quinta-feira, 31 de março de 2016

Pessoa com deficiência: coloque-se no lugar do outro


Quando sofri um acidente aos 11 anos de idade o que me tornou uma pessoa amputada, acreditava que para ser uma pessoa com deficiência (PcD) ou você nascia com algum tipo de deficiência ou você se tornava uma PcD através de um acidente ou uma doença. Entretanto com o passar do tempo vejo isso com outros olhos. E me pergunto sempre “O que faz com que um ser humano seja melhor que o outro?” Não ter um membro do corpo, não enxergar, não ouvir, usar uma cadeira de rodas… Isso nos torna inferiores a qualquer outra pessoa? Isso nos diminui enquanto pessoa?

Lamentavelmente em algum momento da vida seja por uma doença, por um acidente ou mesmo mesmo pela velhice, o ser humano apresentará algum tipo de deficiência, seja ela física, auditiva, visual ou intelectual. Não existe ser humano perfeito. Todos possuímos limites, fragilidades e incapacidades, pois o ideal de perfeição acaba com o nosso verdadeiro humanismo. E é exatamente nas imperfeições, nas diferenças que eu aprendo a respeitar e reconhecer o outro. Quando me coloco no lugar do outro começo a entendê-lo melhor, me solidarizo e entendo a fragilidade do meu semelhante. Isso é crescimento. Entretanto, o estigma do corpo perfeito é imposto, todos os dias, pela nossa sociedade e isso consequentemente tem gerado mais e mais pessoas preconceituosas.

Segundo uma pesquisa da Drª Sandra Regina Shewinsky, a pessoa com deficiência pode suscitar na pessoa preconceituosa afetos diversos relacionados aos mais diferentes conteúdos psíquicos. Essa mesma pessoa já traz consigo preconceitos oriundos da cultura em que vive. A PcD, na verdade, representa uma ameaça, mesmo que imaginária para os outros, pois nela está contida a frágil natureza da humanidade, a possibilidade das limitações que se quer negar e ocultar a qualquer preço. Penso que se o preconceituoso mudasse sua forma de pensar, sob a ótica de que um dia ele também terá suas limitações seja por qualquer um dos motivos que citei nesse texto, certamente sua reação seria completamente diferente.

Abrir o coração para reconhecer o lado positivo de cada pessoa ou a condição em que ela se encontra é dar oportunidade para o autoconhecimento. Por mais difícil que isso possa parecer, sempre existe um lado bom em tudo na vida.

Reconhecer que ninguém é melhor ou pior que ninguém e que apenas estamos caminhamos em ritmos, habilidades e escolhas diferentes, nos ajuda a criar relacionamentos humanos tão enriquecedores, construtivos e especiais. E ninguém perde com isso.

Vera Garcia

Fonte: DeficienteCiente

terça-feira, 29 de março de 2016

Pessoa com deficiência intelectual pode se casar?

Casal com deficiência intelectual superam barreiras


Em primeiro lugar, saliento que tal tema, extremamente atual, tende a ser questionado não só nos concursos públicos e exames da OAB, mas também no dia a dia forense. Trata-se de uma das maiores evoluções do direito nos últimos tempos, consagrando o princípio constitucional da isonomia. Todos devem ser tratados de modo IGUAL, não podendo haver discriminação (direito fundamental, previsto na CF/88).

O art. 1.548 do CC consagra as hipóteses de nulidade absoluta do casamento.

Advirta-se, contudo, que a primeira delas foi REVOGADA pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015).

Vejamos como era ANTES da Lei 13.146/2015:

Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:

I – pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;

II – por infringência de impedimento.

Agora, visualizamos como está atualmente, APÓS a Lei 13.146/2015:

Branding novo 200×200 Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:

I – (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

II – por infringência de impedimento.

Logo, com vistas à plena inclusão das pessoas com deficiência, esse dispositivo foi revogado expressamente pelo art. 114 da Lei 13.146/2015.

Desse modo, de acordo com o novo art. 1.550, § 2o do CC/2002 (com Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015), a pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador.

Portanto, as pessoas com deficiência mental ou intelectual PODEM se casar livremente, não sendo mais consideradas como absolutamente incapazes no sistema civil brasileiro.

