Muito se fala sobre a importância de manter uma rotina com as crianças, mesmo estando em casa por conta do isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus (Covid-19). Fato é que estabelecer horários para as refeições, estudos, dormir e acordar, e até mesmo para momentos de lazer é essencial para todas as pessoas, independentemente da idade. Quando falamos em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a relevância de construir uma rotina equilibrada é tão importante quanto para qualquer outra criança.
“Encontrar uma rotina contribui para manter o sentido de ordem, de propósito de vida. Afinal, esse momento de incerteza é desafiador para todos. No caso específico de crianças com TEA, pode ser difícil para eles compreenderem o que está acontecendo”, explica a psicóloga clínica Carol Sella, pós-doutora em psicologia comportamental para transtorno do espectro autista, Board Certified Behavior Analyst (BCBA-D).
Afinal, se trata de um momento em que tudo mudou: de repente, os filhos não vão mais para escola e nem para terapia – mesmo quem recebia tratamentos em casa, em muitos casos está com o atendimento interrompido. Por isso, uma das primeiras preocupações é criar uma rotina, que deve respeitar as especificidades de cada criança, que é única.
Carol lembra que é interessante avaliar, por exemplo, qual a probabilidade de a criança ter algum comportamento que talvez coloque ela ou outra pessoa em risco. Os pais também precisam estar atentos ao fato de o filho correr o risco de perder aquilo que já foi estudado.
“Muitas crianças quando retornam das férias, por exemplo, perdem muito do que já aprenderam e foram estimuladas ao longo do semestre”, observa.
Planejar o dia-a-dia
Mesmo sendo desafiador organizar uma rotina em casa, já que muitas mães e pais também estão fazendo trabalho remoto, é essencial planejar o cotidiano. Este planejamento deve incluir atividades físicas, além de tempo determinado para assistir TV, descansar e ler. No caso de crianças com Transtorno do Espectro Autista, Carol lembra que também é importante ser flexível e avaliar o momento do filho, com todas as suas variáveis.
“A previsibilidade é importante para as pessoas de forma geral, e no caso de quem tem TEA não é diferente”, sublinha a psicóloga.
Ou seja, as crianças se sentem mais seguras quando sabem o que vai acontecer durante o dia e, com isso, tendem a ficar mais tranquilas diante da rotina diferente que está sendo imposta pelo isolamento.
Como os pais podem acompanhar as atividades domiciliares dos filhos? A recomendação é estar sempre junto, acompanhando o estudo do conteúdo proposto pela escola, especialmente no caso daquelas crianças que apresentam dificuldades de concentração. Além de estarem presentes nesses momentos, é essencial reservar tempo para brincar com as crianças e participar de momentos de lazer.
Brincadeiras são essenciais
Atividades e brincadeiras não devem faltar na rotina, e devem estar alinhadas com o objetivo que se procura para cada um.
“Crianças em momentos diferentes da terapia pedem jogos e brincadeiras variados. Algumas participam de jogos sociais na internet, outras envolvem os irmãos nas brincadeiras feitas em casa”, explica Carol.
Um exemplo de atividade física muito benéfica para gastar energia é a peteca.
“Dependendo da fase em que a criança estiver no processo terapêutico é muito legal porque ela terá que trabalhar a coordenação motora e a força”. Quanto mais os pais puderem participar, melhor os ganhos afetivos e emocionais”, ressalta Carol.
Mesmo com as dificuldades impostas pelo isolamento social, o fato de os pais estarem mais tempo em casa pode ser benéfica para as crianças. É a chance de ter mais presença com o filho, inclusive em atividades menos estruturadas.
Sites com ideias de como gastar energia com atividades para fazer em casa: