quinta-feira, 10 de junho de 2021

Mães de estudantes com deficiência falam dos desafios no ensino remoto

Famílias encontram dificuldades para efetivar educação inclusiva; especialista reforça direito à educação e faz recomendações às escolas

Ana Luiza Basilio para o cartacapital.com.br

MARIANA E A FILHA ALICE, DE 7 ANOS. CRÉDITOS: ARQUIVO PESSOAL.

A jornalista Mariana Rosa tem se esforçado para garantir que a filha consiga acompanhar as atividades da escola durante o ensino remoto, mas não esconde o seu cansaço. “É muita cobrança, tristeza, angústia, necessidade de acolhimento”, conta. Alice, de 7 anos, tem paralisia cerebral. Por apresentar limitações nos membros superiores e inferiores, usa cadeira de rodas. Também não se comunica oralmente e tem baixa visão.

A rotina de aprendizagem da menina, que cursa o primeiro ano do Ensino Fundamental, só se estabeleceu minimamente neste ano, depois que a família conseguiu matriculá-la em uma escola particular de Belo Horizonte. Em 2020, Alice ficou fora da escola, segundo a mãe, por falta de propostas pedagógicas das unidades adequadas às demandas da filha, e também por negativas de matrícula — o que é crime previsto em lei.

Agora, a família se desdobra para garantir que Alice seja incluída na rotina online da escola [por conta da pandemia, ela não chegou a frequentar a escola presencialmente]. “A escola tem procurado fazer o seu papel, correr atrás do prejuízo.” Não faltam, contudo, desafios a superar. “Até muito pouco tempo atrás, uma criança com as condições da minha filha nem poderia estar numa escola regular”, pontua a mãe, fazendo referência à Constituição de 1988, que passou a estabelecer como princípio a igualdade de condições e permanência na escola e também o atendimento educacional especializado a pessoas com deficiências nas redes regulares de ensino.

“Como que uma criança que não se comunica oralmente pode se encaixar em uma turma que está online, majoritariamente apoiada na fala e na visão?”, questiona a Mariana, que já chegou a fazer oito reuniões com a escola para adequar uma atividade para a filha.

“Teve um dia que a proposta era: vocês vão pegar um tênis e vão passar um cadarço nele. A minha filha não passa cadarço no tênis, mas também não existe só tênis de cadarço. Então, questiono, porque tem que ser passar o cadarço no tênis, escrever de próprio punho, jogar capoeira com as pernas. Por que só existe uma maneira de fazer as coisas? É esse tipo de problematização que a minha filha traz quando ela passa a pertencer ao espaço escolar”, relata Mariana. “A Alice escreve no computador, se comunica usando prancha de comunicação, joga capoeira mexendo a cabeça. São provocações que precisam ser feitas dentro da escola, porque o mundo é diverso.”

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