quinta-feira, 30 de agosto de 2018

A escola e a família na educação da criança com deficiência

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A escola que recebe crianças com deficiências também acabam por desempenhar, dentro de suas funções educacionais, um papel de assistência às famílias. O que por consequência poderá trazer maiores possibilidades de êxito em resultados para os alunos.

Essa relação de parceria entre família e escola acontece de forma primordial nas entrevistas familiares. É importante que os integrantes da escola, sobretudo os professores e os coordenadores pedagógicos, construam um vínculo com os membros da família do aluno deficiente.

Tudo começa com a importância de saber ouvir. A melhor maneira de determinar as necessidades de desenvolvimento de uma criança nessas condições é que ela mesma e os membros familiares digam a seus próprios modos. Dessa forma, pode-se permitir que esses indivíduos tomem a iniciativa da palavra e dominem a maior parte das entrevistas. Essa se torna uma ferramenta eficaz para o fornecimento de pistas sobre a criança que também indicará se os familiares estão preocupados com o diagnóstico ou se aceitaram a deficiência do aluno.

De acordo com a maneira como os familiares se expressam, os profissionais da escola poderão compreender qual será a melhor terminologia utilizada para referirem-se à criança e à deficiência que ela apresenta. É fato que a maioria dos pais não entende o jargão profissional. No entanto, os profissionais melhorarão as suas relações com os familiares tratando a criança deficiente como um indivíduo, não como um caso. Referindo-se a ela pelo nome, interessando-se em conhecer suas capacidades, incapacidades e características individuais, em vez de tentar, simplesmente, classificá-la, categorizá-la.

Além disso, não podemos nos esquecer que, embora o interesse da escola seja pela criança, os familiares devem estar emocionalmente abalados, alimentando sentimentos de culpa e vergonha. Afugentados por estarem sujeitos a terríveis pressões sociais e vulneráveis a críticas, suas atitudes podem estar agravando a situação do aluno.

O desafio para os profissionais da escola é dar tratamento à família de forma cordial, compassiva, prestável e compreensiva, mas sem alimentar uma dependência. Ou seja, ajudá-los a uma melhor compreensão de si mesmos, da criança e das suas relações mútuas e, ao mesmo tempo, não assumir papel dominante, proporcionando conselhos e assistência excessivos.

Será comum no desenvolvimento do processo desta parceria ouvir os familiares da criança dizerem: “por que não nos disseram isso antes?” ou “ah, se tivéssemos sabido isso mais cedo!”. Em muitos casos, esses familiares foram informados de várias maneiras, mas seus ouvidos não estavam abertos. Por esse motivo, a compreensão e aceitação não podem ser forçadas. A escola poderá apenas apresentar os dados existentes tão completa e honestamente quanto possível – e esperar que eles sejam aceitos.

Assim, a escola deve encarar com naturalidade a decisão dos familiares de ouvirem mais de uma opinião sobre os resultados da criança. Muitos precisam acalentar suas dúvidas e manter suas defesas até estarem preparados para dispensá-las. Pode-se esperar a rejeição inicial dos resultados e de suas implicações, mas somente aos pais caberá tomar as decisões críticas, não à escola.

Contudo, sempre que possível, a escola deve estar acessível à família. Os familiares que não são receptivos à realidade da criança num dado momento poderão sê-lo numa outra ocasião. Todavia, os problemas da criança podem mudar com a idade, e o melhor para o aluno seria que os familiares deixassem a escola com o sentimento de que poderão voltar a ela.

Eliane da Costa Bruini
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Pedagogia 
Pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Braile – As palavras nas pontas dos dedos

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Pensando naqueles que não podem enxergar, um sistema de leitura para cegos foi criado. O sistema foi idealizado primeiramente para utilização militar, para que conseguissem ler mesmo no escuro e foi adaptado e aperfeiçoado pelo deficiente visual Louis Braile, de onde é a origem do nome.

O método foi criado em principio por 12 pontos que foram aperfeiçoados para 6 pontos. Eles são formados por duas colunas com 3 pontos cada. A junção dos seis pontos traz a possibilidade de formar 63 símbolos distintos onde são utilizados para leitura de literatura, música, matemática e atualmente também na informática.

Para conseguir fazer a leitura em braile é necessário o conhecimento dos símbolos que pelos deficientes visuais é lido através do tato, pelos dedos. O método de leitura é realizado da esquerda para a direita e é possível fazer a leitura também com a visão.

Infelizmente são raros os locais e estabelecimentos que disponibilizam para os deficientes visuais cardápios e instruções com leitura em braile. Locais onde o acesso é dificultado e impossibilita a circulação e autonomia de deficientes visuais, pois sempre necessitam de ajuda de alguém.

