quarta-feira, 30 de abril de 2014

Programa de capacitação profissional para pessoas com deficiência oferece mais de 1.6 mil vagas


A Avape (Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência) está com inscrições abertas para programas de capacitação profissional que visam preparar pessoas com deficiência ou em situação de vulnerabilidade social para oportunidades no mundo do trabalho.
No total, a Instituição possui mais de 70 cursos que contemplam: serviços administrativos, escriturário bancário, recepção, almoxarifado, telemarketing, vendas, faturamento, copa, manutenção predial, hotelaria, lavanderia, turismo e hospitalidade, alimentação de linha de produção, logística, vestuário, telemática, saúde, estética, manicure, pedicure, cabelo, depilação, petshop, entre outros.
Além disso, há ainda vagas para capacitação oferecidos a partir de parcerias com instituições públicas e privadas. Abaixo, seguem detalhes destes projetos.
Capacitação em Informática
Na área de informática, a Avape está 500 vagas abertas para os cursos oferecidos nos Centros de Tecnologia Inclusiva – POETA em Santo André, São Paulo (no bairro do Belenzinho, Zona Leste), Brasília, Curitiba e João Pessoa.
O Programa POETA (Parcerias para Oportunidades de Emprego por meio da Tecnologia nas Américas) é uma iniciativa internacional voltada à realização de cursos de informática e com tecnologia adaptada para capacitar pessoas com ou sem deficiência e em vulnerabilidade social, aumentando as chances de colocação no mercado. Outro diferencial do projeto é que a comunidade pode utilizar gratuitamente as instalações destes centros como lan house.
Informações sobre inscrições podem ser obtidas nas próprias unidades. Abaixo, os contatos:
Centro POETA Santo André: (11) 4993-9200
Centro POETA São Paulo (Belenzinho, Zona Leste): (11) 2081-3821
Centro POETA Brasília: (61) 3387-5658 ou enviar e-mail para osjcpcd@gmail.com
Centro POETA Curitiba: (41) 3333- 6921 e (41) 3333-6464
Centro POETA João Pessoa: (83) 3021-5094
Capacitação em finanças
Em parceria com a Mastercard e a The Trust for The Americas, serão 150 vagas abertas no Centro Poeta de São Paulo para o curso de capacitação na área de finanças pessoais para jovens de 16 a 30 anos com deficiência ou em situação de vulnerabilidade social.
O projeto de capacitação oferece para esses jovens a oportunidade de se reciclar e aprender noções de finanças como um diferencial competitivo para o mercado de trabalho.
Informações sobre inscrições podem ser obtidas pelo telefone 4993-9200.
Capacitação em parceria com o Governo do Estado de SP
O projeto Via Rápida, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, está oferecendo atualmente 960 vagas para pessoas com deficiência em cursos como: assistente administrativo, logística, agente de turismo, repositor, vendedor, comércio varejista, informática, recepção, entre outros.
Os cursos são divididos em cargas de 100 horas (20 dias úteis) ou de 230 horas (46 dias úteis). Para se inscreverem nos cursos de 230h, os candidatos precisam ser alfabetizados. Já para os cursos de 100h, os candidatos devem ter ensino médio completo ou já ter participado de algum curso de 230h.
Inscrições no site Via Rápida, no campo “Inscreva-se” – www.viarapida.sp.gov.br. Os candidatos selecionados serão informados por meio de telefonema ou telegrama enviados pelos correios e/ ou email.
Sobre a Avape
Fundada em 1982, a Avape é uma organização filantrópica de assistência social, que atua no atendimento e na defesa de direitos, oferecendo um trabalho completo que engloba o atendimento clínico, o desenvolvimento de competências para o convívio social, a reabilitação e capacitação profissional, além da inclusão no mundo do trabalho. Atende pessoas com todos os tipos de deficiência ou em situação de vulnerabilidade social, do recém nascido ao idoso, promovendo as competências dessas pessoas visando à sua autonomia, segurança e dignidade para o exercício da cidadania. Em 2013, mais de 12 mil pessoas foram atendidas e, ao longo de sua trajetória, promoveu a inclusão de mais de 20 mil pessoas com deficiência no mundo do trabalho.
Para saber mais sobre o trabalho da Avape, acesse www.avape.org.br
- See more at: http://www.movimentodown.org.br

*Crédito da foto: Vitor Madeira/Imagens do povo

sábado, 26 de abril de 2014

A Síndrome de Down e os esportes



Nos primeiros anos de vida, a estimulação precoce é fundamental para o desenvolvimento do bebê com síndrome de Down. Passada esta fase, o esporte é um aliado importante para promover o fortalecimento muscular e a socialização, entre outros benefícios. Veja abaixo o passo a passo para que a criança ou o adolescente comece a prática esportiva.
1)     Descubra todas as vantagens que os esportes podem oferecer
De modo geral, praticar esportes melhora a saúde, promove o fortalecimento muscular e o condicionamento cardio-respiratório, além de previnir obesidade e osteoporose. “A prática esportiva também é ótima para a socialização, integração sensorial, conhecimento do corpo e seus limites e desenvolvimento de autoestima”, explica Ana Claudia Brandão, pediatra especialista em síndrome de Down e colaboradora do Movimento Down.
2)     Avaliação médica
O primeiro passo é fazer uma avaliação médica e/ou ortopédica para saber se a criança apresenta instabilidade atlanto-axial ou outro problema específico que precise ser levado em consideração para a prática de esportes.
3)     Descubra o que a criança ou o adolescente tem vontade de praticar
Antes de buscar o melhor esporte para a pessoa com síndrome de Down, é muito importante descobrir qual é o melhor esporte para aquela criança ou adolescente. “Muitas vezes os pais acreditam que determinado esporte é bom para pessoas com SD e, sem consultar a criança, a matriculam. A criança precisa estar motivada para a prática esportiva, precisa ter determinadas habilidades, e sem isto, em vez de ser uma atividade prazerosa, vira um sacrifício”, explica Ana Claudia Brandão, pediatra especialista em síndrome de Down e colaboradora do Movimento Down.
4)     Atenção para os esportes que precisam de maior supervisão
Ana Claudia explica que não há esportes proibidos, mas alguns demandam maior atenção e cuidado por conta de características específicas da síndrome de Down. “Os esportes que necessitam de alguma ‘truculência’ ou muita movimentação do pescoço, como o boxe ou o rugby, precisam ser bem supervisionados por causa da instabilidade atlanto-axial”, afirma. A corrida também é um esporte que requer atenção. “Devido à hipotonia e maior frouxidão dos ligamentos, pode ocorrer sobrecarga nas articulações. É importante, neste caso, um trabalho de musculação associado ao treino de corrida, tudo sempre supervisionado por profissionais capacitados (educador físico, fisioterapeuta e médico)”.
5)     Atenção aos profissionais de educação física
É muito importante que o profissional de educação física responsável pela criança ou adolescente esteja atento a possíveis alterações ortopédicas e saiba motivar o aluno dentro de suas potencialidades. “Ele (a) deve estimular a superação sem exageros que possam comprometer a saúde das suas articulações ou sua saúde mental”, alerta Ana Claudia Brandão.


quarta-feira, 23 de abril de 2014

Meu filho autista está sendo abusado?

Laurel Joss | 5 e 7/8/2013 | Autism Daily Newscast |
Tradução: Argemiro Garcia





O abuso de crianças é um problema sério e, quando, o seu filho tem autismo, os riscos são ainda maiores. Crianças com autismo podem ter dificuldade em comunicar aos pais ou outros adultos os incidentes de abuso. Também podem ter dificuldade em reconhecer que uma certa forma de interação não é aceitável, e até achar que quem o faz é seu amigo. Muitos dos sinais que pais comuns procuram podem ser mais difíceis de detectar em uma criança que apresenta comportamentos repetitivos e interações sociais limitadas.

O noticiário está repleto de histórias perturbadoras de abuso contra crianças e adultos com autismo. Uma mulher em Sweetwater, Flórida, foi presa sob a acusação de confinar seu filho adulto em uma sala vazia contendo apenas um colchão, sem acesso a comida, água ou instalações sanitárias por horas a fio. Os pais de um menino de 10 anos em Cherry Hill, New Jersey, ficaram chocados ao ouvir o abuso verbal e conversa explícita sobre a bebida e atividade sexual do professor de seu filho e assessores na sala de aula depois de enviá-lo para a escola com um microfone escondido. Um adolescente foi amarrado a uma mesa e eletrocutado mais de 31 vezes em uma escola em Massachusetts.

Como pais, queremos proteger os nossos filhos e confiar nos profissionais de que dependemos para ajudá-los a ter a melhor educação e serviços possíveis. A maioria dessas pessoas são amáveis, maravilhosas, que realmente querem ver essas crianças crescer e se desenvolver, mas há algumas maçãs podres no grupo. Quais são os sinais de alerta que os pais devem procurar, para ajudar seu filho, especialmente quando é incapaz de comunicar o que acontece?

Estes são sintomas que podem sinalizar a necessidade de uma investigação mais aprofundada:
  1. Relutância em retirar a roupa, como casacos ou blusas, para esconder hematomas ou outras marcas
  2. As notas caem de repente, sem motivo aparente
  3. Usar mangas compridas / calças em clima quente
  4. Alterações emocionais - uma criança feliz subitamente se torna grudenta ou chorona
  5. Súbita perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas
  6. A criança de uma hora para a outra começa a bater, morder, ou infligir ferimentos em outras pessoas ou animais
  7. A criança de uma hora para a outra se despe na frente dos outros
  8. Interesse ou conhecimento anormal ou incomum sobre sexo
  9. De repente, passa a evitar certos adultos
  10. Contusões em lugares que normalmente não ficam machucados, como a parte de trás da coxa

Muitos desses sintomas podem ser explicados por outras coisas que não o abuso infantil, mas se você notar bruscas mudanças de personalidade no seu filho, que não podem ser explicadas por algo como uma doença ou outros problemas em casa, você deve investigar. Se o seu filho está voltando para casa da escola com hematomas ​​ou marcas inexplicáveis, ou de repente mostra aversão a ir à escola, algo pode estar acontecendo.

Proteger o seu filho autista de abuso

A melhor maneira de lidar com o abuso de crianças é a prevenção, em primeiro lugar. Nenhum pai quer ver seu filho se tornar uma vítima, e quando o seu filho tem necessidades especiais, os riscos podem ser ainda maiores. Muitos abusadores vêem as crianças com necessidades especiais como alvos fáceis, porque não podem compreender os limites entre os comportamentos adequados e inadequados e, muitas vezes, têm dificuldade de comunicar para outros adultos o que aconteceu. É por isso que é tão importante que os pais tomem precauções extras e capacitem seus filhos a entender que têm o direito de se proteger de abusos.

