Os especialistas deram destaque à presença de cinco espécies que já haviam sido relacionadas à saúde neural em investigações anteriores
A expectativa é de que os dois trabalhos contribuam para o desenvolvimento de diagnósticos mais apurados, considerando as limitações atuais. Hoje, a identificação do transtorno depende quase exclusivamente de avaliação médica. “Queríamos ver se crianças de 3 a 6 anos com esse problema de saúde poderiam abrigar um microbioma que se diferenciasse significativamente daquelas com desenvolvimento típico. Isso pode nos ajudar a encontrar a enfermidade e já entrar com um tratamento precoce”, relatam os autores do primeiro estudo, liderado por Siew Ng, da Universidade de Hong Kong.
Para isso, foram selecionadas 128 crianças, sendo 64 diagnosticadas com TEA. Os pesquisadores avaliaram a quantidade e a variedade das bactérias presentes no intestino dos voluntários, por meio de análise de amostras de fezes. Constatou-se que a quantidade de micro-organismos presentes no material colhido de crianças sem autismo era maior e mais variada. Os especialistas deram destaque à presença de cinco espécies que já haviam sido relacionadas à saúde neural em investigações anteriores.
“Nosso estudo mostra, pela primeira vez, que a microbiota intestinal de crianças com autismo está atrasada em relação à de seus pares da mesma idade. Além disso, a dieta não está relacionada a essa diferença”, relatam no artigo. “Terapêuticas futuras visando a reconstituição da microbiota intestinal podem ser pensadas com base nesses dados, e exames que avaliem esse fator mais minuciosamente podem contribuir para que o tratamento seja feito mais cedo”, indicam.
Genética
No segundo estudo, cientistas da Universidade de Washington avaliaram dados genéticos de 10.905 pessoas com autismo e identificaram uma classe rara de variantes genéticas que são passadas por pais sem o transtorno. “Nos concentramos em mutações hereditárias raras, que são pouco estudadas no TEA, e encontramos mais de uma dezena delas”, afirma, em comunicado, a pesquisadora Amy B. Wilfert.
As mutações genéticas identificadas também diferem de outras alterações do DNA relacionadas ao transtorno. “Curiosamente, a grande maioria dessas variantes (95%) não é encontrada em genes já conhecidos como genes do autismo, indicando que há muito mais a ser aprendido sobre a genética do TEA”, complementa a cientista. Os especialistas destacam que dados de um número maior de pessoas precisa ser avaliado para dar mais validade ao estudo.
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