sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Como lidar com o preconceito na escola

Por Essence Cuidados | essencecuidados.com.br

Imagem relacionada

Os últimos anos foram de grandes avanços na legislação em favor das pessoas com deficiência. A principal delas talvez tenha sido a que garante o acesso à escola a todas as crianças. Um grande benefício para o desenvolvimento das crianças com deficiência, porém que também traz outro problema: o preconceito na escola.

Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo vive com algum tipo de deficiência. Entre essas pessoas, quase 93 milhões são crianças. Aqui no Brasil cerca de 877 mil estudantes com algum tipo de deficiência estudavam na Educação Básica em 2017.

É comum que o processo de adaptação seja conturbado, mas é preciso saber como agir corretamente para eliminar esse tipo de comportamento e reduzir, cada vez mais, o preconceito na escola.

A escola e os educadores possuem grande responsabilidade nesse trabalho de conscientização. Muitas vezes atitudes que parecem combater a exclusão acabam promovendo-a, ainda que inconscientemente.

O ambiente escolar contribui para a formação do moral das crianças

Ao contrário do que é idealizado no imaginário coletivo, o ambiente escolar tem muito mais representatividade do que apenas a instrução formal e acadêmica.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional determina que todas as crianças com mais de 4 anos de idade devem estar matriculadas na educação básica. Portanto, a escola é o primeiro lugar, fora do seio familiar, no qual a criança terá trocas de experiências diversas, inclusive afetivas.

O preconceito na escola

Entre os comportamentos mais comuns nas escolas relacionados ao preconceito, os mais recorrentes são a marginalização e a segregação. Na marginalização a criança faz parte de um grupo, porém não lhe é permitido participar das atividades. Já na segregação a criança com deficiência é deixada de lado, ignorada.

Estudos já demonstraram que o preconceito tem muito mais a ver com quem pratica do que com quem é atingido. Ele surge por uma falta de empatia e a incapacidade de se identificar com o outro.

Sendo assim, não são apenas os alunos os responsáveis pelo preconceito na escola. Algumas ações adotadas pela direção das escolas podem também cooperar para que a discriminação se fortaleça.

Um exemplo dessa atitude, de acordo com o professor José Leon Crochik, do Laboratório de Estudos sobre o Preconceito (LEP), do Instituto de Psicologia (IP) da USP, é a presença de um segundo professor em sala. Geralmente os alunos percebem essa presença como um prova de que o aluno com deficiência é diferente. Isso reforça preconceitos. O ideal é que esse profissional de apoio não ficasse exclusivamente para o aluno com deficiência e sim pudesse ajudar a atender a necessidade de todos.

Outro ponto importante é a discriminação que vem de casa. Os familiares são a referência das crianças e eles reproduzem comportamentos presenciados em casa. Quando os pais acreditam que a escola perderá qualidade no ensino porque aceita uma criança com deficiência, esse comportamento passa para o filho.

Bullying na escola

Xingamentos, agressões, apelidos grosseiros ou o próprio isolamento do colega são considerados bullying. Esse comportamento não deve ser visto como brincadeira natural da idade ou como algo banal.

Quando o alvo é uma criança com deficiência o caso é ainda pior, pois elas nem sempre têm habilidade física ou emocional para lidar com as agressões. Esse tipo de comportamento é impulsionado, principalmente pela falta de conhecimento sobre a deficiência e pelo preconceito trazido de casa.

Colocar em prática ações pedagógicas inclusivas para reverter esse cenário de comportamento violento é responsabilidade da escola.

A conversa aberta é um excelente caminho. Certamente uma abordagem clara e direta sobre a deficiência com as crianças elimina o medo do desconhecido, do diferente, e torna o assunto natural. As crianças passam a ver o colega com deficiência como qualquer outra criança que têm habilidades e limitações.

É normal que as crianças reajam negativamente diante de uma situação desconhecida. Entretanto cabe ao professor estabelecer limites para essas reações e conscientizar as crianças para eliminar a questão.