Aqui estão algumas orientações que os pais de crianças com deficiência podem usar ​​para protegê-las de abusos:
  1. Conheça todas as pessoas que trabalham com a criança. Visite salas de aula, creches, ou qualquer outro lugar onde a criança passa o tempo com outros adultos. Apresente-se a todos os funcionários, e faça aparições frequentes nos eventos da escola ou da comunidade. Os abusadores são menos propensos a visar crianças que têm famílias amorosas e presentes.
  2. Ensine seu filho sobre os comportamentos adequados e inadequados, incluindo bater, chutar, gritar, e o toque sexualmente impróprio. Se o seu filho é muito jovem para aprender sobre sexo, ainda assim é recomendável que o ensine sobre as partes íntimas do corpo e explique ao tocar o que é e o que não é apropriado. Há muitos livros e sites que oferecem histórias sociais para estes tipos de situações.
  3. Comunique-se com seu filho. Se o seu filho é não-verbal ou tem limitadas as habilidades de comunicação, use uma agenda PECS ou outro meio de comunicação para falar sobre as coisas que estão acontecendo na escola. Nunca despreze a indicação de uma criança de que estaria acontecendo abuso.
  4. Converse com professores, funcionários e outros pais regularmente. Muitas vezes, os outros pais vão perceber quando algo não está bem e podem ajudá-lo a entender o que está acontecendo.
  5. Ensine seu filho a dizer "não". Muitas terapias para o autismo e outras deficiências focalizam na concordância e essas crianças podem, literalmente, começar a acreditar que não têm o direito de dizer não, especialmente para um professor ou uma figura de autoridade. Permita a seu filho dizer "não" no momento adequado em casa e respeite-o.
  6. Nunca ignore o seu pressentimento de que algo está errado. A intuição dos pais é poderosa, e pais de crianças com deficiência muitas vezes têm a tendência de transferir para "especialistas" decidir o que é melhor para seus filhos. Se uma pessoa ou conjunto de situações em particular acionar o alarme interno, respeite o seu sentimento e investigue. É melhor pedir desculpas mais tarde por uma reação exagerada do que o seu filho se tornar uma vítima de abuso.

O mundo pode ser um lugar assustador, especialmente quando o seu filho já tem grandes desafios. Tomar estas medidas pode proteger as nossas crianças, e as tornará menos propensas a ser vítimas de abuso.

Autism Daily Newscast

Is my Autistic Child being Abused? What to Look For

August 5, 2013 by Laurel Joss
http://www.autismdailynewscast.com/is-my-autistic-child-being-abused-what-to-look-forook-for/1686/laurel-joss/

quinta-feira, 17 de abril de 2014

O paciente Down no Dentista


A Síndrome de Down é a mais comum das síndromes humanas. Sua primeira constatação foi feita em 1866 pelo médico inglês Langdon Down que, de imediato, chamou-a de idiotia mongoliana ou mongolismo. O termo mongolismo surgiu devido à semelhança física dos portadores da Síndrome de Down com a população mongólica. Mas o termo mongolismo não aparece nas publicações da Organização Mundial de Saúde desde 1985 - ele não é mais utilizado.
A Síndrome de Down atinge pessoas de ambos os sexos e de todas as classes sociais e é causada pela presença de um cromossomo a mais no par 21, fazendo com que a pessoa apresente 47 cromossomos no total. Por esse motivo, a Síndrome de Down também pode ser chamada de Trissomia do cromossomo 21.
Os portadores de Síndrome de Down apresentam algumas alterações, entre elas podemos citar: mãos largas com dedos curtos, anomalias cardíacas, olhos pequenos e oblíquos e pescoço largo e curto.
Todos esses problemas descritos acima exigem uma ampla dedicação dos pais à criança portadora de Síndrome de Down. Por exigir muitos cuidados, alguns pais acabam deixando de lado questões fundamentais, como a preocupação com a saúde bucal da criança.


A Síndrome de Down e a Odontologia

A criança portadora de Síndrome de Down, assim como qualquer criança, deve ser levada ao dentista ainda no primeiro ano de idade, antes mesmo do nascimento dos primeiros dentes.
Ao tratar de um paciente portador da Síndrome de Down, o cirurgião-dentista deve estar atento, primeiramente, às limitações desse paciente. Depois, é preciso conhecer os diferenciais que esses pacientes apresentam, principalmente quando falamos dos aspectos craniofaciais e bucais.


Tratamento diferenciado

O profissional deve ficar atento a algumas alterações comuns nesses pacientes, pois elas podem servir, inclusive, para diagnosticar a Síndrome de Down. Entre as alterações de ordem geral, dental e craniofacial presentes nesses pacientes, podemos citar o atraso na erupção dos dentes, a baixa incidência de cáries e a alta suscetibilidade a doenças periodontais.

Erupção tardia
Mesmo apresentando mineralização completa, os dentes dos portadores de Síndrome de Down podem sofrer atraso na erupção. A dentição decídua também pode apresentar alteração na seqüência e os casos de anomalias dentárias são freqüentes. Estima-se que mais de 80% dos pacientes com Síndrome de Down apresentem alterações na estrutura dentária e desarmonias oclusais.

Baixa incidência de cáries
Com relação à baixa incidência de cáries, os autores que pesquisaram sobre o assunto, entre eles Creighton & Wells, são unânimes em afirmá-la. Uma das possíveis causas para isso seria a erupção retardada dos dentes, além de uma composição salivar diferenciada.
A morfologia dentária dos portadores de Síndrome de Down também é diferente. A pouca presença de fóssulas e fissuras e as superfícies oclusais mais planas (conseqüência do bruxismo) também podem ser responsáveis pelo baixo índice de cárie nesses pacientes.

Doenças Periodontais
Ao contrário das cáries, que não são muito freqüentes quando comparadas a pacientes normais, os portadores de Síndrome de Down apresentam um alto índice de doenças periodontais.
A doença periodontal em pacientes portadores de Síndrome de Down mostra-se precoce e severa. As deficiências motoras e neurológicas dificultam a higienização bucal desses pacientes, tornando as doenças periodontais mais presentes.
Entretanto, a principal causa do alto índice de doenças periodontais talvez seja a deficiência imunológica comprovada, em que o organismo apresenta dificuldade para combater as bactérias presentes no biofilme dental.
A dificuldade em se combater as bactérias faz com que as doenças periodontais sejam mais agressivas nesses pacientes, desenvolvendo-se mais rapidamente. Tanto a dentição decídua quanto a permanente podem ser afetadas, podendo causar mobilidade dentária, presença de cálculo dental, reabsorção óssea severa ou, ainda, perda precoce dos dentes.
O alto índice de doenças periodontais em pacientes portadores de Síndrome de Down reforça a importância de uma boa higiene bucal. É importante que os pais levem seus filhos freqüentemente ao dentista e que o profissional de odontologia também fique atento a esses diferenciais.


Um tratamento especial

O atendimento a portadores de Síndrome de Down deve ser feito levando-se em consideração todos os diferenciais desses pacientes. Se o paciente freqüentar o consultório dentário desde a infância, o tratamento torna-se mais simples.
Os portadores de Síndrome de Down, assim como os demais pacientes especiais, apresentam certa dificuldade em encontrar tratamento odontológico. Isso acontece devido ao despreparo dos profissionais.

As faculdades de Odontologia do país não costumam colocar a disciplina “Odontologia para Pacientes Especiais” em suas grades curriculares e os alunos saem despreparados para lidar com esse tipo de paciente. Assim como em qualquer paciente, quanto antes as visitas ao dentista começarem, mais simples serão os procedimentos.

Estudos comprovam que um paciente especial que comece a freqüentar o dentista ainda no primeiro ano de vida pode ser tratado normalmente e reage bem ao tratamento. Eles costumam ser amorosos e fáceis de lidar, possibilitando um tratamento odontológico tranqüilo. Quando a criança está acostumada com o seu dentista, quase não há necessidade de anestesia geral para a realização de procedimentos.
É importante que a família procure um profissional capacitado para o atendimento aos pacientes portadores de síndromes e outras necessidades, todo o sucesso do tratamento depende de uma boa interação paciente/profissional.

Dra. Kátia Jara

Fonte: www.sorrisoespecial.com.br

terça-feira, 15 de abril de 2014

Cuidados de saúde para as pessoas com Síndrome de Down




O site Movimento Down disponibiliza uma publicação com as orientações do Ministério da Saúde, em formato acessível, para que pessoas com síndrome de Down tenham acesso a informações sobre sua própria saúde.

Saibam como ter acesso ao material no link: http://bit.ly/1hcjLyb

terça-feira, 8 de abril de 2014

Maus tratos à criança

O texto a seguir, embora se refira especificamente aos maus tratos à criança em geral, também se aplica às crianças portadoras de necessidades especiais. Não há um estudo oficial a este respeito, mas certamente que alguns adultos, principalmente não sendo parentes, tendem a não ter a paciência necessária no trato com estas crianças ou a abusar de suas vulnerabilidades. Portanto, pais e mães ou responsáveis, é sempre bom prestarem atenção aos sinais descritos no texto.

Criança dá sinais quando é maltratada pelo padrasto ou madrasta.

Com tantas notícias sobre a violência praticada por padrastos e madrastas contra crianças e adolescentes, surge o receio de estar abrigando o inimigo na própria casa. Por mais improvável que possa parecer, nem sempre o pai ou a mãe percebe os maus tratos que o filho recebe do novo cônjuge.
"Infelizmente, na maioria das vezes, os pais não enxergam ou não aceitam. Frequentemente, o Conselho Tutelar intervém por meio de denúncias de vizinhos ou parentes. O pior momento é a hora conversar com os pais. E  o que é mais triste: eles culpam a criança", relata Sônia Onofre da Silva, vice-presidente do Conselho Tutelar de Arapongas (PR), que lida diariamente com conflitos familiares e situações de risco.
A violência pode ser física, psicológica, sexual ou envolver negligência. Cada forma de agressão é capaz de produzir sintomas diferentes. Entretanto, existem sinais de alerta que costumam se repetir.
"Geralmente, crianças que sofreram violência podem apresentar mudança de comportamento (ficando mais retraídas ou mais agressivas) e retrocesso em seu desenvolvimento", explica Laura Cristina Eiras Coelho Soares, doutora e mestre em Psicologia Social pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), autora de duas teses acerca de famílias recasadas e seus desafios.
Fazer birra para comer além do normal, emburrar por qualquer motivo ou tornar-se uma criança triste são algumas das mudanças que Sônia Onofre observa nos casos de abuso. Além disso, a conselheira destaca que é importante notar quando o filho pede a todo momento para dormir na casa da avó, da tia, do amigo ou só quer ficar na rua. "Quando a criança começa a não se sentir bem dentro de casa é o alerta de que algo errado está acontecendo".
Se existe uma relação conflituosa ou incômoda, é comum a criança se retirar do ambiente ou mudar de lugar quando o padrasto ou a madrasta se aproxima. Filhos que param de brincar ou não demonstram mais prazer em estar com a família também devem ser atentamente observados, diz Sônia.
Apesar de servirem de sinais de alerta, a presença desses sintomas não é suficiente para determinar a existência de maus tratos. Segundo Laura Soares, acompanhar a criança de perto continua sendo a melhor forma de perceber se há algum problema.
"Estar próximo do filho, atento às mudanças de comportamento e estabelecer uma relação de confiança e amplo diálogo auxilia nessa percepção, mas não será garantia de que seu filho não sofrerá violência. Os pais podem buscar ajuda profissional caso observem essas alterações, pois não necessariamente serão decorrentes de violência", diz a psicóloga.
Omissão e violência
Em alguns casos, os pais estão até cientes dos abusos ou agressões, mas se omitem. O auxiliar administrativo M. F., 27 anos, conviveu com isso durante toda sua infância e adolescência. Ele perdeu a mãe, morta durante seu parto, e foi criado pelo pai e a madrasta, com os quais mora até hoje na Grande São Paulo.
"Ela sempre nos ofendeu, nos chamando de egoístas, pessoas ruins, falava que não éramos filhos dela. E meu pai nunca nos defendeu. Ele sempre foi ausente, trabalhava muito", conta. M.F. diz que o pai talvez temesse ficar só e ter de assumir toda a responsabilidade com os cuidados dos quatro filhos, que já tinha quando se casou pela segunda vez.
O auxiliar administrativo afirma que nunca recebeu carinho nem atenção tanto da madrasta quanto do pai. "Desde os 7 ou 8 anos, acordávamos sozinhos para ir à escola. A gente se trocava e meu pai abria o portão", relembra. Atualmente, mesmo dividindo o mesmo espaço, ele evita ao máximo qualquer contato com a madrasta. "Não olho na cara dela. Não aceito mais humilhações e respondo todas as ofensas", relata M.F., que planeja se mudar assim que melhorar sua condição financeira.
"A criança não aceita gritos e grosserias, principalmente de alguém que não é mãe ou pai dela, e vai guardando aquilo e se revoltando. E, às vezes, no momento da ira, bota isso para fora de forma descontrolada, criando um risco para ela e para as pessoas com quem convive. A violência acaba gerando uma violência maior", explica Sônia, que cita o caso de um menino de dez anos que acabou matando a madrasta em janeiro deste ano.
"Essa criança ainda está em estudo psicológico, mas não tenho dúvida de que esse menino viu violência ou foi violentado. Foi uma forma de ele se defender que acabou em tragédia. Jamais uma criança tem intenção de matar", analisa a vice-presidente do Conselho Tutelar de Arapongas. O garoto era vítima de agressões físicas e verbais da madrasta, que momentos antes do crime, o repreendeu com xingamentos e tapas.

