sábado, 28 de fevereiro de 2015

Não é Autismo, é iPad



Por André Barcinski
A fonoaudióloga Maria Lúcia Novaes Menezes está preocupada com um fenômeno que tem percebido nos últimos tempos: o aumento do número de crianças muito novas – de dois ou três anos – usando tablets.
Profissional com mais de 30 anos de experiência, a doutora tem atendido, em seu consultório no Rio de Janeiro, inúmeros casos em que os pais chegam a suspeitar que os filhos são autistas, sem perceber que o uso prolongado de tablets, joguinhos eletrônicos e celulares é que está dificultando o desenvolvimento da comunicação das crianças.
Fiz uma breve entrevista com a doutora Maria Lúcia Novaes Menezes. Aqui vai a conversa:
A senhora disse estar assustada com o número de pais que deixam filhos pequenos – crianças de dois ou três anos – usarem tablets. Isso tem aumentado nos últimos tempos?

A cada ano percebe-se que aumenta o número de crianças com menos de três anos de idade fazendo uso de tablets. Podemos observar, nos shoppings, bebês com tablets pendurados nos carrinhos. Isso tem prejudicado o desenvolvimento da linguagem e, principalmente, da socialização.

Quais as consequências que a senhora tem percebido nas crianças?

Se considerarmos que, nos primeiros três anos de vida da criança o desenvolvimento da cognição social se dá através do desenvolvimento da intersubjetividade, ou seja, que as diferentes fases da interação da criança com seus pais e cuidadores se dão através de compartilhar experiências e do olhar da criança para o outro, a utilização do tablet impede estas ações.
O tablet, utilizado por longo tempo, retira do contexto da criança esse contato fundamental para a socialização, causando um prejuízo no desenvolvimento das habilidades humanas que dependem da socialização, do envolvimento com o outro, prejudicando o desenvolvimento da socialização e do aprendizado que depende de experiências com o mundo à sua volta.

A senhora mencionou que alguns pais a procuram para tratar de supostos problemas de comunicação das crianças, sem perceber que o uso do tablet é uma das principais razões para isso.
O que tenho observado, principalmente no último ano de clínica, é que o uso do tablet e outros eletrônicos está cada vez mais tomando o lugar da interação entre as crianças e seus pais e o brincar no contexto familiar. Os pais passam muito tempo no trabalho, chegam em casa cansados e, quando os filhos querem assistir desenhos e joguinhos no tablet, eles liberam, em vez de tentar conversar ou brincar.
Como conseqüência, se a criança tem alguma dificuldade para adquirir a linguagem e a socialização, essa pouca comunicação com os pais poderá desencadear esse déficit. Talvez, em um contexto familiar onde fosse mais estimulado a se comunicar e brincar, essa dificuldade não aparecesse de forma tão acentuada. Essa hipótese surgiu da minha prática clínica, onde na entrevista com os pais eles relatam o uso de tablets, jogos no celular e DVD. Tem acontecido com freqüência que a observação dos pais da forma que interagimos e brincamos com a criança no set terapêutico e como, aos poucos, seu filho vai começando ou expandindo a sua comunicação e o interesse em brincar, eles mudam a dinâmica com seus filhos no contexto familiar, a comunicação verbal e social da criança começa a expandir, os pais ficam mais tranqüilos e mais próximos dos filhos, e a criança, tendo a companhia do pai ou da mãe, passa a se interessar mais pelos brinquedos e em brincar e diminui o interesse pelo tablet, DVDs e joguinhos nos celular.

A senhora mencionou casos em que os pais suspeitavam ter um filho autista, mas o problema da criança se resumia a uso prolongado de novas tecnologias.

No ano de 2014 atendi crianças com idade em torno de dois anos, trazidas com queixa de comunicação social e desenvolvimento da fala, os pais suspeitando de autismo. Mas, ao mudar a dinâmica familiar, essas crianças apresentaram uma mudança muito grande na sua comunicação social e verbal.

O que os pais devem fazer para evitar problemas desse tipo, numa época em que os tablets estão em todos os lugares?

Sei que é difícil ir contra o sistema e penso que a criança deve ser cobrada pelos amiguinhos para ter e usar um tablet. O que talvez auxiliasse a romper com o hábito dos joguinhos eletrônicos e tablets seria restringir ao máximo possível o uso do tablet. Talvez a melhor forma de se conseguir é dando mais atenção ao filho através de conversas, do brincar, e utilizar mais jogos não eletrônicos e mais interativos.
Currículo de Maria Lúcia Novaes Menezes
Fonoaudióloga formada em 1984 pela Faculdades Integradas Estácio de Sá, mestre em Distúrbios da Comunicação, em 1993, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com cursos na New York University reconhecidos e creditados neste mestrado e doutora em Saúde da Criança e da Mulher pela Fundação Oswaldo Cruz (2003). Aposentada da FIOCRUZ em 2014, mas ainda permanecendo como orientadora do projeto de pesquisa do Ambulatório de Fonoaudiologia Especializado em Linguagem / AFEL. Atua como fonoaudióloga na clínica em avaliação e diagnóstico dos distúrbios da linguagem e orientação aos pais. Autora da escala de Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem, idealizado, padronizado e validado no Brasil para avaliar o desenvolvimento da linguagem da criança brasileira.

