quarta-feira, 16 de novembro de 2022

'Um ano na fila': crianças com deficiência enfrentam falta de vagas ou longa espera por matrícula

Oferta de profissional de apoio e de plano individual é prevista em lei

Theyse Viana para o diariodonordeste

Cerca de um ano. Esse é o tempo que a zeladora Anne Soares, 32, já aguarda na fila por uma vaga em creche pública para o filho José Kael, 3. Para o menino autista, cada semana sem interação com outras crianças e sem educação especializada é sinônimo de perda – realidade que diversas famílias relatam enfrentar em Fortaleza.

Diário do Nordeste conversou com mães de crianças com deficiência que precisam não só da vaga, mas de profissionais de apoio escolar e do chamado Atendimento Educacional Especializado (AEE), mas encontram dificuldades para efetivar as matrículas e o direito.

Anne é uma delas.

“O Kael é hiperativo, agressivo, tem horas que ele fica muito agitado, sobe nas coisas, quebra. A médica queria que ele interagisse com outras crianças, mas ele já vai fazer 4 anos e não consigo vaga na creche”, desabafa a mãe.

 Falaram que ele tá na fila de espera, e se um garotinho desistir da vaga, colocam ele. Fui em outra creche, não tinha vaga. Eu disse que meu menino é autista, que tá precisando interagir com coleguinhas, mas já tá com mais de ano que ele tá nessa fila - ANNE SOARES, Zeladora

A realidade se repete para a dona de casa Mercedes dos Santos, 39, que tem o problema triplicado: três dos filhos são hiperativos e autistas, mas, segundo ela, não contam com acompanhamento especializado na escola. “Nunca foi falado nada disso”, confessa.

“Minha menina já tem 2 anos, desde 1 ano que tento vaga na creche, e nada. Tá na fila de espera, me ligaram e disseram que só ia ter vaga pra 2023”, conta Mercedes, frisando, ainda, outro problema que atinge os dois filhos mais velhos, de 7 e 9 anos.

Consegui vaga pros mais velhos, mas num colégio que é mais longe de casa. No mais perto não tinha. Tem dias que eles nem vão, porque são asmáticos e se cansam fácil - MERCEDES DOS SANTOS, Dona de casa

Em setembro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o Estado tem o dever constitucional de garantir o direito à creche e escola para a educação infantil – os municípios, assim, não podem negar matrícula alegando indisponibilidade de vagas. Os pais podem recorrer à Justiça em caso de negativa.

Leia a matéria completa em diariodonordeste.verdesmares.com.br 

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