Conheça os dez mandamentos para conseguir se dar bem com os enteados

Casar-se ou ter um relacionamento sério com alguém que já tem filhos costuma provocar faíscas e até sérios problemas emocionais com os enteados. Porém, por mais complicado que seja tentar uma aproximação pacífica, há maneiras sensatas para alcançar a tão sonhada harmonia familiar. A seguir, especialistas consultados pelo UOL revelam quais são os dez mandamentos para se dar bem com os enteados. Por Catarina Arimateia, do UOL, em São Paulo Thinkstock
Ninguém deve substituir os pais
"É importante que os pais percebam que os lugares ocupados pelo padrasto ou pela madrasta não são substitutivos aos seus. Com isso, eles poderão propiciar um campo familiar menos conflitivo e possibilitar que os filhos estabeleçam laços de afeto com o novo membro da casa", fala a psicóloga Laura Soares.
Na prática, nem sempre é fácil diferenciar os papéis dos pais e dos padrastos e madrastas na vida dos filhos. Muitas vezes, os limites são tênues e acabam sendo cruzados sem querer, mesmo que exista bastante amor e afeto, como aconteceu com a advogada e consultora Mariana Bacchin Afonso, 30 anos, de São Paulo (SP). Ela assumiu tanto o papel de mãe do enteado, desde levá-lo ao dentista, corrigir a lição até dar bronca, que acabou esperando dele mais do que o menino poderia lhe dar em troca.
"Esperava que ele tivesse um comportamento de filho. E isso não aconteceu, não ia acontecer. Afinal de contas, mesmo morando com a gente, ele tinha mãe, uma figura presente, que sempre teve e sempre vai ter um papel de protagonista na vida dele. E ser coadjuvante nunca é fácil", admite.
Apesar das dificuldades iniciais, Mariana conseguiu administrar melhor suas expectativas, com a ajuda de terapia, e entende que as reações do enteado e do próprio filho sempre serão diferentes.
"Hoje, levo a vida mais leve. Faço tudo como se fosse mãe, sei que um dia vou olhar pra trás e ter a sensação de que dei meu melhor, de que meu filho vai saber que o irmão foi muito bem cuidado por mim. E quem sabe meu enteado também entenda toda a nossa história e eu ganhe o Oscar de coadjuvante da vida dele", brinca.
A figura da madrasta carrega ainda um forte estigma negativo, perpetuado pelas histórias infantis. Porém isso não acontece apenas com a madrasta, conforme Laura Soares observou em seus estudos, a família recasada como um todo ainda sofre preconceito, até mesmo entre seus próprios integrantes. Apesar do aumento dos casos de divórcio, as pessoas continuam presas ao modelo de família nuclear (pai, mãe e filhos) como exemplo a ser alcançado.
"As fábulas retratam nossa dificuldade enquanto sociedade de pensarmos em outros formatos familiares como igualmente propícios para o bem-estar das crianças, assim como de buscarmos novos lugares para o padrasto e a madrasta que não em substituição ao pai e a mãe", analisa a pesquisadora.



