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"A psicóloga aponta que, neste caso, a família não se resume a pai, mãe e irmãos. Mas inclui avós, padrinhos, tios, primos e até mesmo os agregados. Não é uma questão sanguínea, mas de vínculos afetivos que transmitam confiança, já que em algumas situações, como em abrigos, por exemplo, os cuidadores fazem este papel. Com a participação ativa dos familiares, a reabilitação da pessoa com deficiência é efetiva e os resultados esperados em relação à autonomia são alcançados. O primeiro passo para participar do processo é conhecer a fundo o diagnóstico, os recursos e tecnologias disponíveis para não ficar focado apenas na deficiência. As limitações existem, mas não devem impedir a continuidade da vida."
Rosângela observa que a família precisa ter uma referência para conseguir enxergar as possibilidades e evitar a superproteção. Fazer parte de grupos de apoio e conviver com outras pessoas com deficiência em eventos, associações e demais situações sociais viabiliza novas experiências. “Pessoas com deficiência podem ter uma qualidade de vida igual ou até melhor dependendo das oportunidades que são oferecidas a elas. O ideal é que a família e a própria pessoa procurem instituições especializadas na área da deficiência e até mesmo apoio psicológico, um reforço, já que não são todos que tem condições emocionais para o enfrentamento, seja do tratamento ou do processo de reabilitação”, acrescenta."
Apoio familiar foi determinante para deficiente visual superar dificuldades
Leonardo Ferreira, de 31 anos, nasceu com deficiência visual, no interior de Pernambuco. Seu pai procurou diversos especialistas na região com o objetivo de reverter o problema, mas sem sucesso. Esperançoso, decidiu se mudar para São Paulo com a família para proporcionar melhores condições de vida para o filho. Com quatro anos de idade, Leonardo fez um transplante de córnea e pôde enxergar pela primeira vez. Porém, aos 15 anos, perdeu a visão novamente. “Apesar da deficiência visual, consegui estudar, fazer faculdade, casar e construir uma vida razoavelmente estável. Nada seria possível sem o apoio da minha família, que sempre me incentivou desde as tarefas mais simples até na temida hora de andar sozinho”, conta.""Os desafios são constantes – coisas fáceis, como se vestir ou se alimentar, podem ser muito complicadas para um deficiente visual. Ferreira afirma que o incentivo, o estímulo e até mesmo a cobrança são primordiais para o desenvolvimento, especialmente na infância. “Uma família relapsa pode inviabilizar o convívio social da criança e até causar traumas psicológicos irreversíveis”, afirma. “Eu tive uma família vigilante, tanto em relação às minhas necessidades quanto em relação aos meus direitos. Certamente eles foram meu ponto de apoio, talvez meu trampolim para a vida, como qualquer família deveria ser para qualquer pessoa, independentemente de ela ter deficiência ou não”."
Saiba como incentivar a autonomia de um familiar com deficiência
Silvia Costa Andreossi, profissional de Educação Física e Orientação e Mobilidade da Laramara, explica que ter um ambiente de aprendizagem estável e familiar, que proporcione descobertas e desafios, melhora a qualidade de vida da pessoa com deficiência. É essencial ter diferentes experiências, além de tempo para refletir e entender como tudo se relaciona. “Crianças, jovens e adultos com deficiência também aprendem e percebem o mundo de várias maneiras e cabe a nós familiares, profissionais e educadores saber em quais canais sensoriais eles estão buscando informação e oferecer experiências ricas, significativas e funcionais”, esclarece."A especialista dá orientações para que os familiares possam contribuir com a promoção da autonomia:
– Respeitar o desenvolvimento de acordo com a idade cronológica, as especificidades da deficiência e o tempo de cada indivíduo é fundamental;
– Seja criança, jovem ou adulto é importante ter ajuda para reconhecer e se familiarizar com os ambientes, materiais e equipamentos utilizados no dia a dia;
– No início, o ambiente deve ser controlado, sem excesso de estímulos;
– É importante alertar a pessoa sobre situações que possam apresentar riscos, causar constrangimentos ou contratempos;
– Buscar estimulações específicas, atendimento especializado e programas de atendimento com enfoque em diferentes formas de comunicação e envolvimento da família;
– Procurar atividades estruturadas, claras e sistemáticas e estilo de aprendizagem individual para proporcionar experiências significativas e funcionais.
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