Estabelecer vítimas e culpados de uma situação de bullying não resolve os conflitos. O melhor a fazer é desatar os nós da tensão através do diálogo. Ampliar essa estratégia para os familiares é fundamental também.

Dicas práticas para eliminar o preconceito na escola

  • Converse sobre a deficiência do aluno na presença dele;
  • Adapte a rotina para facilitar a aprendizagem sempre que necessário;
  • Promova conversar com os familiares sobre bullying e inclusão;
  • Exiba filmes e adote livros que mostrem pessoas com deficiência em situações cotidianas e positivas;
  • Foque nas habilidades e capacidades de aprendizagem do aluno com deficiência;
  • Elabore um projeto de prevenção e ação contra o bullying na escola;
  • A inclusão social é um assunto sério para nós da Essence Cuidados. Acreditamos que todos podem receber oportunidades iguais, independente de suas dificuldades.

Contribuímos através da oferta de serviços de transporte especializado para pessoas com dificuldades de locomoção.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Ajude a ONG Sorriso Novo a ampliar o seu atendimento

A ONG Sorriso Novo está com um projeto em consulta pública para ganhar o financiamento de uma Emenda Parlamentar do Deputado Marcelo Calero!


Trata-se do projeto Sorriso Especial, que oferecerá tratamento dentário, psicológico, fonoaudiológico e fisioterapêutico para crianças e adolescentes com deficiência, de baixa renda e oriundas do Complexo de Comunidades da Maré.

Para votar acesse o link calero.rio e siga o passo a passo do vídeo tutorial abaixo.


Apoie esse trabalho social! Compartilhe! Contamos com o seu voto!

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

O navio Logos Hope, maior livraria flutuante do mundo, chega ao Rio e tem dia dedicado ao autismo

Com 500 mil livros a bordo, Logos Hope tem programação com exposições, peças e outras atrações


Logos Hope: navio de de 12 toneladas, tem 21 metros de largura e 132 metros de comprimento Foto: LJ LEE / Divulgação/GBA
Logos Hope: navio de de 12 toneladas, tem 21 metros de largura e 132 metros de comprimento Foto: LJ LEE / Divulgação/GBA

O navio Logos Hope abriu as portas nesta quinta-feira no Porto do Rio. Autointitulada a maior livraria flutuante do mundo, a embarcação fará uma estada de 20 dias na cidade e estará aberta para visitação até 6 de outubro.

- Temos à venda mais de 5.000 livros diferentes. São títulos infantis, de culinária, ficção, ciência e outros temas. No total, o navio transporta mais de 500 mil volumes - afirma Ester Hansen, uma das coordenadoras do projeto no Brasil.

Embarcação transporta acervo maior que o da biblioteca do CCBB Foto: LJ LEE / Divulgação/GBA

No dia 28 de setembro, o Navio realizará o Embarque Azul, quando abrirá uma hora mais cedo para proporcionar uma visita diferenciada com redução de público e de estímulos sensoriais (som e luz) para pessoas com Autismo e Transtornos do Processamento Sensorial (TPS). 

Para garantir uma vaga no Embarque Azul, a inscrição da pessoa com autismo deverá ser realizada através do preenchimento do formulário. 

Orientações
  1. Data da visita diferenciada para autistas: 28 de setembro de 2019.
  2. Crianças até 12 anos e idosos acima de 65 não pagam ingressos.
  3. Pessoas fora desta faixa etária poderão adquirir seus ingressos no local. O preço do ingresso individual é de R$5,00 (cinco reais).
  4. As crianças só entrarão no navio acompanhadas de um responsável maior de idade.
  5. Não teremos acompanhantes para as crianças.
  6. A visita dá acesso à LIVRARIA e à CAFETERIA do Navio.
  7. A visita diferenciada acontecerá somente das 9h às 10h. A partir das 10h a visitação será aberta ao público em geral.
  8. Sugerimos que os visitantes cheguem a partir das 8h30min para identificação. Nossa equipe já estará à espera. 
  9. Qualquer dúvida, favor entrar em contato através do e-mail: embarqueazul@gmail.com
Fonte: Jornal O Globo

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Educação inclusiva: quais os pilares e o que a escola precisa fazer?

