quarta-feira, 5 de junho de 2019

Crianças com deficiência se desenvolvem melhor em escolas regulares

Um dos maiores problemas relacionados a crianças com deficiências é a falta de investimento em relação à escola. A maioria das instituições não tem a estrutura necessária, e isso pode prejudicar as possibilidades que a criança tem para melhorar seu desenvolvimento


Por Carolina Juliano Fotos – Raquel Espírito Santo/Editora Globo Styling – Bruna Castro Produção Executiva – Mariana Costa Beleza – Isabelle Freitas / Cenário – Tamy Rente / revistacrescer.globo.com


criança estudando (Foto: Pexels)
(Foto: Pexels)

Há dez anos, a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de São Paulo fechou a escola especial que mantinha e passou a apoiar a inclusão das crianças com deficiência nas escolas regulares. O acompanhamento das crianças que migraram para essas instituições, durante três anos, mostrou que elas se desenvolveram melhor do que as que optaram por outra escola especial. A superintendente-geral da entidade, Aracélia Costa, explica por quê.

Em que momento e por que se deu essa mudança de paradigma?
Há 60 anos, quando surgiram os movimentos para cuidar dessas pessoas, eles eram ainda pautados num modelo de oferecer atendimento dentro das instituições. A sociedade nem imaginava como cuidar dessas crianças. Felizmente, como o mundo evolui, as condições da sociedade também mudaram e surgiram alguns códigos internacionais, como a Convenção de Direitos da Pessoa com Deficiência, da ONU, depois, no Brasil, a Lei Brasileira de Inclusão. Todos esses marcos regulatórios acabaram forçando uma reorganização da sociedade.

Como deve ser feita essa inclusão?
Nós acreditamos muito no atendimento educacional especializado, no apoio ao professor, à família e ao aluno. Esse tripé é que garante uma inclusão escolar plena. Nós apoiamos a escola, formamos professores, temos curso de especialização e pós-graduação. Além disso, apoiamos os centros de AEE [Atendimento Educacional Especializado] e o aluno, temos avaliação psicopedagógica e avaliações de funcionalidade na tentativa de que, a partir disso, possamos orientar melhor o professor no dia a dia da sala de aula com aquele aluno.

Quais são as principais barreiras da inclusão?
Especialmente a atitudinal. Tem a ver muito com o conhecimento sobre cada aluno e quais são os seus mecanismos de melhor aprendizagem. É preciso informação de qualidade para que os ambientes possam ser incluídos. Isso se aplica a escolas, a empresas e a qualquer outro lugar. Mas estamos em um movimento de avanço porque, primeiro, não havia escolas para essas pessoas, depois tivemos as especiais, agora estamos num modelo de educação inclusiva.

A nossa sociedade está preparada para evoluir na inclusão?
A nossa percepção é de que ninguém é contrário à inclusão, é impossível você não querer um mundo onde todos têm o seu lugar – acho que isso faz parte da dimensão humana. Ocorre que é preciso agir para incluir e aí aparecem as barreiras. Não existe inclusão sem investimento, senão ela só fica na ideologia. Nós, das organizações, acumulamos experiência em lidar com essas pessoas e queremos colocar isso à disposição das escolas, dos pais e dos alunos. O acesso é o primeiro passo, mas lá, dentro da escola, o aluno precisa ter todo o apoio de que necessita, e precisamos avançar nisso.

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