverter esse cenário de comportamento violento é responsabilidade da escola.

A conversa aberta é um excelente caminho. Certamente uma abordagem clara e direta sobre a deficiência com as crianças elimina o medo do desconhecido, do diferente, e torna o assunto natural. As crianças passam a ver o colega com deficiência como qualquer outra criança que têm habilidades e limitações.

É normal que as crianças reajam negativamente diante de uma situação desconhecida. Entretanto cabe ao professor estabelecer limites para essas reações e conscientizar as crianças para eliminar a questão.

Estabelecer vítimas e culpados de uma situação de bullying não resolve os conflitos. O melhor a fazer é desatar os nós da tensão através do diálogo. Ampliar essa estratégia para os familiares é fundamental também.

Dicas práticas para eliminar o preconceito na escola

  • Converse sobre a deficiência do aluno na presença dele;
  • Adapte a rotina para facilitar a aprendizagem sempre que necessário;
  • Promova conversar com os familiares sobre bullying e inclusão;
  • Exiba filmes e adote livros que mostrem pessoas com deficiência em situações cotidianas e positivas;
  • Foque nas habilidades e capacidades de aprendizagem do aluno com deficiência;
  • Elabore um projeto de prevenção e ação contra o bullying na escola;
  • A inclusão social é um assunto sério para nós da Essence Cuidados. Acreditamos que todos podem receber oportunidades iguais, independente de suas dificuldades.

Contribuímos através da oferta de serviços de transporte especializado para pessoas com dificuldades de locomoção.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Ajude a ONG Sorriso Novo a ampliar o seu atendimento

A ONG Sorriso Novo está com um projeto em consulta pública para ganhar o financiamento de uma Emenda Parlamentar do Deputado Marcelo Calero!


Trata-se do projeto Sorriso Especial, que oferecerá tratamento dentário, psicológico, fonoaudiológico e fisioterapêutico para crianças e adolescentes com deficiência, de baixa renda e oriundas do Complexo de Comunidades da Maré.

Para votar acesse o link calero.rio e siga o passo a passo do vídeo tutorial abaixo.


Apoie esse trabalho social! Compartilhe! Contamos com o seu voto!

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

O navio Logos Hope, maior livraria flutuante do mundo, chega ao Rio e tem dia dedicado ao autismo

Com 500 mil livros a bordo, Logos Hope tem programação com exposições, peças e outras atrações


Logos Hope: navio de de 12 toneladas, tem 21 metros de largura e 132 metros de comprimento Foto: LJ LEE / Divulgação/GBA
Logos Hope: navio de de 12 toneladas, tem 21 metros de largura e 132 metros de comprimento Foto: LJ LEE / Divulgação/GBA

O navio Logos Hope abriu as portas nesta quinta-feira no Porto do Rio. Autointitulada a maior livraria flutuante do mundo, a embarcação fará uma estada de 20 dias na cidade e estará aberta para visitação até 6 de outubro.

- Temos à venda mais de 5.000 livros diferentes. São títulos infantis, de culinária, ficção, ciência e outros temas. No total, o navio transporta mais de 500 mil volumes - afirma Ester Hansen, uma das coordenadoras do projeto no Brasil.

Embarcação transporta acervo maior que o da biblioteca do CCBB Foto: LJ LEE / Divulgação/GBA

No dia 28 de setembro, o Navio realizará o Embarque Azul, quando abrirá uma hora mais cedo para proporcionar uma visita diferenciada com redução de público e de estímulos sensoriais (som e luz) para pessoas com Autismo e Transtornos do Processamento Sensorial (TPS). 

Para garantir uma vaga no Embarque Azul, a inscrição da pessoa com autismo deverá ser realizada através do preenchimento do formulário. 

Orientações
  1. Data da visita diferenciada para autistas: 28 de setembro de 2019.
  2. Crianças até 12 anos e idosos acima de 65 não pagam ingressos.
  3. Pessoas fora desta faixa etária poderão adquirir seus ingressos no local. O preço do ingresso individual é de R$5,00 (cinco reais).
  4. As crianças só entrarão no navio acompanhadas de um responsável maior de idade.
  5. Não teremos acompanhantes para as crianças.
  6. A visita dá acesso à LIVRARIA e à CAFETERIA do Navio.
  7. A visita diferenciada acontecerá somente das 9h às 10h. A partir das 10h a visitação será aberta ao público em geral.
  8. Sugerimos que os visitantes cheguem a partir das 8h30min para identificação. Nossa equipe já estará à espera. 
  9. Qualquer dúvida, favor entrar em contato através do e-mail: embarqueazul@gmail.com
Fonte: Jornal O Globo

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Educação inclusiva: quais os pilares e o que a escola precisa fazer?

Felipe Ferreira para o www.proesc.com

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Antes, nós tínhamos a escola regular e a escola especial, separadamente. A educação inclusiva aparece para acabar com essa separação. Ela é a educação especial dentro da escola regular com o objetivo de permitir a convivência e a integração social dos alunos com deficiência, favorecendo a diversidade.

