quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Paralisia cerebral: mito e realidade (Parte 1)

Paralisia cerebral e deficiência intelectual

Existem alguns mitos relacionados às pessoas com deficiência, em geral alimentados pela sociedade em virtude da falta de convivência e familiaridade. Um deles é a associação da paralisia cerebral com deficiência intelectual. Uma até pode estar associada à outra, mas isso não é regra, pois são quadros muito distintos.

Há vários tipos de paralisia cerebral, relacionados com a localização e a extensão da lesão no cérebro, mas a lesão necessariamente não chega a atingir o intelecto. Quando a lesão está localizada nas áreas que modificam ou regulam o movimento, a criança apresenta movimentos involuntários, que estão fora de seu controle e permanecem durante a fase de desenvolvimento e na idade adulta.

As várias causas da paralisia cerebral

Segundo a Associação de Paralisia Cerebral do Brasil (APCB), a paralisia cerebral se dá pela falta de oxigênio no cérebro durante o nascimento. Algumas doenças ou problemas durante a gestação também podem causar a PC, como, por exemplo, ameaça de aborto, choque direto no abdômen da mãe, incompatibilidade entre o tipo sanguíneo da mãe e do pai, hipertensão arterial durante a gravidez, infecções congênitas como a sífilis, toxoplasmose, herpes, rubéola, consumo de drogas e exposição a radiação ou qualquer outro fator que leve a uma lesão no sistema nervoso central. As causas perinatais estão relacionadas principalmente com complicações durante o parto e a prematuridade.


As principais causas de PC depois do nascimento são febre prolongada e muito alta, desidratação grave, sarampo e traumatismo crânio-encefálico até os três anos de idade, entre outras. Isso se dá pelo fato de até os dois anos de vida o sistema nervoso central não estar totalmente formado. Pode se definir a PC como um distúrbio ou transtorno dos movimentos e da postura, que não regride e não progride, e assim não se caracteriza como doença ou síndrome. Pode trazer dificuldades nos movimentos, na locomoção, audição e visão do bebê. Mas, em 90% dos casos, a inteligência de quem tem PC é preservada.

Diferenças entre paralisia cerebral e deficiência intelectual

Segundo o neurologista infantil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Fernando Kok, uma lesão no sistema nervoso central pode afetar a parte motora ou mental da pessoa e quando esta lesão só atinge a parte motora, denomina-se paralisia cerebral. Quando a lesão compromete a parte mental (cognitivo), resulta em deficiência intelectual. De acordo com a Associação Americana de Deficiência Intelectual e Distúrbio do Desenvolvimento, a pessoa com deficiência intelectual apresenta QI menor que 70, o que necessariamente não faz relação com quem tem PC.

Educação e escola


Na questão da educação, muitas vezes quem tem PC não é acometido por nenhuma disfunção cognitiva, mas apresenta limitações físicas, como não conseguir ficar muito tempo sentado e não se comunicar ou escrever da forma convencional. Normalmente são utilizadas ajudas técnicas como cadeira e lápis adaptados, podendo estudar em escola regular.

Prevenção e diagnóstico

Existem diversos graus de limitações e não é possível reverter um quadro de PC, uma vez que a lesão do cérebro estará sempre lá, porém, é possível preveni-lo, sendo muito importante que as mães façam o pré-natal durante toda a gestação.

O diagnóstico da paralisia cerebral é feito por análises neurológicas e exames por imagem como ressonância magnética, tomografia e ultra-som. No exame clínico é observado se há sinais de reflexos, com o exame do martelinho, se há atraso na evolução da criança, como sentar, manter o corpo mais firme, andar, etc.

"Ao engravidar, a mulher deve procurar alimentar-se bem, evitar o álcool, o fumo e não tomar remédios sem consultar o médico. Vacinar o bebê e evitar qualquer situação de risco são essenciais", destaca a fisioterapeuta e doutora em Ciências pelo Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da USP, Ana Paula Restiffe.

Fonte: Bengala Legal

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