quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Professora de SP inspira aluna cega a seguir sua mesma profissão: ‘Meus alunos têm direito a tudo’

Por Gabriel Pietro para o razoesparaacreditar.com

Há mais de dez anos, a professora Valéria Freitas da Silva Vilanova é responsável por acompanhar alunos com deficiência visual, intelectual, auditiva, entre outras, na escola onde trabalha, em Campinas (SP).

Para ela, educar é uma missão para garantir o aprendizado e a inclusão deste grupo de estudantes. Mais do que isso, ela tem inspirado os alunos, como uma menina que, aos 11 anos, deseja seguir na mesma profissão de Valéria por conta da amizade com a docente.

No Dia do Professor, comemorado no dia 15 de outubro, Valéria, 39 anos, contou ao portal G1 que ensina para 39 crianças com idades entre 6 a 14 anos na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Oziel Alves Pereira, na periferia da cidade paulista.

Para Emilly Raquel Franco, uma de suas alunas, a professora é sua referência em todos os sentidos, inclusive o profissional. Ela se diz “decidida” a seguir a profissão de Valéria, apesar da pouca idade.

Educação especial

Valéria acredita que sua boa atuação na escola funciona a partir do equilíbrio entre as esferas das famílias, da instituição de ensino e das crianças. Ela atende alunos com dificuldades de locomoção, paralisia cerebral e Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Para que o aprendizado ocorra, todas essas engrenagens precisam caminhar juntas.

“A educação especial mudou minha vida, me fez vê-la de outra forma. Aprendi com as famílias e professores que já estavam nessa área, mas principalmente com as crianças. É lindo ver como eles têm potencial e são extremamente capazes de avançar, aprender e conquistar. Me fez acreditar ainda mais nessa profissão. Meus alunos têm direito a tudo”, explicou.

A educadora leciona para Emilly há seis anos, e conta estar cada vez impressionada com a altivez da pequena. “Minha carreira ficou completa ao ouvir isso”, destacou Valéria, sobre a vontade da aluna “em ser como ela”.

Para Maria da Cruz Pinheiro Franco Assunção, mãe de Emilly, a menina se desenvolveu muito desde que ingressou na escola, tanto nos estudos quanto nas relações de amizade. “Confio muito no trabalho da Valéria, ela é um anjo que entrou na vida da minha filha. Uma segunda mãe”, apontou.

Desenvolvimento pessoal

O processo de aprendizado de Emilly é acompanhado por Valéria desde o início do ensino fundamental. Nos últimos 6 anos, ela construiu um vínculo especial com a aluna, que agora cursa o 6º ano.

“Ela chegou no primeiro ano marcando presença e reivindicando seu espaço. Acompanhei todo o processo de alfabetização da Emilly e no começo ela não queria usar o braille. Aos poucos fomos ajudando ela com a construção de sua identidade e as adaptações.”

A menina se adaptou com relativa rapidez ao cotidiano escolar, graças em parte à boa relação com os colegas. “Alguns meses depois que chegou na escola, ela contou que onde estudava os colegas não brincavam com ela, que a discriminavam com apelidos pejorativos. E disse que gostava muito de onde estava agora porque tinha amigos que a chamavam de linda. Logo que ela chegou, comecei a chamá-la de ‘Emilinda’ e o apelido pegou entre os colegas”.

Mais do que ser uma professora, Valéria se considera uma “articuladora” que media as relações entre as crianças e seus variados graus de deficiência, criando um senso de grupo na turma.

“O preconceito não vêm com as crianças, muitas vezes é um reflexo dos adultos que estão a sua volta. Quando uma criança vê as outras acolhendo um aluno com deficiência, ela entra nesse movimento”, relatou.

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