quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O brincar da criança deficiente


Ao explorar o universo infantil, encontramos a atividade do brincar, essencial e necessária no processo de desenvolvimento e um direito de todas as crianças. O brincar é um tempo e um espaço de descobertas, experiências que contém marcas da singularidade daquele que brinca.

É importante que a criança possua no brincar um lugar livre de experimentações fundamentais para a constituição de todo seu ser. Devemos pensar no brincar pelo brincar, espontâneo, criativo, livre e natural, e não o brincar como um recurso através do uso de brinquedos.

Já dizia Winnicott que a brincadeira é universal e pertence à saúde, ao bem estar físico e mental. Desde o nascimento, o bebê já brinca com o próprio corpo se descobrindo no espaço.

Se o brincar faz parte das experiências de vida possibilitando que a criança entre em contato com o meio, ingressando entre o imaginário e a realidade controlando o que está  sua volta, criando e continuando a se desenvolver a caminho de um bem estar.

O que dizer da criança com dificuldades motoras, psicocognitivas, sensoriais ou que não conseguem adentrar ao mundo das brincadeiras, não conseguem descobrir o universo a sua volta pelo brincar.

É nesta hora que com o olhar terapêutico, durante os atendimentos junto aos pequenos, percebo através do fazer, das atividades de vida diária durante o banho, a alimentação, a troca de roupa facilitando as experiências que levam a criança a se conectar com o mundo.

A deficiência não deve ser o empecilho de deixar que estes pequenos deixem as descobertas pelo brincar. Devemos proporcionar que todas as atividades sejam para eles uma abertura para descoberta do corpo e uma forma de se relacionar consigo e com o outro.

Consideremos então que o brincar é parte necessária e fundamental para o viver de cada criança e do adulto. É através do brincar, de atividades lúdicas e prazerosas que desenvolvemos e nos tornamos criativos para vivenciarmos experiências essenciais fornecedoras de informações para a construção de um ponto de partida para compreendermos quem é o sujeito e quais suas reais necessidades.

Com base no brincar e o diagnóstico das crianças com alguma limitação e no decorrer do processo terapêutico. A terapia ocupacional vai sendo orientada nos caminhos que a assistência vai percorrendo menos riscos de construir uma assistência voltada para a doença e sua possível cura ou recuperação. Caminhos que devem ser contados e partilhados com a criança ou adulto. A partir da experiência clínica percebe-se a importância do brincar livre, baseada na compreensão daquilo que o indivíduo traz de sua singularidade, contextualizada em seu cotidiano. Um deslocamento do olhar sobre a ausência e falta para aquilo que é singular e presente.

Pensar nessa singularidade como um fazer próprio do brincar em um ambiente com o qual a criança começa a estabelecer relações, através de diferentes experiências nas quais imprime sua marca principal no brincar. Pois é brincando, somente brincando que o indivíduo adulto ou criança se descobre, inventa e reinventa ações para um fazer melhor.

Fonte: Jaqueline Mourão para o criancaesaude.com.br

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