Felipe Ferreira para o www.proesc.com

Imagem relacionada

Antes, nós tínhamos a escola regular e a escola especial, separadamente. A educação inclusiva aparece para acabar com essa separação. Ela é a educação especial dentro da escola regular com o objetivo de permitir a convivência e a integração social dos alunos com deficiência, favorecendo a diversidade.

Por meio dela, é possível educar crianças e jovens dentro do mesmo contexto escolar, concedendo a eles o pleno direito à escolarização.

Neste post, você conhecerá um pouco mais sobre a educação inclusiva e o apoio necessário para que ela aconteça. Descobrirá qual é o papel da escola, além de entender quais são os pilares da educação e compreenderá o que se espera de uma escola inclusiva. Boa leitura!

O que é educação inclusiva?

Antes de falarmos sobre o que é a educação inclusiva, é necessário compreendermos a diferença entre ela e a educação especial.

A educação especial é uma modalidade de ensino que tem a função de promover o desenvolvimento das habilidades das pessoas com deficiência, e que abrange todos os níveis do sistema de ensino, desde a educação infantil até a formação superior.

Ela é responsável pelo atendimento especializado ao aluno e seu público-alvo são os alunos com algum tipo de deficiência (auditiva, visual, intelectual, física ou múltipla), com distúrbios de aprendizagem ou com altas habilidades (superdotados).

Já a educação inclusiva é uma modalidade de ensino na qual o processo educativo deve ser considerado como um processo social em que todas as pessoas, com deficiência ou não, têm o direito à escolarização.

É uma educação voltada para a formação completa e livre de preconceitos que reconhece as diferenças e dá a elas seu devido valor. Para que ela aconteça, é fundamental a criação de redes de apoio aos educadores.

O que são as redes de apoio?

O aprendizado dos alunos com deficiência é de responsabilidade de todos que fazem parte do processo educacional e não apenas do professor. Nesse sentido, existem as redes de apoio compostas por pessoas que colaborarão no processo de ensino e aprendizagem do aluno. A seguir, listaremos todos que fazem parte dela.

A família
Ela é a primeira e a principal responsável pela educação escolar da criança ou do jovem. Por isso é tão importante que se crie uma relação de cooperação e confiança entre escola e família, e que exista uma ampla comunicação entre elas.

Os profissionais da área de saúde
Eles podem ser médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos ou psicopedagogos. Esses profissionais ajudarão os educadores a entenderem as necessidades do aluno e poderão dar direcionamentos sobre como atendê-las.

Qual é o papel da escola?

A escola tem o dever de aceitar os alunos com deficiência e realizar as adaptações necessárias para que eles tenham seu direito à educação garantido.

Outra preocupação que a escola deve ter é fornecer aos seus educadores capacitação e formação continuada fundamentais para lidar com esses alunos, bem como as adaptações e os equipamentos que forem necessários para seu aprendizado. Reuniões entre os professores e os coordenadores pedagógicos favorecem a troca de experiências e o aprendizado.

Infelizmente, os cursos de graduação não preparam os futuros professores para lidarem com as diferenças e particularidades de cada aluno.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que orienta as escolas. Ele deve ser seguido por toda a educação básica, porém não se trata de algo fixo e imutável.

Realizar uma flexibilização nesse currículo de modo a favorecer a aprendizagem do aluno com deficiência também é papel e responsabilidade da escola e de todos os seus educadores. Essa flexibilização inclui fornecer material e mobiliário essenciais e adquirir equipamentos específicos, como computadores e softwares, por exemplo.

A escola não está sozinha nessa tarefa. Esse deve ser um trabalho conjunto entre a escola regular, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e o Estado.

