sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Famílias de estudantes com deficiência realizam ato no Rio de Janeiro

Famílias de alunos com deficiência promoveram um protesto em frente à prefeitura do Rio de Janeiro para denunciar a falta de profissionais especializados na rede municipal de educação.

Acauã Pozino para averdade.org.br | Rio de Janeiro

DIREITO. Crianças com deficiência têm direito à tratamento especial nas escolas (Foto: JAV/Rio)

LUTA POPULAR – Na manhã da última quarta-feira (16), famílias de alunos com deficiência promoveram um protesto em frente à prefeitura do Rio de Janeiro para denunciar a falta de profissionais especializados na rede municipal de educação, um direito que é garantido pela Lei Brasileira de Inclusão, promulgada em julho de 2015. 

A Unidade Popular pelo Socialismo (UP) esteve presente na manifestação, fazendo uma saudação à iniciativa e convocando as famílias a permanecerem em luta até que o município garanta o direito desses alunos a uma educação de qualidade.

A Verdade conversou com algumas mães presentes no ato, e o sentimento quase unânime dessas famílias é de que a educação das pessoas com deficiência está longe de ser uma prioridade para a prefeitura.

“Eles nunca disponibilizam um profissional formado”, disse Simone, mãe de um estudante com síndrome de Down. “O que eles fazem muitas vezes é contratar um estagiário, de qualquer área que seja, só pra preencher a vaga. Aí o que acontece é que chega no meio de ano, o estagiário se forma, ou não renova, e tem que mudar a pessoa, a criança se acostumar de novo”, explica.

Ao ser questionada sobre o risco de contratar estagiários sem formação específica na área da deficiência e/ou da mediação escolar, a solução oferecida pela Secretaria Municipal de Educação foi que as próprias mães ocupassem a posição do profissional mediador de forma voluntária, sem nenhum vínculo empregatício.

“A solução que eles apresentam é que a gente que é mãe fique na escola, fazendo o papel desse profissional, recebendo uma ajuda de custo de R$150,00. E se a gente se nega, dizem que não podem fazer nada, porque nós tivemos opção”, denuncia Simone.

A luta continua

Trata-se de mais um capítulo de duas histórias que o povo carioca conhece bem: o sucateamento da educação municipal e a discriminação e abandono dos alunos com deficiência. 

O ato, que contou com representações do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e da Câmara dos Vereadores, exigia que as famílias fossem recebidas pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), já que o secretário de educação do município, Renan Ferreirinha, marcou uma viagem de última hora para a Colômbia justo no dia do ato. 

Próximo ao final do protesto, apenas um pequeno grupo de mães foi admitido para uma reunião a portas fechadas. As famílias estão determinadas a seguir em sua luta. “A gente não quer um estagiário, não quer ser voluntária. A gente quer que a prefeitura contrate pessoas com formação, que saibam das necessidades de uma criança autista, de uma criança com deficiência visual. Enquanto a gente não tiver isso, vamos continuar vindo aqui, vamos deixar as crianças brincarem aí nas escadarias, porque isso aqui é nosso e o direito também”, relatou uma das mães presentes.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Escola inclusiva dá autonomia para crianças com deficiência, diz especialista

À CNN, Rodrigo Hübner Mendes defendeu que o modelo é uma “mudança que favorece a todos os alunos”

Amanda Garcia e Bruna Sales da CNN | São Paulo

Em entrevista à CNN, no quadro CNN Educação, o superintendente do Instituto Rodrigo Mendes, Rodrigo Hübner Mendes, defendeu que o modelo da escola inclusiva deveria ser adotado.

Ele admitiu que, em um primeiro momento, pode parecer melhor ter uma escola especial, apenas para alunos com deficiência, com profissionais preparados e lugares reservados. “No entanto, esse modelo não deu certo.”

“Crianças nesses ambientes não construíram autonomia, não existe o tipo de estímulo necessário para que ela de fato busque o seu melhor e tenha chance de autonomia. É por isso que especialistas do mundo inteiro recomendam a adoção da escola inclusiva”, explicou.

Neste modelo, de acordo com Rodrigo, a escola “se dispõe a transformar e mudar o jeito de atuar”: “Ela passa a ter uma equipe planejamento pedagógico, explora outras tecnologias, está sempre reciclando seu conhecimento, com novas formações, como terceiro ponto, a criança com deficiência pode precisar de especializado, mas pode acontecer na escola.”

