Pedro, de 4 anos, conta com a ajuda dos colegas para superar as dificuldades de locomoção e fala
© Alexandre Martins
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Quem vê o pequeno Pedro, de 4 anos, correndo pelos corredores da Emeb Manoel Aníbal Marcondes, no Centro, e brincando com os colegas não imagina que há pouco mais de um ano ele mal conseguia andar e se comunicar. Portador de uma doença rara, chamada Síndrome Gomez-López-Hernandez, Pedro tem algumas características físicas particulares, como mobilidade reduzida e falta de sensibilidade no rosto, além de comportamento hiperativo e impulsivo, o que exige atenção constante.
As necessidades especiais de Pedro tornou a busca por um colégio uma missão ainda mais difícil para sua mãe, a engenheira florestal Thainá Castillo. “Quando a gente tem um filho especial tem que ir procurando até encontrar uma escola em que a inclusão seja realmente aplicada”, diz.
A lei garante um sistema educacional inclusivo, em escolas regulares, sem segregação. Mas na prática nem sempre a inclusão escolar é realidade.
Antes de chegar à Emeb Aníbal, Thainá e Pedro tiveram uma experiência malsucedida em uma creche onde ele frequentou apenas 5 meses. “Nem sei dizer quantas visitei. As escolas são obrigadas a aceitar todas as crianças, mas muitas não estão preparadas, porque a inclusão depende das pessoas, do recurso humano”, lamenta a mãe de Pedro. “Não adianta o profissional ser técnico, super estudado, se não tiver o cuidado que a criança especial exige.” Ela lembra que quando chegou na Emeb Aníbal, em meados de 2015, o primeiro impacto já foi positivo. “Vi uma equipe disposta a fazer esse trabalho. Me lembro das palavras da diretora, dizendo que é para crianças como o Pedro que elas fazem pedagogia”, recorda.
Thainá e Pedro passaram por experiência ruim antes da escola atual
© Alexandre Martins
Thainá e Pedro passaram por experiência ruim antes da escola atual
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Humanização - Diretora da Emeb Aníbal há 7 anos, Rita Rozeno destaca a importância da inclusão e reforça que é trabalho dos profissionais da educação garantir o direito à toda criança de ter infância. “Tentamos materializar dentro da escola alguns indicadores que possam garantir esse direito.” Uma das técnicas, explica, é a alternância do ritmo das atividades, como o pulso do coração - centramento e expansão, “o que ajuda a organizar o psíquico da criança”.
Rita diz ainda que a criança precisa estar vinculada com a escola para aprender e os educadores precisam criar um ambiente propício para esse vínculo. A primeira atitude, afirma, é mostrar que a diferença não é um problema, que está tudo bem e é normal ser diferente. “Trabalhar a inclusão não é reforçar a impotência, ao contrário. Se você tiver isso em mente vai conseguir atender todas as crianças”, acredita.
Rita diz que a primeira atitude é mostrar que a diferença não é um problema © Alexandre Martins
Rita diz que a primeira atitude é mostrar que a diferença não é um problema © Alexandre Martins
A diretora lembra de um fato que marcou a adaptação de Pedro na escola. “Ele tinha dificuldade de equilíbrio. As crianças perceberam e, sem ninguém falar nada, elas formaram um corredor para ele conseguir andar. Foi emocionante. As crianças acabam nos ensinando, nos mostrando um caminho.” Além de Pedro, a escola atende crianças com espectro de autismo e síndrome de Down.
Rede inclusiva - Segundo o diretor de Educação Inclusiva da Unidade de Gestão de Educação, Adauto Perré, 99% das crianças especiais, com idades da creche ao Ensino Fundamental 1 e o EJA (Jovens e Adultos), estão inseridas nas escolas regulares da rede municipal. Atualmente, são 561 alunos matriculados portadores de deficiências e síndromes raras.
