sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Sem apoio, crianças com deficiências perdem conteúdo, têm horário cortado e deixam escola


Cayo Grandis, 12 anos, tem autismo e está fora da escola Rebecca Maria — Foto: Rebecca Maria

Cayo Grandis, de 12 anos, está fora da escola há três anos. Autista intermediário, o menino sofre com o despreparo de escolas públicas e privadas de lidarem com sua condição. Sem professor de apoio ou com esse profissional sendo substituído muitas vezes ao longo do ano, a criança acabava isolada, sem trabalho pedagógico adequado e, às vezes, correndo até risco pela sua segurança, segundo a mãe.

— Numa escola privada que ele estudou, a professora o levava para a sala do castigo quando tinha crises e gritava. Na pública, eu ficava do lado do lado de fora esperando por ele. Uma vez eu o vi saindo sozinho e estava quase atravessando a rua. Por sorte, eu estava lá, na porta da escola — conta Irene Alves, mãe de Cayo, que busca uma nova escola para a criança em 2023. — Tenho me informado sobre escolas e já vou visitar algumas. Mas vamos ver se alguma vai me receber. Já sofri muito preconceito por isso. Além disso, vou tentar pagar alguém para acompanhá-lo durante as aulas.

No fim de agosto, um estudo da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais e da Unesco mostrou que apesar de o número de estudantes com deficiência matriculados no ensino fundamental ter aumentado entre 2013 e 2017, parte deles abandona as escolas durante o ensino regular ou quando mudam de nível educacional.

— Na transição entre as etapas, a gente percebe que os alunos, em geral, mesmo os sem deficiência, abandonam as escolas. No final do 4º e início do 5º ano, a gente percebe de forma evidente, assim como no final do 9º ano e início do ensino médio. Entretanto, essa perda, no caso entre os alunos com deficiência, é maior — explica Valéria Oliveira, do Núcleo de Pesquisa em Desigualdades Escolares (Nupede) e uma das coordenadoras do estudo.

Especialistas em educação e famílias de crianças com deficiência apontam que uma série de barreiras prejudica a retenção desse estudante. Um deles é a falta de professores de apoio, um profissional docente responsável por garantir atenção pedagógica especializada ao aluno com deficiência. Outra figura que faz falta é a do funcionário que auxilia essas crianças da porta da sala para fora, em cuidados diversos que eles necessitam.

É comum que as escolas reduzam o tempo de atendimento dessas crianças em apenas duas horas por dia ou que solicitem a presença de um parente do aluno o tempo todo dentro da sala de aula. Moradora de São Paulo, Rosinete Pongelupe foi avisada pela escola que precisa acompanhar o filho durante o recreio. Sem a presença dela, ele não pode ficar no colégio.

Leia a matéria completa em globo.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário