Outros grupos de
alunos com NEE
Em primeiro lugar falaremos sobre os indivíduos que apresentam problemas provocados por traumatismo craniano, tradicionalmente associados às categorias dos problemas intelectuais/deficiência mental, dificuldades de aprendizagem específicas e perturbações emocionais; em segundo lugar há ainda a considerar um grupo de indivíduos, cujas prevalências têm vindo a aumentar, que, devido a um conjunto de características muito próprias, manifestadas logo nos primeiros três anos de vida, são classificados de indivíduos com autismo.
Em primeiro lugar falaremos sobre os indivíduos que apresentam problemas provocados por traumatismo craniano, tradicionalmente associados às categorias dos problemas intelectuais/deficiência mental, dificuldades de aprendizagem específicas e perturbações emocionais; em segundo lugar há ainda a considerar um grupo de indivíduos, cujas prevalências têm vindo a aumentar, que, devido a um conjunto de características muito próprias, manifestadas logo nos primeiros três anos de vida, são classificados de indivíduos com autismo.
ambém, e ainda antes de nos debruçarmos sobre
outros conceitos que consideramos relevantes, gostaríamos de realçar
o facto de que ao enunciarmos os tipos de NEE tivemos necessidade de
as classificar, isto é, recorremos à sua categorização, tantas
vezes motivo de grande polémica entre os autores.
Se, por um lado, a categorização pode levar à ideia de que o nível de aprendizagem e os comportamentos da criança são inalteráveis sejam quais forem as intervenções, o que, quanto a nós, é lamentável, por outro lado, estamos cientes que a classificação deve servir o propósito de permitir elaborar um programa de intervenção apropriado ao nível e tipo de problema da criança. Para além deste objetivo, de acordo com o professor John Zubin, há ainda um conjunto de pressupostos, dos quais realçamos três, que favorecem a classificação: (1) procura de uma etiologia ou causa; (2) formulação de um prognóstico; e (3) seleção de uma terapia. Claro que no caso da educação quer a etiologia quer o prognóstico não constituem fontes importantes de informação quanto ao tipo de ensino a ministrar a um aluno. Contudo, o terceiro pressuposto, que tem como referência a terapia, terá relevância num contexto educativo desde que o termo "terapia" seja substituído por "intervenção educativa", dado que, como já referimos, o objetivo primeiro da categorização da criança ou adolescente com NEE deverá ser o de possibilitar a seleção ou elaboração do programa mais apropriado às suas características, capacidades e necessidades.
Segundo um texto, datado de 1984, do Departamento Federal de Saúde, Educação e Bem-Estar dos EUA:
"A classificação das crianças excecionais é fundamental para se conseguir os serviços de que necessitam, planificar e organizar programas de apoio e determinar os resultados das intervenções. Existe a ideia, frequentemente manifestada, de que se deve prescindir totalmente da classificação das crianças excepcionais. Trata-se de uma aspiração errada. A classificação e a rotulagem são fundamentais para a comunicação humana e resolução de problemas. Não queremos fomentar a crença de que se abandonarmos a classificação se acabam todos os males. O que defendemos é que as categorias sejam precisas e os sistemas sejam o mais exatos possível com respeito à descrição das crianças, a fim de que possamos planificar e elaborar os programas mais adequados."
Para que as categorias "sejam precisas", e se possa dar uma resposta adequada aos problemas das crianças com NEE, há que encontrar definições/conceitos que possibilitem a comunicação, não só entre os investigadores, mas também entre os educadores, outros técnicos que tenham de lidar com a criança e pais, no sentido de examinarem cuidadosamente a informação que possuem e selecionarem aquela mais relevante para a tomada de decisões educacionais. Deste modo, apresentamos a seguir um conjunto de conceitos que dizem respeito às categorias mais estudadas universalmente. A nomenclatura que diz respeito às categorias que apresentamos abaixo é usada, pelo menos, em quase todos os países do mundo ocidental que lidam com estas matérias. Os conceitos são apresentados por ordem decrescente das suas prevalências.