Essa mudança, para o especialista, “favorece a todos os alunos”: “Toda essa atualização e oxigenação necessária para a equipe pedagógica faz com que ela tenha uma equipe mais atenta ao mundo contemporâneo, não só as com deficiência, quando se tem um projeto pedagógica com professores atentos, o todo ganha.”

Para o modelo prosperar no Brasil, no entanto, Rodrigo Mendes destacou a necessidade de uma política pública forte. “É preciso ter como prioridade estabelecer diretrizes para toda a rede de ensino.”

Ele relatou que visita diversas escolas pelo país e já notou um padrão: “O fator renda, infraestrutura física, volume de investimento não é necessariamente o principal gerador de prática inclusiva.”

De acordo com Rodrigo, é claro que recursos são essenciais, mas há instituições de ensino em que “o que fez a grande diferença foi um diretor que abraça a inclusão como valor, premissa, e junto com os demais educadores conseguem se mobilizar para mudar a forma de atuar.”

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Dicas para ajudar no desenvolvimento de linguagem da criança com deficiência auditiva

 

A estimulação do desenvolvimento da linguagem, em interações verbais com o bebê, deve ter início desde o nascimento. Na deficiência auditiva, a estimulação da linguagem deve ser intensificada tão logo seja realizado o diagnóstico da perda auditiva.

É claro que a linguagem oral não se desenvolve espontaneamente e depende da interação, das conversas e do estímulo oferecido pelas pessoas à criança.

Seguem algumas dicas para vocês ajudarem seus filhos no início do desenvolvimento de linguagem:

Como na criança ouvinte, a criança que usa aparelhos auditivos e/ou implante coclear deve escutar todas as horas do dia em que estiver acordada! A audição deve fazer parte da personalidade da criança!

- Escutar deve ser muito prazeroso para a criança e ela deve entender que os sons que escuta têm um significado! Use sinal de escuta! Fale sobre o que ela escutou!

- Mesmo que a criança ainda não fale, é importante ter uma comunicação real com ela, conversando sobre o que acontece em seu dia-a-dia, sobre as brincadeiras, etc.

- A criança com deficiência auditiva muitas vezes precisa escutar várias vezes uma mesma palavra em diferentes situações até compreender seu significado e usar esta palavra! Use repetições dentro de frases, músicas, histórias...

- Falar com voz clara e rica em melodia, assim como cantar, faz com que a criança perceba melhor os sons da fala!

- Dê um tempo de espera para a criança escutar e responder o que escutou. Também deixe a criança perceber que existe a vez de um falar e outro ouvir!

- Lembrar-se que nem sempre uma única vez é suficiente para que a criança entenda o que foi dito ou entenda e apreenda a palavra!

- Utilize o cadernos de experiências: É um caderno comum, de preferência de desenho, com registros de situações de vida diária que foram importantes e significativas na vida da criança. Estes registros podem ser uma foto, um desenho ou uma ilustração que representem estas situações.

Os pais podem, ainda, escrever algumas frases sobre a situação.

Por exemplo: a criança foi no zoológico e gostou muito. Este passeio pode ser registrado no Caderno de Experiências com fotos ou figuras dos animais que ela viu, pode ser colado o papel do ingresso do zoológico com o desenho da criança e quem a levou no passeio, o papel do sorvete que ela tomou no zoológico pode ser colado no Caderno, entre outros registros.

Assim, o Caderno de Experiências oferecerá um contexto sobre aquele passeio, e para as crianças que ainda não falam, auxiliará na manutenção do diálogo tanto com os pais como também com outras pessoas que não estavam no mesmo passeio.

- Atividades como álbuns de fotos, livros de histórias, músicas, teatrinhos com brinquedos, fantoches, brincadeiras de faz-de-conta e outras atividades devem ser exploradas ao máximo com a criança.

É a partir das conversas destas várias situações que ela desenvolverá ao máximo seu potencial! As atividades do cotidiano, como fazer um suco, bolo, brigadeiro, consertar alguma coisa em casa, a hora do banho, da alimentação, ir às compras, entre outras, também são atividades que devem ser aproveitadas para a estimulação da audição e da linguagem. 