Já na informatização, o avanço ocorre de forma incrível. Onde capas de teclado foram criadas para leitura em braile e oferecem a oportunidade de deficientes visuais a utilizar computadores. Melhor que isso, programas que conseguem traduzir o Palavras para o braile e vice e versa, imprimindo através da voz do usuário o que estão pesquisando. Existem também opções de computadores falantes que informam cada aplicativo e caminhos para que o deficiente visual possa participar da vida virtual normalmente, inclusive redes sociais postando fotos, comentando posts e verificar todas as suas atualizações.

E para que possam ter acesso total e ter uma vida normal é possível encontrar equipamentos, brinquedos e até mesmo relógios com leitura braile. Alguns equipamentos criados para cegos utilizam invés do braile, o som. O código braile possibilita que cegos produzam, realizem projetos e tenham uma vida como qualquer outro cidadão. Aguarda-se a evolução e a adaptação do método como forma obrigatória de comunicação em todos os locais públicos, e oferecem assim a oportunidade de igualdade que todo ser humano merece.

Crianças Cegas

Logo nos primeiros meses é possível notar alguns sinais de diferença de comportamento do bebê. Sintomas como o olhar perdido e vazio, a ausência de reações quando esta próxima ao seu corpo e o fato de não seguir com os olhos os movimentos ao seu redor, estes são sinais evidentes de algum problema na visão.

O diagnóstico é dado por um especialista após avaliação e exames complementares que trarão informações sobre o grau da cegueira. Em alguns casos, crianças conseguem enxergar vultos e sombreados, ou até conseguem enxergar com o objeto bem próximo aos seus olhos. Já em outros mais graves, a criança não consegue enxergar absolutamente nada, e tem como acesso ao mundo o tato e o sexto sentido que é extremamente aguçado.

Problemas de cegueira podem ocorrer por diversos fatores. Podem ser desde o nascimento como decorrentes de algum problema de saúde, incluindo infecções oculares. Para entender como vive uma criança cega, basta fechar os olhos e se esforçar para enxergar o mundo através das mãos. O medo e os questionamentos sobre como será a vida de seu filho deficiente visual é inevitável, afinal, todos temos medo do desconhecido e das dificuldades do mundo. O primeiro passo é procurar um especialista que irá direciona-los para um acompanhamento adequado e poderá proporcionar a direção que irá precisar daqui para frente.

A criança cega necessita dos mesmos cuidados de uma criança que tem a visão perfeita. Precisa de amor, carinho, disciplina, educação, lazer, compreensão e acima de tudo, muita paciência. Ele poderá não conseguir realizar algumas tarefas, mas ser totalmente competente em outras. Muitos se identificam com a prática de esportes ou com a arte e tornam-se artistas renomados. Como não conseguem enxergar, desenvolvem minuciosamente os outros sentidos identificando com precisão sons, odores e o toque.

Existem alguns institutos e organizações que apoiam, incentivam e auxiliam crianças e adultos deficientes visuais. Ajudam a proporcionar a chance de aprendizado e o direito de ler e escrever mesmo que por métodos de braile. Inclusive devido a inclusão social obrigatória, conseguem qualificações e oportunidades profissionais, onde crescerão profissionalmente e terão seus devidos reconhecimentos.

Fonte: trocandofraldas.com.br

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Recebendo o diagnóstico de deficiência do filho

O momento de ouvir um diagnóstico de deficiência, seja física ou mental, é difícil para qualquer pai. Cheia de incertezas e dúvidas, a família precisa compreender melhor as condições daquela criança e aprender a lidar com uma série de novas informações. É tempo de pesquisar sobre o assunto, conhecer pessoas com filhos parecidos aos seus e, acima de tudo, superar os preconceitos.

Outro ponto bastante importante é a luta pela inclusão de pessoas com deficiência na sociedade. De acordo com dados do IBGE, quase 24% de pessoas no país são deficientes.

Recebendo a notícia

Ana Paula Tranche me recebe com um enorme sorriso no rosto e logo questiona: “Vou aparecer em alguma imagem? Se for, preciso colocar meu ‘uniforme’”, brinca. Ela se refere à camiseta da Associação de Deficientes Físicos de Poços de Caldas (Adefip), de onde é presidente voluntária há mais de 10 anos.

