Documentário apresenta a trajetória de um casal decidido a garantir que seu filho com síndrome de Down exerça o direito de estar (e permanecer) na escola
Beatriz Gatti para o revistagalileu.globo.com
Enquanto para alguns pais o início da vida escolar de seus filhos é apenas uma experiência de desprendimento, para Olivier e Hilda Bernier esse processo é muito mais complexo. Por ter síndrome de Down, o filho do casal, Emilio, enfrenta um longo caminho até que consiga ter seu primeiro dia de aula, aos 3 anos. E é em torno dessa luta que gira o documentário Um Lugar para Todo Mundo, cujo lançamento acontece às 23h59 desta segunda-feira (20), no canal a cabo GNT.
Apesar de já ter trabalhado com adolescentes com deficiência como professora de educação especial no ensino médio, a porto-riquenha Hilda Bernier não tinha dimensão da importância de um ensino inclusivo até dar à luz e planejar a ida de Emilio à escola em Nova York, nos Estados Unidos, onde a família vive.
Logo após o parto, no dia 3 de maio de 2016, o médico informou o casal de que o recém-nascido apresentava algumas características físicas que poderiam estar associadas à trissomia do cromossomo 21, também conhecida como síndrome de Down. E de fato estavam.
“Eu acho que essa é a grande mágica do filme: a gente assiste e vai percebendo as coisas no mesmo momento em que ele [Olivier], enquanto cineasta e pai, também está descobrindo”, comenta Marcos Nisti, um dos produtores do filme, em entrevista a GALILEU.
Fruto da parceria entre as produtoras Rota6 e Maria Farinha Filmes, o documentário — dirigido pelo próprio Olivier — acompanha a trajetória do casal do nascimento de Emilio até o momento de mandá-lo para a escola.
Mas não é tão simples quanto pode parecer. Embora o acesso à educação seja direito de toda e qualquer criança, cerca de metade dos mais de 100 milhões de meninos e meninas com deficiência no mundo não frequenta uma instituição de ensino, segundo estima a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na cidade de Nova York, por exemplo, é preciso que o departamento de educação tenha criado um Programa de Educação Individualizado (PEI) para a criança. No filme, Emilio é submetido a uma série de testes e avaliações que têm como objetivo definir seu PEI e, então, recomendar em qual estilo de turma ele mais se adequa — uma classe somente com colegas com deficiência e auxiliares ou uma turma que de fato o inclua.
“É um modelo altamente excludente”, afirma a diretora de educação e cultura da infância do Instituto Alana, Raquel Franzim, sobre o que viu no filme. “Sendo a educação um direito humano, não deve haver condições para acessá-lo. A escola é um lugar de oportunidade, e não de capacidade”, argumenta a GALILEU.
Foi justamente no sentido de promover o desenvolvimento integral da criança que o Instituto Alana organizou a edição de 2018 do Videocamp Film Fund, pensado para financiar produções com impacto social no tema da educação inclusiva e selecionou a proposta de Um Lugar para Todo Mundo.
O documentário mostra que esse “lugar para todo mundo” não é utópico nem irrealizável: ele funciona muito bem em escolas públicas inclusivas em outros estados norte-americanos. Turmas regulares formadas por alunos com e sem deficiência são um sinal de benefícios para a instituição como um todo, que oferece professores mais bem preparados e melhores recursos e infraestrutura escolar.
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