Apaixonada por cavalos crioulo, Rubia Collect era uma jovem que queria mudar o mundo. Antes que pudesse o fazer, no entanto, um infortúnio: em 2008, quando tinha apenas 17 anos de idade, Rubia faleceu, vítima de um erro médico. Ela se foi, mas seu sonho ficou guardado e acabou sendo descoberto por sua irmã, Rosana, que encontrou um pré-projeto de equitação para crianças escrito pela jovem na página de um dos livros de colégio dela.
A família, que já era envolvida com a filantropia, desenvolvendo projetos de assistência social, resolveu então honrar o grandioso sonho da irmã, homenageando-a. Mudaram-se do município de Castro, nos Campos Gerais do Paraná, para a Região Metropolitana de Curitiba (RMC), onde fundaram, em 2013, a EquoSorriso - Equoterapia e Equitação Lúdica, que desde sua criação já atendeu mais de 500 crianças em São José dos Pinhais.
No início, conta Rosana, o projeto era só de equitação, oferecendo aulas para quem quisesse aprender a andar a cavalo. Até que um dia uma mãe pediu que fosse atendido o seu filho, que tinha deficiência. A partir dali surgia um novo enfoque para o projeto, hoje mais voltado para a equoterapia, efetivamente, do que para a equitação em si.
Atualmente, por exemplo, a EquoSorriso atende 37 crianças que têm os diagnósticos de autismo, síndromes raras e paralisia cerebral. Além deles, também são atendidos idosos que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou sofrem com a doença de Parkinson e pessoas com ansiedade, depressão e síndrome de burnout.
Com o método terapêutico, que utiliza cavalos numa abordagem multidisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, os jovens que participam do projeto conseguem aumentar a integração social e fortalecer os músculos, o equilíbrio e a coordenação motora, funcionando como um tratamento complementar para indivíduos com necessidades especiais. E isso tudo acontece, explica Rosana, através do movimento do cavalo, do cavalgar.
“Autismo, por exemplo, as crianças costumam vir com cerca de quatro anos e ainda não tem a formação da dicção, balbuciam muito. Quando começa a equoterapia, o movimento do cavalo faz o maxilar e a atividade cerebral se intensificar. Fazemos também muito estímulo da parte lúdica, para que ele possa falar, soltar as palavras”, explica Rosana. “Com o adulto, um idoso com AVC, por exemplo, trabalhamos a parte fisioterápica. O cavalo leva estímulo para quem está montado. Quanto mais exercícios em cima do cavalo, mais atividade cerebral, que são sinapses”, explica.
Em algumas situações, em que crianças são acometidas por síndromes raras e possuem uma determinada estimativa de vida, o esforço é para dar qualidade de vida aos pacientes. Noutras, o objetivo já é melhorar a capacidade de integração social do paciente.
“Muitas crianças tem receio mesmo, choram no primeiro contato. A primeira sessão geralmente dura meia hora, 40 minutos. Aproximamos a criança do cavalo, ela passa a mão e, em alguns casos, damos alguma coisa para ela dar de alimentação. Fazemos isso uma ou duas aulas. Depois a equitadora sobe com a criança, faz uma montaria dupla, para a criança se sentir segura. Ela se sentindo segura, a equitadora sai e ela fica sozinho no cavalo para começar a andar sozinha”, conta ainda Rosana, que é fundadora e diretora da EquoSorriso.
Muito além da equitação: um centro de potencialização da infância
A EquoSorriso, no entanto, não se limita à equoterapia. Na verdade, o espaço é um centro de potencialização da criança, explica Rosana Collect, desenvolvendo projetos ligados à natureza e utilizando essa natureza em favor da criança. No local, por exemplo, há o projeto Bike Sorriso, que ensina crianças a andarem de bicicleta, já que algumas não conseguem fazer o movimento do pedal (especialmente autistas). Outra iniciativa que está sendo implementada é o Jardim Sensorial.
“É o desperdar dos cinco sentidos das crianças, principalmente paladar e olfato. Muitas crianças não se alimentam direito por causa dos temperos das comidas, tem aversão. No Jardim Sensorial fazemos eles manipular esses temperos, cheirar, pegar, para que tenham memória olfativa, cheguem no prato de comida e não sintam aversão àquilo por causa do cheiro. Eles ficam com ânsia por causa do cheiro e não se alimentam, o que acarreta um monte de coisa: dose do medicamento aumenta, criança emagrece, é um complicador grande”, comenta Rosana. “Temos também uma horta familiar, cada família vai ter um canteiro, vamos fazer eles plantarem e levar pra casa. E a nossa cozinha infantil, cuja ideia é que as crianças tirem a comida da horta e façam a própria comida na cozinha, se alimentando antes de irem para escola”, complementa.
Serviço
Projeto EquoSorriso Equoterapia
O que é: uma iniciativa que utiliza a equitação como uma forma de terapia, garantindo benefícios diversos aos pacientes, melhorando suas condições física, motoras e psicossociais. Participam do projeto jovens autistas e com deficiências, idosos que sofreram AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou estão enfrentando a doença de Parkinson e também pessoas que sofrem com ansiedade, depressão e síndrome de burnout. Trabalham com planos de saúde, particular e também atendem gratuitamente pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Como funciona: A equoterapia impacta o corpo da pessoa através do movimento do cavalo, do andar dele, o que faz com que a atividade cerebral se intensifique. Isso ajuda crianças com autismo a melhorar a dicção; adultos com síndrome de burnout a ativar os neurotransmissores; e serve ainda como fisioterapia para idosos que sofreram um AVC, por exemplo.
Redes sociais: @equosorrisoequoterapia
Como ajudar: O projeto aceita voluntários atuantes nas mais diversas áreas e também está em busca de investidores sociais, empresas que fazem doação direta na operação. Também aceitam contribuições financeiras de pessoas físicas, doação de móveis, equipamentos de fisioterapia e itens para a criação de um jardim sensorial. Para mais informações, basta entrar em contato via redes sociais ou pelo telefone abaixo.
Telefone: (41) 99753-4439 – Rosana Collect
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