Yannik D´Elboux
Do UOL, no Rio de Janeiro
26/02/2014

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Necessidades educativas especiais(final)


Problemas motores
As professoras Isabel Baptista e Teresa Lopes Vieira definem, em termos genéricos, os problemas motores como sendo, “Uma perda de capacidades a nível motor que afeta diretamente a postura e/ou movimento devido a uma lesão congénita ou adquirida nas estruturas do sistema nervoso.”
A definição deste termo é no entanto complexa, não só pela diversidade de problemas e doenças que abarca, como pela terminologia extremamente variável que tem sido utilizada para designar os indivíduos que apresentam uma limitação a nível físico.
A Lei Pública Americana (P. L. 94-142, 1975, mais tarde designada por IDEA) tentou resolver esse tipo de ambiguidade procurando chegar a uma conceptualização da definição dos problemas a nível motor em termos educacionais. Assim, designa os problemas motores por desordem de carácter ortopédico, que define como sendo uma incapacidade ortopédica severa que afecta negativamente a realização escolar da criança. O termo inclui problemas causados por anomalias congénitas (e. g., pé boto, ausência de qualquer um dos membros, etc.) por doença (e. g., poliomielite, tuberculose óssea, etc.) e por outras causas (e. g., paralisia cerebral, amputações e fracturas ou queimaduras que provoquem contracções).

Problemas de saúde
Conjunto de problemas tal como tuberculose, febre reumática, asma, hemofilia, nefrite, leucemia, diabetes, epilepsia ou problemas cardiovasculares, que limitam a vitalidade ou a atenção da criança, vindo a afetar-lhe a realização escolar.
Muitos autores inserem ainda nesta categoria uma outra problemática cuja prevalência tem vindo a aumentar, designada por Desordem por Défice de Atenção/Hiperactividade (DDAH), cuja concomitância com as Dificuldades de Aprendizagem Específicas é bastante elevada. Por se tratar de uma problemática muito prevalente nas nossas escolas, passamos a defini-la a seguir.
De acordo com a American Psychiatric Association (DSM-IV), os critérios de diagnóstico da Desordem por Défice de Atenção/Hiperactividade (DDAH) são os seguintes:
A (1) 0u (2):
(1) Seis ou mais dos seguintes sintomas de falta de atenção devem persistir pelo menos durante seis meses com uma intensidade que é desaptativa e inconsistente, em relação ao nível de desenvolvimento.

Falta de atenção
(a) com frequência não presta atenção suficiente aos pormenores ou comete erros por descuido nas tarefas escolares, no trabalho ou noutras atividades lúdicas;
(b) com frequência tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades;
(c) com frequência parece não ouvir quando se lhe dirigem diretamente;
(d) com frequência não segue as instruções e não termina os trabalhos escolares, encargos ou deveres no local de trabalho (sem ser por comportamentos de oposição ou por incompreensão das instruções);
(e) com frequência tem dificuldades em organizar tarefas ou atividades;
(f) com frequência evita, sente repugnância ou está relutante em envolver-se em tarefas que requeiram um esforço mental mantido (tal como trabalhos escolares ou de casa);
(g) com frequência perde objetos necessários a tarefas ou atividades (por exemplo, brinquedos, exercícios escolares, lápis, livros ou ferramentas);
(h) com frequência distrai-se facilmente com estímulos irrelevantes;
(i) com frequência esquece-se das atividades quotidianas.
(2) Seis ou mais dos seguintes sintomas de hiperactividade-impulsividade persistiram pelo menos durante seis meses com uma intensidade que é desaptativa e inconsistente com o nível de desenvolvimento.

Hiperactividade
(a) com frequência movimenta excessivamente as mãos e os pés, move-se quando está sentado;
(b) com frequência levanta-se na sala de aula ou noutras situações em que se espera que esteja sentado;
(c) com frequência corre ou salta excessivamente em situações em que é inadequado fazê-lo (em adolescentes ou adultos pode limitar-se a sentimentos subjetivos de impaciência);
(d) com frequência tem dificuldades para jogar ou dedicar-se tranquilamente a atividades de ócio;
(e) com frequência “anda” ou só actua como se estivesse “ligado a um motor”;
(f) com frequência fala em excesso.

Impulsividade
(a) com frequência precipita as respostas antes que as perguntas tenham acabado;
(b) com frequência tem dificuldade em esperar pela sua vez;
(c) com frequência interrompe ou interfere nas atividades dos outros (por exemplo, intromete-se nas conversas ou jogos).
B. Alguns sintomas de hiperactividade-impulsividade ou de falta de atenção que causam défices surgem antes dos 7 anos de idade.
C. Alguns défices provocados pelos sintomas estão presentes em dois ou mais contextos (por exemplo, escola ou trabalho e em casa).
D. Devem existir provas claras de um défice clinicamente significativo do funcionamento social, académico ou laboral.
E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante uma Perturbação Global do Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outra Perturbação Psicótica e não são melhor explicados por outra perturbação mental (por exemplo, Perturbação do Humos, Perturbação da Ansiedade, Perturbação Dissociativa ou Perturbação da Personalidade).

Perda visual, incluindo a cegueira (Deficiência visual)
Diz respeito a uma incapacidade de visão significativa ou total que, mesmo depois de corrigida, pode afectar negativamente a realização escolar da criança. O termo inclui dois grandes grupos de crianças — as cegas e as portadoras de visão parcial ou reduzida (em Portugal usa-se, por vezes, o termo amblíope para designar este grupo).

Segundo o Ministério da Educação português (2002), do ponto de vista clínico, um indivíduo pode ser considerado deficiente visual quando apresenta significativas limitações:
(1) na acuidade visual
(2) no campo visual
Entende-se por acuidade visual a capacidade que a pessoa tem para perceber e discriminar pormenores de um objeto a uma determinada distância.
Entende-se por campo visual a distância angular que o olho consegue abranger, sendo o da pessoa normovisual de cerca de 180º sem mover a cabeça.