Em 2003, a bancária viu sua vida virar de cabeça para baixo quando deu à luz o segundo filho: Gustavo. A gravidez fora bastante desejada, especialmente pelo primogênito Caio. “Todos os dias, ele me dizia que queria um irmão, pedia por isso. Lembro de quando comecei a passar mal, me sentir estranha…Um dia, estávamos tomando café e ele disse: mamãe, isso é porque você engoliu meu irmãozinho e agora ele quer nascer. Comecei a pensar sobre e fiz o teste de gravidez, que deu positivo”, relembra.

gustavo e sua mãe

A gestação ocorreu normalmente, até a vigésima semana. Os olhos verdes já deixam as lágrimas se acumular quando me conta sobre aquele fatídico 19 de janeiro de 2003. “Acordei me sentindo muito mal. Eu não aguentava nem levantar da cama. Fomos para o hospital, disseram que talvez fosse alguma intoxicação e voltei para casa. À noite, lembro de ter sentido uma fisgada, mas não senti dor, nem nada. Deitei e acordei de madrugada com hemorragia. Voltamos para o hospital”, narra. O parto foi por cesárea e ela lembra em detalhes: “Foi um silêncio total. Depois veio um gemido. E silêncio de novo. Os médicos começaram a correr. Até hoje sinto as mãos do médico tocando meu rosto: olha, eu sinto muito. Mas acho que não vai dar para o bebê”, conta.

gustavo leitura

Com paradas cardiorrespiratórias, Gustavo foi internado na UTI de outro hospital. O primeiro contato da mãe com o filho veio três dias depois. Com semblante de dor, ela confessa que chegou a se questionar. “Eu ia vê-lo pela primeira vez. Lembro de chegar em casa, deitar no sofá, perto da minha mãe e da minha sogra, e falar baixinho: eu não vou dar conta. As duas começaram a chorar e aquilo me desesperou. Foi quando percebi que eu tinha que ter forças”. O bebê ficou um longo tempo no hospital, até receber o diagnóstico: paralisia cerebral. “Ouvi que meu filho ia vegetar a vida inteira. É horrível, porque você recebe um diagnóstico de que não tem nada que possa ser feito, e você precisa fazer alguma coisa”.

Superando o diagnóstico da paralisia cerebral


gustavo

Se receber uma notícia para a qual você não está preparado já é difícil, a fase de compreendê-la para que possa ser superada é ainda mais. Normalmente, pais idealizam o filho antes mesmo dele nascer: a aparência física que terá, a primeira escola, a casa cheia de amigos, as notas excelentes no vestibular e a independência e vida adulta. Tomar conhecimento de alguma deficiência, seja ainda durante a gravidez ou depois do parto, acaba com todas estas expectativas. “A partir do diagnóstico, os pais precisam começar a trabalhar na elaboração desse filho não perfeito. Essa criança que, provavelmente, vai ser muito diferente daquela que eles haviam planejado e na construção de quais perspectivas projetar nela. É um momento marcado por muitas dúvidas, incertezas. Muitos pais veem como uma situação de luto mesmo. Isso tudo vai ser um processo construído diariamente”, explica o psicólogo Júlio Alves.

Para pais que já têm outros filhos, a situação pode ser ainda mais complicada. Isso porque, segundo o profissional, é da natureza do ser humano fazer comparações. Sendo assim, querer relacionar os traços de desenvolvimento de duas crianças diferentes atrapalha no processo de superação de um diagnóstico difícil. Ele ainda afirma que “a criança com deficiência, mesmo que não apresente comunicação verbal, consegue compreender e interpretar aquilo que está sendo dito”.

Infelizmente, ainda não existe segredo ou receita mágica que ajude pais a lidar com os desafios diários de criar uma criança deficiente no Brasil. Mesmo vivendo num país onde quase 24% da população é deficiente (IBGE), a palavra inclusão ainda precisa ganhar significado real na sociedade. Embora tenhamos avançado em alguns aspectos, e existam legislações que protegem e apoiam pessoas nesta condição, o desconhecimento é grande, o que, muitas vezes, leva ao preconceito.   

Buscar orientação profissional é um passo importante, mas Júlio ressalta que não terá tanto efeito se os próprios pais não tiverem o hábito de pesquisar sobre a deficiência dos seus filhos. “Informação nunca é demais. Estar informado é um processo muito importante no tratamento, no prognóstico daquela criança. E, apesar de tudo, eles nunca devem deixar de ver seus filhos como sujeitos de possibilidades. Tratam-se de indivíduos com limitações. Alguns mais limitados, outros menos, mas ainda são seres humanos que precisam de apoio para se desenvolverem”, pontua.

Preconceito e aceitação


gustavo inclusao

Ser pai de uma criança diferente é, também, uma das melhores maneiras de aprender a confrontar seus próprios preconceitos e fortalecer vínculos familiares. Quando revive todas as emoções que sentiu ao receber o diagnóstico de Gustavo, Ana Paula se emociona ao falar o apoio incondicional que recebeu da família desde o início. “A gente se fortaleceu enquanto família, o que é muito importante. Porque, quando você recebe essa notícia, se você não tiver uma base familiar sólida, não dá conta. Você aprende a lidar com os preconceitos, seus e da sociedade. Acho que nosso primeiro instinto é proteger aquela criança de tudo e todos, mas isso acaba tirando o direito dela de ter e ser. Isso não pode nunca acontecer”, afirma.