Fonte: Dr. Luiz Fernando Lourençone

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Deficiência mental leve: o que é e principais características

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A deficiência mental leve ou deficiência intelectual leve é caracterizada por limitações discretas relacionada à aprendizagem e capacidade de comunicação, por exemplo, que demoram a ser desenvolvidas. Esse grau de deficiência intelectual pode ser identificado por meio de teste de inteligência, cujo quociente intelectual (QI) é entre 52 e 68.

Esse tipo de deficiência intelectual é mais frequente no sexo masculino e normalmente é percebido logo na infância a partir da observação do comportamento e dificuldade de aprendizagem e interação ou presença de comportamento impulsivo, por exemplo. O diagnóstico pode ser feito por um psicólogo ou psiquiatra não só por meio da realização de testes de inteligência, mas também pela avaliação do comportamento e pensamento da criança durante as consultas e relato dos pais ou responsáveis.

Apesar da capacidade intelectual limitada, as crianças com deficiência mental leve podem beneficiar-se com a educação e psicoterapia, já que suas habilidades são estimuladas.

Principais características

As pessoas com deficiência intelectual leve não apresentam alterações físicas evidentes, mas podem apresentar algumas características, como por exemplo:

  • Falta de maturidade;
  • Pouca capacidade de interação social;
  • Linha de pensamento muito específica;
  • Apresentam dificuldade de adaptação;
  • Falta de prevenção e credulidade excessiva;
  • Possuem capacidade de cometer crimes impulsivos;
  • Comprometimento da capacidade de julgamento.
Além disso, as pessoas com deficiência mental leve podem apresentam episódios epiléticos e, por isso, devem ser acompanhadas por um psicólogo ou psiquiatra. As características do deficiência mental leve são variáveis entre as pessoas, podendo haver variação relacionada ao grau de comprometimento do comportamento.
 
Fonte: Tua Saúde

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

13 dicas para brincar com crianças com deficiência visual

Porque brincar é um direito de TODAS as crianças, sem qualquer distinção

A pedagoga da Fundação Dorina Nowill para Cegos, Edni Fernandes Silva, lista 15 brincadeiras para estimular a diversão de crianças com deficiência visual ou de baixa visão. Afinal, toda criança tem o direito de brincar e vivenciar sua infância plena. 
 
Brincadeiras para crianças com deficiência visual
 
Durante todo o mês de abril, foi trabalhado em todo o país o “Abril Marrom”, mês de sensibilização sobre a realidade de pessoas cegas ou com deficiência visual. A data é um esforço de diversas entidades médicas, centros hospitalares para minimizar os efeitos provocados pela perda da visão.
 
Quando o assunto é infância, é preciso considerar que práticas de inclusão passam por um entendimento pleno do contexto da criança com deficiência, mas não podem, em hipótese alguma, desconsiderar que a criança jamais deve ser esvaziada de sua principal característica: a ludicidade.
 
Por isso, levar em conta as limitações dessas crianças na hora de planejar as brincadeiras dos pequenos é fundamental. Por ocasião da Semana Mundial do Brincar de 2017, a Fundação Dorina Nowill listou algumas dicas simples mas cruciais para incluir crianças com necessidades específicas:
 
Uma das pedagogas da instituição, a profissional Edni Fernandes Silva, tem algumas dicas de como brincar e estimular a brincadeira com as crianças que têm deficiência visual, garantindo um melhor desenvolvimento dos pequenos.
 
1. Reconhecimento do outro: Use toques e voz suaves ao se comunicar com a criança que tem deficiência visual, aproximando sua face do rosto dele para que ela possa percebe-lo e toca-lo.
 
2. Conhecendo o próprio corpo: Auxilie a criança a conhecer o próprio corpo com toques enquanto nomeia cada parte tocada.
 
3. Descobrindo os sonhos: Incentive que a criança siga em direção ao som de brinquedos ou da sua voz. É interessante ter brinquedos que emitam sons, como chocalhos, bolas e pelúcias com guizos.
 
4. Investindo na sociabilidade: Brinque com a criança com deficiência visual e incentive que outras pessoas também brinquem e interajam com ela. Assim, ela se tornará mais sociável e receptiva, facilitando os relacionamentos interpessoais.
 
5. Imitando sons: Imite os sons que seu bebê faz e crie estímulos para que ele possa imitá-lo. Isso auxiliará na comunicação.
 
6. Curiosidade sensorial: Se o bebê ainda não senta, coloque-o de lado para manusear o brinquedo. Invista em brinquedos com texturas diferenciadas, para estimular o tato e a percepção de diferentes objetos.
 