Quais são os pilares da educação?

O relatório para a Unesco feito pela Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI apresenta quatro pilares sobre os quais a educação deve se firmar:

  • aprender a conhecer;
  • aprender a fazer;
  • aprender a conviver;
  • e aprender a ser.

Firmar a educação inclusiva em todos esses pilares é garantir que a aprendizagem de crianças e jovens com deficiência aconteça por meio das várias possibilidades de desenvolvimento que podemos encontrar na escola.

O que é uma escola inclusiva?

É uma escola comum — ou regular — que acolhe todos os tipos de alunos, independente das diferenças. Nela, são criadas situações que favoreçam e respeitem os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem dos alunos.

São realizadas ações como a presença de um segundo professor em sala, tenha ele formação específica ou básica, ou de um estagiário, com o intuito de dar apoio à equipe pedagógica. O acompanhamento do trabalho do professor é fundamental para dar a ele o suporte que ele necessita.

Na escola inclusiva, todas as propostas que orientarão as atividades escolares e as intenções dos educadores relativas à inclusão estão registradas em seu Projeto Político Pedagógico (PPP). Nele, ficam estabelecidas quais redes de apoio serão necessárias para o atendimento aos alunos com deficiência.

A escola deverá fornecer ao aluno os recursos diferenciados indispensáveis ao seu aprendizado, como adaptações físicas do ambiente escolar, professores especialistas ou aceleração de conteúdo.

Dependendo do caso, o aluno, além de frequentar a escola regular inclusiva. Também deverá frequentar no contraturno uma escola especial que funcionará como um centro de apoio e complementação de sua formação, com a presença de profissionais especializados para isso.

Quais são os desafios a serem enfrentados?

A educação inclusiva ainda está em fase de implementação no Brasil, por isso são muitos os desafios a serem enfrentados.

O maior deles ainda é a falta de preparo e capacitação dos professores para lidarem com os alunos com deficiência. O número de professores especialistas em Libras ou Braille, por exemplo, ainda está muito aquém do desejado.

Muitas escolas públicas também não têm os recursos financeiros necessários para fazer as adaptações ou comprar os equipamentos necessários às necessidades de seus alunos com deficiência.

Como você viu, a educação inclusiva é mais do que necessária para permitir que absolutamente todos tenham pleno acesso a uma formação escolar de qualidade. Os desafios são grandes, mas as iniciativas e a dedicação dos professores têm feito com que ela aconteça.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Atenção à saúde de pessoas com deficiência e doenças raras é tema de coletânea

Por: Irene Kalil (IFF/Fiocruz)


Pessoas com deficiência ou doenças raras são, muitas vezes desde o seu nascimento, usuárias da atenção à saúde de média e alta complexidade, demandando atendimento especializado em diversas áreas, como genética médica, neurologia, fonoaudiologia, pneumologia, fisioterapia, entre outras. Mas, assim como os demais beneficiários do Sistema Único de Saúde (SUS), elas também são recebidas na atenção primária, que funciona não apenas como porta de entrada, mas carrega o papel de proporcionar a todos, sem discriminação, um cuidado integral e inclusivo. Foi pensando nisso que a médica pediatra do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Daniela Koeller Rodrigues Vieira teve a ideia do livro Pessoas com deficiência e doenças raras: o cuidado na atenção primária. Sexto título da Coleção Fazer Saúde, da Editora Fiocruz, publicado em 2019, a obra reúne relatos de experiências exitosas sobre o cuidado a esses segmentos da população, um assunto até então pouco abordado na produção científica brasileira.

“Com a recente ampliação da legislação para a saúde na área [a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras foi instituída por portaria do Ministério da Saúde de 30 de janeiro de 2014], fez-se necessário incluir o cuidado em rede, partindo da atenção primária, e ampliar as discussões sobre a saúde dessa população lançando mão da expertise e das ferramentas já utilizadas na Atenção Básica”, afirma Daniela sobre os objetivos do livro. “Vimos, em nossa experiência de trabalho, que, para além de ações prescritivas, é fundamental construir, com a rede de profissionais e usuários, um cuidado efetivo em todos os níveis do sistema”, complementa.

Como órgão auxiliar do Ministério da Saúde (MS) na construção e proposição de políticas de saúde nos segmentos que fazem parte do seu escopo, o IFF/Fiocruz ocupa um lugar importante no debate sobre o cuidado às pessoas com deficiência e doenças raras e na capilarização desse cuidado por toda a rede de saúde, o que está refletido na presença de vários profissionais que atuam ou que fizeram parte da sua formação no Instituto como autores da coletânea. “Centro de Referência para Doenças Raras habilitado pelo MS, único no Estado do Rio de Janeiro, IFF/Fiocruz conseguiu estabelecer essa interface entre suas diversas áreas de atuação - atenção, ensino, pesquisa e cooperação técnica -, inclusive com a criação de uma linha de pesquisa específica sobre a temática no âmbito da sua pós-graduação stricto sensu”, pontua a médica.

Ela destaca que o país conseguiu alguns avanços do ponto de vista das políticas públicas, sendo o principal deles a ampliação do cuidado para fora do nicho da reabilitação e dos especialistas, possibilitando um olhar mais inclusivo. “Nos textos das legislações anteriores, o que acontecia era a restrição da atenção primária à função de porta de entrada para o sistema de saúde. Somente com a instituição da Política, foi possível iniciar o movimento de mudança desse foco, passando-se a entender a atenção primária como locus do cuidado também para pessoas que têm doenças incomuns, muitas vezes incapacitantes e graves e cercadas por tabus”, ressalta a pediatra.

Um dos capítulos do livro aborda a questão de ampliação do acesso desses usuários ao sistema de saúde. Daniela acredita que os maiores desafios a essa conquista são o reconhecimento de que a construção de um SUS viável e que trabalha em rede é possível e fazer com que os textos das políticas se traduzam, na prática, em ações de saúde. Segundo a autora, também é preciso compreender que a atenção primária é um local não apenas de trabalho, mas de produção de cuidado e saber qualificados. Uma das características desse nível de atenção é, precisamente, a possibilidade de promover uma atenção longitudinal à saúde desses usuários, estimulando práticas que aumentem sua autonomia e capacidade de autocuidado. “Nesse sentido, a maior contribuição que a obra traz para a atenção às pessoas com deficiência ou doenças raras é tirar a lei do papel, transformando o cuidado numa coisa viva e pulsante e permitindo que usuários e profissionais possam iniciar a construção de uma realidade diferente da que vivemos hoje”, avalia a organizadora.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Mães de crianças com deficiência mostram filhos em redes: "É preciso falar"

Talyta Vespa De Universa para o uol.com.br

Leila e o filho, Gabinho, de quatro anos, que nasceu com má-formação congênita - Arquivo Pessoal
Leila e o filho, Gabinho, de quatro anos, que nasceu com má-formação congênita
Imagem: Arquivo Pessoal

A gestação do primeiro filho da professora Leila Donaria, de 34 anos, foi planejada, bonitinha, do jeito que ela sempre sonhou. Os exames de pré-natal não apontaram qualquer alteração genética. A surpresa, ela conta, foi no dia em que Gabriel, o Gabinho, como ela carinhosamente o chama, nasceu.

"Ele nasceu com seis dedinhos no pé esquerdo. Não dava para saber se era só isso ou se era um sinal de que ele tinha alguma síndrome. Com o tempo, fizemos alguns exames e, no laudo, o médico escreveu 15 linhas de alterações que ele tem. Entre elas, ele tem trigonocefalia, uma doença que impede o cérebro de crescer por causa do formato do crânio e, por isso, teve de passar por uma cirurgia com seis meses de idade. Foi o pior dia da minha vida. É desesperador não saber o que seu filho tem. O que eu fiz para tentar amenizar isso foi estimulá-lo de diferentes formas", conta.