Após a entrevista, ela me leva até o quarto do filho. Ligado a um tubo de oxigênio 24 horas por dia, Gustavo não frequenta mais a escola. Enquanto a mãe trabalha, fica aos cuidados da avó materna, que o mima até demais. A paralisia cerebral o deixou com pouca visão. A audição, no entanto, é aguçada e ele se diverte ao ouvir a voz da mãe.

gustavo e familia

Risonha, ela aproveita e me conta sobre as broncas que dá no filho quando ele, como qualquer outra criança, bem, agora adolescente (com 15 anos), faz birra para conseguir o que quer. Da cama que, assim como todo quarto, é adaptada para suas necessidades, Gustavo emite sons e parece concordar com o que está sendo dito. Ele também ri, o que percebo não só pelo som da risada, mas também pelo brilho nos olhos. Apesar das limitações e dificuldades, os esforços da família parecem ter sido compensados. Gustavo é, acima de tudo, uma pessoa feliz.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Como é o luto em pessoas com deficiência intelectual?

Como é o luto em pessoas com deficiência intelectual?

O nascimento de um filho com algum tipo de incapacidade é um grande impacto para qualquer família. Sempre é algo inesperado, muitas vezes percebido como estranho e raro, que rompe com todas as expectativas do filho desejado. À medida que o filho vai crescendo, diferentes recursos e vários tipos de apoio se fazem muito necessários.

Na maioria dos casos, no entanto, as famílias não estão preparadas para dar respostas a todas as consequências de ter uma criança com necessidades especiais. Uma dessas necessidades tem a ver com a comunicação, especialmente quando temos que dar alguma má notícia a elas.

Todos os pais que têm um filho com deficiência intelectual se fazem uma pergunta desde o dia em que descobrem a condição de seus filhos: o que vai acontecer com ele quando eu não estiver mais aqui?

Fases e tipos de luto em pessoas com deficiência intelectual

A maioria dos autores concordam que o processo de luto passa por diferentes fases ou etapas. O luto em pessoas com deficiência intelectual cumpre esse mesmo padrão. Essas fases vão desde o impacto inicial até a recuperação definitiva, ou até o problema se tornar crônico. Por isso, podemos organizar a evolução nessas 4 fases a seguir:

  • Impacto inicial: perplexidade e choque. Os principais sintomas são negação, incredulidade e pânico perante a situação.
  • Raiva e culpa: caracteriza-se pela presença da ideia de castigar a si mesmo, sentimento de cólera, busca por culpados e abandono.
  • Desorganização do mundo, desespero e isolamento: resistência a voltar para a vida normal, sentimento de fraqueza e uma tendência forte ao isolamento.
  • Afirmação da realidade e recuperação: a pessoa volta a ver com a vida com esperança. Ainda que existam momentos marcados pela dor – que geralmente coincidem com datas importantes como aniversários, em que temos a sensação de voltar a fases já superadas, a pessoa enfrenta a realidade graças à elaboração prévia que foi feita da perda.

Criança com deficiência intelectual

Quanto aos tipos de luto, podemos distinguir duas formas básicas de reagir diante de uma situação de perda: normal e patológica. O que vai distinguir esses dois tipos básicos vai ser a intensidade e a duração dos sintomas, assim como o grau em que a vida diária da pessoa é afetada.

O luto normal chega ao seu fim quando a pessoa chega à última fase do processo, tendo passado por todas as fases anteriores, de modo que estará em condição de recuperar a estabilidade emocional. Isso permite voltar a ter esperança e enfrentar os problemas. Pelo contrário, o luto patológico pode acontecer de duas formas:

  • Complicado ou não resolvido: quando a pessoa fica presa em alguma das fases e vive a perda de forma muito intensa, ou, pelo contrário, a vive com uma intensidade apática ou nula, como se estivesse anestesiada.
  • Luto psiquiátrico: é aquele no qual surgem sintomas compatíveis com um possível diagnóstico de um transtorno psiquiátrico.
O luto em pessoas com deficiência intelectual atravessa várias fases que vão desde o impacto inicial até a recuperação definitiva ou a complicação do problema, que se torna crônico.

Como lidar com o luto em pessoas com deficiência intelectual?

Alguns critérios de comportamento gerais podem ajudar a orientar e canalizar as expressões de tristeza e desespero que costumam acompanhar as reações de luto. Ainda que tenhamos que levar sempre em consideração as características da personalidade de cada um e o grau de deficiência intelectual, esses critérios serão sempre importantes.

