quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Crianças: perda auditiva pode comprometer o aprendizado

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Nem sempre um estudante desatento é, necessariamente, desinteressado. Muitas vezes uma criança pode não participar tanto das aulas por não conseguir assimilar o conteúdo ensinado pelo professor. Essa criança pode simplesmente apresentar perda de audição, um problema que poucos percebem de imediato.

"Com dificuldades para ouvir, as crianças não conseguem aprender direito. Além disso, costumam ter conflitos de relacionamento com colegas e ainda apresentar distúrbios de comportamento, como falta de concentração ou retraimento em excesso. Está comprovado que alunos com problemas de audição têm um rendimento escolar inferior e muitos repetem de ano.

Médicos e fonoaudiólogos chamam a atenção para a necessidade de um diagnóstico precoce. Quanto mais cedo o problema é detectado, maiores as chances de essa criança ter uma vida normal. "Através do exame audiológico é possível verificar se a criança apresenta problema para ouvir. Durante a audiometria, o fonoaudiólogo detecta o grau e o tipo de perda auditiva", explica Isabela Gomes, fonoaudióloga do Centro Auditivo Telex.

Em bebês e crianças pequenas, a deficiência auditiva - dependendo do grau de surdez - pode causar atraso no desenvolvimento da linguagem. Com isso, a criança pode ter dificuldade na fala, com reflexos na escrita e no aprendizado em geral. Quanto maior o grau de surdez, maior a dificuldade em ouvir os sons de fala, do ambiente e também em ser ouvido. Os prejuízos em geral são imensos. O problema afeta o convívio com parentes, professores e colegas. O futuro dessas crianças poderá ser limitado, ou não, se os pais agirem com rapidez na busca de tratamento.

O Centro Auditivo Telex lançou no Brasil o equipamento ''Amigo'', sistema FM que permite a comunicação direta de pais e professores com crianças e jovens que apresentam problemas auditivos. Essa tecnologia pode ser utilizada em várias situações e lugares, mas dentro das salas de aula ela é fundamental para ajudar o aluno com deficiência auditiva a entender com clareza o que o professor está ensinando.

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Criado pela Oticon, o equipamento ''Amigo'' é composto por um microfone (transmissor) e um receptor. A pessoa que está falando, no caso o professor, utiliza o minimicrofone acoplado à roupa e a sua voz é transmitida diretamente para o receptor que está no aparelho auditivo do ouvinte, que é o aluno. Isso ajuda a cortar qualquer efeito negativo da distância, eco ou ruído de fundo, mantendo o sinal da fala original alto e claro e, possibilitando, dessa forma, um aprendizado normal para esse aluno. 

O apoio e estímulo da família, dos professores e dos profissionais envolvidos com o tratamento (fonoaudiólogos, pediatras, otorrinos, psicólogos) é fundamental. "Os pais de crianças com suspeita de surdez devem agir rapidamente, buscando um serviço especializado para obter orientações sobre como desenvolver as potencialidades de seus filhos e não tratá-los de forma diferente. A tecnologia tem avançado muito também nessa área e hoje temos muitos recursos. Quando não existe a possibilidade de cirurgia, o uso de aparelhos de audição e equipamentos como o ''Amigo'' resolvem o problema", conclui a fonoaudióloga do Centro Auditivo Telex.

Fonte: Bonde

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Reprovação ou progressão escolar: dilema de pais de crianças com deficiência

Por Maria Antonia Goulart para o diversa.org.br

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Uma situação muito enfrentada por pais e mães de crianças com deficiência na vida escolar é a dúvida pela reprovação ou progressão de ano. Vivemos essa situação na passagem de nossa filha, Beatriz, do primeiro para o segundo ano do ensino fundamental. Antes, porém, gostaria refletir sobre nossa trajetória com ela e como isso nos ajudou a tomar uma decisão.

Recebemos, na maternidade, a notícia de que Beatriz tinha Síndrome de Down. Fui tomada por um misto de decepção e insegurança. Não entendia como, de repente, aquela criança tão desejada não parecia coincidir com o bebê diante de mim. Mas ela estava ali e era minha filha. Assim, aos poucos, a síndrome foi se tornando aos meus olhos o que ela realmente é – uma das características de Beatriz, não ela inteira. Perceber isso foi muito importante e, talvez por essa razão, me incomodo tanto quando se referem a ela como “Down”, “Downzinha” ou “especial”. Ela é a Beatriz e, sim, dentre outras coisas, ela tem Síndrome de Down.

Conversando com outras famílias de crianças com deficiência, percebi que insegurança e medo são muito comuns. No primeiro momento, a deficiência é como um manto que cobre a criança: é tudo que a define, suas características e seu futuro. Mas, aos poucos, esse véu cai e percebemos em nossos filhos características familiares e, em muitos casos, até divergentes do que se fala sobre a especificidade.

Foi assim quando os primeiros dentes de leite de Beatriz começaram a cair precocemente. Após ouvir de fonoaudiólogas experientes com crianças com Síndrome de Down que a dentição dela seria tardia, minha filha demonstrou que parte da sua genética, herdada da mãe, era mais forte do que a influência do cromossomo 21 triplicado. E como costumam dizer que o diabo mora nos detalhes, uso cada um deles para mostrar que, para além da deficiência, precisamos olhar para a pessoa. Ela será sempre mais, muito mais do que as características de sua deficiência.

A escolha de uma escola inclusiva

E assim caminhamos por pouco mais de sete anos. Acompanhando o desenvolvimento de Beatriz, proporcionando-lhe terapias e atividades de estimulação, cuidando de sua alimentação e garantindo-lhe a convivência com crianças com e sem deficiência em todos os espaços da cidade. Ela frequenta aulas de natação, brinca no parquinho da praça, vai à praia. Ainda com um ano, foi matriculada em uma escola regular.

A escolha da escola não é uma tarefa fácil. Não são raros os casos de famílias que receberam negativa de matrícula de lugares que se dizem despreparados porque não “entendem da deficiência”. Novamente, o manto cobre a criança e a escola deixa de ser uma instituição capacitada para ensinar e se apresenta mais como uma unidade de saúde, que deve dominar os temas correlatos à deficiência. Tive sorte nesse aspecto. O lugar onde meu filho mais velho já estudava era inclusivo.

Aliás, quando contamos a nosso filho Luiz, que na época tinha 15 anos, que sua irmã tinha deficiência, ele reagiu com total espontaneidade. Contou-nos que tinha uma colega de turma com a mesma condição e que ela estudava, convivia com eles, tinha amigos e um namorado. Sua naturalidade em perceber que sua amiga era muito mais do que a síndrome me mostrou a importância de escolas inclusivas para todos nós. E de como só a convivência nos permite construir uma relação verdadeira com o outro.

Sem receitas prontas

Beatriz foi matriculada onde seu irmão estudava, a Escola Parque, no Rio de Janeiro (RJ). Embora a unidade contasse com muitos alunos com deficiência, ela nunca nos ofereceu um pacote de atividades ou procedimentos a partir da deficiência. Isso me incomodou no início. Como tantas crianças com Síndrome de Down já haviam estudado ali, eu imaginei que haveria algo pronto para minha filha.

Aos poucos, percebemos que as reuniões, a leitura dos relatórios e a convivência diária nos ajudavam a pensar nessas estratégias. E isso se dava menos em função de um “pacote de atividades por deficiência” e mais por um entendimento de que a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos exigem intervenções distintas.

Em alguns casos, há procedimentos comumente usados com estudantes com Síndrome de Down, mas não é uma regra. Conversando com outras mães, percebi que em muitos aspectos, o desenvolvimento de outras crianças na mesma condição foi distinto do de Beatriz. Num primeiro momento, isso pode fazer parecer que a escola não sabia o que estava fazendo. Mas, na verdade, foi isso que fortaleceu nossa confiança de que ela estava preparada não para lidar com a síndrome, mas com seus alunos.

A dúvida entre reprovação ou progressão

Após seis anos na unidade, Beatriz passaria para o ensino fundamental. Era clara sua defasagem na área de alfabetização em relação ao restante da turma. Isso fez acender um sinal amarelo. A pergunta que não saia de nossas cabeças era: ela teria condições de passar de ano ou seria mais adequado ficar retida para um reforço? A escola não havia tratado de uma possível reprovação conosco. Foi a equipe de terapeutas que a acompanha que trouxe a discussão à tona. Caberia à família em diálogo com a escola tomar a decisão.

Foram dois meses de muita angústia. Conversamos com especialistas de diversas áreas e com outras famílias. Percebemos que essa preocupação não era só nossa. Há uma espécie de consenso de que se a criança não estiver alfabetizada, ela não conseguirá acompanhar os conteúdos dos anos seguintes. Se progredisse de ano, embora com os ganhos de uma inclusão social, pensávamos que os resultados na área cognitiva ficariam em segundo plano.

Preparamo-nos para uma reunião com a coordenadora, a orientadora educacional e a professora de Beatriz. A conversa começou com uma avaliação de seus avanços. Minha filha tem atraso no desenvolvimento da fala, o que compromete muito sua comunicação e participação. Soube que seu último ano fora marcado por progressos nessa área. Ela estava participando ativamente e fortalecendo suas trocas com o grupo. Além disso, havia amadurecido seu comportamento com relação a regras e procedimentos da turma e seu convívio com os colegas.

A orientadora educacional que a acompanha desde sua entrada na escola, então, citou diversos exemplos de como os amigos a reconheciam como par. Ouvi com entusiasmo que ela tem sido requisitada pelos colegas para participar de brincadeiras e que eles a impulsionam ao perceberem que, para ela, muitas vezes é cômodo ficar em uma posição mais passiva. Durante uma roda de conversa onde todos opinavam, antes que uma das amigas falasse pela Beatriz, um outro colega interveio, dizendo que ela já sabia falar e poderia expressar sua opinião. O ambiente de trocas é estimulante e desafiador para ela. Eles percebem suas dificuldades, mas reconhecem seus avanços e estão sempre apoiando seu crescimento.

Diante disso tudo, como poderíamos optar pela reprovação e pedir a ela que se integrasse em outra turma que ela não conhece e que a receberá como uma aluna do primeiro ano que não seguiu em frente porque não aprendeu o suficiente? Como desconsiderar que a aprendizagem não é um processo individual e que a mediação entre pares é parte disso? Recorri, então, a Paulo Freire que dizia que “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Decidimos descartar a ideia de reprovação. Toda a dor e alegria que esse momento nos trouxe também são parte de nosso amadurecimento como mãe e pai.

Os desafios a seguir

Beatriz tem aprendido muito sobre muitos temas. Extraí algumas passagens de seu relatório: “Ela é boa em ciências e acompanha a turma muito bem”. “Adora as aulas de música e participa muito das atividades”. “Tem desenvolvido muito suas habilidades na educação física e se apropriado cada vez mais das regras dos jogos e brincadeiras”. “A matemática apresenta grandes desafios, mas já categoriza bem e está avançando bastante na representação numérica”. “Na área de alfabetização ela ainda está no estágio pré-silábico enquanto sua turma já está quase toda alfabetizada”. Ela seguirá para o segundo ano com o desafio de avançar nas suas hipóteses de leitura e escrita. Isso tudo ocorrerá com apoio da escola, dos terapeutas, da família, mas, sobretudo, de seus amigos.

