quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Inclusão: natação melhora a vida de crianças com deficiência

Desenvolvimento psicomotor, aumento da autoestima e interação social são os benefícios da natação por pessoas com deficiência

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Salvador Martins de Moraes foi aconselhado por amigos a matricular o filho Vanderlei, de 32 anos, portador de síndrome de down, em uma academia de natação. Na época, o rapaz tinha 10 anos e era uma criança agressiva e com dificuldades de relacionamento. O resultado agradou tanto a Moraes que ele começou a indicar o esporte para outros pais que havia conhecido na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

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''Fico feliz ao lembrar que outros pais trouxeram seus filhos também. O Vanderlei é bom de prato e o esporte ajuda a manter o peso. Ele tem um ótimo fôlego. Hoje, atravessa a piscina mergulhando.'' 

Júlio César Rodrigues pratica natação há 14 anos. Após uma cirurgia no joelho, o médico indicou o esporte para conter a hipotonia, a fraqueza muscular comum nos portadores da síndrome de down. Aos 32 anos, ele frequenta a academia de natação três vezes por semana e já ficou mais de uma vez em primeiro lugar nas competições internas.

A mãe de Júlio, Maria Angélica Rodrigues, entusiasma-se ao contar as mudanças que percebe no comportamento do filho desde que ele aprendeu a nadar. Ela cita uma melhor postura, o aumento da autoestima e, principalmente, o modo como ele trata as pessoas. ''A convivência social, a integração com os outros alunos e os professores fizeram-no amadurecer e ser mais calmo. Na academia ele interage com outros jovens portadores de down ou não. O mais importante é que todos são tratados de forma igual.'' 

Desafios 

A professora de natação, Natalie Ito, explica que o ensino desse esporte em casos como o do Júlio são iguais a todos os outros. ''A medida de atenção é sempre a mesma para cada aluno. A paciência é a mesma e corrijo os exercícios de todos de forma igual. A única variação é que portadores de síndrome de down são mais corajosos, não têm medo. Aceitam os desafios com vontade de superação'', relata. 

Luciano Rodrigues de Mello, também professor de natação, explica que o esporte é integrador e garante o desenvolvimento psicomotor das pessoas com necessidades especiais. ''Eu atendo jovens com esquizofrenia e autistas. Nesses casos é necessário mais paciência. Precisamos fazer o que eles querem para conseguir ganhar sua confiança. Como é difícil a comunicação com eles, os avanços são lentos, mas são possíveis.'' 

Nos casos de down o atendimento é coletivo e pode ser realizado com outros alunos. Autistas e pessoas com esquizofrenia são atendidos individualmente. 

Natação infantil é aconselhada a partir dos três meses 


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Água quentinha e riso das crianças. Brincadeiras, desafios e cantigas. Exercícios que ajudam a desenvolver a relação de confiança da criança com os pais. A natação infantil é aconselhada a partir dos três meses. A professora de Educação Física, Ariane Duarte Borges, aponta o aumento do equilíbrio do tônus muscular como um dos principais benefícios. ''Principalmente na região cervical, possibilitando uma melhor sustentação da cabeça, o que facilita o manuseio da criança.'' 

''Através do ato de brincar na água, a criança desenvolve o sistema motor, sensorial e até o afetivo. Há um crescimento no relacionamento de confiança com o adulto que o trás para a aula e muitos pais relatam como o sono da criança se torna mais tranquilo'', acrescenta a professora Cristiane Baricati, que há 14 anos trabalha com natação infantil. 

A presença dos pais na hora da atividade é fundamental. Dessa forma o processo inicial de aprendizagem se torna mais eficaz. A proximidade afetiva entre pais e filhos, na hora dos primeiros contatos com as posições horizontais na água, vão evitar maiores traumas e os ''chorinhos'' comuns ao enfrentamento do novo. ''A criança sente a segurança que a presença dos pais transmite e tem mais condições de se lançar às novas sensações que a natação vai lhe proporcionar'', explica Cristiane. 

Eliane Cotrin, mãe de Rafael, dois anos, matriculou o filho quando ele tinha cinco meses. Ela percebeu que o menino ficou menos agitado e aproveitou do apetite após as aulas para caprichar na alimentação. ''Para uma criança da sua idade, o Rafael fica muito pouco gripado. Ele não é de comer muito e após brincar na água sente mais fome. Eu já trago o almoço.

Pediatra dá orientações aos pais 

O pediatra e pneumologista José Osmar Minetto explica que os pais devem tomar alguns cuidados ao matricular os filhos em uma escola de natação. Ele observa que a prática é aconselhada para crianças com asma. ''Qualquer exercício para esses casos são bem-vindos. A natação é um exemplo, porque aumenta a capacidade cardiorrespiratória. É aquele processo onde percebemos um cansaço ao praticar exercícios, que vai desaparecendo com a rotina da atividade.'' 

Já nos casos de rinite a prática é desaconselhada. O médico explica que o cloro presente na água irrita a mucosa do nariz e provoca um processo inflamatório. ''É altamente prejudicial. Os pais podem perceber isso nos primeiros contatos dos filhos com o esporte. O quadro pode evoluir para uma rinossinusite e o tratamento para isso é lento, faz a criança sofrer muito'', alerta.

Bruno Maffi - Equipe Folha
Matéria extraída do bonde.com.br

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