  • Uma vez que tenha ocorrido alguma perda, para evitar um comportamento reativo, as atitudes a tomar seriam as seguintes:
  • Quando e como dar a notícia? Ainda que seja muito doloroso e difícil, é melhor informar o ocorrido o quanto antes. O melhor é fazê-lo de forma simples, com poucas palavras e utilizando uma linguagem de fácil compreensão.
  • É recomendável motivar a pessoa a falar e formular perguntas. Mostrar-se preocupado com o que a pessoa com deficiência está sentindo, sem ter medo de nomear ou falar sobre a pessoa falecida.
  • Facilitar informações sobre a morte ou perda de forma clara, simples e direta, para ajudar na compreensão de que são situações que não podemos escolher nem controlar.
  • Ajudar a reconhecer que o que a pessoa está sentindo são sintomas próprios do processo de luto, e que pouco a pouco eles irão embora.
  • Atenção individualizada: ter em mente as características pessoais do indivíduo, sua história particular, respostas anteriores a situações de perda e o que funcionou ou não para abordar o tema.
  • Lembre-se de que não há problema em guardar recordações como fotos, cartas, etc. Pode ser um útil criar um álbum ou uma caixa de recordações que permita reviver determinados momentos quando ela quiser.
  • No caso de falecimento de pessoas próximas, deixá-los participar na medida do possível dos rituais e eventos relacionados com o falecimento. É importante para eles saber antecipadamente como todos os acontecimentos vão se desenvolver.
  • Fazer com que a pessoa com deficiência siga sua rotina e todas as suas atividades cotidianas normalmente, pelo menos tanto quanto for possível.

Jovem com síndrome de Down

Definitivamente, uma das maiores preocupações das famílias das pessoas com deficiência intelectual é o que vai acontecer quando eles morrerem, quem vai se encarregar de seu filho, se ele vai ser bem tratado, se ele ficará sozinho, etc. É verdade que essas são perguntas que ninguém pode responder, porque o futuro é sempre incerto.

No entanto, podemos antecipar certas decisões importantes, para que outras pessoas não as tomem de forma diferente ou oposta à que nós desejaríamos. Isso pode tornar um momento difícil, como é o momento de luto, um pouco menos traumático.
Comportamentos como informar sobre o ocorrido o quanto antes, assim como dar um atenção individualizada, facilitam o processo de luto em pessoas com deficiência intelectual.

Fonte: A Menta Maravilhosa

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Fotógrafo transforma crianças com deficiência em super-heróis


Sonhar em ser um super-herói. Voar como o Superman. Rápido como o Flash. A força da Mulher Maravilha. Quantos de nós quando crianças, já não sonhamos em ser tal e qual estes personagens.

Algumas pessoas independente das circunstâncias carregam dentro de si atributos inimagináveis: força e disposição. Pensando nesta força interior e juntando o desejo de trazer um sorriso no rosto das crianças doentes ou deficientes é que o fotógrafo Josh Rossi e sua esposa Roxana decidiram transformar o sonho destas crianças em realidade. Eles produziram um ensaio pra lá de especial. Os resultados ficaram incríveis!

Liga da Justiça


A ideia de Roxana era mostrar a verdadeira Liga da Justiça. Ela passou semanas em busca das crianças que representariam os super-heróis. O projeto levou dois meses para ser concluído.

O casal contou com a ajuda da designer Julie Whiteley, que fez as roupas das crianças. O trabalho conjunto mostrou a força interior que estas crianças têm para superar todos os obstáculos que a vida proporcionou à elas.

Meninos e meninas foram transformados em Super-Homem, Mulher Maravilha, Cyborg, Aquaman, Flash e Batman.

Escolha do herói


Como foi feita a escolha do personagem? Muito simples. A escolha do herói foi feita com base na história de cada criança.

A primeira que eles encontraram foi Kayden Kinckle, de 5 anos, que teve as duas pernas amputadas e andava com próteses. Essa condição era parecida com a do herói Cyborg que, depois de um acidente, passou a viver com partes do corpo robóticas. Kayden é o primeiro membro da Liga da Justiça. 



Sofie Loftus, de 3 anos, tem um raro câncer e, dias antes das fotos, tinha passado por uma sessão de radioterapia. Mesmo um pouco enfraquecida, ela mostrou um olhar de fúria ao posar como Mulher Maravilha. Sofie é a 2ª escolhida para a Liga da Justiça.