Salienta-se que a inovação veio em boa hora, pois a lei presumida, de forma absoluta, que o casamento seria prejudicial aos então incapazes, o que não se sustentava social e juridicamente. Aliás, conforme se retira do art. 1o da norma emergente, o Estatuto da Pessoa com Deficiência é destinado a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania. A possibilidade atual de casamento dessas pessoas parece tender a alcançar tais objetivos, nos termos do que consta do art. 6o da mesma Lei 13.146/2015.

Por Flávia Ortega

terça-feira, 22 de março de 2016

Por que 21 de março é Dia Internacional da Síndrome de Down?

Dentre os 365 dias do ano, o '21/03' foi inteligentemente escolhido porque a Síndrome de Down é uma alteração genética no cromossomo '21', que deve ser formado por um par, mas no caso das pessoas com a síndrome, aparece com '3' exemplares (trissomia). A ideia surgiu na Down Syndrome Internacional, na pessoa do geneticista da Universidade de Genebra, Stylianos E. Antonorakis, e foi referendada pela Organização das Nações Unidas em seu calendário oficial.

Mais interessante ainda que a origem da data, é a sua razão de existir. Afinal, por que comemorar uma síndrome?! 


Oficialmente estabelecida em 2006 e amplamente divulgada, essa data tem por finalidade dar visibilidade ao tema, reduzindo a origem do preconceito, que é a falta de informação correta. Em outras palavras, combater o "mito" que teima em transformar uma diferença num rótulo, numa sociedade cada vez mais sem tempo, sensibilidade ou paciência para o "diferente". 

A Síndrome de Down foi descoberta em 1862 pelo médico britânico John Langdon Down (que bem podia chamar-se John Up, pra colaborar…!), e apesar de ainda estarmos em situação muito distante da ideal, nesse intervalo de 153 anos muitos foram os avanços no âmbito da ciência e da sociedade, de forma especial nas últimas três décadas. Basta você observar como os casos da síndrome aparentemente "aumentaram". Mas não. É que antigamente as crianças ou adultos com a síndrome pouco saíam de casa, infelizmente….

Por falar nisso, essa participação social é uma das questões que a celebração dessa data, já em sua 10ª edição, visa destacar: a Síndrome de Down não é uma doença, e não impede, de maneira nenhuma, que o indivíduo tenha uma vida social normal (se é que esse termo ainda faz algum sentido). E, nessa questão, já se emenda uma outra, igualmente importante: a inclusão. Felizmente, hoje em dia, isso é lei, mas muitas pessoas ainda desconhecem: criança com Síndrome de Down (ou qualquer outra dificuldade de aprendizado) tem que ser matriculada em escola regular. Isso mesmo, junto com todas as outras crianças. Essa convivência é extremamente saudável para todos, e a conduta mais eficiente para o aprendizado pedagógico – que se torna um pouco mais demorado devido àquele terceiro cromossomo, mas acontece. 

Essa data visa chamar a atenção especialmente das pessoas pouco informadas sobre as capacidades das pessoas com a Síndrome de Down. Elas possuem tantas outras características quanto os demais seres humanos, ou seja, a síndrome não as define. É muito importante que todos saibam (outra tarefa do 21/03) que cada pessoa com síndrome de Down também tem gostos específicos, personalidade própria e individual, habilidades e vocações distintas entre si. Portanto, devem ser evitados os "rótulos" provocados por expressões do tipo "Ah, como ‘os Downs" são carinhosos!" ou "Eles são todos tão teimosos, não?!"… Em respeito à individualidade de qualquer ser humano, esse tipo de generalização não deve ser aplicada a nenhum grupo, nem a este, por melhor que seja a intenção de quem o faz. 

Obviamente o diagnóstico genético carrega consigo algumas especificidades, como, por exemplo, a cardiopatia (problemas no coração), presente em aproximadamente 50% dos casos; às vezes problemas de audição e/ou visão; atraso no desenvolvimento intelectual e da fala, dentre alguns outros. Mas são questões pontuais e de saúde, a serem detectadas e tratadas medica e terapeuticamente, de maneira que não definem qualquer prognóstico, ou seja, ninguém jamais pode prever até onde pode chegar o desenvolvimento das pessoas com síndrome de Down – assim como das demais pessoas. Elas devem ser estimuladas a terem sonhos e projetos, crescerem, estudarem e trabalharem como qualquer ser humano, e têm todo o direito de lutar pela sua total autonomia, sem que sua condição genética represente qualquer tipo de barreira. Ou existe alguém que não possui limitações?! 

Na verdade, toda convivência saudável entre amigos e familiares, colegas e sociedade, de maneira atenta a todo tipo de diversidade, é sempre muito enriquecedora. O mesmo acontece quando você tem a oportunidade de conviver com uma pessoa com a Síndrome de Down. Olhe para ela, e não para a síndrome, e você vai descobrir um ser humano tão incrível quanto você. 

(com informações do site Movimento Down)

Fonte: Bonde.com.br

sexta-feira, 18 de março de 2016

Fotógrafa registra imagens preciosas de gêmeas com síndrome de Down


A fotógrafa americana Laura Duggleby recentemente teve a oportunidade de fazer uma sessão de fotos com Nicole, mãe de Blakeley e Brynnlee, gêmeas com síndrome de Down. A probabilidade de ambos os gêmeos nascerem com a deficiência é de aproximadamente um ou dois em um milhão.

Nicole disse a Laura que chorou e buscou o apoio da família quando as duas filhas recém nascidas foram diagnosticadas com síndrome de Down. Mas agora ela acredita que o desafio de cuidar de gêmeas com a trissomia a transformou em uma pessoa melhor e ela não trocaria isso por nada no mundo.

“Eu sinto que muita coisa ruim acaba saindo na mídia, mas existe pouco espaço para mostrar o amor que está sendo espalhado por aí e os sacrifícios que as pessoas fazem diariamente”, conta Laura. “Eu realmente desejo que as pessoas se sintam valorizadas, amadas e apreciadas por aquilo que fazem”.

Veja as fotos (Clique para aumentar):


 

Fotos: Laura Duggleby // Fonte: The Mighty

terça-feira, 15 de março de 2016

Educação Inclusiva: Possibilidades

A priori é de extrema importância pesquisar sobre a escola, principalmente na rede particular de ensino, afinal você está investindo! Não julguem a escola pelo valor da mensalidade, nem sempre o mais caro é o melhor. Procure entender qual a visão da escola sobre a inclusão, o preparo e a disponibilidade dos profissionais.


Na rede pública, conheça a coordenação de educação inclusiva e também a escola e seus profissionais. Questione, em qualquer um dos espaços, sobre a formação continuada dos professores e auxiliares e se a instituição oferece auxilio para tal.

Com a criança matriculada existem duas possibilidades:

– Acompanhamento “Público”: Toda criança com deficiência ou transtornos globais, inseridas na rede regular de ensino, tem o DIREITO a um acompanhante especializado. Os pais e cuidadores devem pressionar as estancias responsáveis pelo atendimento, caso alguma lei não esteja sendo cumprida e em casos de abuso e negação de direitos.

– Acompanhamento “Particular”: Para o acompanhamento particular existe a proposta de AT (acompanhamento terapêutico) na escola, desenvolvida por profissionais especializados, com o objetivo de construir possibilidades com o aluno, nesse ambiente tão importante para a sua formação e construção de relações. O profissional é contratado pela família e compõe uma equipe junto à escola.

A dica é sempre buscar informação e cuidar dos pequenos de uma forma especial, afinal toda criança tem o direito de estudar, participar da escola, ter amiguinhos, dar risada e chorar na hora do recreio, explorar o mundo, dividir com o outro e se divertir.

