quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Volta às aulas expõe o drama de crianças com deficiência

"Mesmo anos de assegurados esses direitos, ainda há escolas que alegam falta de condições de cumprir a lei"


Por Marcos Weiss Bliacheris, advogado da União, palestrante e militante pelos direitos da pessoa com deficiência para o GaúchaZH

Rogerio da Silva / Agência RBS

O início de ano letivo marca aquele momento de cadernos novos, a expectativa de novos colegas e professores, planos de aprender com pessoas diferentes. Já para quem convive com crianças e adolescentes com deficiência, o início do ano letivo é marcado por velhas reclamações: vagas que desaparecem quando a escola descobre que o futuro aluno é uma pessoa com autismo, síndrome de down ou vidas escolares que são interrompidas por exigências absurdas.

Alunos com deficiência têm o exercício de seu direito à educação rotineiramente impedido pela negativa de matrículas ou condições que inviabilizam sua permanência na instituição de ensino. Mesmo anos de assegurados esses direitos, ainda há escolas que alegam falta de condições de cumprir a lei. Entre educar uma criança e praticar um crime, preferem a segunda opção.

Se você conhece alguma criança com deficiência, é muito provável que os pais dela estejam nesse momento, ansiosos e angustiados com o começo de um novo escolar e das surpresas que podem acontecer para seus filhos.

Na era da economia do conhecimento e quando o capital intelectual é visto como riqueza, desistir de educar uma criança não fere apenas uma criança, afeta toda sociedade. Cada criança sem escola empobrece a todos nós. E nos torna menos democráticos, inclusivos e generosos.

Os alunos de hoje são os profissionais de amanhã, que deveriam estar sendo preparados para conviver com todo tipo de diferença. Que profissionais serão estes que não aprenderam a conviver com pessoas diferentes desde a infância? Como ensinar a ser cidadão privando crianças de sua cidadania em razão de sua deficiência?

A melhor escola e aquela que prepara para a vida não é a bilíngue, aquela com melhores índices de aprovação no vestibular, a que tem os mais melhores tablets e computadores: é a mais inclusiva.

A melhor escola é aquela que acolhe e se beneficia das diferenças, não é aquela que tem medo de quem é diferente. São as que, na prática, ensinam a aprender e crescer com as diferenças.

É assim que eu escolho a escola dos meus filhos.

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