Teagan Petti, de 9 anos, nasceu com metade do coração, órgão que é o ponto fraco do Super-Homem. A mãe de Teagan disse que todo dia é uma benção. A condição de Teagan pode falhar em qualquer dia por causa de seu coração, mas ele continua se movendo para frente. Teagan é o 3º membro da Liga da Justiça.



O quarto membro da Liga da Justiça é o pequeno Mataese Manuma, que tem apenas 2 anos de idade, mas tem uma forma rara de câncer chamada Leucemia Megalocárdica Aguda. O garotinho é demais! No dia da sessão de fotos, ele acordou com febre depois de apenas terminar uma rodada de quimioterapia. Seus pais o levaram para o hospital e depois de alguns dias foi capaz de fazer o photoshoot.

Mataese tem origem polinésia assim como o Aquaman, que ele representou.



Zaiden Stolrow, de 7 anos, é um garoto com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e uma energia sem fim. Por isso, Josh achou que seria perfeito combiná-lo com o Flash. Zaiden é o 5º membro da Liga da Justiça. 



Por gostar muito do Batman e ser tão firme quanto ele, o pequeno Simon Fullmer, de 5 anos, foi transformado no cavaleiro e 6º membro da Liga da Justiça.



Cada criança recebeu de presente um pôster com a foto dela, e as reações ao ver o material podem ser conferidas neste link (em inglês). O projeto também está disponível neste link (em inglês).

Com informações: Fulltime Photographer
Fonte: Conexão Boas Notícias

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Precisamos vencer nossas limitações para trabalhar com aluno com deficiência

Mara Mansani conta como foi difícil - e recompensadora - a experiência com Fernando, seu primeiro aluno com autismo


Por Mara Mansani para o novaescola.org.br


Tenho vivido experiências difíceis, mas maravilhosas, com alunos com deficiência. É sempre um grande desafio para qualquer professor. Muitas vezes fiquei apreensiva, chorei, reclamei, procurei ajuda e orientações, mas o mais importante de tudo, nesses momentos, foi me libertar de preconceitos e descobrir que, apesar de algumas limitações, todos têm potencial para aprender. Há alunos que aprendem de um jeito diferente,  outros precisam de um tempo maior e uma pequena conquista pode significar um grande avanço na aprendizagem. Mas todos podem e têm direito de aprender.

A experiência mais difícil que vivenciei com aluno com deficiência foi com Fernando. Na época com oito anos de idade, ele tinha autismo em grau leve. Logo no primeiro dia, sem preparo e cuidado, cometi um erro: na acolhida fiz um carinho em sua cabeça e Fernando se encolheu todo, ficou nervoso e agitado. Dei-me conta que o toque e a interação com outra pessoa era difícil para ele. Levei tempo para acalmá-lo. Todos ficaram assustados, Fernando, eu e os demais alunos.

Ele passou o restante da aula sem querer participar de nada. No mesmo dia, conversei com a coordenadora pedagógica da escola, pois precisava de apoio e orientação para saber lidar com a nova situação e desenvolver a aprendizagem de Fernando. Juntas estudamos, experimentamos possibilidades e procuramos ajuda com psicólogos e psicopedagogos. Assim, as coisas começaram a se acalmar e a tomar um rumo positivo.

Fernando sabia ler e escrever e, apesar de muitas vezes não querer ou não conseguir registrar as atividades, avançava no conteúdo. Ele tinha uma capacidade auditiva e visual incrível para aprender. Por isso, muitas vezes adaptei as atividades aproveitando recursos orais e visuais para que ele participasse melhor.

Ele apresentava uma certa dificuldade em falar, às vezes repetia frases, mas era compreendido por todos. Não aceitava mudanças em nossa rotina em sala de aula e não suportava muito barulho. Descobri que isso são características do autismo, então, passei a ter mais cuidado em alterações nas aulas e conversei com as outras crianças para que tomassem mais cuidado com o barulho excessivo.

Isso contribuiu para que todos tivessem momentos mais tranquilos em sala. No início, os alunos estranhavam. Não o compreendiam muito bem, mas devagarinho fomos melhorando nosso relacionamento. Para isso, fiz muitas leituras, rodas de conversa e brincadeiras que exploravam o tema diferenças. Mas reconheço que muitas vezes não soube o que fazer. Ficava observando o Fernando introspectivo, distante, parecendo não estar conosco em sala.

Num desses dias, fiz o seguinte comentário a respeito das cartas que recebo constantemente dos alunos: "Puxa vida! Recebi tantas cartinhas, nas nenhuma de um menininho chamado Fernando. Será que ele vai escrever para a professora?". Ele não esboçou nenhuma reação.

No final do dia, depois de uma aula com a professora de Arte, fui surpreendida com uma cartinha pequena, assinada pelo Fernando, deixada debaixo de minha caderneta de chamada: "Te amo".