Autismo
Desordem do desenvolvimento caracterizada por uma dificuldade significativa em comunicar e interagir socialmente e pela presença de comportamentos atípicos tal como respostas inusitadas à sensação, movimentos repetitivos e insistência nas rotinas ou uniformidade. O Autismo começa a notar-se entre os 18 e os 36 meses, embora muitas das vezes não seja diagnosticado até aos cinco anos de idade. O diagnóstico baseia-se nos comportamentos exibidos e não em assunções médicas, anatómicas ou genéticas.
No entanto, quando uma criança não atinge cabalmente os critérios do autismo, há pelo menos uma outra classificação, integrada nas chamadas perturbações do espectro do autismo, que importa conhecer: A Síndrome de Asperger.

Síndrome de Asperger A criança com Síndrome de Asperger, embora apresente alterações importantes no relacionamento social e ocupacional, não evidencia atrasos clinicamente significativos ao nível da linguagem, do desenvolvimento cognitivo, na aquisição das funções adaptativas e de autonomia.

Surdo-cegueira
Diz respeito a uma discapacidade concomitante, visual e auditiva, que para além de causar problemas severos de comunicação, causa ainda problemas de desenvolvimento e educacionais graves que requerem intervenções específicas de acordo com a concomitância da problemática.

Traumatismo craniano
O professor Savage define traumatismo craniano como sendo um, “Dano cerebral provocado por uma força física exterior, e não de natureza degenerativa ou congénita, que pode alterar o estado de consciência, resultando numa diminuição das capacidades intelectuais, físicas ou emocionais. Este dano pode ser de carácter temporário ou permanente e causar disfunções parciais ou totais ou problemas de ajustamento psicossocial.”
Até aqui falámos das crianças e adolescentes com NEE cujos problemas andam associados a discapacidades de vária ordem que interferem com a sua realização escolar. Contudo, ainda não fizemos referência a um outro conjunto de crianças e adolescentes que diferem dos seus companheiros por possuírem uma inteligência e um conjunto de capacidades de aprendizagem acima da média. Estas crianças e adolescentes denominam-se de sobredotados, inserindo-se no grupo da sobredotação.

Fonte: Instituto Português de Dislexia -  http://www.ipodine.pt


quarta-feira, 2 de abril de 2014

02 de Abril - Dia mundial para a consciência do Autismo

O que é Autismo?
É uma síndrome que afeta o desenvolvimento em três importantes áreas: comunicação, socialização e comportamento.
(saiba mais na ed. setembro/2010
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Quantos autistas temos?
No mundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que tenhamos 70 milhões de pessoas com autismo. No Brasil, a estimativa é de 2 milhões de autistas.
(saiba mais
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Então é mais comum do que se pensa?
Sim, o autismo é mais comum em crianças, por exemplo, do que se somarmos os casos infantis de câncer, diabetes e AIDS, juntos! 
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Quem criou a conscientização todo 2/abril?
A ONU criou a data no fim de 2007, iniciando a campanha em 2/abril/2008. Desde então, anualmente o mundo todo se ilumina de azul pelo autismo.
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Fonte:  http://www.revistaautismo.com.br/

terça-feira, 1 de abril de 2014

Necessidades educativas especiais(Continuação)


Outros grupos de alunos com NEE

Em primeiro lugar falaremos sobre os indivíduos que apresentam problemas provocados por traumatismo craniano, tradicionalmente associados às categorias dos problemas intelectuais/deficiência mental, dificuldades de aprendizagem específicas e perturbações emocionais; em segundo lugar há ainda a considerar um grupo de indivíduos, cujas prevalências têm vindo a aumentar, que, devido a um conjunto de características muito próprias, manifestadas logo nos primeiros três anos de vida, são classificados de indivíduos com autismo.
ambém, e ainda antes de nos debruçarmos sobre outros conceitos que consideramos relevantes, gostaríamos de realçar o facto de que ao enunciarmos os tipos de NEE tivemos necessidade de as classificar, isto é, recorremos à sua categorização, tantas vezes motivo de grande polémica entre os autores.
Se, por um lado, a categorização pode levar à ideia de que o nível de aprendizagem e os comportamentos da criança são inalteráveis sejam quais forem as intervenções, o que, quanto a nós, é lamentável, por outro lado, estamos cientes que a classificação deve servir o propósito de permitir elaborar um programa de intervenção apropriado ao nível e tipo de problema da criança. Para além deste objetivo, de acordo com o professor John Zubin, há ainda um conjunto de pressupostos, dos quais realçamos três, que favorecem a classificação: (1) procura de uma etiologia ou causa; (2) formulação de um prognóstico; e (3) seleção de uma terapia. Claro que no caso da educação quer a etiologia quer o prognóstico não constituem fontes importantes de informação quanto ao tipo de ensino a ministrar a um aluno. Contudo, o terceiro pressuposto, que tem como referência a terapia, terá relevância num contexto educativo desde que o termo "terapia" seja substituído por "intervenção educativa", dado que, como já referimos, o objetivo primeiro da categorização da criança ou adolescente com NEE deverá ser o de possibilitar a seleção ou elaboração do programa mais apropriado às suas características, capacidades e necessidades.
Segundo um texto, datado de 1984, do Departamento Federal de Saúde, Educação e Bem-Estar dos EUA:
"A classificação das crianças excecionais é fundamental para se conseguir os serviços de que necessitam, planificar e organizar programas de apoio e determinar os resultados das intervenções. Existe a ideia, frequentemente manifestada, de que se deve prescindir totalmente da classificação das crianças excepcionais. Trata-se de uma aspiração errada. A classificação e a rotulagem são fundamentais para a comunicação humana e resolução de problemas. Não queremos fomentar a crença de que se abandonarmos a classificação se acabam todos os males. O que defendemos é que as categorias sejam precisas e os sistemas sejam o mais exatos possível com respeito à descrição das crianças, a fim de que possamos planificar e elaborar os programas mais adequados."
Para que as categorias "sejam precisas", e se possa dar uma resposta adequada aos problemas das crianças com NEE, há que encontrar definições/conceitos que possibilitem a comunicação, não só entre os investigadores, mas também entre os educadores, outros técnicos que tenham de lidar com a criança e pais, no sentido de examinarem cuidadosamente a informação que possuem e selecionarem aquela mais relevante para a tomada de decisões educacionais. Deste modo, apresentamos a seguir um conjunto de conceitos que dizem respeito às categorias mais estudadas universalmente. A nomenclatura que diz respeito às categorias que apresentamos abaixo é usada, pelo menos, em quase todos os países do mundo ocidental que lidam com estas matérias. Os conceitos são apresentados por ordem decrescente das suas prevalências.