Por meio dela, é possível educar crianças e jovens dentro do mesmo contexto escolar, concedendo a eles o pleno direito à escolarização.

Neste post, você conhecerá um pouco mais sobre a educação inclusiva e o apoio necessário para que ela aconteça. Descobrirá qual é o papel da escola, além de entender quais são os pilares da educação e compreenderá o que se espera de uma escola inclusiva. Boa leitura!

O que é educação inclusiva?

Antes de falarmos sobre o que é a educação inclusiva, é necessário compreendermos a diferença entre ela e a educação especial.

A educação especial é uma modalidade de ensino que tem a função de promover o desenvolvimento das habilidades das pessoas com deficiência, e que abrange todos os níveis do sistema de ensino, desde a educação infantil até a formação superior.

Ela é responsável pelo atendimento especializado ao aluno e seu público-alvo são os alunos com algum tipo de deficiência (auditiva, visual, intelectual, física ou múltipla), com distúrbios de aprendizagem ou com altas habilidades (superdotados).

Já a educação inclusiva é uma modalidade de ensino na qual o processo educativo deve ser considerado como um processo social em que todas as pessoas, com deficiência ou não, têm o direito à escolarização.

É uma educação voltada para a formação completa e livre de preconceitos que reconhece as diferenças e dá a elas seu devido valor. Para que ela aconteça, é fundamental a criação de redes de apoio aos educadores.

O que são as redes de apoio?

O aprendizado dos alunos com deficiência é de responsabilidade de todos que fazem parte do processo educacional e não apenas do professor. Nesse sentido, existem as redes de apoio compostas por pessoas que colaborarão no processo de ensino e aprendizagem do aluno. A seguir, listaremos todos que fazem parte dela.

A família
Ela é a primeira e a principal responsável pela educação escolar da criança ou do jovem. Por isso é tão importante que se crie uma relação de cooperação e confiança entre escola e família, e que exista uma ampla comunicação entre elas.

Os profissionais da área de saúde
Eles podem ser médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos ou psicopedagogos. Esses profissionais ajudarão os educadores a entenderem as necessidades do aluno e poderão dar direcionamentos sobre como atendê-las.

Qual é o papel da escola?

A escola tem o dever de aceitar os alunos com deficiência e realizar as adaptações necessárias para que eles tenham seu direito à educação garantido.

Outra preocupação que a escola deve ter é fornecer aos seus educadores capacitação e formação continuada fundamentais para lidar com esses alunos, bem como as adaptações e os equipamentos que forem necessários para seu aprendizado. Reuniões entre os professores e os coordenadores pedagógicos favorecem a troca de experiências e o aprendizado.

Infelizmente, os cursos de graduação não preparam os futuros professores para lidarem com as diferenças e particularidades de cada aluno.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que orienta as escolas. Ele deve ser seguido por toda a educação básica, porém não se trata de algo fixo e imutável.

Realizar uma flexibilização nesse currículo de modo a favorecer a aprendizagem do aluno com deficiência também é papel e responsabilidade da escola e de todos os seus educadores. Essa flexibilização inclui fornecer material e mobiliário essenciais e adquirir equipamentos específicos, como computadores e softwares, por exemplo.

A escola não está sozinha nessa tarefa. Esse deve ser um trabalho conjunto entre a escola regular, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e o Estado.

Quais são os pilares da educação?

O relatório para a Unesco feito pela Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI apresenta quatro pilares sobre os quais a educação deve se firmar:

  • aprender a conhecer;
  • aprender a fazer;
  • aprender a conviver;
  • e aprender a ser.

Firmar a educação inclusiva em todos esses pilares é garantir que a aprendizagem de crianças e jovens com deficiência aconteça por meio das várias possibilidades de desenvolvimento que podemos encontrar na escola.

O que é uma escola inclusiva?

É uma escola comum — ou regular — que acolhe todos os tipos de alunos, independente das diferenças. Nela, são criadas situações que favoreçam e respeitem os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem dos alunos.

São realizadas ações como a presença de um segundo professor em sala, tenha ele formação específica ou básica, ou de um estagiário, com o intuito de dar apoio à equipe pedagógica. O acompanhamento do trabalho do professor é fundamental para dar a ele o suporte que ele necessita.

Na escola inclusiva, todas as propostas que orientarão as atividades escolares e as intenções dos educadores relativas à inclusão estão registradas em seu Projeto Político Pedagógico (PPP). Nele, ficam estabelecidas quais redes de apoio serão necessárias para o atendimento aos alunos com deficiência.

A escola deverá fornecer ao aluno os recursos diferenciados indispensáveis ao seu aprendizado, como adaptações físicas do ambiente escolar, professores especialistas ou aceleração de conteúdo.

Dependendo do caso, o aluno, além de frequentar a escola regular inclusiva. Também deverá frequentar no contraturno uma escola especial que funcionará como um centro de apoio e complementação de sua formação, com a presença de profissionais especializados para isso.