Fonte: criancaesaude.com.br

sexta-feira, 11 de março de 2016

Presente a uma criança cega

A pessoa que me queira escutar

  • Ofereça-me liberdade para que eu possa usar minhas mãos, meus pés e todos os meus sentidos com plenitude.
  • Ofereça-me desafios para que os enfrente, desfrute e aprenda com eles, podendo crescer em experiência e segurança.
  • Ofereça-me independência ajudando-me naquilo que não posso e estímulo em fazer aquilo que posso.
  • Ofereça-me limites como a todas as crianças para que eu possa crescer como pessoa.
  • Ofereça-me exigências para que eu possa mostrar toda a minha capacidade.
  • Ofereça-me igualdade de oportunidades para que eu triunfe na vida de acordo com meus esforços e perseverança.
  • Ofereça-me uma bengala e incentiva-me a usá-la, para não depender de bengalas humanas.
  • Ofereça-me apoio e não ocupar-se por mim.
  • Ofereça-me amor apesar de minha diferença, mas não me ofereça superproteção, indiferença nem compaixão, porque são esforços inúteis.
  • Se me oferece tudo isso serei completamente feliz e poderei fazer felizes todos ao meu redor.
Traduzido por Marco Antonio de Queiroz do site argentino: Taller de Teatro para Actores Ciegos, infelizmente hoje já inexistente.
Fonte: BengalaLegal

terça-feira, 8 de março de 2016

10 coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse


1) Antes de tudo eu sou uma criança. Eu tenho autismo. Eu não sou somente "Autista". O meu autismo é só um aspecto do meu caráter.

Não me define como pessoa. Você é uma pessoa com pensamentos, sentimentos e talentos. Ou você é somente gordo, magro, alto, baixo, míope.

Talvez estas sejam algumas coisas que eu perceba quando conhecer você, mas isso não é necessariamente o que você é. Sendo um adulto, você tem algum controle de como se auto-define. Se quer excluir uma característica, pode se expressar de maneira diferente.

Sendo criança eu ainda estou descobrindo. Nem você ou eu podemos saber do que eu sou capaz. Definir-me somente por uma característica, acaba-se correndo o risco de manter expectativas que serão pequenas para mim. E se eu sinto que você acha que não posso fazer algo, a minha resposta naturalmente será: Para que tentar?

2) A minha percepção sensorial é desordenada. Interação sensorial pode ser o aspecto mais difícil para se compreender o autismo.

Quer dizer que sentidos ordinários como audição, olfato, paladar, toque, sensações que passam desapercebidas no seu dia a dia podem ser doloridas para mim.

O ambiente em que eu vivo pode ser hostil para mim. Eu posso parecer distraído ou em outro planeta, mas eu só estou tentando me defender.

Vou explicar o porquê: uma simples ida ao mercado pode ser um inferno para mim: a minha audição pode ser muito sensível.

Muitas pessoas podem estar falando ao mesmo tempo, música, anúncios, barulho da caixa registradora, celulares tocando, crianças chorando, pessoas tossindo, luzes fluorescentes.

O meu cérebro não pode assimilar todas estas informações, provocando em mim uma perda de controle. O meu olfato pode ser muito sensível.

O peixe que está à venda na peixaria não está fresco. A pessoa que está perto pode não ter tomado banho hoje. O bebê ao lado pode estar com uma fralda suja.O chão pode ter sido limpo com amônia. Eu não consigo separar os cheiros e começo a passar mal. Porque o meu sentido principal é o visual.

Então, a visão pode ser o primeiro sentido a ser super-estimulado. A luz fluorescente não é somente muito brilhante, ela pisca e pode fazer um barulho.

O quarto parece pulsar e isso machuca os meus olhos. Esta pulsação da luz cobre tudo e distorce o que estou vendo. O espaço parece estar sempre mudando.

Eu vejo um brilho na janela, são muitas coisas para que eu consiga me concentrar. O ventilador, as pessoas andando de um lado para o outro... Tudo isso afeta os meus sentidos e agora eu não sei onde o meu corpo está neste espaço.

3) Por favor, lembre de distinguir entre não poder (eu não quero fazer) e eu não posso (eu não consigo fazer) Receber e expressar a linguagem e vocabulário pode ser muito difícil para mim.

Não é que eu não escute as frases. É que eu não te compreendo.Quando você me chama do outro lado do quarto, isto é o que eu escuto "BBBFFFZZZZSWERSRTDSRDTYFDYT João".

Ao invés disso, venha falar comigo diretamente com um vocabulário simples: "João, por favor, coloque o seu livro na estante. Está na hora de almoçar". Isso me diz o que você quer que eu faça e o que vai acontecer depois. Assim é mais fácil para compreender.

4) Eu sou um "pensador concreto" (CONCRETE THINKER). O meu pensamento é concreto, não consigo fazer abstrações.Eu interpreto muito pouco o sentido oculto das palavras.