7. Jogo de orientação: Dê objetos à criança nomeando-os e relacionando às possíveis ações que poderão ser feitas com este item. Exemplo: “A bola. Pegue a bola. Chute a bola. Jogue a bola para cima”.
 
8. Conhecendo texturas e formatos: Procure usar brinquedos contrastantes, coloridos, luminosos, de diversas texturas e tamanhos.
 
9. Explorando a curiosidade tátil: Propiciar momentos em que a criança manipule e crie espontaneamente jogos a partir da exploração de objetos concretos.
 
10. Brincadeiras com miniatura de objetos: Elas possibilitam que a criança tenha uma melhor compreensão de objetos muito grandes ou impossíveis de serem alcançados (casinha com telhado, elefante, caminhão, avião, fogão, geladeira, entre outros).
 
11. Brincando com as mãos: Vale incentivar brincadeiras infantis com o uso das mãos, como dedo mindinho, seu vizinho; passa anel.
 
12. Jogos com bola: Se não for possível ter uma bola com guizo, envolva a bola com saco plástico, assim ela fará barulho enquanto se desloca.
 
13. Salte para o alto: Com a criança agachada, segure em suas mãos e peça para ela se levantar ”bem forte e bem alto”, ajudando com um leve “puxão“ para cima. 
 
Brincar de fantoche com as crianças favorece a expressão de emoções e fortalece os vínculos afetivos.
 

Jogos brincadeiras para fazer com crianças cegas ou de baixa visão

  • Brincadeiras de roda: Cantigas, parlendas, rimas;
  • Meu mestre mandou: Como sugestão, trabalhar o esquema corporal com as crianças, solicitando que coloquem as mãos na cabeça, joelhos, pescoço, cotovelo, barriga, pés, mãos, etc.
  • O que é, o que é?: Brincar de adivinhação utilizando as mãos para descobrir a textura e formato dos objetos. Materiais como embalagens de xampu, escova de dentes, talheres (colher e garfo), chaves, caneta/ lápis, frutas, etc.
  • Vai e vem: Brincar alternando a criança de lugar é um estímulo à coordenação visuomotora.
  • Fantoches/Dedoches: Esses brinquedos estimulam a imaginação, linguagem e o pensamento, além de  favorecerem a comunicação e expressão de sentimentos e emoções.
  • Blocos de construção: Brincar com blocos favorecem o desenvolvimento da atenção e concentração, associação de formatos  e tamanhos, desenvolvimento de movimentos amplos e finos, coordenação visual e motora e noções de equilíbrio. Esses brinquedos também propiciam à criança a satisfação de inventar, construir, desconstruir e transformar, estimulando a criatividade.
  • Massa de modelar: Estimula o desenvolvimento da coordenação motora fina e a criatividade.
  • Jogo da velha adaptado: Permite interação com quem não tem deficiência visual.
  • Jogo da memória tátil: Utiliza a percepção tátil e a memória para reunir o maior número de peças.

Brincadeiras que retomam a infância dos pais

  • Estátua;
  • Passa anel;
  • Centopeia;
  • Telefone sem fio.

Brincadeiras fáceis de fazer

  • Jogo de argolas: Estimula a percepção visuomotora, a identificação de cores para as crianças com baixa visão e a relação número / quantidade. Confecção: Colocar uma porção de areia no fundo de 10 garrafas descartáveis. Cortar tiras de papel crepom colorido e colocar uma cor em cada garrafa. Recortar números de 1 a 10 em papel preto ou fita adesiva preta e fixar cada número em uma garrafa. As argolas podem ser confeccionadas com tampas de plástico ou anéis de fitas adesivas que encaixem nas garrafas.
  • Jogo de boliche: Estimula a percepção visuomotora, a identificação de cores e a relação número x quantidade. Confecção: Colocar uma porção de areia no fundo de 10 garrafas descartáveis. Cortar tiras de papel crepom colorido e colocar em cada garrafa uma cor. Recortar números de 1 a 10 em papel preto ou fita adesiva preta e fixar cada número em uma garrafa. As bolas podem ser confeccionadas com meias velhas. E podem ter guizos em seu interior
Fonte: Lunetas

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Autismo infantil – Vivendo dentro do seu próprio mundo

 

Assim que se inicia a fase de descobrimento dos filhos em torno do primeiro ano de vida, pais ficam em verdadeiro alerta a todo tipo de movimento, desenvolvimento e novo aprendizado. Principalmente se já tem um filho mais velho, o comparativo de evolução de um para o outro acaba sendo inevitável e onde acabam surgindo grande parte das neuras dos pais e mães.

