quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Equoterapia ajuda no desenvolvimento de crianças com deficiência em Presidente Prudente

Movimento do animal contribui para que o praticante evolua em aspectos físicos e neurológicos. G1 acompanhou a atividade e melhorias de três pacientes.


Por Stephanie Fonseca, G1 Presidente Prudente

Programa de equoterapia auxilia no desenvolvimento de pessoas com qualquer lesão neurológica — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Programa de equoterapia auxilia no desenvolvimento de pessoas com qualquer lesão neurológica — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Ainda que a marcha siga lentamente, a evolução é parte da rotina dos praticantes da equoterapia. Por meio do método terapêutico e educacional com o uso de cavalos, passo a passo, pessoas diagnosticadas com doenças genéticas ou qualquer lesão neurológica podem desenvolver a coordenação psicomotora e estimular o raciocínio. O movimento proporcionado pelo animal faz com que o paciente apresente melhoras em quesitos que refletem em todos os aspectos da vida.

O G1 acompanhou três crianças que participam da atividade e as respectivas mães falaram um pouco sobre a evolução delas. Os pequenos começaram as atividades em março deste ano.

O projeto, realizado em parceria entre a Polícia Militar e uma universidade de Presidente Prudente, atende atualmente 35 praticantes e marca uma década da instalação da Cavalaria no 18º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I), comemorada neste mês de outubro.

Independente

Victor Hugo Silva Santos, aos 6 anos, conquista a “independência”. Após começar com a equoterapia, o pequeno adquiriu mais equilíbrio e autoconfiança, que o ajuda, literalmente, em sua caminhada, conforme contou ao G1 a mãe Amanda Dayane Silva Santos.

Victor Hugo é um dos praticantes da equoterapia — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Victor Hugo é um dos praticantes da equoterapia — Foto: Stephanie Fonseca/G1
“É um projeto que ajuda muito as crianças com necessidades especiais. No caso dele [Victor], ele já teve uma evolução aparentemente boa. Ele dá uns passos, está começando a andar sozinho segurando com apoio e é uma evolução muito boa, porque equilibra, dá autoconfiança, estimula ele e ele se sente mais forte, as pernas fortalecem, os braços”, declarou a mãe ao G1.

Amanda contou que Victor Hugo tem mielomeningocele, hidrocefalia e o pé torto congênito. “E a evolução dele, desde quando ele nasceu até agora, tem sido muito boa. Muito boa mesmo”, salientou. “Ele é muito forte. Ele quer lutar e vai”, disse Amanda.

O pequeno já realizou outras atividades como hidro e fonoaudiólogo, e também frequentava uma escola de educação especial. Mas, atualmente, participando da equoterapia e da fisioterapia, Victor pode ir à “escola normal, tem uma vida normal, sai, brinca”, segundo contou.

A mãe de Victor comentou que é um projeto que toda criança com necessidade especial e que gosta de animais deveria fazer. “É um projeto muito bom, ajuda muito a criança, a criança tem força de vontade de fazer as coisas, revigora mais a saúde, a vida, a mente dela, dá mais equilíbrio. Então, dá mais autoconfiança tanto para a criança como pra gente”, finalizou ao G1.

Caminhos

Após inciar as atividades da equoterapia, Marina Nascimento de Souza viu sua filha, Mariana Victória, de 4 anos, dar os primeiros passos. “Ela não andava. Depois que ela começou aqui, passou a se equilibrar mais e agora está andando por tudo quanto é lado. Então ajudou bastante, viu?! (risos)”, contou ao G1.

Mariana Victória pratica equoterapia — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Mariana Victória pratica equoterapia — Foto: Stephanie Fonseca/G1
A pequenina gosta das atividades e arranca sorrisos de todos os envolvidos. “Eu acho que ela só vai melhorar, acho não, tenho certeza que ela só vai melhorar. Ela já está bem no equilíbrio dela, cada dia melhorando. Ela nunca tinha feito, mas a gente está amando o resultado. Está super bom mesmo”, disse.

“Acho importante, porque segundo eu sei e já li, melhora o equilíbrio, a postura, a criança fica mais desenvolvida… Eles que tem um pouco de atraso devido à síndrome, eu acho importante e muito válido o trabalho do pessoal. Super apoio e minha filha se dá muito bem, se desenvolveu muito bem depois que começou a fazer esse tratamento”, declarou Marina ao G1.

