sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Quero que as crianças com deficiência tenham o que eu tive e não tive

 Gustavo Torniero para o Yahoo!

Crianças merecem ser incluídas. Merecem sonhar, fantasiar, aprender. Merecem brincar, se divertir e, porque não, aprender também com os seus erros

A infância é uma fase de descobertas, sonhos, aprendizados, fantasias. E, para vivê-la na sua plenitude, é preciso investir em uma palavra que está presente com frequência nessa coluna: inclusão.

Incluir crianças com deficiência é fundamental para que elas tenham a oportunidade que merecem de se desenvolver, se divertir, sonhar, fantasiar e aprender. Boa parte dessa vivência está nas escolas - que devem investir na diversidade, no preparo dos professores, no acolhimento e na comunicação com profissionais especializados em educação de pessoas com deficiência.

Eu estudei por quase toda minha vida no mesmo colégio. Lá, tive o privilégio e a oportunidade de aprender com professores que infelizmente nem sempre estavam preparados, mas que se propunham a pensar em soluções criativas para me ensinar temas mais complexos para uma criança com deficiência visual.

Também tive apoio de profissionais especializados e externos, além de uma pessoa dedicada a me apoiar em sala de aula.

Eu quero que todas as crianças com deficiência tenham tudo isso que eu tive e muito mais. Mesmo com uma grande rede de apoio e suporte familiar, tive muitos percalços na minha infância: preconceito, discriminação, dificuldade na obtenção de materiais acessíveis e dificuldades em matérias específicas na escola são só algumas delas.

Ter de se demonstrar capaz e eficiente todos os dias é exaustivo, ainda mais quando você é apenas uma criança e não tem consciência disso.

Ainda mais quando você topa, na sua infância, com colegas que duvidam do seu potencial e acreditam que você é privilegiado, simplesmente por ter uma deficiência. Essa parte eu não quero para as crianças no presente e no futuro.

Aos pais, espero que estimulem seus filhos a lidar e a conviver com as diferenças; que possam mostrar o caminho para o acolhimento, para a aceitação e inclusão de crianças com deficiência; que possam entender, valorizar e estimular o desenvolvimento delas; que possam ter apoio especializado, sempre que necessário.

Elas merecem ser incluídas. Merecem sonhar, fantasiar, aprender. Merecem brincar, se divertir e, porque não, aprender também com os seus erros. Merecem, acima de tudo, viver a infância na sua plenitude, com tudo de bom e de desafiador que essa fase nos oferece.

Nenhum comentário:

Postar um comentário