Algumas sem fundamento algum, já outras merecem uma atenção maior e devem ser observadas e qualquer tipo de suspeita deve ser comunicado ao pediatra. Alguns sinais de atraso são realmente alerta de que algo está errado, e podem ser por diversos motivos e um deles é o autismo. O autismo é um distúrbio de desenvolvimento que normalmente é notado nos primeiros anos de vida da criança. Costuma-se ser percebida a diferença na interação social da criança com demais pessoas, e no modo de agir em situações de alegria e de ansiedade apresentando sinais bem comuns do autismo.

A doença é hereditária e também pode ocorrer por alguma predisposição genética dos pais, não sendo nada comprovado cientificamente ainda. O autismo afeta diretamente o processamento do cérebro, dificultando o aprendizado e o aperfeiçoamento de certas realizações e atinge principalmente os meninos. Existem vários tipos de autismo, cada um distingue seus níveis de dificuldade, entre eles estão o espectro do autismo ASD, Síndrome de Asperger e o PDD-NOS (Transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação).

Sinais do autismo e como convivem com as demais pessoas

Os primeiros sinais observados por pais e médicos são da falta de expressão e comunicação dessas crianças. O fato de fazerem atos e movimentos repetitivos também chama muita atenção, além de gestos com mãos e pés que tornam sintomas bem característicos do autismo. Muitos autistas apresentam reações diferentes quando expostos a algum tipo de luz, som e até mesmo algum toque, como por exemplo, um abraço. Um gesto que é tão comum e utilizado pelo ser humano e que demonstra carinho, pode ser motivo de muito stress para alguns autistas. Por se tratar de uma doença que não é notável e nem considerada deficiência física, acaba sendo bem complicado para as pessoas ao redor, principalmente para os desconhecidos, entenderem seu comportamento.
 
Autistas tendem a ter dificuldade em responder perguntas e seguir recomendações e instruções. Sentem dificuldade em manter uma conversa e desenvolver sobre um assunto e quando se expressam falam sobre assuntos que sejam de interesse próprio somente. Outras simplesmente não conseguem falar, sendo impossibilitado de desenvolver a fala. Um dos pontos que mais se acentua o autismo, é o fato de não conseguirem interagir com demais crianças, e não gostam de partilhar atividades. Mesmo que tenham o desejo de brincar com os demais, não sabem como. Possuem muita dificuldade em conhecer novas pessoas e ter contato com elas, sintomas bem típicos de autistas o qual define crianças que vivem dentro do seu próprio mundo.
 
Movimentos repetitivos, principalmente o de mover o corpo para frente e para traz são sinais bem evidentes do autismo. Podem ficar por longo período caminhando em círculos com os braços apertados sob o corpo e fazendo movimentos com os braços sem motivo aparente.
 
Para se conseguir conviver com um autista, é necessária muita paciência e acima de tudo muito carinho. O estímulo é essencial, principalmente quando se nota o interesse em um assunto especifico. Essa atividade, brincadeira ou assunto pode ser mais utilizado ou mais aprofundado em atividades que façam ele se abrir mais e quem sabe encontrar amigos com os mesmo gostos e interesses?
 
Encontre maneiras de ajudá-lo a se comunicar com mais facilidade, se gosta de mostrar situações através de desenhos o estimule a desenhar, se gosta de sons dê um instrumento musical. Em momentos de stress, tire a criança do local e a leve para um lugar mais reservado e tranquilo, onde poderá acalmá-la. O acompanhamento de professores, psicoterapeutas juntamente da família é essencial para um melhor desenvolvimento de uma criança com autismo. Cada uma tem seu desempenho no seu tempo, e não deve ser cobrada evolução. Parabenize cada vez que conseguir fazer algo diferente e festeje com ele a cada novo descobrimento. Com o tempo se adequará e conseguira se comunicar cada vez melhor com o mundo, cada um da sua maneira.
 
Fonte: trocandofraldas.com.br Foto: Camp ASCCA

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Como saber se seu filho tem deficiência auditiva?

É importante os pais estarem atentos ao desenvolvimento da audição e linguagem de seus filhos. Infelizmente, existem muitas crianças que tem deficiência auditiva e os pais só percebem muito tarde. Vamos saber mais sobre os sinais da deficiência auditiva em crianças. Lembrando que a existem graus diferentes de deficiência auditiva.

Se a criança não reage a sons, não atende quando chamado ou está demorando para começar a falar, esses podem ser alguns dos sintomas que as  crianças com  deficiência auditiva apresentam.

O mais importante sinal o qual indica a possibilidade de perda auditiva é o atraso no desenvolvimento da linguagem ou a ausência de diálogo. No entanto, não é fácil perceber sinais de perda auditiva em bebês e crianças mais novas. Por isso, o Teste da Orelhinha, realizado antes em recém-nascidos, antes de sair da maternidade, é necessário, obrigatório e a melhor maneira de detecção da deficiência auditiva.

Quer saber quais os indicadores de deficiência auditiva no seu filho, o exame que auxilia na  detecção, as principais causas e como agir caso perceba algo com a audição do seu filho? Continue lendo o post.

Indicadores de deficiência auditiva:

São indicadores de que seu filho pode estar com deficiência auditiva:

– Se aos três meses seu filho não reconhece sua voz, não balbucia e não se assusta com ruídos repentinos;

– Se aos seis meses seu filho não reconhece sons de fala e sons familiares e sons interessantes não chamam a atenção dele – ele não brinca com a própria voz e não dá risadas, assim como também não usa a voz para demonstrar desconforto ou prazer;

– Se aos 12 meses seu filho não consegue falar uma ou duas palavras mais claras e entendíveis;

– Se aos 18 meses seu filho não entende frases simples e não encontra objetos familiares, assim como não fala de 20 a 50 palavras, não pronuncia frases curtas e não aprende palavras novas a cada semana;

– Se aos 24 meses seu filho não aumentou significativamente seu vocabulário, ele deve fazer uso de sentenças simples combinando 2 ou 3 palavras – ex: dá bola.

Se não consegue desenvolver frases simples, assim como adultos que não convivem diariamente com seu filho não conseguem entender a fala dele. A criança também não consegue ficar sentada ouvindo leitura de livros.

A importância do teste da orelhinha

O diagnóstico precoce é um importante instrumento para assegurar os melhores resultados no desenvolvimento da criança. A Triagem Auditiva Neonatal UniversaL (TANU), mais conhecida como Teste da Orelhinha, é um exame que deve ser realizado antes de o seu filho recém-nascido sair da maternidade ou em até um mês de vida.

O desenvolvimento da audição do bebê é iniciado a partir do quinto mês de gestação e se desenvolve muito nos primeiros meses de vida. A cada mil recém-nascidos, três bebês apresentam algum tipo de perda auditiva.

O teste é visto como uma forma de proteção, pois caso a deficiência auditiva seja diagnosticada antes dos três meses de idade do bebê, o tratamento pode ser realizado antes dos seis meses, não interferindo,  no momento mais importante para a fala e desenvolvimento da linguagem e garantindo ao seu filho um desenvolvimento auditivo muito similar ao de quem nasceu ouvindo. Assim, as crianças com deficiência auditiva diagnosticada cedo e submetidas rapidamente a um tratamento têm um bom desenvolvimento e se relacionam de forma positiva com seus colegas.

O exame serve para detectar alterações na audição do bebê, sendo rápido, indolor, seguro e realizado durante o sono natural da criança, preferencialmente no segundo ou terceiro mês de vida do seu filho. O exame dura aproximadamente 10 minutos, não apresenta contraindicação, não incomoda e não acorda o bebê. Também não exige nenhum tipo de intervenção invasiva, ou seja, sem corte. É um exame que pode fazer a diferença na vida do seu filho.

Indicadores de risco para a deficiência auditiva:

O seu filho tem deficiência auditiva, porém você não sabe o motivo de isso ter acontecido com ele? As principais causas são:

 – Infecções adquiridas no nascimento: Sífilis, Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Herpes, HIV;

– Infecções bacterianas ou virais adquiridas após o nascimento: Meningite, Citomegalovírus, Herpes, Sarampo, Varicela;

– Peso ao nascimento inferior a 1.500g;

– Prematuridade ou pequeno para a idade gestacional (PIG) ;

– Hiperbilirrubinemia;

– Apgar de 0 a 4 no 1º minuto, ou 0 a 6 no 5º minuto;

