O tratamento para o Autismo:
O tratamento do autismo vai depender da gravidade
do déficit social, de linguagem e comportamental que o indivíduo se
encontra. Existem diversas abordagens, algumas muito melhor embasadas
cientificamente que outras.
Em crianças pequenas, a prioridade do tratamento
normalmente é o desenvolvimento da fala, da interação
social/linguagem, educação especial e suporte familiar. Já com
adolescentes, o tratamento é voltado para o desenvolvimento de
habilidades sociais necessários para uma boa adaptação,
desenvolvimento de habilidades profissionais (terapia ocupacional) e
terapia para desenvolvimento de uma sexualidade saudável. Com
adultos, o foco está no desenvolvimento da autonomia, ensino de
regras para uma boa convivência social e manutenção das
habilidades aprendidas.
De um modo geral o tratamento tem 4 objetivos:
- Estimular o desenvolvimento social e comunicativo;
- Aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas;
- Diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso às oportunidades de experiências do cotidiano; e
- Ajudar as famílias a lidarem com o autismo.
Os indivíduos com autismo têm uma expectativa de
longevidade normal, porém sua agressividade, dificuldade de pedir
ajuda e dificuldade em obedecer regras podem ser perigosos. Algumas
formas de autismo grave exigem acompanhamento pelo resto da vida para
evitar situações de risco.
O autismo é um transtorno que nunca desaparece
completamente, porém com os cuidados adequados o indivíduo se torna
cada vez mais adaptado socialmente. Intervenções apropriadas
iniciadas precocemente podem fazer com que alguns indivíduos
melhorem de tal forma que os traços autísticos ficam imperceptíveis
para aqueles que não conheceram a trajetória desenvolvimental
desses indivíduos. O diagnóstico precoce do autismo permite a
indicação antecipada de tratamento.
Um tratamento adequado deve levar em consideração
as comorbidades (ou seja, outros transtornos associados a cada caso)
para a realização de atendimento apropriado em função das
características particulares do indivíduo. Exemplos de comorbidades
incluem Transtorno obsessivo-compulsivo e problemas de aprendizagem.
A terapêutica pressupõe uma equipe multi e
interdisciplinar – tratamento médico (pediatria e psiquiatria) e
tratamento não-médico (psicologia, fonoaudiologia, pedagogia e
terapia ocupacional), profissionalizante e inclusão social, uma vez
que a intervenção apropriada resulta em considerável melhora no
prognóstico.
O sucesso do tratamento depende não só do
empenho e qualificação dos profissionais que se dedicam ao
atendimento destes indivíduos, como também dos estímulos feitos
pelos cuidadores no ambiente familiar. Quanto mais os cuidadores
souberem sobre o tratamento do autismo, melhor para o desenvolvimento
global da criança. Dentre os fatores mais importantes para o
prognóstico do funcionamento social geral e desempenho escolar
destacam-se o nível cognitivo da criança, o grau de desenvolvimento
na linguagem e o desenvolvimento de habilidades adaptativas, como as
de auto-cuidado.
A demora no processo de diagnóstico e aceitação
é prejudicial ao tratamento, uma vez que a identificação precoce
deste transtorno global do desenvolvimento permite um encaminhamento
adequado e influencia significativamente na evolução da criança.
Os atendimentos precoces e intensivos podem fazer
uma diferença importante no prognóstico do autismo.
O quadro de autismo não é estático, alguns
sintomas modificam-se, outros podem amenizar-se e vir a desaparecer,
porém novas características poderão surgir com a evolução do
indivíduo. É aconselhável avaliações sistemáticas e periódicas.
Analise do Comportamento Aplicada (ABA)
Um dos tratamentos mais populares, eficazes e sem prejuízos é o
ABA. ABA é uma sigla que significa, Applied Behaviour Analysis,
que em português significa, Análise do Comportamento Aplicada.
Análise do Comportamento Aplicada é uma área de pesquisa de novas
tecnologias embasadas na psicologia comportamental, sendo uma delas o
tratamento do autismo. Essa eficácia levou a uma legislação que
obriga os serviços de saúde americanos, que utilizam terapias
baseadas em evidências, a disponibilizarem esse tratamento.
Dentre as técnicas da terapia
analítico-comportamental utilizadas incluem: Procedimentos de treino
incidental, análises de tarefas, encadeamento, tentativas
instrucionais embutidas em atividades e treino de tentativas
discretas.
Picture Exchange Communication System (PECS)
Um recurso popular para ajudar no desenvolvimento da linguagem é o
PECS (Picture Exchange Communication System), um sistema baseado em
figuras com figuras que refletem as necessidades e/ou o interesse
individuais. Este sistema facilita tanto a comunicação quanto a
compreensão, quando se estabelece a associação entre a
atividade/símbolos.
Método TEACCH
O método TEACCH
(Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children) é um técnica muito popular no mundo que
combina diferentes estímulos visuais e auditivos com o objetivo de
aperfeiçoar a linguagem, melhorar o aprendizado e reduzir
comportamentos inapropriados. Áreas, objetos, palavras, recipientes
de cores diferentes e a fala do terapeuta são utilizados para
instruir as crianças sobre suas atividades diárias de forma a
emparelhar o símbolo com o respectivo objeto, local ou atividade no
mundo real. O desenvolvimento da criança é avaliado regularmente
pelo PEP 3 (Psychoeducational Profile 3) para verificar os resultados
da abordagem.
Farmacoterapia
A farmacoterapia
continua sendo componente importante em um programa de tratamento,
porém nem todos indivíduos necessitarão utilizar medicamento.
Medicamentos que atuam na dopamina e na serotonina podem ajudar a
reduzir alguns sintomas como redução de estereotipias, retraimento
social e comportamento agressivo ou auto-agressivo.
Escola normal X Educação especial
Existem casos em que crianças com autismo em escola normal tiveram
melhor desenvolvimento de habilidades sociais do que as crianças em
escolas especiais, porém isso não ocorre na maioria dos casos. É
importante que cada caso seja tratado individualmente, focando nas
necessidades e potencialidades da criança. Existem inúmeras
vantagens de se levar a criança com autismo a conviver com aquelas
sem comprometimento e de estimular que ela aprenda com as outras por
meio da imitação, mas também não esquecer o risco de que ela seja
vítima de bullying dos colegas. Já na escola especial é provável
que ela tenha uma atenção especial de profissionais melhor
treinados e conheçam outras crianças com problemas semelhantes.
Cabe aos pais decidirem qual a melhor opção para seu filho.
Questões Polêmicas
Em
1999, o médico Andrew Wakefield publicou o artigo MMR vaccination
and autism, estabelecendo uma suposta relação entre a vacina
tríplice e o autismo . Diversos estudos médicos foram conduzidos
desde então a fim de se comprovar ou não essa relação, sendo que
não houve evidências nesses novos estudos acerca dessa hipótese.
Em 2010, o Conselho Médico Geral britânico (em inglês, General
Medical Council) considerou que o dr. Wakefield agiu de maneira
aética e desonesta ao vincular a vacina tríplice ao autismo e
cassou seu registro profissional no Reino Unido em maio de 2010 .
Ainda de acordo com o Conselho Médico Geral britânico, a sua
conduta trouxe má reputação à profissão médica depois que ele
coletou amostras de sangue de jovens na festa de aniversário de seu
filho pagando-lhes £5. Considera-se também que o sarampo tenha
ressurgido no Reino Unido devido ao receio dos pais em aplicarem a
vacina tríplice em seus filhos: as taxas de vacinação nunca mais
voltaram a subir e surtos da doença tornaram-se comuns . Boatos
disseminados na internet acusam a influente indústria farmacêutica
de fazer lobby para "abafar" essa informação. Atualmente,
Wakefield prossegue com suas pesquisas nos EUA.
Dez anos após a publicação do artigo o
periódico publicou uma completa retratação
após as declarações do Conselho Médico Geral britânico.
Nos últimos dez anos
uma dezena de pesquisas realizadas na tentativa de encontrar uma
correlação entre a vacina tríplice e autismo não acharam nenhuma
evidência que comprovasse os dados preliminares do artigo de
Wakefield. . Várias famílias foram influenciadas pela polêmica
criada pela mídia logo após a publicação do artigo de Wakefield e
hoje, no Reino Unido e nos Estados Unidos, doenças consideradas
extintas devido a aplicação de vacinas regulares voltaram a matar
crianças em famílias que resolveram não vacinar seus filhos.
Fonte e referências completas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Autismo
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