A Síndrome de Down é a mais comum das síndromes humanas. Sua primeira constatação foi feita em 1866 pelo médico inglês Langdon Down que, de imediato, chamou-a de idiotia mongoliana ou mongolismo. O termo mongolismo surgiu devido à semelhança física dos portadores da Síndrome de Down com a população mongólica. Mas o termo mongolismo não aparece nas publicações da Organização Mundial de Saúde desde 1985 - ele não é mais utilizado.
A Síndrome de Down atinge pessoas de ambos os sexos e de todas as classes sociais e é causada pela presença de um cromossomo a mais no par 21, fazendo com que a pessoa apresente 47 cromossomos no total. Por esse motivo, a Síndrome de Down também pode ser chamada de Trissomia do cromossomo 21.
Os portadores de Síndrome de Down apresentam algumas alterações, entre elas podemos citar: mãos largas com dedos curtos, anomalias cardíacas, olhos pequenos e oblíquos e pescoço largo e curto.
Todos esses problemas descritos acima exigem uma ampla dedicação dos pais à criança portadora de Síndrome de Down. Por exigir muitos cuidados, alguns pais acabam deixando de lado questões fundamentais, como a preocupação com a saúde bucal da criança.
A Síndrome de Down e a Odontologia
A criança portadora de Síndrome de Down, assim como qualquer criança, deve ser levada ao dentista ainda no primeiro ano de idade, antes mesmo do nascimento dos primeiros dentes.
Ao tratar de um paciente portador da Síndrome de Down, o cirurgião-dentista deve estar atento, primeiramente, às limitações desse paciente. Depois, é preciso conhecer os diferenciais que esses pacientes apresentam, principalmente quando falamos dos aspectos craniofaciais e bucais.
Tratamento diferenciado
O profissional deve ficar atento a algumas alterações comuns nesses pacientes, pois elas podem servir, inclusive, para diagnosticar a Síndrome de Down. Entre as alterações de ordem geral, dental e craniofacial presentes nesses pacientes, podemos citar o atraso na erupção dos dentes, a baixa incidência de cáries e a alta suscetibilidade a doenças periodontais.
Erupção tardia
Mesmo apresentando mineralização completa, os dentes dos portadores de Síndrome de Down podem sofrer atraso na erupção. A dentição decídua também pode apresentar alteração na seqüência e os casos de anomalias dentárias são freqüentes. Estima-se que mais de 80% dos pacientes com Síndrome de Down apresentem alterações na estrutura dentária e desarmonias oclusais.
Baixa incidência de cáries
Com relação à baixa incidência de cáries, os autores que pesquisaram sobre o assunto, entre eles Creighton & Wells, são unânimes em afirmá-la. Uma das possíveis causas para isso seria a erupção retardada dos dentes, além de uma composição salivar diferenciada.
A morfologia dentária dos portadores de Síndrome de Down também é diferente. A pouca presença de fóssulas e fissuras e as superfícies oclusais mais planas (conseqüência do bruxismo) também podem ser responsáveis pelo baixo índice de cárie nesses pacientes.
Doenças Periodontais
Ao contrário das cáries, que não são muito freqüentes quando comparadas a pacientes normais, os portadores de Síndrome de Down apresentam um alto índice de doenças periodontais.
A doença periodontal em pacientes portadores de Síndrome de Down mostra-se precoce e severa. As deficiências motoras e neurológicas dificultam a higienização bucal desses pacientes, tornando as doenças periodontais mais presentes.
Entretanto, a principal causa do alto índice de doenças periodontais talvez seja a deficiência imunológica comprovada, em que o organismo apresenta dificuldade para combater as bactérias presentes no biofilme dental.
A dificuldade em se combater as bactérias faz com que as doenças periodontais sejam mais agressivas nesses pacientes, desenvolvendo-se mais rapidamente. Tanto a dentição decídua quanto a permanente podem ser afetadas, podendo causar mobilidade dentária, presença de cálculo dental, reabsorção óssea severa ou, ainda, perda precoce dos dentes.
O alto índice de doenças periodontais em pacientes portadores de Síndrome de Down reforça a importância de uma boa higiene bucal. É importante que os pais levem seus filhos freqüentemente ao dentista e que o profissional de odontologia também fique atento a esses diferenciais.
Um tratamento especial
O atendimento a portadores de Síndrome de Down deve ser feito levando-se em consideração todos os diferenciais desses pacientes. Se o paciente freqüentar o consultório dentário desde a infância, o tratamento torna-se mais simples.
Os portadores de Síndrome de Down, assim como os demais pacientes especiais, apresentam certa dificuldade em encontrar tratamento odontológico. Isso acontece devido ao despreparo dos profissionais.
As faculdades de Odontologia do país não costumam colocar a disciplina “Odontologia para Pacientes Especiais” em suas grades curriculares e os alunos saem despreparados para lidar com esse tipo de paciente. Assim como em qualquer paciente, quanto antes as visitas ao dentista começarem, mais simples serão os procedimentos.
Estudos comprovam que um paciente especial que comece a freqüentar o dentista ainda no primeiro ano de vida pode ser tratado normalmente e reage bem ao tratamento. Eles costumam ser amorosos e fáceis de lidar, possibilitando um tratamento odontológico tranqüilo. Quando a criança está acostumada com o seu dentista, quase não há necessidade de anestesia geral para a realização de procedimentos.
É importante que a família procure um profissional capacitado para o atendimento aos pacientes portadores de síndromes e outras necessidades, todo o sucesso do tratamento depende de uma boa interação paciente/profissional.
Dra. Kátia Jara
Fonte: www.sorrisoespecial.com.br
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