– Permanência na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por mais de 5 dias;

– Uso de ventilação mecânica no nascimento;

– Uso de antibióticos que podem prejudicar a audição como aminoglicosídeos e/ou diuréticos de alça;

– Malformações na cabeça e no rosto envolvendo orelha e osso temporal;

– Síndromes associadas à deficiência auditiva: Wardenburg, Alport, Pendred, entre outras;

– Traumatismo craniano;

– Sempre surgem dúvidas quanto ao excesso de cera – a cera no ouvido é, geralmente, benéfica e não prejudicial. O excesso de cera pode causar uma perda auditiva temporária, porém não é indicada a remoção da cera com hastes de algodão ou com profissionais não habilitados, pois pode causar danos irreparáveis à audição da criança.

É importante:

-Realizar exames pré-natais na gestação;

-Vacinar seu filho para impedir que ele tenha contado com doenças que deixem sequelas, como a surdez;

-Acompanhar a saúde de seu filho em modo geral;

– Ficar atento ao desenvolvimento de seu filho caso haja alguma demora no desenvolvimento da fala;

-Procurar sempre um médico quando sintomas aparecerem.

Precisa agendar uma consulta e ainda não sabe onde? Entre em contato com a gente! Vamos adorar ajudar você a encontrar um tratamento.

Fonte: Instituto Otovida

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Bullying contra alunos com deficiência

A violência moral e física contra estudantes com necessidades especiais é uma realidade velada. Saiba o que fazer para reverter essa situação

Por Ana Rita Martins para o novaescola.org.br

Um ou mais alunos xingam, agridem fisicamente ou isolam um colega, além de colocar apelidos grosseiros. Esse tipo de perseguição intencional definitivamente não pode ser encarado só como uma brincadeira natural da faixa etária ou como algo banal, a ser ignorado pelo professor. É muito mais sério do que parece. Trata-se de bullying. A situação se torna ainda mais grave quando o alvo é uma criança ou um jovem com algum tipo de deficiência - que nem sempre têm habilidade física ou emocional para lidar com as agressões.

Tais atitudes costumam ser impulsionadas pela falta de conhecimento sobre as deficiências, sejam elas físicas ou intelectuais, e, em boa parte, pelo preconceito trazido de casa. Em pesquisa recente sobre o tema, realizada com 18 mil estudantes, professores, funcionários e pais, em 501 escolas em todo o Brasil, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) constatou que 96,5% dos entrevistados admitem o preconceito contra pessoas com deficiência. Colocar em prática ações pedagógicas inclusivas para reverter essa estatística e minar comportamentos violentos e intolerantes é responsabilidade de toda a escola.

Conversar abertamente sobre a deficiência derruba barreiras

Foto: Marina Piedade
A professora Maria de Lourdes falou com toda a turma sobre a deficiência de um colega. Foto: Marina Piedade 

Quando a professora Maria de Lourdes Neves da Silva, da EMEF Professora Eliza Rachel Macedo de Souza, na capital paulista, recebeu Gabriel**, a reação dos colegas da 1ª série foi excluir o menino - na época com 9 anos de idade - do convívio com a turma. "A fisionomia dele assustava as crianças. Resolvi explicar que o Gabriel sofreu má-formação ainda na barriga da mãe. Falamos sobre isso numa roda de conversa com todos (leia no quadro abaixo outros encaminhamentos para o problema). Eles ficaram curiosos e fizeram perguntas ao colega sobre o cotidiano dele. Depois de tudo esclarecido, os pequenos deixaram de sentir medo", conta. Hoje, com 13 anos, Gabriel continua na escola e estuda na turma da professora Maria do Carmo Fernandes da Silva, que recebe capacitação do Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (Cefai), da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, e está sempre discutindo a questão com os demais educadores. "A exclusão é uma forma de bullying e deve ser combatida com o trabalho de toda a equipe", afirma. De fato, um bom trabalho para reverter situações de violência passa pela abordagem clara e direta do que é a deficiência. De acordo com a psicóloga Sônia Casarin, diretora do S.O.S. Down - Serviço de Orientação sobre Síndrome de Down, em São Paulo, é normal os alunos reagirem negativamente diante de uma situação desconhecida. Cabe ao professor estabelecer limites para essas reações e buscar erradicá-las não pela imposição, mas por meio da conscientização e do esclarecimento. 

