Durante muitos anos, tenho acompanhado a luta das instituições e dos órgãos de comunicação que defendem os direitos das pessoas com deficiência na questão da reabilitação e integração, do combate ao preconceito e da acessibilidade.
Hoje posso dizer que a consciência da sociedade evoluiu, compreendendo cada vez mais e criando oportunidades para as pessoas com deficiência viverem um dia a dia comum. Porém, existe ainda uma parcela da população que deveria dar o exemplo de cidadania, pois trata do assunto “inclusão” com indiferença. Por incrível que pareça, estou me referindo à própria família.
Muitos parentes até se afastam do convívio da casa que acabou de receber um bebê com deficiência ou alguém que a adquiriu. Por receio de se envolver, ficando expostos a prestar favores, ou pelo fator “vergonha” em ter um membro na família com deficiência.
Tenho um pensamento no meu e-mail que é permanente: “Não seja Indiferente com as Diferenças”, eu resolvi colocar esta frase quando um dia recebi alguns familiares para uma pequena reunião. Andreza, minha filha que tem paralisia cerebral, estava na sala assistindo televisão e algumas pessoas presentes não se deslocavam para a sala, preferiam ficar no mesmo local desde que chegaram. Elas apenas cumprimentaram Andreza na chegada e se despediram quando foram embora.
Estas atitudes, posturas, caracterizaram um comportamento de caráter preconceituoso e de indiferença com a pessoa que possui alguma limitação, pior ainda sendo da mesma família. Esses “familiares” não possuem um mínimo de conhecimento sobre a reabilitação e a determinação das pessoas com deficiência, que, com o incentivo dos pais e amigos, conseguem conquistar a independência, a socialização e uma vida praticamente “normal”, dentro de suas limitações.
Para quem tem paralisia cerebral, a interação com outros grupos sociais é mais difícil, por causa das suas dificuldades de locomoção e comunicação. É nesta hora que os familiares próximos têm um papel importante na integração, por isso a visita de tios e primos é importante para diversificar os assuntos e o contatos com o mundo lá fora.
Eu acredito que se todos os parentes agissem com solidariedade e boa vontade para interação, contribuiria muito para a minha filha, por exemplo, sentir-se amada e não rejeitada, tratada com indiferença. Assim, com ações simples de convívio estariam somando nas lutas pela inclusão social das pessoas com deficiência, que merecem todo o respeito.
Fonte: recantodasletras.com.br/cronicas/2766318
Nenhum comentário:
Postar um comentário