É muito confuso para mim quando você diz "não enche o saco", quando o que você quer dizer é "não me aborreça". Não diga que "isso é moleza, é mamão com açúcar" quando não há nenhum mamão com açúcar por perto e o que você quer dizer é que isso e algo fácil de fazer.Gírias, piadas, duplas intenções, paráfrases, indiretas, sarcasmo eu não compreendo.

5) Por favor, tenha paciência com o meu vocabulário limitado.Dizer o que eu preciso é muito difícil para mim, quando não sei as palavras para descrever o que sinto.

Posso estar com fome, frustrado, com medo e confuso, mas agora estas palavras estão além da minha capacidade, do que eu possa expressar. Por isso, preste atenção na linguagem do meu corpo (retração, agitação ou outros sinais de que algo está errado).

Por outro lado, posso parecer como um pequeno professor ou um artista de cinema dizendo palavras acima da minha capacidade na minha idade. Na verdade, são palavras que eu memorizei do mundo ao meu redor para compensar a minha deficiência na linguagem.

Por que eu sei exatamente o que é esperado de mim como resposta quando alguém fala comigo. As palavras difíceis que de vez em quando falo podem vir de livros, TV, ou até mesmo serem palavras de outras pessoas. Isto é chamado de ECOLALIA. Não preciso compreender o contexto das palavras que estou usando. Eu só sei que devo dizer alguma coisa.

6) Eu sou muito orientado visualmente porque a linguagem é muito difícil para mim.Por favor, me mostre como fazer alguma coisa ao invés de simplesmente me dizer. E, por favor, esteja preparado para me mostrar muitas vezes. Repetições consistentes me ajudam a aprender.

Um esquema visual me ajuda durante o dia-a-dia. Alivia-me do stress de ter que lembrar o que vai acontecer. Ajuda-me a ter uma transição mais fácil entre uma atividade e outra. Ajuda-me a controlar o tempo, as minhas atividades e alcançar as suas expectativas.

Eu não vou perder a necessidade de ter um esquema visual por estar crescendo. Mas o meu nível de representação pode mudar. Antes que eu possa ler, preciso de um esquema visual com fotografias ou desenhos simples. Com o meu crescimento, uma combinação de palavras e fotos pode ajudar mais tarde a conhecer as palavras.

7) Por favor, preste atenção e diga o que eu posso fazer ao invés de só dizer o que eu não posso fazer. Como qualquer outro ser humano não posso aprender em um ambiente onde sempre me sinta inútil, que há algo errado comigo e que preciso de CONSERTO.


Para que tentar fazer alguma coisa nova quando sei que vou ser criticado? Construtivamente ou não é uma coisa que vou evitar. Procure o meu potencial e você vai encontrar muitos! Terei mais que uma maneira para fazer as coisas.

8) Por favor, me ajude com interações sociais, pode parecer que não quero brincar com as outras crianças no parque, mas algumas vezes simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar na brincadeira. Se você pode encorajar outras crianças a me convidarem a jogar futebol ou brincar com carrinhos, talvez eu fique muito feliz por ser incluído.

Eu sou melhor em brincadeiras que tenham atividades com estrutura começo-meio-fim. Não sei como "LER" expressão facial, linguagem corporal ou emoções de outras pessoas. Agradeço se você me ensinar como devo responder socialmente.

Exemplo: Se eu rir quando Sandra cair do escorregador não é que eu ache engraçado. É que eu não sei como agir socialmente. Ensine-me a dizer: Você esta bem?.

9) Tente encontrar o que provoca a minha perda de controle.Perda de controle, "chilique", birra, mal-criação, escândalo, como você quiser chamar, eles são mais horríveis para mim do que para você. Eles acontecem porque um ou mais dos meus sentidos foi estimulado ao extremo.

Se você conseguir descobrir o que causa a minha perda de controle, isso poderá ser prevenido - ou até evitado. Mantenha um diário de horas, lugares pessoas e atividades. Você encontrar uma seqüência pode parecer difícil no começo, mas, com certeza, vai conseguir. Tente lembrar que todo comportamento é uma forma de comunicação.