Leila relembra a dificuldade que sentia ao tentar não comparar o filho com os bebês das amigas. "Eu via os bebês delas sentando enquanto o Gabinho ainda não conseguia. No começo, era inevitável comparar e sentir vergonha. Seria hipócrita se falasse que isso nunca aconteceu. Agora, morro de orgulho. Ninguém sonha em ter um filho especial, mas, se eu pudesse escolher, escolheria mil vezes o Gabinho", diz.

Leila e Gabinho - Arquivo Pessoal
Leila e Gabinho Imagem: Arquivo Pessoal.

Leila, apesar de se considerar bastante discreta, passou a divulgar um pouco do dia a dia com o filho nas redes sociais. "Sei que isso faz com que outras mães se sintam confortáveis para publicar fotos dos filhos também, trocar informações e criar uma rede de apoio. Não se fala sobre pessoas com deficiência porque a gente não as vê. São 24% da população e você olha para o lado e raramente vê essas pessoas. Elas ficam trancadas em casa porque a sociedade não fala sobre elas. Precisamos aparecer".

"Faço questão de fazer tudo com meu filho. A gente vai a restaurantes, ao shopping, a gente brinca. Sei que, se uma mãe de uma criança deficiente me vir brincando com meu filho no playground, de repente pode se sentir à vontade para sair com o filho dela. Temos que nos apoiar, temos que aparecer", diz.

Gabinho, hoje, vai à escola, é uma criança como qualquer outra. "Eu vejo a maternidade atípica como uma maternidade normal. Comparar seu filho com outra criança pode te podar de uma felicidade genuína que é acompanhar cada conquista dele. As belas coisas da vida estão nos detalhes".


O menino que não sabia chorar


Bento não se cansa de responder às pessoas sobre sua má-formação - Arquivo Pessoal
Bento não se cansa de responder às pessoas sobre sua má-formação Imagem: Arquivo Pessoal.

É da mesma forma que a desenhista Luiza Pannunzio, de 40 anos, lida com a doença do filho, Bento. O menino, que é superfamoso nas redes da mãe e até reconhecido na rua, nasceu com fissura labial palatina --vulgarmente conhecida como lábio leporino. Ele tem sete anos, faz tratamento a longo prazo, usa um aparelho externo e já passou por três cirurgias.

Por causa da síndrome, o menino não tem o canal lacrimal do olho direito e, por isso, desde bebê, não chora. Em homenagem a ele, a mãe escreveu o livro "O menino que não sabia chorar" em que conta todos os desafios de ser mãe de um menino especial. Para ela, falar sobre crianças com deficiência é um tipo de ativismo. Ela criou uma ONG As Fissuradas que luta por políticas públicas e serviços de saúde públicos para atender a essas crianças.


"Soube da má-formação que o Bento tinha 20 dias antes de ele nascer. Eu me desesperei, não tinha para onde correr. Não fui acolhida pela equipe médica nem por ninguém. Foi um processo solitário de pesquisa. Juntos, fomos entendendo suas limitações. Ele vai à fonoaudióloga, ao dentista, faz os tratamentos. Demanda muito tempo. De resto, é uma criança comum. Ele usa um aparelho externo e eu morro de medo que alguém, um dia, use isso contra ele", explica.

"O Bento entrou na escola há dois anos. Eu tenho, todos os dias, medo de ele sofrer na escola. Deixo ele lá e falo: 'Se alguém te disser alguma coisa que você não gostar, converse com a professora'. Ele está há alguns dias sem querer ir para a escola mas também não quer contar para a gente. A gente sabe o que acontece. A gente espera ele se posicionar porque não tenho como estar ao lado dele 24 horas por dia. Chega no fim do mês, ele fica cansado de se defender tanto", conta.
Luiza conta que o filho é, algumas vezes, reconhecido nas ruas. Ele estampa todos os projetos da ONG "As Fissuradas", criada por Luiza. Segundo ela, Bento sabe da importância de falar sobre sua doença. "Ele não se cansa de responder às pessoas sobre o que ele tem. Quando era pequenininho, fazia umas graças, usava o humor para fazer isso. Hoje ele explica que nasceu com uma fissura labial. Às vezes eu canso de explicar, mas ele, não. E é essencial que seja dito".

Um coração sem fechadura


Matias passa por exames de rotina. A mãe assume que teme a necessidade de mais uma cirurgia - Arquivo Pessoal
Matias passa por exames de rotina. A mãe assume que teme a necessidade de mais uma cirurgia Imagem: Arquivo Pessoal.

É no Instagram, também, que a designer Silvia Guimarães, de 40 anos, encontrou sua rede de apoio ao comentar publicamente sobre a cardiopatia do filho, Matias, de nove anos. A má-formação que o acompanha desde o nascimento fazia com que o coração dele não conseguisse mandar sangue para o pulmão. Foram incontáveis cirurgias e a família vive em função de um acompanhamento que vai durar a vida toda.

"Quando ele nasceu, ficamos dois meses na UTI. Foi muito difícil porque eu percebi, ali, que só outras mães entendiam o que eu estava passando. Minha família e amigos estavam envolvidos nesse momento delicado, mas havia uma conexão e um apoio que vinha só de quem era mãe. Nunca foi tabu para mim falar sobre a doença do meu filho, sei que esconder isso só faz com que o preconceito cresça. Na época, fiz um blog para falar sobre. Hoje, uso o Instagram", afirma.

"Escrevi um livro contando a história do Matias chamado "Um coração sem fechadura", que consegui publicar depois de um financiamento coletivo. Ali, começou uma identificação. Eu falei muito sobre as nossas dificuldades do cotidiano com o intuito de normalizá-las, e isso aproximou um monte de mães da gente. Para mim, foi essencial ter alguém por perto. Queria que essas mães sentissem o mesmo", continua.

Os períodos em que Matias têm exames de rotina são sempre angustiantes para a mãe, que assume: "Morro de medo de meu filho ter que passar por outra cirurgia. A cada cirurgia que ele fazia, meu coração ficava na mão. Era muito desesperador".

A culpa, ela conta, a acompanhou por muito tempo. "Me sentia responsável, com medo do que as pessoas pudessem falar. Medo de elas me responsabilizarem. E senti, inclusive, um certo luto por não ter um filho perfeito. Ninguém quer passar o primeiro mês de vida do filho numa UTI, né? É um sofrimento além da situação. Eu fui muito julgada porque ele teve um parto domiciliar e médicos jogaram isso na minha cara por causa da doença dele. Foi muito difícil", diz.

Para essas três mães, mascarar a vida imperfeita não é uma opção. Elas encontraram, ao expor seus filhos sem medo, uma rede de apoio que tem o intuito de fazer com que essas crianças sejam vistas. E elas estão sendo.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Inclusão: 6 livros que trazem crianças com deficiência como protagonistas

blogmodainfantil.com.br

Praticar um olhar inclusivo é, sobretudo, se colocar no lugar do outro. Seja em casa, na escola, na rua sempre devemos pensar: o que falta nesses espaços para que todos possam se desenvolver igualmente e exercer a liberdade de ir e vir? Ter essa visão é entender as dificuldades e limitações do próximo e buscar soluções para eliminar ou minimizar as barreiras.


Pensando em contribuir com essa discussão, o Centro de Referências em Educação Integral compartilhou uma lista de livros infantis que trazem crianças com deficiência como personagens principais. Desenvolvida pela organização Mais Diferenças, a listagem prioriza o olhar infantil sobre suas condições trazendo a reflexão sobre qual o papel de cada um para construirmos uma sociedade empática à diferença. As obras estão disponíveis na biblioteca virtual do Mais Diferenças, em formatos acessíveis.

