Segundo Isabella, em razão de uma hemorragia cerebral ainda na UTI neonatal, seu filho Lorenzo hoje tem dificuldades motoras. E, para ela, cada dia é uma vitória! Com pensamento positivo, a apresentadora diz que só olha para o que o filho tem de bom e o que ele ainda não faz, um dia vai conseguir fazer! “Quem olha de fora pode ficar com pena. Mas meu foco não é o que o Lorenzo não faz. É o que ele consegue fazer. Cada conquista é uma vitória. E eu ganho uma Copa do Mundo por dia”, ela afirmou.
Confira abaixo o depoimento completo da apresentadora:
“Sou modelo desde os 13 anos e apresentadora do Esquadrão da Moda, no SBT, desde 2009. Olhando assim, de fora, ou naquelas fotos das revistas, a impressão é a de que eu alcancei um grande sonho. O que não deixa de ser verdade. Mas o que as pessoas talvez não saibam é que ser mãe sempre foi, pra mim, o sonho e a realização mais importantes. Então eu posso dizer que, hoje, sou muito realizada, porque tive trigêmeos univitelinos, gerados da forma mais natural possível – e por causa disso, a gestação também acabou ficando famosa.
Para vocês entenderem como o pensamento positivo realmente funciona: antes ser modelo, eu fechava os olhos (sonhando) e me imaginava casada e tendo filhos. E nestes meus devaneios, a gravidez não era qualquer uma não. Eu ia ter um barrigão de gêmeos! O que eu não podia imaginar era que meu sonho se tornaria tão real. Já estava casada há três anos, quando descobri que estava grávida. Assim que saiu o resultado do exame, corri para fazer logo o primeiro ultrassom. Então, lá na maca, o médico que fazia sorriu e me disse: ‘Isabella, parabéns, você tá grávida de gêmeos’. O relógio parou, uma música imaginária começou a tocar no consultório, eu e meu marido nos olhamos emocionados, uma lágrima ia escorr… O médico interrompeu meio assustado: ‘Peraí, Isabella’. A nossa emoção virou tensão e a lágrima nem caiu. ‘Que foi, doutor, é um só?’. ‘Não. São três’, ele respondeu. ‘Trigêmeos univitelinos. Você vai ter 3 meninos, ou 3 meninas, idênticos, com o mesmo DNA.’ Todo aquele cenário romântico saiu de cena imediatamente . Nem deu tempo de pensar ou sentir direito. Porque sonhar com gêmeos vestidos com a mesma roupa brincando na grama é uma coisa, mas gestar três bebês… O próprio obstetra foi o primeiro a alertar: ‘melhor não contar pra ninguém ainda porque você tem apenas uma placenta. Existe o risco de você perder um, dois ou mesmo os três bebês.’ Ninguém sai de casa, grávida, plena, ansiosa pelo primeiro ultrassom, pra ouvir isso.
Acho que esse foi o primeiro baque dos muitos que eu ainda iria enfrentar. Mas, apesar do susto, eu nunca sequer considerei que algo pudesse dar errado. A mente positiva, aquela mesma mente que imaginava as coisas dando supercerto desde menina, me dizia pra ir em frente, acreditando no melhor cenário. Foi o que eu fiz e é o que eu faço, todos os dias. Eu nunca tive medo. Meu médico disse que só tinha visto esse tipo de gestação na literatura. E que, provavelmente, morreria sem ver um novo caso do tipo. Simplesmente porque não é possível gerar em laboratório trigêmeos univitelíneos Essa gravidez rara e delicada me pediu o maior cuidado possível. E foi o que fiz. Enquanto todas as gestantes têm acompanhamento mensal, por exemplo, eu fazia ultrassonografias semanais. A partir da décima segunda semana, fiquei em repouso absoluto. A barriga cresceu e eu não conseguia respirar. Nenhuma grávida consegue respirar direito e todas sentem dores, mas eu chuto, assim por cima, que eu tinha três vezes mais dificuldade.
Até que o dia do nascimento chegou! Sabe aquele momento esperado do parto? Pra mim, foi tensão pura. Passei por uma cesárea, o tempo todo com aquele pano na minha frente e meu marido segurando a minha mão do lado. Não vi nenhum deles. E eu só perguntava: amor, eles são pequenininhos? ‘Muuuito pequenininhos’, ele respondia. Nicholas, o terceiro, pesava menos de um quilo. Juntos, os três alcançavam apenas 3 quilos. Eram prematuros extremos. Só pude ver meus filhos um dia depois do parto, de cadeira de rodas. Eles choravam tanto! Eu pensava: ‘não, eles tinham que estar quentinhos, tranquilos, sem serem incomodados. Eles foram arrancados da barriga! Eles deveriam ficar mais três meses. E o que eu fiz com tudo aquilo?’
Isabella e Lorenzo |
Não foram poucos os sustos nesses dias de UTI. Mas também houve momentos emocionantes, como a primeira vez que eu peguei os meninos no colo. Eles já tinham mais de 15 dias. E não é que eu simplesmente peguei: eles eram colocados em mim. E eram tão pequenos que dava pra colocar dentro do top; ficava só a cabecinha do bebê pra fora, e ainda plugado no oxigênio. Mas, ah, foi uma delícia… Primeiro o Bernardo, depois do Nicholas, depois o Lorenzo. A rotina durante esses três meses em que eles ficaram lá, era essa: eu chegava às 7 da manhã e ficava até as 10 da noite. Na UTI, tinha meu cantinho, onde ficavam as três incubadoras e a minha poltrona. Transformei o que podia ser um fase triste em dias muito alegres. Fiz até amigas por lá!
Qunado, finalmente, CHEGOU O GRANDE DIA DE ir pra casa… O dia mais esperado para toda mãe de prematuro… Primeiro o Nicholas, depois de uma semana o Lorenzo e mais uma outra semana inteira para o Bernardo. Uma logística maluca! Vocês podem imaginar o que foi essa loucura de idas e vindas entre casa e hospital? No dia que o Bernardo finalmente teve alta, foi o dia mais esperado. Eu finalmente estava em casa com meus 3 bebes, o quartinho deles estava completo, cada um no seu bercinho, aquela paz tão esperada, sem o barulho insuportável da UTI! Foi realmente muito emocionante!
Com o passar do tempo, a gente notou que o Lorenzo apresentava alguns atrasos, em decorrência da hemorragia que ele teve. Ele é uma criança quem tem dificuldades motoras, mas a parte cognitiva não foi afetada. Atualmente ele esta se desenvolvendo muito bem e no tempo dele. Inclusive já esta dando os primeiros passos com a ajuda de um andador. Uma vitória para nós! Cuidar de uma criança com necessidades especiais é um grande aprendizado. A gente se preocupa em estimular as conquistas dela com fisioterapia, terapia ocupacional, hidroterapia, equoterapia….Mas, é preciso se conter na vontade de ajudá-lo a fazer tudo imediatamente. Deixar ele se virar um pouco, sabe? E dar bronca e deixar de castigo, se preciso. Não é tão fácil assim…
Um dia, vendo os três brincando na praia, cada um com suas diferenças, o Bernardo e o Nicholas estavam correndo na areia, e o Lorenzo brincando sentadinho. Talvez alguém de fora poderia pensar : ‘poxa, ele ainda não corre como seus irmãos’. Mas pra mim o pensamento é:’ que maravilha que ele está se divertindo, brincando na areia, o que é um grande estimulo para ele usar as duas mãozinhas!’ Ou seja, meu foco não é no que o Lorenzo ainda não faz, mas sim nas suas grandes conquistas.
Conto essa história pra dizer que, sim: é uma batalha diária. Mas, eu faço questão de tomar as rédeas e transformar o cenário em algo positivo, animador. Isso foi um grande aprendizado, e foi essencial para lidar com todos os momentos de tensão e dor pelos quais eu, como mãe, passei desde a gestação. Aliás, é impossível não aprender alguma coisa com uma experiência intensa como essa. O amor, claro, que inunda a gente. Deixar de pensar em mim em primeiro lugar. Cuidar de uma criança com necessidades especiais. E eu, como mãe, percebi que temos de ser muito criativas e pacientes… Ao mesmo tempo, temos de nutrir o lado emocional das crianças, admitindo que raiva, medo e tristeza existem, mas que a gente tem que ensiná-los a administrar estes sentimentos e não simplesmente dizer que isto é certo ou errado.
Quando olho pra esses exatos 4 anos atrás, me vêm só as coisas boas, acreditam? Inclusive o período que eles passaram na UTI. E, quer saber? Eu fui muito feliz lá. É essa mensagem que eu quero deixar pra vocês: de positividade. Tudo passa! Então eu gostaria de fazer um convite: vamos deixar de focar apenas nas coisas ruins e passar a também a agradecer as coisas boas que a vida nos proporciona?”
Fonte: M de Mulher
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