Outras mães da turma me disseram não conseguir imaginar a turma sem a Bia. Não é somente ela que se beneficia do grupo – também seus colegas aprendem muito. Uma das mães me confidenciou que sua filha é muito impaciente e que conviver com Beatriz é um desafio para ela, que precisa entender que os ritmos das pessoas são diferentes. Não se trata apenas de aceitar e incluir, mas de aprendermos uns com os outros e de usar esses aprendizados em nossas vidas.

Em seu primeiro dia de aula no segundo ano, Beatriz acordou ansiosa e colocou o uniforme assim que se levantou. Falou várias vezes sobre como estava com saudades dos amigos. A chegada foi marcada por muita emoção. Todas as crianças se abraçando muito. Muitos pais e mães olhando felizes esse reencontro. E eu com os olhos mareados, pensando sobre como ela não teria isso se tivéssemos optado pela reprovação. Ela é parte desse grupo e é nele e com ele que vai aprender.

Que venha um novo ano, com seus desafios e conquistas. Se há uma coisa que nós aprendemos é que Beatriz aprende muito, a cada dia, sempre mais!

Maria Antonia Goulart é membro do Grupo de Trabalho Nacional de Criatividade e Inovação do MEC e bacharel em direito pela Universidade de Brasília (UnB). Tem experiência na área pública como secretária municipal de Nova Iguaçu (RJ) e foi responsável pela concepção e implementação do Programa Intersetorial de Educação Integral “Bairro-Escola” de 2005 a 2010. É coautora do livro “Caminhos da Educação Integral no Brasil Site externo” e cofundadora e coordenadora geral do Movimento Down Site externo.

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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Em Aracaju, professora cria roupa especial que ajuda na inclusão de aluno com paralisia cerebral


Educar é muito mais do que ensinar, efetivamente. Educar é acolher as pessoas com amor, compreensão e generosidade! E é exatamente isso que esta professora fez em Aracaju. Ela dá aula na Escola Municipal de Ensino Fundamental Emef Papa João Paulo II, localizada no bairro Santa Maria e foi lá que conheceu João Mateus, de 5 anos.

João tem paralisia cerebral e o sonho de sua mãe, Itamara Santana Santos é de que ele cresça forte, consiga evoluir e se comunicar com as outras crianças de sua idade. Que sorte ela teve de encontrar Loide Silva Aragão, a professora de seu filho!

Loide teve a ideia brilhante de fazer um macacão, que ajudasse o garoto no desenvolvimento das atividades na escola. Ela trabalha há 10 anos na escola e disse que o caso de João é o mais complicado que já encontrou em sua trajetória profissional, mas que isso não a fez desistir em nenhum momento, muito pelo contrário!

Ela passou meses pesquisando qual seria a melhor solução e contou com a ajuda da costureira Maria Margarida e da fisioterapeuta Daisy Santos. Daisy disse que costura há mais de 30 anos, mas que este macacão foi a peça de roupa mais especial que já fez até hoje!

Através do macacão, João pode se locomover, interagir com as outras crianças e isso acaba refletindo em seu próprio aprendizado e em sua vida social. Ele é muito mais do que uma peça de roupa! A mãe do garoto não sabe como agradecer: “Nossa felicidade é imensa. Nem sei como agradecer a todos. A professora é um anjo que Deus colocou em nossas vidas. Ela pagou todos os custos e ainda deu o macacão. A gente vai poder levar para casa e isso vai nos ajudar muito. A costureira e a fisioterapeuta também se dedicaram bastante. Nós fomos guiados para matricular o João aqui nessa escola, onde ele foi acolhido tão bem”!



Matéria extraída de Razões para Acreditar
Com informações de Aracaju
Fotos: Marco Vieira

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Professora faz lindo depoimento sobre sua experiência com aluno autista que passou no vestibular


De todas as coisas essenciais para que qualquer ser humano cresça acreditando nele mesmo e no seu potencial, a mais importante é o amor! E esse amor pode vir tanto da família, quanto de pessoas que marcam a nossa formação, como por exemplo, um professor. E esse depoimento fala exatamente disso! Quem escreveu esse depoimento foi Joana Vieira e ela conta como foi conviver e educar um aluno autista, chamado Caio Felipe.

No início, ela diz, que não sabia muito o que fazer, mas que quando perguntou a ele o que ele queria prestar no vestibular, ele respondeu que queria ser calouro. Na hora ela fez um trato com ele e disse que se era isso que ele queria, era isso que iria acontecer.

Os anos passaram e Caio passou no vestibular! Ele se inscreveu em 3 universidades e passou em todas. Os pais preferiram que ele estudasse em uma faculdade privada, pois assim ele teria um tratamento mais diferenciado e ele acabou optando por estudar Farmácia. Daniela diz que, nenhum filho, autista ou não, consegue ser grande se não tiver o apoio da família e isso Caio teve o tempo inteiro, pois seus pais sempre acreditaram nele.

No fim do depoimento, ela agradece também os donos da escola em que ela deu aula para Caio, que sempre foram humanos e acreditaram em uma educação compreensiva e com amor. Quer ler o depoimento completo?

 

A primeira vez que eu vi o Caio foi em sala de aula. Era o primeiro dia de convênio no Colégio Avante e eu seria a sua professora de redação. Vi que ele estava fora da fila indiana e pedi para pôr a carteira no lugar: “Você pode colocar a carteira na fila, por favor?!”. Ele me olhou sem graça e me chamou para perto. “Eu sou autista!”. Falou rápido ao meu ouvido. Eu olhei para a moça ao lado e ela me explicou: “Sou a acompanhante dele, professora. Ele é autista!”. Eu respirei fundo e olhei para ele sorrindo: “Quer fazer o quê no vestibular?”. “Quero ser calouro!”. “É?”. “É!”. “Então você será?”. Ele não tem a mesma reação que todo mundo mas exitou quando eu dei a mão para que ele batesse: “Bate aqui!”. E ele bateu forte. “Temos um trato. Ouviu, turma? Eu e ele temos um trato, ele será calouro!”. Todos balançaram a cabeça em sinal de positivo.

Eu não sabia lidar com alunos autistas até conhecer o Caio Felipe. Fiquei pensativa naquela tarde quando cheguei em casa. Lembrei do aluno down que tive lá em Santa Izabel e como eu consegui fazê-lo escrever e ganhar motivação. Li algumas coisas sobre autismo, Asparger, conversei com a coordenação e com a professora que o acompanhava em sala e aceitei o desafio. Primeiro, foi preciso ganhar a confiança dele. Fazê-lo gostar e confiar em mim. Essa parte até que foi fácil. Depois de uns meses ele levantava da carteira para bater na minha mão da mesma forma como fez na primeira vez. “Temos um trato!”, dizia. Eu ria e respondia: “Não esqueci, pode deixar!”. Ele é um garoto especial (especial no melhor sentido dessa palavra). Ouvia o que eu dizia com atenção e, apesar da dificuldade, foi superando os seus obstáculos. Os autistas têm aptidão a atitudes repetitivas e eu usava isso ao meu favor: “Refaz esse texto para mim que eu vou ficar muito feliz!”. Ele não se incomodava. Nunca se incomodou. “Tenta escrever mais uma vez isso aqui!”. Ele obedecida. Na segunda avaliação, a nota dele já era melhor que a de muitos alunos da sala. Eu entregava e ele vinha à mesa todo sorridente: “Temos um trato!”, batendo na minha mão. Seis meses e ele se comunicava muito bem comigo. Me chamava pelo nome e dizia que tinha refeito o texto. Oito meses e ele já alcançava nota 760. Vésperas do vestibular e ele já havia alcançado os 820.

Se inscreveu em três universidades privadas e passou em todas. Foi aprovado em Jornalismo, na Unama, Biomedicina, na Fibra e Farmácia, no Cesupa. Escolheu cursar Farmácia e está super feliz. Nos encontramos na festa dos calouros e ele me abraçou forte como quem estivesse grato. Ele não tem a mesma expressão que os outros alunos, não formula as mesmas frases e talvez não saiba dizer o que sente, mas não importa. Aquele abraço, aquele laço verde na cabeça, aquela cabeça suja de trigo e ovo, aquela plaquinha de aprovação e a palavra “calouro” escrita na bluda e na testa são a prova mais linda de que ele cumpriu o trato que fez comigo desde o primeiro dia quando nos vimos pela primeira vez. É calouro!

A família do Caio preferiu inscrevê-lo nas universidades privadas porque ele precisa de um apoio diferenciado, mas esse menino é um exemplo e eu estou muito orgulhosa do seu desempenho, da sua história. Será farmacêutico porque tem o apoio dos pais que, sobretudo, confiam e acreditam nele. Nenhum filho, autista ou não, será grande se não tiver o apoio da família. É de suma importância o acompanhamento. Amar é a melhor forma de dizer que confia. O amor vence todas as barreiras. Não neguem aos seus filhos o direito de sonhar, independente, das limitações ou qualquer outra coisa. Nossos filhos precisam se sentir amados e protegidos. Se confiarem em nós vão longe e serão capazes de ganhar o mundo. Se seu filho é autista, lute por ele também. Incentive. Persista nos seus sonhos. Faça-o acreditar. Mostre que está ao seu lado e que aposta nos seus projetos.

A vitória do Caio não é minha nem dele exclusivamente. É dos pais, da coordenação,da escola que tratou esse menino com respeito e acreditou nele junto com a família. Essa luta é também da Paula, a professora que o acompanhava nas aulas, ela foi fundamental e necessária para que chegássemos aqui. Agradeço ao Avante por ter me dado a chance de viver essa história. Parabenizo o Fábio e a Thaís que são os donos da escola por respeitarem as leis e serem humanos ao receberem alunos autistas, cadeirantes, cegos, surdos, down…dando a eles condições de superarem as dificuldades. Uma escola mais inclusiva torna o mundo mais inclusivo também. Muito obrigada por tudo, Caio!

Trato feito. Trato cumprido.

Eu te amo!

Essa é a postagem original de Joana:



Fotos: reprodução Facebook Joana Vieira
Fonte: Razões para Acreditar

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Lutador do ensino médio com Síndrome de Down termina ano invicto

A última vitória de Cedrick Lehky arrancou aplausos até da torcida adversária



Cedrick Lehky é uma das estrelas da equipe de luta livre do seu colégio. O lutador com Síndrome de Down fechou sua última temporada de maneira invicta.

Cedric foi chamado para participar da equipe de luta livre do North Royalton Middle School, em Ohio (EUA), quando estava no 8º ano do ensino médio. Desde que começou a treinar e competir, ele recebe o mesmo tratamento que os colegas.

“Se nós corremos, ele corre. Se fazemos flexões, ele faz flexões. Se fazemos abdominais, ele faz abdominais. É tudo a mesma coisa, pois tentamos dizer que ele é um lutador, e quando ele está aqui, ele é apenas um lutador. Seu nome é ‘Ced’”, disse o treinador Sean Folk.

Mesmo assim, Cedric continua sendo uma inspiração para seus colegas, ainda mais quando os resultados bons não vêm. Inclusive, muitos colegas dizem que eles não seriam uma equipe completa sem Cedric.

A última luta de Cedric foi no dia 12 de janeiro e, como nas outras lutas da temporada, ele saiu vitorioso. A vitória arrancou aplausos até da torcida adversária.

Jeanette Brinkley, mãe de Cedric, disse que as conquistas do filho também dão esperança a outros pais que têm filhos com necessidades especiais.  “Ele faz tudo o que os outros fariam e eu nunca tive expectativas que [não foram] superadas, e isso é incrível.”

Fonte: Razões para Acreditar Com informações do GNN Imagens: FOX8