Famílias de alunos com deficiência promoveram um protesto em frente à prefeitura do Rio de Janeiro para denunciar a falta de profissionais especializados na rede municipal de educação.
Acauã Pozino para averdade.org.br | Rio de Janeiro
A Unidade Popular pelo Socialismo (UP) esteve presente na manifestação, fazendo uma saudação à iniciativa e convocando as famílias a permanecerem em luta até que o município garanta o direito desses alunos a uma educação de qualidade.
A Verdade conversou com algumas mães presentes no ato, e o sentimento quase unânime dessas famílias é de que a educação das pessoas com deficiência está longe de ser uma prioridade para a prefeitura.
“Eles nunca disponibilizam um profissional formado”, disse Simone, mãe de um estudante com síndrome de Down. “O que eles fazem muitas vezes é contratar um estagiário, de qualquer área que seja, só pra preencher a vaga. Aí o que acontece é que chega no meio de ano, o estagiário se forma, ou não renova, e tem que mudar a pessoa, a criança se acostumar de novo”, explica.
Ao ser questionada sobre o risco de contratar estagiários sem formação específica na área da deficiência e/ou da mediação escolar, a solução oferecida pela Secretaria Municipal de Educação foi que as próprias mães ocupassem a posição do profissional mediador de forma voluntária, sem nenhum vínculo empregatício.
“A solução que eles apresentam é que a gente que é mãe fique na escola, fazendo o papel desse profissional, recebendo uma ajuda de custo de R$150,00. E se a gente se nega, dizem que não podem fazer nada, porque nós tivemos opção”, denuncia Simone.
A luta continua
Trata-se de mais um capítulo de duas histórias que o povo carioca conhece bem: o sucateamento da educação municipal e a discriminação e abandono dos alunos com deficiência.
O ato, que contou com representações do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e da Câmara dos Vereadores, exigia que as famílias fossem recebidas pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), já que o secretário de educação do município, Renan Ferreirinha, marcou uma viagem de última hora para a Colômbia justo no dia do ato.
Próximo ao final do protesto, apenas um pequeno grupo de mães foi admitido para uma reunião a portas fechadas. As famílias estão determinadas a seguir em sua luta. “A gente não quer um estagiário, não quer ser voluntária. A gente quer que a prefeitura contrate pessoas com formação, que saibam das necessidades de uma criança autista, de uma criança com deficiência visual. Enquanto a gente não tiver isso, vamos continuar vindo aqui, vamos deixar as crianças brincarem aí nas escadarias, porque isso aqui é nosso e o direito também”, relatou uma das mães presentes.