Dificuldades de aprendizagem específicas
De acordo com o professor Luís de Miranda Correia, “As dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito à forma como um indivíduo processa a informação – a recebe, a integra, a retém e a exprime –, tendo em conta as suas capacidades e o conjunto das suas realizações. As dificuldades de aprendizagem específicas podem, assim, manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou da resolução de problemas, envolvendo défices que implicam problemas de memória, percetivos, motores, de linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos. Estas dificuldades, que não resultam de privações sensoriais, deficiência mental, problemas motores, défice de atenção, perturbações emocionais ou sociais, embora exista a possibilidade de estes ocorrerem em concomitância com elas, podem, ainda, alterar o modo como o indivíduo interage com o meio envolvente.”
Problemas de comunicação
Segundo a American Speech-Language-Hearing Association (ASHA), “Os problemas de comunicação dizem respeito, essencialmente, aos problemas da fala e da linguagem.
Por problemas da fala entendem-se as perturbações ligadas à voz, à articulação dos sons e à fluência. Estas perturbações ocorrem na transmissão e uso do sistema simbólico oral.
Por problemas de linguagem entendem-se as perturbações ou o desenvolvimento atípico da compreensão e/ou do uso do sistema simbólico falado, escrito e/ou qualquer outro. As perturbações podem envolver: (1) a forma da linguagem (fonologia, morfologia e sintaxe); (2) o conteúdo da linguagem (semântica); e (3) a função comunicativa da linguagem em qualquer combinação (pragmática).”
Problemas intelectuais/Deficiência mental
De acordo com a American Association on Mental Retardation, “A deficiência mental/problema intelectual refere-se a um estado de funcionamento atípico no seio da comunidade, manifestado logo na infância, em que as limitações do funcionamento intelectual (significativamente abaixo da média) coexistem com limitações em duas ou mais das seguintes áreas de capacidades adaptativas: comunicação, cuidados pessoais, autonomia em casa, competências sociais, comportamentos comunitários, auto-direcção, saúde e segurança, funcionamento académico, lazer, e emprego, ocorrendo durante a fase de desenvolvimento do indivíduo (0 a 18 anos). Para qualquer pessoa com problemas intelectuais/deficiência mental, a descrição deste estado de funcionamento exige o conhecimento das suas capacidades e uma compreensão da estrutura e expectativas do meio social e pessoal do indivíduo.”
Perturbações emocionais e do comportamento
O Individuals Disabilities Education Act (IDEA) considera as perturbações emocionais e do comportamento da forma seguinte:
I) O termo descreve uma condição que exibe uma ou mais das seguintes características durante um longo período de tempo e numa extensão tal que afecta negativamente a realização escolar da criança:
(a)incapacidade inexplicável para a aprendizagem, que não pode ser explicada por factores intelectuais, sensoriais e de saúde;
(b) incapacidade para iniciar ou manter relações interpessoais satisfatórias com os seus pares e professores;
(c) comportamentos ou emoções inapropriadas em circunstâncias normais;
(d) estado geral de infelicidade ou de depressão;
(e) tendência para desenvolver sinais físicos ou medos associados ao pessoal ou aos problemas da escola
(II) O termo inclui a esquizofrenia. O termo não se aplica a crianças socialmente mal ajustadas, a não ser que se determine que apresentam distúrbios emocionais.
Multideficiência
Conjunto de deficiências numa mesma criança, tal como deficiência mental e deficiência visual, paralisia cerebral e deficiência mental, causadoras de problemas de desenvolvimento e educacionais severos que requerem intervenções específicas de acordo com a concomitância da problemática.