Postura

Quem também apresentou melhorias foi a Maria Vitória. A mãe, Grazieli Francisca de Oliveira Silva, contou ao G1 que a filha, de 8 anos, tinha dificuldades na postura e equilíbrio.

Maria Vitória é praticante da equoterapia — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Maria Vitória é praticante da equoterapia — Foto: Stephanie Fonseca/G1

“Eu vi bastante [melhora] na posição dela. Ela ficava muito corcunda e agora ela já segura mais o tronco. Em relação a tudo, até conforme ela fica mais em pé, a perninha já está melhorando, ela está bem melhor do que estava antigamente, quando ela era mais atrofiadinha, com as pernas encolhidas. Então, ajudou em tudo mesmo”, detalhou.

Conforme Grazieli, a família optou por colocar a menina na equoterapia, principalmente pela posição do tronco e para melhorar o equilíbrio. “Sem contar que ela gosta muito de vir. Ela adquire um contato com o cavalo, que ela tinha medo, então ajudou ela praticamente em tudo”, declarou ao G1.

Aos poucos, a menina, que é cadeirante, consegue fixar mais as pernas no chão em decorrência das melhorias.

A equoterapia

O programa de equoterapia é destinado para crianças ou adultos que tenham algum tipo de sequela por alguma lesão neurológica ou que tenha algum distúrbio do desenvolvimento, como autismo, Síndrome de Down, ou qualquer outra doença genética que causa atraso ou dificuldades de aprendizado.

Em Presidente Prudente, essas pessoas interessadas são encaminhadas para a equipe da universidade, que acompanha o desenvolvimento. “A gente trabalha para melhorar as funções que eles não têm ou foram perdidas, ou então para ajudar no desenvolvimento deles e na aprendizagem”, explicou a coordenadora do programa multidisciplinar e reabilitação equestre, Maria Tereza Arteiro Prado Dantas.

A equoterapia é um atendimento no qual o cavalo é usado como um recurso na promoção de movimentos ao corpo do paciente, que na equoterapia é chamado de praticante. Durante a montaria são trabalhadas tarefas voltadas à parte educacional e à promoção de estímulos psicomotores em cima do animal.

“O praticante que está em cima do cavalo recebe movimentos, estímulos sensitivos no corpo, conforme o cavalo vai andando no passo e promove desequilíbrios do corpo. Então, ele tem que ajustar sua postura, ele tem que fazer força pra se manter”, explicou ao G1 a coordenadora do programa.

 As atividades promovidas em cima do equino possuem diversos direcionamentos. “Tem atividades para estímulos de coordenação, de força, de movimentos finos com as mãos, que estimula o raciocínio, temos atividades que trabalham a fala, com o pessoal da fonoaudiologia, que também participa, e o pessoal da psicologia, que também participa”, explicou Maria Tereza ao G1.

O praticante participa da equoterapia por um período de um a três semestres. Após recebimento de alta, o paciente é encaminhado a outra atividade que possa continuar o desenvolvimento. Cadas caso é avaliado separadamente.

Com apenas um horário, o primeiro semestre da equoterapia – programa em parceria com a Polícia Militar – atendeu 18 crianças.

Já o segundo semestre teve uma expansão do atendimento – com dois horários – e atende 35 praticantes, entre crianças e adolescentes.

Equoterapia conta com atividades educacionais junto à montaria — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Equoterapia conta com atividades educacionais junto à montaria — Foto: Stephanie Fonseca/G1


Progresso


Victor Hugo


  • Tem diagnóstico de mielomeningocele, que exige uma cirurgia ainda bebê para a retirada de um cisto que nasce na coluna. O procedimento invasivo deixa sequelas.
  • No início da atividade equestre, Victor apresentava dificuldade no equilíbrio, fator que apresentou evolução com a prática da equoterapia.
  • Também houve progresso nas noções de tempo e espaço, e na corporal – percepção e correção de postura, que são itens do desenvolvimento geral da pessoa e que são importantes para o aprendizado e alfabetização da criança.
  • Diante do equilíbrio e postura melhores, Victor, que só caminhava com o apoio de andador, já dispensa o equipamento para curtas distâncias.
Victor Hugo é um dos praticantes da equoterapia — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Victor Hugo é um dos praticantes da equoterapia — Foto: Stephanie Fonseca/G1


