Separamos obras para ensinar aos pequenos sobre representatividade e respeito ao próximo
Por Alice Arnoldi para o bebe.abril.com.br
No Brasil, 21 de setembro é conhecido como Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência desde 2005. O objetivo da data é manter acesa a discussão sobre a importância de criar recursos de inclusão na sociedade. Neste ano, esse debate aconteceu em um evento virtual transmitido pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, com o lançamento da campanha “Eu Respeito”, idealizada pela Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Junto com a elaboração de políticas públicas para que a inclusão saia do papel e aconteça na prática, cada família também tem a sua missão de repensar os diálogos inclusivos com os filhos, especialmente para que eles não repercutam expressões ou frases preconceituosas. E para aqueles que são deficientes, é essencial que se tenha em mãos materiais de representatividade, reforçando que não há nada de errado com quem eles são.
Pensando nisso, selecionamos sete livros em que os personagens principais são deficientes. Entre eles, dois ganham um toque ainda mais especial por serem baseados em fatos reais.
1. O menino que via com as mãos – Alexandre Azevedo
Enquanto os amigos exploram o mundo apenas observando-o, a experiência do menino Juquinha é mais profunda. Ele caminha pelos diferentes lugares do mundo tateando as suas superfícies para reconhecê-las. E o motivo disso é que ele é deficiente visual.
O livro mostra aos pequenos como é o mundo de quem precisa do tato para conhecer o seu entorno. E vai além: a obra de Alexandre Azevedo é inclusiva ao trazer a história em braile para que as próprias crianças cegas consigam ler, não nos deixando esquecer que representatividade é importante.
2. Rodas, pra que te quero! – Angela Carneiro e Marcela Cálamo
A pequena Tchela andava para cima e baixo com a sua bicicleta, até que ela descobriu que isso não seria mais possível. E as duas rodas que a levavam para conhecer o mundo, precisaram ser substituídas por quatro de uma cadeira de rodas. E se a tristeza se fez presente logo de cara, a garotinha deu um jeito de se lembrar que as suas aventuras não precisavam ser interrompidas pelo seu novo jeito de andar. Ela estava pronta para continuar a explorar o mundo!
A história desta garotinha de tranças loiras é ainda mais singular por ter sido inspirada em fatos reais. Marcela Cálamo, uma das autoras do livro, é cadeirante desde os seis anos de idade. Mesmo precisando aprender um novo jeito de se locomover, isso não a impediu de tornar-se professora, casar e ser mãe de dois filhos.
3. Pássaro Amarelo – Olga de Dios
Em uma fileira de ovos que estão prestes a quebrar para que novas vidas venham ao mundo, nasce o pássaro amarelo. Do lado de outros bichanos, ele começa a se comparar e percebe que diferente deles, suas asas não cresceram. Só que a portinha da frustração abre o caminho para um pássaro para lá de criativo que, junto com o seu amigo Téo, o macaco carteiro, estão prontos para descobrir um jeito de colocá-lo no ar.
A história é uma bela jornada sobre como os limites físicos não nos impedem de realizar grandes conquistas, especialmente quando bons amigos estão do nosso lado.
4. O silêncio de Júlia – Pierre Coran e Mélanie Florian
Junto com ilustras delicadas, a história de Júlia traz as idas e vindas de como crianças também precisam de um tempo próprio para aprenderem as diferenças que existem entre seus pares e conseguir respeitá-las. É assim quando a garotinha percebe que ganhou um novo vizinho, André. Ele surge mal humorado por ter se mudado da cidade grande, onde tinha vários amigos, para o interior – lugar em que só parecia ter Júlia para brincar.
Ela tenta se aproximar dele, mostrar como é o seu mundo. Mas depois de algumas tentativas frustradas e a explicação da sua mãe de que André não entendia que ela era surda, Júlia recua e espera que as peças se encaixem naturalmente para que ela retome sua autoconfiança e tente uma nova amizade com o vizinho. A história tem uma sensibilidade poderosa de mostrar que, muitas vezes, a falta de conhecimento machuca o outro e por isso precisamos falar sobre diversidade.
5. Tudo bem ser diferente – Todd Parr
O autor Todd Parr é conhecido por suas séries de livros que tratam de assuntos subjetivos, mas que merecem um espaço importante no diálogo com as crianças. Inclusive, é o que aparece na sua obra “Tudo bem ser diferente”.
Com ilustrações e frases mais simples, o pequeno terá contato com a diversidade física que as pessoas podem ter. Seja ela uma diferença física, como dentes a mais ou a menos, ou o formato diferente do cabelo. Seja uma deficiência física, que pede um novo jeito de encarar o mundo. Pela simplicidade da história, o livro é uma ótima aposta para os menores.
6. Clara, a ovelhinha que falava por sinais – Cristina Klein
Começar em uma escola nova não é um processo fácil e não foi diferente com a ovelhinha Clara. Só que mais do que precisar fazer novos amigos e entender o que era o tempo longe da família, ela estava ali para aprender a linguagem de sinais, pois era deficiente auditiva.
Como a maioria dos começos em que o medo toma conta de nós, ela não gosta da escola e não vê a hora de sair daquele lugar. Mas com o passar dos dias, ela vai aprendendo os sinais, consegue se comunicar, ser entendida e assim fica mais fácil administrar a ideia de ter amigos com quem consegue dividir tudo o que está pensando, sentindo e querendo. O nome disso é inclusão!
7. A vida com Logan – Flavio Soares
Mesmo com tanto carinho e nobreza, crianças com deficiência acabam se deparando com um mundo que não é tão gentil com elas, especialmente quando menores. Mas no livro de Flavio Soares, ele conta a história do seu filho Logan com Síndrome de Down com um olhar mais delicado: ele é focado em contar para outros pais sobre a beleza que existe em enxergar o mundo com os olhos do pequeno.
A obra mostra o dia a dia de Logan, desde a chegada na escola, a relação com os amigos, a preparação das atividades pela professora, e a superação dos desafios diários que surgem. No final do livro, há também uma sequência de fotos do próprio Logan para que o público possa conhecê-lo para além das ilustras e informações importantes sobre a Síndrome de Down.
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