Perda auditiva, incluindo a surdez (Deficiência auditiva)
O Ministério da Educação português define deficiência auditiva da forma seguinte: “Numa perspetiva clínica, ser surdo significa apresentar uma deficiência auditiva resultante de lesão no aparelho auditivo que se traduz na impossibilidade de ouvir ou na dificuldade em ouvir determinados sons. Numa perspetiva sociocultural, assumida pelas comunidades surdas, ser surdo significa pertencer a uma comunidade minoritária linguística e cultural. Existem perdas auditivas de carácter temporário e perdas auditivas de carácter definitivo. O termo técnico para designar surdez ou perda auditiva é hipoacusia. As perdas de audição definem-se segundo o seu tipo e grau. Existem três tipos de surdez: (i) de transmissão, referente a um problema do ouvido médio e/ou externo, na maioria dos casos temporária; (ii) neuro-sensorial, referente a um problema do ouvido interno e/ou nervo auditivo, de carácter definitivo; (iii) mista, referente a uma conjugação dos dois tipos de perda. O grau de surdez é definido em: (i) ligeiro; perda média entre 20 e 39 dB), (ii) moderado ou médio (perda média entre 40 e 69 JB); (iii) severo (perda média de 70 a 99 dB); (iv) profundo (perda superior a 100 dB).”
(Continua)
Se, por um lado, a categorização pode levar à ideia de que o nível de aprendizagem e os comportamentos da criança são inalteráveis sejam quais forem as intervenções, o que, quanto a nós, é lamentável, por outro lado, estamos cientes que a classificação deve servir o propósito de permitir elaborar um programa de intervenção apropriado ao nível e tipo de problema da criança. Para além deste objetivo, de acordo com o professor John Zubin, há ainda um conjunto de pressupostos, dos quais realçamos três, que favorecem a classificação: (1) procura de uma etiologia ou causa; (2) formulação de um prognóstico; e (3) seleção de uma terapia. Claro que no caso da educação quer a etiologia quer o prognóstico não constituem fontes importantes de informação quanto ao tipo de ensino a ministrar a um aluno. Contudo, o terceiro pressuposto, que tem como referência a terapia, terá relevância num contexto educativo desde que o termo "terapia" seja substituído por "intervenção educativa", dado que, como já referimos, o objetivo primeiro da categorização da criança ou adolescente com NEE deverá ser o de possibilitar a seleção ou elaboração do programa mais apropriado às suas características, capacidades e necessidades.
Segundo um texto, datado de 1984, do Departamento Federal de Saúde, Educação e Bem-Estar dos EUA:
"A classificação das crianças excecionais é fundamental para se conseguir os serviços de que necessitam, planificar e organizar programas de apoio e determinar os resultados das intervenções. Existe a ideia, frequentemente manifestada, de que se deve prescindir totalmente da classificação das crianças excepcionais. Trata-se de uma aspiração errada. A classificação e a rotulagem são fundamentais para a comunicação humana e resolução de problemas. Não queremos fomentar a crença de que se abandonarmos a classificação se acabam todos os males. O que defendemos é que as categorias sejam precisas e os sistemas sejam o mais exatos possível com respeito à descrição das crianças, a fim de que possamos planificar e elaborar os programas mais adequados."
Para que as categorias "sejam precisas", e se possa dar uma resposta adequada aos problemas das crianças com NEE, há que encontrar definições/conceitos que possibilitem a comunicação, não só entre os investigadores, mas também entre os educadores, outros técnicos que tenham de lidar com a criança e pais, no sentido de examinarem cuidadosamente a informação que possuem e selecionarem aquela mais relevante para a tomada de decisões educacionais. Deste modo, apresentamos a seguir um conjunto de conceitos que dizem respeito às categorias mais estudadas universalmente. A nomenclatura que diz respeito às categorias que apresentamos abaixo é usada, pelo menos, em quase todos os países do mundo ocidental que lidam com estas matérias. Os conceitos são apresentados por ordem decrescente das suas prevalências.
Dificuldades de aprendizagem específicas
De acordo com o professor Luís de Miranda Correia, “As dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito à forma como um indivíduo processa a informação – a recebe, a integra, a retém e a exprime –, tendo em conta as suas capacidades e o conjunto das suas realizações. As dificuldades de aprendizagem específicas podem, assim, manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou da resolução de problemas, envolvendo défices que implicam problemas de memória, percetivos, motores, de linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos. Estas dificuldades, que não resultam de privações sensoriais, deficiência mental, problemas motores, défice de atenção, perturbações emocionais ou sociais, embora exista a possibilidade de estes ocorrerem em concomitância com elas, podem, ainda, alterar o modo como o indivíduo interage com o meio envolvente.”
