Desde bem pequeno meu filho é uma criança que demanda muita atenção por ser ativo, curioso e se colocar em risco por conta dessas características. Se ele quer algo que está no alto de uma prateleira, por exemplo, a tendência é tentar escalar para pegar sozinho, ao invés de solicitar. Tal impulsividade se torna especialmente preocupante quando pensamos em sua relação com a água, que desde muito cedo foi de fascínio. Por não demonstrar ter medo ou noção do perigo, ele tenta se jogar literalmente em piscinas e é necessário que o impeçamos fisicamente. Quando Bernardo estava com menos de dois anos, tentou pular em um lago durante um passeio e isso (somado a uma série de fatores) foi um dos motivos que me deixou em estado de alerta e suspeitando de sua condição.
Sendo assim, logo que completou dois anos o matriculamos na natação. Além de todos os conhecidos benefícios da prática de atividade física tão completa, no nosso caso houve uma motivação principal que foi a questão da segurança. Claro que não esperamos que ele, aos dois anos (nem hoje, aos quatro recém completados), aprendesse nadar tecnicamente a ponto de garantir sua própria segurança, mas nos preocupamos em dar os meios para que ele aprenda a “se virar” o quanto antes.
Tal atração pela água e impulsividade no que diz respeito a isso, são questões que permanecem e continuam nos demandando atenção e cuidados máximos. Quando chegamos às aulas de natação antes do horário dele, já virou rotina o Bê tentar pular na piscina e precisar ser contido. Há poucas semanas, em outro ambiente, o flagrei tentando escalar uma cerca para acessar uma piscina que estava do outro lado. Enfim, já houve uma série de episódios nesse sentido e cabe ressaltar que quando uma criança possui essas características, mesmo que ela já saiba nadar, os pais/ responsáveis não devem contar totalmente com isso e “afrouxar” a vigilância, que deve permanecer máxima. Em nosso caso, como nosso filho é extremamente ativo, rápido e tem um histórico de tentar fugir, até o fato de uma escola ter uma piscina em suas dependências, por exemplo, já seria motivo para eu não cogitar matriculá-lo lá até que ele completasse certa idade.
Além disso, para nossa surpresa, a prática da natação nos trouxe, além dos benefícios esperados, uma série de outros. Bernardo faz aulas particulares e o primeiro grande benefício que percebemos foi o aumento do contato ocular, que é estimulado pela professora durante toda a aula.
Também cabe destacar a construção de uma relação de confiança entre criança e profissional. Nas primeiras aulas eu precisei entrar com ele na piscina, pois meu filho não queria estar com aquela pessoa que, até então, era desconhecida. E, por mais estranho que pareça, apesar do Bernardo não ter medo de pular sozinho em piscinas, ele demonstrava certa resistência durante as aulas nos primeiros meses. Percebo como uma rigidez, no sentido de tentar fazer apenas o que se deseja, resistindo em flexibilizar (o que é comum também em outros momentos). Ou seja, querer estar na piscina era uma coisa, se dispor a fazer os exercícios e atividades propostas era outra bem diferente. Com relação a isso também avançamos bastante e continuamos nesse processo.
Atualmente, posso afirmar sem medo de errar que é a atividade em seu dia a dia que lhe dá grande relaxamento e mais prazer, a ponto de ele chegar ocasionalmente a chorar para não sair da piscina ou quando passamos em frente à sua academia e não entramos.
Podemos perceber então que os benefícios da natação para crianças com autismo vão além apenas da prática do exercício:
– Segurança;
– Desenvolvimento de habilidades, como o contato ocular;
– Flexibilização;
– Tolerância à frustração (no sentido de ter que esperar a sua vez para iniciar a atividade, o que nem sempre é fácil);
– Concentração;
– Construção de uma relação de confiança;
– Atendimento a comandos;
E mais uma série de fatores que diariamente vamos descobrindo.
Para quem se interessar em conhecer mais sobre o assunto, sugiro este texto que já foi publicado aqui no blog: Os benefícios da natação para crianças com autismo
Matéria extraída do site criancaesaude.com.br
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