Isso dirá a você o que as minhas palavras não podem dizer: como eu sinto o meu ambiente e o que está acontecendo dentro dele.

10) Se você é um membro da família me ame sem nenhuma condição.Elimine pensamentos como "Se ele pelo menos pudesse…" ou "Porque ele não pode…" Você não conseguiu atender a todas as expectativas que os seus pais tinham para você e você não gostaria de ser sempre lembrado disso.

Eu não escolhi ser autista. Mas lembre-se que isto está acontecendo comigo e não com você. Sem a sua ajuda a minha chance de alcançar uma vida adulta digna será pequena. Com o seu suporte e guia, a possibilidade é maior do que você pensa.

Eu prometo: EU VALHO A PENA. E, finalmente três palavras mágicas: Paciência, Paciência, Paciência. Ajuda a ver o meu autismo como uma habilidade diferente e não uma desabilidade. Olhe por cima do que você acha que seja uma limitação e veja o presente que o autismo me deu.

Talvez seja verdade que eu não seja bom no contato olho no olho e conversas, mas você notou que eu não minto, roubo em jogos, fofoco com as colegas de classe ou julgo outras pessoas? É verdade que eu não vou ser um Ronaldinho "Fenômeno" do futebol.

Mas, com a minha capacidade de prestar atenção e de concentração no que me interessa, eu posso ser o próximo Einstein, Mozart ou Van Gogh. Eles também tinham autismo, uma possível resposta para Alzaheim o enigma da vida extraterrestre

O que o futuro tem guardado para crianças autistas como eu, está no próprio futuro. Tudo que eu posso ser não vai acontecer sem você sendo a minha Base. Pense sobre estas "regras" sociais e se elas não fazem sentido para mim, deixe de lado. Seja o meu protetor seja o meu amigo e nós vamos ver ate onde eu posso ir.

CONTO COM VOCÊ!!!

Retirado do site: http://www.autimismo.com.br/
Para Saber Mais:
http://topicosemautismoeinclusao.blogspot.com/
http://br.groups.yahoo.com/group/educautismo/
Contato: topicosemaautismoeinclusao@gmail.com

sábado, 5 de março de 2016

14 maneiras para estimular o bebê com síndrome de Down em casa



Estimular a criança com síndrome de Down desde cedo é essencial para o seu desenvolvimento, por isso ela precisa de mais tempo da família e de especialistas para adquirir e aprimorar as suas habilidades. Uma boa estimulação realizada nos primeiros anos de vida pode ser determinante para a aquisição de capacidades em diversos aspectos, como o desenvolvimento motor, a comunicação e a cognição. Muitos exercícios podem ser feitos em casa, no dia a dia, usando elementos do cotidiano da criança. Aprenda alguns desses exercícios e ajude na estimulação e crescimento de seu filho:

1) Se você é pai ou mãe, apaixone-se por seu filho. Toque, beije e abrace o bebê com muito carinho. Comunique-se e veja como ele expressa muitas coisas mesmo antes de falar. Não há terapia melhor do que o amor!

2) Evite deixar o bebê dormir por períodos muito longos. Mesmo pequeno, ele precisa de rotina para realizar as atividades de estimulação. Se for estimulado nos mesmos horários, o bebê ficará mais acordado e não reclamará das atividades.

3) Procure a melhor hora do dia para estimular o bebê. Cuide para que ele esteja alimentado, hidratado e sequinho antes de começar qualquer atividade.

4) Faça os exercícios diariamente: bebês com síndrome de Down precisam de contatos repetidos com uma mesma experiência. Porém, repetir não significa fazer tudo igual: desenvolva uma habilidade com atividades variadas.

5) Tenha expectativas realistas: escolha atividades que motivem o bebê. Você vai perceber se o exercício é desafiador demais para ele. Evite insistir para não gerar frustração mútua. Cada criança tem o seu tempo, evite comparações.

6) Divida a atividade em passo a passo: a aprendizagem é dividida em estágios. Recompense o bebê por cada pequeno passo que ele seja capaz de dar e valorize suas habilidades.

7) Faça coisas divertidas: sua voz e linguagem corporal podem motivar o bebê. Use a criatividade e lembre-se de “trocar de lugar com ele” na brincadeira ou atividade, para reforçar a interação e o interesse.