Dificuldades de aprendizagem específicas
De acordo com o professor Luís de Miranda Correia, “As dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito à forma como um indivíduo processa a informação – a recebe, a integra, a retém e a exprime –, tendo em conta as suas capacidades e o conjunto das suas realizações. As dificuldades de aprendizagem específicas podem, assim, manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou da resolução de problemas, envolvendo défices que implicam problemas de memória, percetivos, motores, de linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos. Estas dificuldades, que não resultam de privações sensoriais, deficiência mental, problemas motores, défice de atenção, perturbações emocionais ou sociais, embora exista a possibilidade de estes ocorrerem em concomitância com elas, podem, ainda, alterar o modo como o indivíduo interage com o meio envolvente.”

Problemas de comunicação
Segundo a American Speech-Language-Hearing Association (ASHA), “Os problemas de comunicação dizem respeito, essencialmente, aos problemas da fala e da linguagem.
Por problemas da fala entendem-se as perturbações ligadas à voz, à articulação dos sons e à fluência. Estas perturbações ocorrem na transmissão e uso do sistema simbólico oral.
Por problemas de linguagem entendem-se as perturbações ou o desenvolvimento atípico da compreensão e/ou do uso do sistema simbólico falado, escrito e/ou qualquer outro. As perturbações podem envolver: (1) a forma da linguagem (fonologia, morfologia e sintaxe); (2) o conteúdo da linguagem (semântica); e (3) a função comunicativa da linguagem em qualquer combinação (pragmática).”


Problemas intelectuais/Deficiência mental
De acordo com a American Association on Mental Retardation, “A deficiência mental/problema intelectual refere-se a um estado de funcionamento atípico no seio da comunidade, manifestado logo na infância, em que as limitações do funcionamento intelectual (significativamente abaixo da média) coexistem com limitações em duas ou mais das seguintes áreas de capacidades adaptativas: comunicação, cuidados pessoais, autonomia em casa, competências sociais, comportamentos comunitários, auto-direcção, saúde e segurança, funcionamento académico, lazer, e emprego, ocorrendo durante a fase de desenvolvimento do indivíduo (0 a 18 anos). Para qualquer pessoa com problemas intelectuais/deficiência mental, a descrição deste estado de funcionamento exige o conhecimento das suas capacidades e uma compreensão da estrutura e expectativas do meio social e pessoal do indivíduo.”

Perturbações emocionais e do comportamento
O Individuals Disabilities Education Act (IDEA) considera as perturbações emocionais e do comportamento da forma seguinte:
I) O termo descreve uma condição que exibe uma ou mais das seguintes características durante um longo período de tempo e numa extensão tal que afecta negativamente a realização escolar da criança:
(a)incapacidade inexplicável para a aprendizagem, que não pode ser explicada por factores intelectuais, sensoriais e de saúde;
(b) incapacidade para iniciar ou manter relações interpessoais satisfatórias com os seus pares e professores;
(c) comportamentos ou emoções inapropriadas em circunstâncias normais;
(d) estado geral de infelicidade ou de depressão;
(e) tendência para desenvolver sinais físicos ou medos associados ao pessoal ou aos problemas da escola
(II) O termo inclui a esquizofrenia. O termo não se aplica a crianças socialmente mal ajustadas, a não ser que se determine que apresentam distúrbios emocionais.

Multideficiência
Conjunto de deficiências numa mesma criança, tal como deficiência mental e deficiência visual, paralisia cerebral e deficiência mental, causadoras de problemas de desenvolvimento e educacionais severos que requerem intervenções específicas de acordo com a concomitância da problemática.

Perda auditiva, incluindo a surdez (Deficiência auditiva)
O Ministério da Educação português define deficiência auditiva da forma seguinte: “Numa perspetiva clínica, ser surdo significa apresentar uma deficiência auditiva resultante de lesão no aparelho auditivo que se traduz na impossibilidade de ouvir ou na dificuldade em ouvir determinados sons. Numa perspetiva sociocultural, assumida pelas comunidades surdas, ser surdo significa pertencer a uma comunidade minoritária linguística e cultural. Existem perdas auditivas de carácter temporário e perdas auditivas de carácter definitivo. O termo técnico para designar surdez ou perda auditiva é hipoacusia. As perdas de audição definem-se segundo o seu tipo e grau. Existem três tipos de surdez: (i) de transmissão, referente a um problema do ouvido médio e/ou externo, na maioria dos casos temporária; (ii) neuro-sensorial, referente a um problema do ouvido interno e/ou nervo auditivo, de carácter definitivo; (iii) mista, referente a uma conjugação dos dois tipos de perda. O grau de surdez é definido em: (i) ligeiro; perda média entre 20 e 39 dB), (ii) moderado ou médio (perda média entre 40 e 69 JB); (iii) severo (perda média de 70 a 99 dB); (iv) profundo (perda superior a 100 dB).”

(Continua)