Ainda hoje fico emocionada quando me lembro disso. Fui feliz com ele e com outros meus alunos diferentes. Precisei ter muita paciência e amor. Precisei estudar para vencer minhas limitações enquanto professora para desenvolver a aprendizagem de todos. Mas o melhor mesmo é ter uma boa formação e cursos voltados para o tema, apoio e trabalho conjunto com profissionais da área de saúde. Viva Fernando!

E vocês queridos professores, como é a sua relação e da turma com alunos com deficiência? Vocês têm algum apoio? Como andam trabalhando a aprendizagem deles em sala de aula? Conte aqui nos comentários!

Um abraço a todos, um carinho à toda população de Janaúba (MG) e um agradecimento especial à professora Heley de Abreu Silva Batista por seu amor incondicional a seus alunos.

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Avanços e diversidades nas escolas

A escola inclusiva deve refletir o que na verdade é direito de todos os cidadãos, ao abrir possibilidades, permitir a participação e estar conectada com a realidade


Aline Ferreira para O Dia

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Rio - Uma análise do cenário educacional nos revela os avanços e as diversidades que permeiam a sociedade. Quando buscamos olhar de forma abrangente, constatamos que não lidar com as diferenças é não perceber a diversidade que nos cerca. Neste cenário, levamos em consideração a relação social e o fundamental papel das escolas no favorecimento e na sustentação da formação integral do indivíduo. A escola tem importância ao realizar e conduzir um trabalho que abra espaço para a efetiva formação, considerando que todos os alunos têm características, talentos e interesses únicos. Mas, além de tudo, cada um tem trajetória de vida singular, com diferentes condições sociais, emocionais, físicas e intelectuais.

Apesar dos avanços, ao mencionar os alunos com deficiência e sua integração no ambiente escolar, ainda encontramos obstáculos relacionados a aspectos práticos. Ainda há um longo caminho a se percorrer para desconstruir paradigmas e empecilhos que dificultam o processo de inclusão.

De acordo com dados do Censo Escolar da Educação Básica, de 2017, podemos constatar um aumento significativo da inclusão de alunos com deficiência no sistema de ensino. Esses dados, quando analisados em relação ao ano anterior (2016), mostram um salto de 76 mil matrículas na educação básica, em escolas públicas e privadas de todo o país. No entanto, a maioria das escolas ainda possui certa defasagem de estrutura para incluir os alunos.

No Ensino Fundamental, somente 29,8% das escolas têm recursos e dependências adequadas a alunos com deficiência, assim como banheiros adaptados, rampas de acesso, materiais de apoio especializados, além de salas de aula e espaços de convivência pensados para atendê-los. Este cenário é bem negativo, mesmo sendo a inclusão prevista na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 93394, de 20 de dezembro de 1996. O artigo 58 assegura o direito da criança com deficiência a estudar na rede regular de ensino, assim como o direito ao apoio de um serviço especializado para atender suas necessidades; ao considerar que a escola deve ser o lugar onde as crianças desenvolvem e ressignificam competências cognitivas, a partir das quais transformará seu universo e construirá seu processo de formação acadêmica e de cidadão autônomo.

É no espaço escolar que a criança tem a possibilidade de se relacionar socialmente, bem como despertar percepções de aprendizagem. Ao considerar a importância da escola no processo de inclusão, não podemos deixar de considerar os professores como constituintes e mediadores da articulação desse modelo educacional, que é também social e político. A legislação brasileira prevê que todos os cursos de formação de professores, do magistério à licenciatura, devem capacitá-los para receber, em sala de aula, alunos com e sem deficiência. Mas será que, no cenário atual, os professores estão realmente preparados para garantir, na prática, o direito dessas pessoas? Cabe ao sistema educacional constituir-se de uma rede de apoio às escolas e aos professores por meio de cursos de capacitação e atualização de qualificação pedagógica ; a fim de dar subsídios para uma educação inclusiva efetiva.

Em muitos municípios do interior de São Paulo, esse movimento de reciclagem, de capacitação pedagógica e de um novo olhar dos professores para essas questões já é uma realidade. A Planneta Educação, de São José dos Campos, é uma das empresas que atuam em parceria com secretarias municipais de educação, promovendo palestras e cursos para que a escola trabalhe em conjunto com a sociedade, com o intuito de se criar um espaço mais receptivo e menos desigual para os alunos com deficiência.

A escola inclusiva deve refletir o que na verdade é direito de todos os cidadãos, ao abrir possibilidades, permitir a participação e estar conectada com a realidade.