Adauto Perré: rede municipal está preparada para receber os alunos
© Cristina Hautz
“Nosso objetivo é eliminar as barreiras que impedem essas crianças especiais de frequentar a escola”, afirma Perré. Para isso, além de garantir vaga para todas as crianças, a Educação oferece em 26 unidades, espalhadas pela cidade, o Atendimento Educacional Especializado (AEE), com profissionais multidisciplinares e atendimento individual para atender as necessidades específicas de cada aluno.
A Emeb Geraldo Pinto Duarte Paes, no Eloy Chaves, é uma das unidades com AEE. Com 512 alunos, a escola tem atualmente 9 crianças especiais, portadores de Síndrome de Down, autismo, paralisia cerebral e distrofia medular espiral.
Uma delas, Rian Luid Feitosa, de 10 anos, tem paralisia cerebral. Ele está no 2º ano do Fundamental e participa de todas as atividades da turma, inclusive da educação física. Mãe de Rian, a vendedora Giseli Cristina da Rosa conta que teve complicações no parto e os dois quase morreram.
Rian frequenta a escola há três anos e participa de todas as atividades, inclusive das aulas de educação física © Cristina Hautz
Qualidade - Para atender às necessidades de Pedro, Rian e de outros alunos que necessitam de atenção especial, a Unidade de Educação garante profssionais especializados. Segundo Perré, os 27 alunos surdos, por exemplo, têm intérprete de libras na sala de aula. “Temos 76 alunos com deficiências diversas que têm um cuidador e outros 65 alunos atendidos por ADIs (auxiliar de desenvolvimento infantil).” Além disso, 169 que precisam de intervenção pedagógica são atendidos por profissionais na sala de aula.
Adauto Perré: rede municipal está preparada para receber os alunos
© Cristina Hautz
“Nosso objetivo é eliminar as barreiras que impedem essas crianças especiais de frequentar a escola”, afirma Perré. Para isso, além de garantir vaga para todas as crianças, a Educação oferece em 26 unidades, espalhadas pela cidade, o Atendimento Educacional Especializado (AEE), com profissionais multidisciplinares e atendimento individual para atender as necessidades específicas de cada aluno.
A Emeb Geraldo Pinto Duarte Paes, no Eloy Chaves, é uma das unidades com AEE. Com 512 alunos, a escola tem atualmente 9 crianças especiais, portadores de Síndrome de Down, autismo, paralisia cerebral e distrofia medular espiral.
Uma delas, Rian Luid Feitosa, de 10 anos, tem paralisia cerebral. Ele está no 2º ano do Fundamental e participa de todas as atividades da turma, inclusive da educação física. Mãe de Rian, a vendedora Giseli Cristina da Rosa conta que teve complicações no parto e os dois quase morreram.
Por conta da saúde frágil, os pais optaram por mandá-lo para a escola apenas quando atingiu a idade escolar, com 7 anos. “O primeiro ano foi muito difícil. Ele não comia e não ia ao banheiro com outra pessoa, só comigo, fala muito pouco e tem dificuldade em se comunicar”, lembra Giseli. Mas aos poucos, com o apoio da escola e da Amarati, Rian foi se adaptando. “Os amiguinhos foram aprendendo a entendê-lo e hoje estão super entrosados. Se não tivesse esse suporte da escola talvez a gente tivesse desistido”, diz a mãe.
Rian frequenta a escola há três anos e participa de todas as atividades, inclusive das aulas de educação física © Cristina Hautz
De acordo com o diretor, o trabalho de inclusão escolar da rede municipal é reconhecido pela qualidade. “É muito comum a migração de alunos de escolas particulares para a rede pública.
Temos relatos de muitos pais dizendo que o filho melhorou ou que está mais feliz.”
Perré é otimista e acredita que o movimento de inclusão escolar vai causar uma revolução na sociedade, na construção de um mundo acessível para todos. “As crianças tendem a ser mais receptivas e absorver as diferenças. O resultado a gente vai perceber quando essa geração for adulta.”
Fonte: Jornal de Jundiaí
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