8) Cuide do ambiente: aprender novas habilidades requer atenção e foco, além de um ambiente livre de interrupções e de ruídos. Evite fornecer muitos estímulos ao mesmo tempo, como muitos brinquedos ou rádio e televisão ligados.

9) Pai, mãe e outros familiares também têm humor e disponibilidade. Procure respeitar seus próprios sentimentos. Mesmo com um bebê em casa, reserve um tempo para você e não troque a relação pai/mãe – filho por uma maratona de atividades. Lembre-se de que os pais não são terapeutas.

10) Experimente! Se algo não funcionar, você sempre poderá tentar outra coisa.

11) Todos nós precisamos de tempo e prática para aprender coisas novas. Deixe o seu bebê saber disso.

12) Que tal criar um circuito com brincadeiras associadas? Quando seu bebê tiver mais equilíbrio, você pode incentivá-lo a fazer mais de uma atividade, como andar de um ponto a outro e subir e descer escadas.

13) Exponha o bebê a estímulos diferenciados sempre que possível. Mostre coisas que ele não conheça e permita que sinta diferentes texturas, como cascas de fruta, esponjas, gelatina e a grama do parquinho. Outra forma de estímulo é aproximar seu rosto, cheio de formas e cores, do rosto do bebê.

14) Confira os exercícios disponíveis no Guia de Estimulação para Crianças com Síndrome de Down do Movimento Down.

Fontes:
Down Syndrome UK
Guia do bebê com síndrome de Down – Dr. Zan Mustacchi
Síndrome de Down: estimulação precoce – 0 a 6 meses – editado e distribuído gratuitamente por Projeto Down
Ideias de estimulação para a criança com síndrome de Down – Josiane Mayr Bibas e Ângela Marques Duarte

terça-feira, 1 de março de 2016

Como identificar dificuldades com a coordenação motora?

São cada vez mais comuns na clínica terapêutica ocupacional, queixas relacionadas à coordenação motora. A escola tem sido importante parceira na detecção destes problemas, que também aparecem no consultório da pediatria e neuropediatria. Mas como identificar uma criança com problema de coordenação motora?

Inicialmente, devemos esclarecer o que significa a dificuldade na coordenação motora, que pode ser entendida como um prejuízo acentuado do desenvolvimento da coordenação dos movimentos do corpo, com desempenho significativamente abaixo do esperado para a idade cronológica e nível cognitivo da criança, nas atividades diárias que requerem coordenação motora.

Atualmente, o termo diagnóstico é definido como Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (Developmental Coordination Disorder – DCD)  ou TDC.

O diagnóstico de TDC se aplica aos casos em que, na ausência de outros distúrbios físico/neurológicos conhecidos, existe déficit na coordenação motora, em relação à faixa etária. Os sinais geralmente associados à TDC são: desajeitamento e inconsistência no desempenho de tarefas e  coordenação motora pobre. A criança pode demonstrar dificuldade nas tarefas de auto-cuidado, como vestir e usar utensílios, nas atividades acadêmicas, como a escrita e o traçado, e nas atividades de lazer, com pobre desempenho em esportes, no uso de equipamentos de parques e brinquedos infantis, além de problema nas interações sociais.

Diversas condições de saúde podem evoluir com déficit na coordenação motora grossa, como pular, correr, chutar, e fina, relacionada aos movimentos das mãos e dedos, como na escrita, preensão de objetos, dentre outros.


Diante do exposto e da atual demanda nos consultórios de terapia ocupacional, algumas atividades simples podem ser desenvolvidas em casa, para estimulação das habilidades motoras.

Para as habilidades motoras grossas, as brincadeiras de pique-esconde, correr, pular corda, amarelinha, pula-pula, jogar bola, são sempre boas opções.

Quanto às habilidades motoras finas, podem ser desenvolvidas em casa, brincadeiras com massinha, confecção de colares e pulseiras com macarrão ou miçangas, montar varal com desenhos usando pregadores de roupas e atividades com tesoura, que pode ser usada com papéis de diferentes gramaturas, com alternância dos trajetos do recorte.
  

Fonte: Tudo Bem Ser Diferente