Como parte das comemorações dos 40 anos do Menino Maluquinho, Chico e suas Marias entram na brincadeira para conscientizar
Chico, Maria Clara e Maria Antônia sãos os novos amigos do Menino Maluquinho (Foto: Acervo Pessoal)
Thaissa Alvarenga, 43 anos, engravidou em 2013 e com seis meses de gestação descobriu que seu filho Francisco poderia nascer com Síndrome de Down e cardiopatia congênita, uma alteração no desenvolvimento do coração. Com a confirmação, a publicitária focou na maternidade e logo teve também Maria Clara e em seguida Maria Antônia.
Alvarenga já realizava voluntariado na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) quando criou o blog Chico e suas Marias, em que compartilha relatos e vivências de seus três filhos, focando na inclusão e na importância da diversidade. O espaço foi crescendo e deu origem à ONG Nosso Olhar, que busca fornecer informação, mobilização e realizar projetos de inclusão desde o nascimento até idades mais avançadas de pessoas com Trissomia 21.
Recentemente, com os 40 anos do Menino Maluquinho em outubro, a instituição se uniu com a Ziraldo Artes Produções (ZAP) e dois novos amigos entraram para as histórias do garoto que conquistou tantas crianças com suas pirações: o Chico e as Marias.
Em forma de cartilhas e tirinhas, o material conterá um glossário de termos e conteúdos sobre educação, inclusão nas escolas, terapias, dicas, brincadeiras e esportes, além de abordar também o autismo e outras modificações genéticas.
O projeto ainda busca patrocínio, mas a ideia é ter distribuição gratuita em escolas, empresas, mercados e farmácias. Idealmente, antes da volta às aulas de 2021. O grupo também irá espalhar diversas tirinhas pelas redes sociais.
“Nosso propósito é mostrar, a partir das histórias de Thaissa sob o olhar do Ziraldo, que uma criança com Síndrome de Down também vive aventuras e tem o direito e as condições de brincar e ser feliz. Além de orientar como isso pode ocorrer de forma saudável e inclusiva”, informa Rogério Mainardes, 60, diretor geral da ZAP.
Thaissa Alvarenga, Francisco, Maria Antônia e Maria Clara (Foto: Acervo Pessoal)
“É importante que as crianças aprendam a conviver com as diferenças. Na prática, elas serão mais generosas, empáticas e tolerantes. O exemplo é fundamental. Já abrimos muitos caminhos, mas ainda faltam adultos mais humanos”, reflete a responsável.
As obras contam com o apoio de muitas mãos. Os relatos partem da experiência da mãe das crianças e do que observa enquanto eles se desenvolvem, mas serão estruturados por Ziraldo e sua equipe. Alvarenga comunica que não há certo ou errado quando se fala sobre deficiência. “É um desafio, o ser humano tem seus preconceitos e o importante é levar o que se discute normalmente com informação e clareza. Dar voz às pessoas com deficiência, seus familiares e educadores.”
À luz do decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 1° de outubro, que de acordo com Alvarenga incentiva a segregação de estudantes com deficiência por meio da estatização da Política Nacional de Educação Especial (PNEE), ações como essa ganham mais força. “É um retrocesso e inconstitucional, de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (destinada a promover e assegurar igualdade no exercício dos direitos e liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania). Meu filho estuda em uma escola regular e vejo na prática o quanto ele é impactado e o quanto ele impacta os amigos”, detalha.
Já Rogério Mainardes ressalta a importância da convivência entre as diferenças. De acordo com ele, essa interação é fundamental para que a sociedade aceite essa questão e a trabalhe de forma conjunta e saudável. Sob esse contexto, o Menino Maluquinho demonstrará de forma lúdica como é se relacionar com crianças especiais: alegre e enriquecedor.
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