Aline Ferreira é pedagoga e analista de Operações da Planneta Educação - odia.ig.com.br

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Uma reflexão sobre as crianças com autismo que vai abrir seus olhos

Uma atriz argentina surpreendeu com um texto sobre o autismo que destaca a importância de aceitar as diferenças para alcançar uma inclusão social real. O que diz este artigo?


Uma reflexão sobre as crianças com autismo que vai abrir seus olhos
“A verdadeira igualdade pressupõe o reconhecimento das diferenças”
-Inés Estevez-

“Olhe para ela, toque-a, aproxime-se, interaja “, destacou a reconhecida atriz argentina Inés Estevez no último 02 de abril, dia da Conscientização do autismo. Através dessas palavras, ela convidava a sociedade a refletir sobre as crianças com autismo.

Suas palavras sobre o autismo

Embora a artista nunca tivesse falado sobre sua vida privada, através de uma carta profunda e impactante, ela se referiu às generalidades do autismo a partir do caso de uma de suas filhas do coração. As palavras dela comoveram e abriram os olhos de seus seguidores.
“Está me matando um pouco isso de ‘não diga o autista, é uma pessoa com autismo'”
No entanto, no artigo, ela mostra como a sociedade tende a repudiar as diferenças quando, na verdade, somos todos diferentes.

Além disso, manifesta-se contra os rótulos e eufemismo que definem as crianças com autismo. Pois a inclusão e contenção não fica simplesmente na semântica, mas sim em uma mudança de atitude na população que realmente seja efetiva.

“Mudar a semântica não necessariamente melhora a consciência da convivência com todos aqueles que são diferentes”, diz a atriz que esclarece que não tem uma filha com autismo, mas sim uma filha com um estado de maturidade ainda mais complexo que é inclassificável e diz que “não existe um manual que acompanha o caso. ”

A artista diz que todos nós temos diferentes habilidades, porque “somos todos diferentes” e inclusive relata que a sua filha de 6 anos é incapaz de falar, comer, fazer xixi, beber, expressar sentimentos e colocar os tênis sozinha.

crianças com autismo

“Somos muito ignorantes se não aceitarmos que a criança tem uma deficiência. Mas agora a tendência é não falar”, disse Inés através das redes sociais, a fim de destacar a importância sobre a conscientização em relação aos problemas e às dificuldades das pessoas. Uma vez conscientes disso, deve-se integrar e dar amor.

Uma visão sobre a pedagogia para crianças com desordens do espectro autista

Outro aspecto a se pensar tem a ver com a escolarização e educação de crianças com autismo, a causa das dificuldades associadas a encontrar uma instituição que aceite crianças com capacidades distintas e que incluam aquelas que possuem patologias que ainda não são conhecidas profundamente.

“Ela não poderia ter ingressado em uma escola comum, porque tinha 3 anos e meio e não andava nem falava, e nem sabíamos o quanto ela compreendia”, disse a atriz, que também questionou a formação pedagógica de alguns professores.

“Não diga ‘deficientes’, mas três escolas para crianças com necessidades especiais a rejeitaram porque não se encaixava em nenhuma das patologias com as quais trabalhavam ali: Não é deficiente auditiva, não é autista, não tem paralisia cerebral, nem TGD”, relatou Inés.

Autismo: O renascer de uma sociedade

Por outro lado, a artista latina contribuiu com seu grão de areia em relação a conscientização, inclusão e dedicação necessárias para o desenvolvimento das crianças com autismo, além de apelar à um maior compromisso social.

crianças com autismo
“Inclua. Compartilhe. Observe. Compreenda. Para uma maior consciência da realidade das pessoas diferentes. Para uma maior consciência do autismo”
-Inés Estevez-

“Meu único objetivo é e vai continuar sendo, colaborar no sentido de tornar visíveis as deficiências de um sistema que tem feito mudanças e avanços na inclusão, mas que ainda tem muito a resolver, melhorar e conseguir”, disse, esclarecendo que não busca dramatizar sua situação, mas sim tornar visível a causa da qual não é alheia.

Para a atriz, o pontapé inicial nesta “luta pela igualdade” é serem compassivos e não usarem nomes de maneira pejorativa, como modo de insulto ou estigmatização.

E que, para além de focar em como chamá-las da forma adequada, o importante é ocupar-se com o que realmente é necessário: reconhecer essas minorias, aceitá-las e, portanto, incluí-las.

Além disso, Estevez refere-se ao clássico e tão errado ‘essa criança tem problemas, não olhe para ela porque ela vai se sentir desconfortável’: “Olhe para ela, toque-a, aproxime-se, interaja”. Para ela, você também é diferente, mas se você a acaricia ela vai te dar um beijo, se você contar uma piada ela vai rir, e se você quiser e ela também podem brincar juntos um pouco. ”

Fonte: Sou Mamãe