João Vicente, 7, conseguiu realizar seu sonho graças a um projeto criado por dois gaúchos. Eles projetaram um skate diferente para que ele e todas as crianças com deficiência possam sentir a sensação do "ventinho no rosto"
Sabrina Ongaratto para a Revista Crescer / revistacrescer.globo.com
João Vicente no seu skate adaptado (Foto: Reprodução Instagram)
O sorriso no rosto do pequeno João Vicente, 7 anos, já diz tudo! Basta subir em seu skate, sentir a liberdade e o vento no rosto, que toda essa felicidade aparece. Mas não é qualquer skate. "Meu filho é um menino cheio de vontades, desejos e sonhos. E um deles foi, por muito tempo, andar de skate. Acontece que ele tem paralisia cerebral desde que sofreu um AVC, com 1 ano e 8 meses. E para as crianças que tem paralisia ou qualquer outro tipo de deficiência, ter desejos e sonhos não é permitido. O mundo está sempre nos dizendo que 'não'. Por muito tempo, tentei suprir esse sonho com outros recursos como bike, andador, skate elétrico, mas nada adiantou", conta a mãe, Laura Costa Patrón, 31, que é escritora, palestrante e profissional da inclusão.
Mas a frustração de João Vicente, que é Porto Alegre, terminou quando ele e a mãe conheceram o projeto Anima Skate (@skate_anima). "É um projeto tocado por dois caras incríveis, o Daniel e o Stevan, que não conseguiram ficar parados diante do sonho de uma outra jovem com paralisia cerebral. Ela queria o mesmo que o João: andar de skate. E esses caras que amam skate acharam mais que justo que todas as crianças pudessem ter a chance de amar também", completou ela. A dupla "achou um jeito de fazer o impossível mais possível", diz Laura.
Skate adaptado e irado! (Foto: Reprodução Instagram)
João Vicente no seu skate adaptado (Foto: Reprodução Instagram)
Skate anima: o impossível é possível
Mas o projeto não parou no João Vicente. Enquanto o pequeno está com a autoestima lá em cima, todo feliz e orgulhoso, outras crianças também estão tendo a oportunidade de sentir o mesmo. O acompanhante terapêutico, Daniel Paniagua, 35, que coordena o Skate Anima junto com o fisioterapeuta Stevan Pinto, 39, conta que o projeto nasceu em 2015, por meio de um atendimento de Stevan. "Uma paciente pediu para que ele levasse o skate na sessão de fisioterapia e ele adaptou pra ela. Foi então que surgiu a ideia de ampliar para mais pessoas", conta. E a partir daí, só cresceu. "Hoje, promovemos encontros, vivências e workshops com essa metodologia em várias cidades do Brasil", revela Daniel. "Trabalhamos com vários tipos de adaptações. Algumas já existem, outras, a gente cria. Mas o projeto é focado na ideia da inclusão, de possibilitar que essas pessoas também tenham acesso", diz.
Sobre a adaptação usada por João Vicente, Daniel explica que ela foi produzida por um skatista profissional, chamado Ricardo Porva, de Minas Gerais. "Ele fez esse andador para a filha dele que tem uma deficiência, e nós conseguimos trazê-la para o projeto", diz. "Atendemos todas as deficiências, desde autismo, síndrome de Down, paralisia cerebral... Estamos aberto a todas as pessoas", afirma ele. O projeto, segundo Daniel, já conseguiu chegar até o maior skatista do mundo, Tony Hawk. "Tivemos a possibilidade de ir a São Paulo e conhecê-lo. Mostramos que é possível, que todas as pessoas podem fazer isso. Trabalhamos como facilitadores desse acesso. Nós somos skatistas, nos conhecemos através do skate e, hoje, dentro das nossas profissões, conseguimos usá-lo como uma ferramenta de trabalho e inclusão. Agora, pretendemos chegar a mais cidades do Brasil para reinvestir no projeto e ampliar o número de ações", finaliza.
Criadores do projeto Skate Anima (Foto: Divulgação)
Confira, abaixo, as imagens da primeira vez que João Vicente andou de skate! (se não conseguir visualizar, clique aqui).
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