Maria Vitória

  • Tem diagnóstico de cranioestenose, quando a moleira nasce fechada e prejudica o crescimento do encéfalo, deixando sequelas diversas.
  • Do início da prática até agosto, a garota apresentou melhorias na postura – equilíbrio do tronco (segundo relatou a coordenadora do programa, ela era muito curvada e não conseguia alinhar a postura).
  • Também houve progresso no desenvolvimento geral e na socialização.
Maria Vitória pratica equoterapia — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Maria Vitória pratica equoterapia — Foto: Stephanie Fonseca/G1

Mariana

  • Tem diagnóstico de Síndrome de Down.
  • Apresentou evolução no raciocínio, na linguagem, autocuidados e no desenvolvimento geral, fatores que antes a pequena não chegava a pontuar.
Mariana Victória pratica equoterapia — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Mariana Victória pratica equoterapia — Foto: Stephanie Fonseca/G1

Novo

Conforme a coordenadora do programa, a equoterapia é um método novo e há um atendimento gratuito realizado pela universidade tem ocorrido no picadeiro do Grupamento Montado da Força Tática do 18º Batalhão Cavalaria, na sede do Comando de Policiamento do Interior – Oito (CPI-8).

Além das atividades com as crianças nos cavalos, há um acompanhamento com a família. Conforme Maria Tereza, é verificado se há necessidade de outro tipo de apoio, como assistência social e psicológico.

“Temos toda uma estratégia de acompanhamento da família, ela não fica simplesmente só vindo à equoterapia para o tratamento da criança. A gente também vai acompanhando as necessidades da criança, vai acompanhando as necessidades da família para apoio, orientação, encaminhamento para outros atendimentos, se preciso”, explicou ao G1.

O atendimento é gratuito e os interessados podem procurar a clínica de fisioterapia da universidade, que fica no Jardim Bongiovani, em Presidente Prudente.

“Esse é um projeto filantrópico da Polícia Militar, que tem como objetivo o atendimento social aos integrantes da sociedade prudentina e da região, objetivando a melhora da qualidade de vida dessas pessoas”, declarou o capitão Ives Minosso, comandante da Força Tática do 18º BPM/I.

Três cavalos do policiamento – Zambaio, Carazinho e Thor – integram o programa de equoterapia para o qual são treinados.

Programa de equoterapia auxilia no desenvolvimento de pessoas com qualquer lesão neurológica — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Programa de equoterapia auxilia no desenvolvimento de pessoas com qualquer lesão neurológica — Foto: Stephanie Fonseca/G1

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

ONG Sorriso Novo promove palestras de higiene bucal

Nas últimas semanas a ONG Sorriso Novo promoveu palestras sobre a importância de escovar os dentes a fim de manter a saúde bucal.

O evento teve como local a Escola Jardim Tio Patinhas no Parque União, no Complexo da Maré.

Tivemos como palestrante a cirurgiã-dentista Isadora Schaider.

Atendemos cerca de 100 crianças e distribuímos kits de higiene oral.

Confira as fotos!






















Aproveitamos para agradecer a Colgate pela doação dos kits e a Simone, diretora do Tio Patinhas.
Fotos: Lucas Paulo de Lima

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Crianças com deficiência intelectual ainda têm dificuldades de inclusão

Secretaria Municipal de Educação atende 20.048 alunos com deficiência, física, intelectual, visual, auditiva e múltipla, transtornos globais de desenvolvimento

Fabíola Perez para o R7

Estatuto da Criança e do Adolescente determina o direito ao atendimento especializado
Estatuto da Criança e do Adolescente determina o direito ao atendimento especializado / Arquivo pessoal

Theo, Carol, Rafael e Alessandra. Em comum, têm a força de vontade para enfrentar dificuldades diárias e frequentar escolas regulares com um sorriso largo no rosto. A deficiência e os transtornos intelectuais que cada um deles apresenta é apenas um detalhe para quem, desde cedo, se habitua a batalhar por inclusão e direitos. No âmbito da educação, o Brasil possui diversas legislações que preveem o direito do atendimento educacional especializado a pessoas com deficiência no ensino regular.