Quais são os desafios a serem enfrentados?

A educação inclusiva ainda está em fase de implementação no Brasil, por isso são muitos os desafios a serem enfrentados.

O maior deles ainda é a falta de preparo e capacitação dos professores para lidarem com os alunos com deficiência. O número de professores especialistas em Libras ou Braille, por exemplo, ainda está muito aquém do desejado.

Muitas escolas públicas também não têm os recursos financeiros necessários para fazer as adaptações ou comprar os equipamentos necessários às necessidades de seus alunos com deficiência.

Como você viu, a educação inclusiva é mais do que necessária para permitir que absolutamente todos tenham pleno acesso a uma formação escolar de qualidade. Os desafios são grandes, mas as iniciativas e a dedicação dos professores têm feito com que ela aconteça.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Atenção à saúde de pessoas com deficiência e doenças raras é tema de coletânea

Por: Irene Kalil (IFF/Fiocruz)


Pessoas com deficiência ou doenças raras são, muitas vezes desde o seu nascimento, usuárias da atenção à saúde de média e alta complexidade, demandando atendimento especializado em diversas áreas, como genética médica, neurologia, fonoaudiologia, pneumologia, fisioterapia, entre outras. Mas, assim como os demais beneficiários do Sistema Único de Saúde (SUS), elas também são recebidas na atenção primária, que funciona não apenas como porta de entrada, mas carrega o papel de proporcionar a todos, sem discriminação, um cuidado integral e inclusivo. Foi pensando nisso que a médica pediatra do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Daniela Koeller Rodrigues Vieira teve a ideia do livro Pessoas com deficiência e doenças raras: o cuidado na atenção primária. Sexto título da Coleção Fazer Saúde, da Editora Fiocruz, publicado em 2019, a obra reúne relatos de experiências exitosas sobre o cuidado a esses segmentos da população, um assunto até então pouco abordado na produção científica brasileira.

“Com a recente ampliação da legislação para a saúde na área [a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras foi instituída por portaria do Ministério da Saúde de 30 de janeiro de 2014], fez-se necessário incluir o cuidado em rede, partindo da atenção primária, e ampliar as discussões sobre a saúde dessa população lançando mão da expertise e das ferramentas já utilizadas na Atenção Básica”, afirma Daniela sobre os objetivos do livro. “Vimos, em nossa experiência de trabalho, que, para além de ações prescritivas, é fundamental construir, com a rede de profissionais e usuários, um cuidado efetivo em todos os níveis do sistema”, complementa.

Como órgão auxiliar do Ministério da Saúde (MS) na construção e proposição de políticas de saúde nos segmentos que fazem parte do seu escopo, o IFF/Fiocruz ocupa um lugar importante no debate sobre o cuidado às pessoas com deficiência e doenças raras e na capilarização desse cuidado por toda a rede de saúde, o que está refletido na presença de vários profissionais que atuam ou que fizeram parte da sua formação no Instituto como autores da coletânea. “Centro de Referência para Doenças Raras habilitado pelo MS, único no Estado do Rio de Janeiro, IFF/Fiocruz conseguiu estabelecer essa interface entre suas diversas áreas de atuação - atenção, ensino, pesquisa e cooperação técnica -, inclusive com a criação de uma linha de pesquisa específica sobre a temática no âmbito da sua pós-graduação stricto sensu”, pontua a médica.

Ela destaca que o país conseguiu alguns avanços do ponto de vista das políticas públicas, sendo o principal deles a ampliação do cuidado para fora do nicho da reabilitação e dos especialistas, possibilitando um olhar mais inclusivo. “Nos textos das legislações anteriores, o que acontecia era a restrição da atenção primária à função de porta de entrada para o sistema de saúde. Somente com a instituição da Política, foi possível iniciar o movimento de mudança desse foco, passando-se a entender a atenção primária como locus do cuidado também para pessoas que têm doenças incomuns, muitas vezes incapacitantes e graves e cercadas por tabus”, ressalta a pediatra.

Um dos capítulos do livro aborda a questão de ampliação do acesso desses usuários ao sistema de saúde. Daniela acredita que os maiores desafios a essa conquista são o reconhecimento de que a construção de um SUS viável e que trabalha em rede é possível e fazer com que os textos das políticas se traduzam, na prática, em ações de saúde. Segundo a autora, também é preciso compreender que a atenção primária é um local não apenas de trabalho, mas de produção de cuidado e saber qualificados. Uma das características desse nível de atenção é, precisamente, a possibilidade de promover uma atenção longitudinal à saúde desses usuários, estimulando práticas que aumentem sua autonomia e capacidade de autocuidado. “Nesse sentido, a maior contribuição que a obra traz para a atenção às pessoas com deficiência ou doenças raras é tirar a lei do papel, transformando o cuidado numa coisa viva e pulsante e permitindo que usuários e profissionais possam iniciar a construção de uma realidade diferente da que vivemos hoje”, avalia a organizadora.