Sonhos do dia por Claudia Werneck

Inclusão: 6 livros que trazem crianças com deficiência como protagonistas

A menina que protagoniza o livro sonha, durante a noite, que pode tudo. Mas todos os dias ao acordar volta a se deparar com as limitações que o mundo ao seu redor impõe. Cansada dessa situação, ela pede a heróis e heroínas, seres das galáxias, das revistas em quadrinhos, da televisão, dos sonhos de outras crianças, da internet, dos livros e das histórias que seu avô contava para que revelem o segredo de fazer os sonhos da noite não morrerem durante o dia.

Daniel no Mundo do Silêncio por Walcyr Carrasco e ilustrações de Cris Eich

Inclusão: 6 livros que trazem crianças com deficiência como protagonistas

Quando Daniel perde a audição, aos 7 anos, ele precisa aprender a se comunicar de outra maneira: com as mãos. Seus pais o matriculam então em uma escola especializada em educação para surdos, onde ele aprende a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Depois de um tempo, Daniel passa a frequentar simultaneamente uma escola comum, onde supera o bullying e encontra a solidariedade.

Uma nova amiga por Lia Crespo

Inclusão: 6 livros que trazem crianças com deficiência como protagonistas

João é um menino cheio de imaginação que conversa com seus brinquedos. Diante de uma nova realidade em sua vida, conta com o apoio desses e de outros personagens para lidar com os desafios. A obra aborda a influência transformadora dos professores e a importância do apoio familiar.

As cores no mundo de Lucia por Jorge Fernando dos Santos

Inclusão: 6 livros que trazem crianças com deficiência como protagonistas

Nesse livro, Lucia é uma menina muito inteligente e adora brincar. Ela tem deficiência visual e descobre uma maneira divertida de perceber as cores que estão a sua volta, usando como ninguém a audição, o olfato, o paladar e o tato.

Tom por André Neves

Inclusão: 6 livros que trazem crianças com deficiência como protagonistas

A história do menino Tom é contada por seu irmão, que sempre o observa intrigado: “Por que Tom não brinca? Por que Tom não diz o que sente? Onde Tom guarda todos os seus sonhos?”. Até que um dia, Tom chama seu irmão para que conheça o seu segredo, e assim se aproximam de verdade.

Serei Sereia por Kely de Castro

Inclusão: 6 livros que trazem crianças com deficiência como protagonistas

Assim como todas as crianças, Inaê passa por momentos de tristeza, alegria, conflito e tranquilidade. Ela tem como desafio o fato de não poder andar, mas com o apoio de sua mãe, descobre que pode construir sua própria história.

Esperamos que tenham gostado das dicas!

Os livros são uma ótima ferramenta na luta pelo respeito à diferença na sociedade :)

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

As cores das flores: curta sobre criança com deficiência visual

Crianças com deficiências visuais, motoras, auditivas e intelectuais enfrentam uma série de dificuldades, mas são capazes de aprender como todas as outras. Pensando em passar essa mensagem, a ONCE – Organização Nacional de Cegos da Espanha desenvolveu um vídeo institucional bastante sensível e emocionante chamado As Cores das Flores.

As cores das flores: curta sobre criança com deficiência visual

No vídeo, a professora de uma escola passa um tema de casa à turma: uma redação sobre as cores das flores. Ao receber a tarefa, um dos alunos que possui deficiência visual, sai da aula pensando em como resolver o desafio. Após isso, aparecem alguns flashes da vida do garotinho, momentos com os pais indicam que eles acreditam na sua capacidade. O mais bacana da mensagem é que em nenhum momento é colocado em dúvida se o menino realizará a tarefa. A expectativa é de como irá realizá-la.

Assista:


Muito lindo, né gente?

Toda criança é capaz de aprender do seu jeito, por isso a importância da confiança no potencial de cada uma. Assim teremos um mundo com mais diversidade e inclusão <3

Fonte: www.blogmodainfantil.com.br