Além da Constituição, o Estatuto da Criança e do Adolescente também determina o direito ao atendimento especializado na rede regular de ensino. Mais recentemente, em 2012, a lei Berenice Piana instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtornos Autistas. A legislação chega a prever multa ao gestor escolar que recusar a matrícula de uma criança autista. A lei determina o atendimento e o incentivo a profissionais especializados nas escolas.

Apesar dos avanços na inclusão de crianças com deficiência e transtornos intelectuais nas escolas, pais e professoras relatam muitas dificuldades no atendimento a essa parcela da população. O diretor de uma escola municipal e autor do livro “Somos Todos Deficientes. Só nos Completamos no Outro e no Mundo”, Paulo Silvio Ferreira afirma que é um direito da criança ter acesso a todos os bens públicos e isso não deve ser restringido sob nenhuma hipótese.

A partir de relatos de educadores municipais e de pais de crianças com deficiência da rede municipal de ensino, Ferreira afirma que, apesar dos avanços, a inclusão ainda é uma grande dificuldade. “Não cabe ao professor o questionamento se o aluno pode ou não frequentar a escola”, diz.

Hoje, a Secretaria Municipal de Educação atende 20.048 alunos com deficiência, física, intelectual, visual, auditiva e múltipla, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades e superdotação. A pasta atua em parceria com a APAE de São Paulo para oferecer atendimento complementar aos alunos. “A política pública avançou muito, como transporte adaptado, mas ainda há ajustes a serem feitos”, afirma Ferreira.

As crianças com deficiência intelectual ou transtorno contam com um auxiliar de vida escolar para dar assistência. “Isso só foi possível por meio da inclusão”, diz ele. “Mas as políticas públicas não evoluem com tanta rapidez, muitas salas de aula ainda não muito lotadas.”


O filho de Paulo Ferreira, Rafael Granado Ferreira, de 13 anos e aos quatro meses foi diagnosticado com polimicrogiria, uma malformação no cérebro. Hoje, ele estuda no ensino fundamental de uma escola da rede municipal. “Acredito que eles deveriam permanecer na escola, mas não o tempo todo porque se cansam rapidamente”, afirma. Na escola de Rafael, segundo Ferreira, coordenadores enviam fotos das atividades de integração aos pais. “Isso é uma coisa boa, mas há muitas outras dificuldades”, diz.

Ferreira diz ainda que falar em inclusão é também debater os custos adicionais às famílias, já que os tratamentos podem implicar em um aumento de 30% no orçamento dos pais. “Muitas mães arcam com as despesas sozinhas, os pais não suportam o peso e vão embora. Algumas precisam deixar os filhos em cadeiras de rodas pequenas por não terem dinheiro para comprar uma nova.”

Deficiências e transtornos


Theo, de 10 anos e a mãe Andréa Werner
Theo, de 10 anos e a mãe Andréa Werner / Arquivo pessoal

Theo Werner Bonoli, de 10 anos, descobriu o autismo com apenas um. “Quando chegou perto dessa idade começou a perder algumas habilidades que já havia adquirido, como bater palmas e olhar quando chamávamos”, afirma a mãe Andréa Werner. Quando entrou na escola pela primeira vez, aos dois anos, a mãe conta que a professora fez uma lista de características que ele apresentava e não eram típicas de crianças dessa faixa etária. “Ele não interagia com os colegas e não seguia instruções verbais”, diz Andréa.

A família descobriu o autismo de Théo quando ele tinha dois anos. “Começamos a pagar uma moderadora, mas percebemos que ela agia como se fosse uma babá, ninguém sabia o que fazer”, diz a mãe. Há quatro anos, ele estuda em uma escola privada, em uma classe reduzida e mista. “Nessa escola, ele tem atenção, material e currículo adaptado a ele. Mas meu desejo é que todas as crianças tenham acesso a esse mundo ideal”, afirma Andrea.

Andrea, que faz parte de um grupo de mães de crianças autistas, afirma que recebe muitos pedidos de orientação em função do não cumprimento da lei. “A situação ainda é muito crítica, com estagiários cuidando desses alunos com deficiência intelectual e transtornos em salas superlotadas”, afirma. “Tem crianças que passam o dia todo sozinhas no parquinho.”