Não se trata de estabelecer vítimas e culpados quando o assunto é o bullying. Isso só reforça uma situação polarizada e não ajuda em nada a resolução dos conflitos. Melhor do que apenas culpar um aluno e vitimizar o outro é desatar os nós da tensão por meio do diálogo. Esse, aliás, deve extrapolar os limites da sala de aula, pois a violência moral nem sempre fica restrita a ela. O Anexo Eustáquio Júnio Matosinhos, ligado à EM Newton Amaral Franco, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, encontrou no diálogo coletivo a solução para uma situação provocada por pais de alunos. Este ano, a escola recebeu uma criança de 4 anos com deficiência intelectual e os pais dos coleguinhas de turma foram até a Secretaria de Educação pedir que o menino fosse transferido. A vice-diretora, Leila Dóris Pires, conta que a solução foi fazer uma reunião com todos eles. "Convidamos o diretor de inclusão da secretaria e um ativista social cadeirante para discutir a questão com esses pais. Muitos nem sabiam o que era esse conceito. A atitude deles foi motivada por total falta de informação e, depois da reunião, a postura mudou."

Seis soluções práticas

- Conversar sobre a deficiência do aluno com todos na presença dele. 
- Adaptar a rotina para facilitar a aprendizagem sempre que necessário. 
- Chamar os pais e a comunidade para falar de bullying e inclusão. 
- Exibir filmes e adotar livros em que personagens com deficiência vivenciam contextos positivos. 
- Focar as habilidades e capacidades de aprendizagem do estudante para integrá-lo à turma. 
- Elaborar com a escola um projeto de ação e prevenção contra o bullying.

Antecipar o que vai ser estudado dá mais segurança ao aluno

Foto: Leonardo Silva
"Passei a adiantar para o José, em cada aula, o conteúdo que seria ensinado na seguinte. Assim, ele descobria antes o que iria aprender." Maria Aparecida de Sousa Silva Sá, professora do CAIC EMEIEF Antônio Tabosa Rodrigues, em Cajazeiras, PB. Foto: Leonardo Silva

No CAIC EMEIEF Antônio Tabosa Rodrigues, em Cajazeiras, a 460 quilômetros de João Pessoa, a solução para vencer o bullying foi investir, sobretudo, na aprendizagem. Ao receber José, um garoto de 12 anos com necessidades educacionais especiais, a professora Maria Aparecida de Sousa Silva Sá passou a conviver com a hostilidade crescente da turma de 6ª série contra ele. "Chamavam o José de doido, o empurravam e o machucavam. Como ele era apegado à rotina, mentiam para ele, dizendo que a aula acabaria mais cedo. Isso o desestabilizava e o fazia chorar", lembra. Percebendo que era importante para o garoto saber como o dia seria encaminhado, a professora Maria Aparecida resolveu mudar: "Passei a adiantar para o José, em cada aula, o conteúdo que seria ensinado na seguinte. Assim, ele descobria antes o que iria aprender". 

Nas aulas seguintes, o aluno, que sempre foi quieto, começou a participar ativamente. Ao notar que ele era capaz de aprender, a turma passou a respeitá-lo. "Fiquei emocionada quando os garotos que o excluíam começaram a chamá-lo para fazer trabalhos em grupo", conta. Depois da intervenção, as agressões cessaram. "O caminho é focar as habilidades e a capacidade de aprender. Quando o aluno participa das aulas e das atividades, exercitando seu papel de aprendiz e contribuindo com o grupo, naturalmente ele é valorizado pela turma. E o bullying, quando não cessa, se reduz drasticamente", analisa Silvana Drago, responsável pela Diretoria de Orientação Técnica - Educação Especial, da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. 

Samara Oliboni, psicóloga e autora de tese de mestrado sobre bullying, diz que é preciso pensar a questão de forma integrada. "O professor deve analisar o meio em que a criança vive, refletir se o projeto pedagógico da escola é inclusivo e repensar até seu próprio comportamento para checar se ele não reforça o preconceito e, consequentemente, o bullying. Se ele olha a criança pelo viés da incapacidade, como pode querer que os alunos ajam de outra forma?", reflete. A violência começa em tirar do aluno com deficiência o direito de ser um participante do processo de aprendizagem. É tarefa dos educadores oferecer um ambiente propício para que todos, especialmente para os que têm deficiência, se desenvolvam. Com respeito e harmonia.

** Os nomes dos alunos foram trocados para preservar a identidade