Problemas de comunicação
Segundo a American Speech-Language-Hearing Association (ASHA), “Os problemas de comunicação dizem respeito, essencialmente, aos problemas da fala e da linguagem.
Por problemas da fala entendem-se as perturbações ligadas à voz, à articulação dos sons e à fluência. Estas perturbações ocorrem na transmissão e uso do sistema simbólico oral.
Por problemas de linguagem entendem-se as perturbações ou o desenvolvimento atípico da compreensão e/ou do uso do sistema simbólico falado, escrito e/ou qualquer outro. As perturbações podem envolver: (1) a forma da linguagem (fonologia, morfologia e sintaxe); (2) o conteúdo da linguagem (semântica); e (3) a função comunicativa da linguagem em qualquer combinação (pragmática).”
Problemas intelectuais/Deficiência mental
De acordo com a American Association on Mental Retardation, “A deficiência mental/problema intelectual refere-se a um estado de funcionamento atípico no seio da comunidade, manifestado logo na infância, em que as limitações do funcionamento intelectual (significativamente abaixo da média) coexistem com limitações em duas ou mais das seguintes áreas de capacidades adaptativas: comunicação, cuidados pessoais, autonomia em casa, competências sociais, comportamentos comunitários, auto-direcção, saúde e segurança, funcionamento académico, lazer, e emprego, ocorrendo durante a fase de desenvolvimento do indivíduo (0 a 18 anos). Para qualquer pessoa com problemas intelectuais/deficiência mental, a descrição deste estado de funcionamento exige o conhecimento das suas capacidades e uma compreensão da estrutura e expectativas do meio social e pessoal do indivíduo.”
Perturbações emocionais e do comportamento
O Individuals Disabilities Education Act (IDEA) considera as perturbações emocionais e do comportamento da forma seguinte:
I) O termo descreve uma condição que exibe uma ou mais das seguintes características durante um longo período de tempo e numa extensão tal que afecta negativamente a realização escolar da criança:
(a)incapacidade inexplicável para a aprendizagem, que não pode ser explicada por factores intelectuais, sensoriais e de saúde;
(b) incapacidade para iniciar ou manter relações interpessoais satisfatórias com os seus pares e professores;
(c) comportamentos ou emoções inapropriadas em circunstâncias normais;
(d) estado geral de infelicidade ou de depressão;
(e) tendência para desenvolver sinais físicos ou medos associados ao pessoal ou aos problemas da escola
(II) O termo inclui a esquizofrenia. O termo não se aplica a crianças socialmente mal ajustadas, a não ser que se determine que apresentam distúrbios emocionais.
Multideficiência
Conjunto de deficiências numa mesma criança, tal como deficiência mental e deficiência visual, paralisia cerebral e deficiência mental, causadoras de problemas de desenvolvimento e educacionais severos que requerem intervenções específicas de acordo com a concomitância da problemática.
Perda auditiva, incluindo a surdez (Deficiência auditiva)
O Ministério da Educação português define deficiência auditiva da forma seguinte: “Numa perspetiva clínica, ser surdo significa apresentar uma deficiência auditiva resultante de lesão no aparelho auditivo que se traduz na impossibilidade de ouvir ou na dificuldade em ouvir determinados sons. Numa perspetiva sociocultural, assumida pelas comunidades surdas, ser surdo significa pertencer a uma comunidade minoritária linguística e cultural. Existem perdas auditivas de carácter temporário e perdas auditivas de carácter definitivo. O termo técnico para designar surdez ou perda auditiva é hipoacusia. As perdas de audição definem-se segundo o seu tipo e grau. Existem três tipos de surdez: (i) de transmissão, referente a um problema do ouvido médio e/ou externo, na maioria dos casos temporária; (ii) neuro-sensorial, referente a um problema do ouvido interno e/ou nervo auditivo, de carácter definitivo; (iii) mista, referente a uma conjugação dos dois tipos de perda. O grau de surdez é definido em: (i) ligeiro; perda média entre 20 e 39 dB), (ii) moderado ou médio (perda média entre 40 e 69 JB); (iii) severo (perda média de 70 a 99 dB); (iv) profundo (perda superior a 100 dB).”
(Continua)
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