Ana Caroline Patriota, de 13 anos, com a família
Ana Caroline Patriota, de 13 anos, com a família / Márcio Neves/R7

Ana Caroline Patriota, de 13 anos, vive com a avó Maria Aparecida Santos Patriota e o pai Thiago Patriota. Todos os dias, ela acorda por volta das seis horas da manhã para ir à aula na escola municipal em que estuda. Ao longo dos anos, Carol, com ajuda da família, aprendeu a driblar as dificuldades impostas pela malformação cerebral que a acometeu, a agenesia de corpo caloso. “No início foi muito difícil, ela não interagia, ficava nervosa, tive muitos problemas”, diz a avó.

Maria lembra que foi chamada na escola em decorrência das crises de nervosismo de Carol. “Era difícil as pessoas aceitarem. As escolas ainda não estão preparadas para cuidar de uma criança como ela”, diz a avó. “Toda vez que ela batia em um colega eu era chamada na direção, mas era uma consequência da deficiência”, afirma. Para a avó, uma das prioridades seria diminuir o número de crianças em sala e ter a possibilidade de um acompanhamento psicológico. “Mas agora ela está se acalmando. Ela vai sozinha e gosta do rapaz da perua”, diz Maria.

Boa adaptação


A advogada Adriane de Mendonça Chiocchetti, de 51 anos, mãe de Alessandra, de 13, escolheu trocar a filha, com síndrome de Down, da escola particular para a pública. O resultado foi uma excelente adaptação, segundo a mãe. Alessandra estuda no 6º ano da Escola Municipal Jean Mermoz, em São Paulo, e duas vez por semana frequenta as atividades de desenvolvimento oferecidas pela APAE, também de São Paulo.

Alessandra estuda no 6º ano da Escola Municipal Jean Mermoz
Alessandra estuda no 6º ano da Escola Municipal Jean Mermoz / Arquivo Pessoal

“Ela não tinha condições e a escola cobrava que pagássemos fono, fisioterapia. Fiquei muito tensa”, diz Adriane. Desde 2013, Alessandra estuda na escola pública e, segundo a mãe, teve a oportunidade de se desenvolver e se socializar com os colegas. “Nossa preocupação sempre foi com a alfabetização e, hoje, ela faz várias aulas de reforço.” Apesar da boa adaptação, Adriane afirma que existem colégios que negam a matrícula para pessoas com síndrome de Down.


Segundo ela, os professores também poderiam ser mais bem capacitados para dar aula para alunos com deficiência intelectual e transtornos. “A ideia é que ocorra a inclusão para todas as crianças”, diz. Hoje, Alessandra vai à escola feliz e empolgada. Além das aulas regulares, ela ainda participa das atividades complementares da APAE. “Eles ajudam a desenvolver a independência e atuam sempre que percebem alguma lacuna no crescimento deles.”

Fonte: R7 São Paulo

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Paralisia cerebral pode afetar desenvolvimento motor e cognitivo

Maiara Ribeiro para drauziovarella.uol.com.br

inalador crianca bebe

Paralisia cerebral é caracterizada por alterações neurológicas permanentes que afetam o desenvolvimento motor e cognitivo


A paralisia cerebral (PC) é uma condição não progressiva caracterizada por alterações neurológicas permanentes que comprometem o desenvolvimento motor e/ou cognitivo do paciente, causando limitações nas atividades cotidianas. É a deficiência mais comum na infância. Hoje, existem cerca de 17 milhões de pessoas com paralisia cerebral. Uma em cada quatro crianças com esse diagnóstico não fala; uma em cada três não anda; uma em cada duas tem deficiência intelectual e uma em cada quatro tem também epilepsia. As informações são do movimento internacional World Cerebral Palsy Day (em português, Dia Mundial da Paralisia Cerebral, que é celebrado em 6 de outubro).

Uma das principais causas do problema é a hipóxia, situação em que, por algum motivo relacionado ao parto, tanto referentes à mãe quanto ao feto, há falta de oxigenação no cérebro, resultando em uma lesão cerebral. O dr. José Luiz Pedroso, professor afiliado do Departamento de Neurologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), explica que o cérebro é constituído por duas regiões bem delimitadas: uma mais superficial, chamada de córtex, que comanda as funções superiores, e uma mais profunda, a substância branca cerebral, por onde passam as vias motoras. “Lesões no córtex cerebral interferem na linguagem, memória, comportamento e visão, ao passo que lesões na substância branca cerebral causam problemas motores, postura anormal e alterações do tônus muscular. Essas lesões são permanentes, já que a célula nervosa (neurônio) tem uma regeneração parcial ou incompleta”, explica.

Além da falta de oxigenação, existem outras complicações, menos recorrentes, que podem provocar a paralisia. Entre elas estão anormalidades da placenta ou do cordão umbilical, infecções, diabetes, hipertensão (eclâmpsia), desnutrição, uso de drogas e álcool durante a gestação, traumas no momento do parto, hemorragia, hipoglicemia do feto, problemas genéticos e prematuridade com consequente fragilidade vascular.

LIMITAÇÕES


Foi exatamente a primeira situação (hipóxia) que acometeu a filha da professora Marina Dias. Durante a gestação de Yasmin – que a família apelidou de Mimi –, todos os exames estavam normais e a menina nasceu no tempo certo, mas no momento do parto houve uma complicação que fez com que ela viesse ao mundo sem respirar. A bebê foi reanimada logo após o nascimento e passou um mês internada antes de ir para casa. Nesse período, teve convulsões e foi colocada em coma induzido por alguns dias para reduzir o risco de mais danos cerebrais. “O médico que acompanhou o caso trabalhava na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e nos preparou para o que iria acontecer. Mimi teve paralisia cerebral e as sequelas poderiam variar, mas só o tempo nos diria como seria o seu desenvolvimento”, conta Marina.

Segundo o dr. Pedroso, a paralisia cerebral pode ser leve, moderada ou grave, conforme a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS). Existe ainda uma classificação quanto ao tipo de envolvimento do sistema nervoso: o problema pode ser apenas motor, cognitivo ou misto (quando tanto a parte motora quanto a cognitiva são afetadas). “A apresentação clínica e os sintomas relacionados à paralisia cerebral são muito variáveis, o que pode gerar uma diferença marcante entre os pacientes”, afirma o médico.

Os tratamentos propostos podem melhorar muito a qualidade de vida desses pacientes, mas na maioria das ocorrências permanecerá algum grau de limitação física. Não é possível falar de um prognóstico geral para todos os casos. 

As alterações da parte motora incluem problemas na marcha (como paralisia das pernas), hemiplegia (fraqueza em um dos lados do corpo), alterações do tônus muscular (espasticidade que se caracteriza por rigidez dos músculos) e distonia (contração involuntária dos membros). Em casos graves, há necessidade do uso de cadeira de rodas. Já as alterações cognitivas incluem problemas na fala, no comportamento, na interação social e raciocínio. Os pacientes também podem ter convulsões.

A variabilidade de apresentações está diretamente relacionada à extensão do dano neurológico: lesões mais extensas do cérebro tendem a causar quadros mais graves. A PC pode ter diferentes graus de comprometimento motor e cognitivo, podendo ir desde um leve acometimento com pequenos déficits neurológicos até casos graves, com grandes restrições à mobilização e dificuldade de posicionamento e comprometimento cognitivo associado. Portanto, é possível que, em casos mais leves, um paciente consiga trabalhar, estudar, fazer faculdade e levar uma vida semelhante à de quem não tem a deficiência”, esclarece o dr. Ricardo Leme, coordenador do Departamento de Neurologia do Hospital Infantil Sabará.

TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR


O tratamento inclui diversos profissionais de saúde, como fisiatra, ortopedista, neurologista, pediatra e oftalmologista, além de outros especialistas da saúde, como fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, educador físico e nutricionista. O dr. Pedroso explica que a reabilitação com fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional é fundamental e deve ser iniciada o mais rápido possível.

“A reabilitação tem como objetivos contemplar o ganho de novas habilidades e minimizar ou prevenir complicações (como a prevenção de deformidades articulares ou ósseas, por exemplo). O uso de órteses pode ser necessário em algumas situações. Deve-se sempre identificar as capacidades e incapacidades da criança, além de problemas relacionados, tais como convulsões, distúrbios respiratórios e digestivos. Não há prazo para o término da reabilitação, que pode se estender por toda a vida”, destaca.

Não há cura para a paralisia cerebral, mas o processo de reabilitação pode resultar em grandes avanços. “Os tratamentos propostos podem melhorar muito a qualidade de vida desses pacientes, mas na maioria das ocorrências permanecerá algum grau de limitação física. Não é possível falar de um prognóstico geral para todos os casos. Cada um deve ser visto isoladamente em razão da grande variedade de apresentações clínicas.”

No caso de Yasmin, a família buscou diversas terapias: fonoaudiologia, fisioterapia, equoterapia, hidroterapia e pet terapia. Mesmo assim, seu desenvolvimento era lento e, além disso, a menina tinha dificuldade para se alimentar. Nunca mamou no peito, não conseguia comer nada que não fosse pastoso e levava horas para terminar uma refeição. Aos cinco anos, teve que passar por um procedimento de gastrostomia para introduzir uma sonda alimentar. Desde então, se alimenta apenas dessa forma. Segundo Marina, isso dificultou ainda mais sua inclusão escolar. “A Mimi foi alfabetizada por mim na idade correta com adaptações que eu fazia e colava na mesa e ela apontava com muita dificuldade a resposta correta. E chegou a hora da escola. Fomos à Prefeitura, escolas particulares e públicas e tivemos muitas portas fechadas. Sua matrícula só aconteceu porque me comprometi a ficar com ela na sala. A primeira escola foi na rede particular, depois estadual e especial. Infelizmente, nada deu certo”, conta. Desde então, a mãe conduz a educação de Yasmin em casa.

AUTONOMIA DOS PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL


Para o dr. José Luiz Pedroso, da ABN, a sociedade precisa entender as limitações dos pacientes com paralisia cerebral e compreender as dificuldades enfrentadas por eles. Ao mesmo tempo, também é importante reconhecer suas capacidades de convívio social, produção e trabalho, permitindo, dessa forma, que possam ter uma vida normal. “Embora alguns pacientes apresentem formas graves e sejam dependentes de cuidados, outros podem desempenhar uma vida muito ativa e independente, trabalhar, estudar e levar uma vida semelhante à de quem não tem problemas neurológicos”, afirma.

Apesar de suas limitações físicas e atraso no desenvolvimento, Marina sempre acreditou que Yasmin tinha entendimento perfeito dos acontecimentos ao seu redor. Aos dois anos, a menina passou por uma avaliação cognitiva com uma professora dos Estados Unidos que estava na AACD. “Ela afirmou o que eu já sabia: minha filha tinha o cognitivo preservado e tínhamos que dar a ela possibilidades de se comunicar e criar autonomias. Sempre disse isso às terapeutas, mas achavam que naquele corpo frágil que não atendia a comandos não poderia estar uma criança inteligente e feliz. Foi aí que comecei a minha jornada de professora e mãe. A especialista disse que ela seria capaz de aprender qualquer coisa e isso aconteceu. Ela é muito inteligente. Já estudou inglês, sabe fazer contas e aprende tudo o que ensinamos”, conta.

Temos que respeitar a autonomia do deficiente e lutar para que ela aconteça de todas as formas. Sabíamos que pela sua deficiência motora grave, lutar pela comunicação alternativa era lutar para ela ter voz. E hoje ela tem.

No início, a comunicação acontecia apenas por meio de sorrisos, gestos e balbucios. Mas a família decidiu buscar uma forma para que Yasmin se comunicasse e todos entendessem. Hoje, é por meio de um aplicativo de celular com sensor de movimento que eles interagem. Ela consegue acessar a internet, fazer contas e escrever. Tem consciência de sua deficiência e muitos sonhos. “Agora percebemos o quão importante é a comunicação para os especiais. Ficávamos cheios de ‘achômetros’ e vejo atualmente que errava nas minhas escolhas por ela e a deixava frustrada. Temos que respeitar a autonomia do deficiente e lutar para que ela aconteça de todas as formas. Sabíamos que pela sua deficiência motora grave, lutar pela comunicação alternativa era lutar para ela ter voz. E hoje ela tem”, afirma Marina.

ROTINA E ESPORTE


Três anos após dar à luz Yasmin, Marina teve Nicolly de maneira planejada. A caçula levou alegria para a casa em um momento difícil para a família. “A gente se virava para cuidar das duas entre tantas terapias e as necessidades da Nicolly, normais de qualquer criança. Não lembro dos primeiros passos da Nick, do que ela gostava de comer ou de brincar. Sobrevivemos nesse início tão difícil. Mas as duas são muito unidas. Dormem no mesmo quarto, dividem roupas e têm gostos parecidos. Agradeço a Deus por ter tido coragem de ter a Nick, assim a Mimi tem com quem viver as coisas “normais” de crianças e adolescentes, sem o peso da deficiência. A vida ficou mais leve com sua chegada e as duas nos fazem muito felizes”, conta.


Marina junto com o marido, José Roberto, e as duas filhas, Yasmin e Nicolly, em evento no centro de reabilitação onde Yasmin faz fisioterapia. 

Atualmente, Yasmin faz fisioterapia motora, musicoterapia, educação física adaptada e terapia ocupacional. “Aos finais de semana tentamos ter uma vida normal, como a de qualquer família com duas adolescentes. Vamos ao shopping, passeios, shows de rock, parques, praias ou qualquer outro evento. Ela odeia ficar em casa, tem pressa de viver e de ser feliz”, diz Marina. A mãe deixou o trabalho para se dedicar aos cuidados com a filha, que envolvem tanto seu tratamento como sua educação.

Desde maio de 2018, Yasmin também pratica bocha adaptada. O esporte sempre esteve nos planos da família e os resultados têm sido positivos. A atividade trouxe alegria, disciplina e até ganhos de movimento no braço. A fisioterapia é basicamente para manutenção dos seus progressos, e a bocha entrou como uma opção para proporcionar novos movimentos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Conheça datas importantes sobre pessoas com deficiência

Em geral, as datas comemorativas reconhecem a importância de um fato histórico, homenageiam uma profissão, registram uma conquista social ou política e buscam mobilizar a sociedade em torno de uma causa. E como não poderia deixar de ser, existem várias datas para comemorarmos o segmento de pessoas com deficiência. Veja abaixo:

Resultado de imagem para pessoa com deficiencia

JANEIRO

04/01 – Dia Mundial do Braille

FEVEREIRO

29/02 – Dia Mundial das Doenças Raras

MARÇO

21/03 – Dia Internacional da Síndrome de Down

ABRIL 

02/04 – Dia do Transtorno do Espectro Autista
08/04 – Dia Nacional do Braille
25/04 – Dia Internacional do Cão Guia

MAIO 

18/05 – Dia Nacional da Luta Antimanicomial
26/05 – Dia Nacional de combate ao glaucoma
30/05 – Dia Mundial da Esclerose Múltipla

JUNHO

06/06 – Dia Nacional do Teste do Pezinho
18/06 – Dia do Orgulho Autista
27/06 – Dia Internacional do Surdocego

JULHO 

10/07 – Dia da Saúde Ocular
17/07 – Dia Mundial do TDAH (Transtorno do Décit de Atenção com Hiperatividade)
24/07 – Aniversário da Lei de Cotas para Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei 8213/91)
27/07 – Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho

AGOSTO

21 a 28/08 – Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla
22/08 – Dia da Deficiência Intelectual / Dia do Educador Especial
30/08 – Dia Mundial de Conscientização da Esclerose Múltipla

SETEMBRO

05/09 – Dia Nacional da Divulgação e Conscientização da Fibrose Cística
10/09 – Dia Internacional da LIBRAS
19/09 – Dia do Teatro Acessível
21/09 – Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência
22/09 – Dia Nacional do Atleta Paralímpico
26/09 – Dia Nacional do Surdo

OUTUBRO 

10/10 – Dia Mundial da Saúde Mental
11/10 – Dia da Pessoa com Deficiência Física
20/10 – Dia Mundial e Nacional da Osteoporose
25/10 – Dia Mundial da Conscientização da Espinha Bífida (Mielomeningocele)

NOVEMBRO 

10/11 – Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez
14/11 – Dia Mundial e Nacional do Diabético
16/11 – Dia Nacional dos Ostomizados

DEZEMBRO 

03/12 – Dia Internacional da Pessoa com Deficiência
05 de dezembro: Dia Nacional da Acessibilidade 10 de dezembro: Dia da Declaração dos Direitos Humanos 13 de dezembro: Dia Nacional do Cego

Fonte: criancaespecial.com.br