Fonte: http://entretenimento.r7.com/blogs/andre-barcinski/nao-e-autismo-e-ipad-20150107/

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Aprendizagem

"A palavra aprendizagem erroneamente é ligada somente ao processo de alfabetização e letramento de crianças, porém esquecemos que aprendizagem é toda forma de aquisição de um conhecimento. Essa aquisição se dá de maneira crescente e evolutiva, onde as experiências e vivências são utilizadas para solucionar um problema e, gradativamente, a criança passa a ser capaz de resolver questões cada vez mais complexas. A aprendizagem acontece em todos os momentos onde elas estão em contato com o mundo, seja através de objetos, pessoas, animais ou ambientes... Acreditar que crianças chegarão nas escolas e se alfabetizarão pelo simples fato de conviverem com números, cores, letras e formas, é limitar o ser humano a uma única via de aprendizagem. É acreditar que o processo de aprendizagem não é uma evolução, é ter um conhecimento e não aplicá-lo, enfim, é como não deter o mesmo. Assim, todo conhecimento ao ser aplicado, permite um próximo saber. Na imagem abaixo descrevemos de forma simplificada o processo de aprendizagem. Colocando todo novo estímulo como um problema, o cérebro interpreta e emite uma resposta, que pode ser adequada ou inadequada. Quando satisfatória, solucionará o problema/estímulo e o indivíduo estará pronto para evoluir. A resposta incorreta, que não soluciona o problema, também gera uma aprendizagem. Todas essas informações "aprendidas" serão armazenadas em nossa "caixa" de memórias, e, posteriormente, acessadas para solucionar a próxima necessidade."


Texto: Régis Nepomuceno - Equipe Inclusão Eficiente

Fonte: /www.facebook.com/inclusaoeficiente

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Cérebro de autistas percebe movimentos mais rápido



Sensibilidade ajuda a explicar a irritação de pessoas com o transtorno em ambientes cheios e barulhentos

Crianças autistas percebem movimentos duas vezes mais rápido do que crianças sem o transtorno. Essa foi a conclusão de um estudo publicado este mês no Journal of Neuroscience, importante publicação científica americana. A descoberta pode parecer estranha, mas ela dá pistas fundamentais para explicar alguns comportamentos típicos de autistas.
Segundo o cientista Duje Tadin, professor de ciências cognitivas na Universidade de Rochester e um dos autores do estudo, essa maior sensibilidade a movimentos pode justificar porque os autistas ficam tão incomodados com muito barulho ou claridade. Ela também pode estar associada a déficits comportamentais.
“Vemos o autismo como um distúrbio social porque crianças com essa condição geralmente têm dificuldade de interagir, mas, às vezes, deixamos de lado o fato de que tudo o que sabemos sobre o mundo, sabemos a partir de nossos sentidos. Se uma pessoa vê ou ouve de maneira diferente isso pode ter um efeito relevante na interação social”, afirmou Tadin em nota divulgada pela universidade.
Estudos anteriores já haviam mostrado uma maior sensibilidade de visão dos autistas, mas este é o primeiro a avaliar a percepção de movimento. O estudo contou com a participação de 20 crianças autistas e 26 crianças com o desenvolvimento normal. Os autores pediram que elas assistissem vídeos nos quais barras brancas e pretas se mexiam e indicassem para qual direção as barras estavam indo (esquerda ou direita).
Imagens mostradas para as crianças: com pouco contraste (esq.)
e contraste acentuado (dir.)

Se a criança acertasse, o vídeo seguinte era mais curto, aumentando o grau de dificuldade. Se errasse, era mostrado um mais longo. Dessa maneira, os pesquisadores mediam a velocidade com que a criança era capaz de perceber a direção das barras. No caso dos vídeos com pouco contraste (pouca diferença entre barras brancas e pretas), os dois grupos de crianças tiveram desempenho similar. No entanto, com o contraste mais alto (diferença acentuada entre branco e preto) os autistas identificaram a direção duas vezes mais rápido que o grupo controle. “Essa capacidade dramaticamente melhor de perceber movimentos é uma pista de que o cérebro de pessoas com autismo continua respondendo mais e mais conforme a intensidade aumenta”, explicou em nota Jennifer Foss-Feig, pesquisadora da Universidade de Yale, que também participou do estudo. Esse hiperestímulo também está ligado à epilepsia, um problema muito comum em crianças autistas – estima-se que cerca de um terço dos autistas também sofram de epilepsia. A resposta intensa aos estímulos no autismo também pode ser uma razão para a introspecção dos indivíduos.

Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Desenvolvimento/noticia/2013/05/cerebro-de-autistas-percebe-movimentos-mais-rapido.html

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Falta de escrever à mão 'pode prejudicar desenvolvimento cerebral das crianças



Uma pesquisa americana sugere que o uso excessivo de teclados e telas sensíveis ao toque em vez de escrever à mão, com lápis e papel, pode prejudicar o desenvolvimento de crianças.
A neurocientista cognitiva Karin James, da Universidade de Bloomington, nos Estados Unidos, estudou a importância da escrita à mão para o desenvolvimento do cérebro infantil.
Ela estudou crianças que, apesar de ainda não alfabetizadas, eram capazes de identificar letras, mas não sabiam como juntá-las para formar palavras.
No estudo, as crianças foram separadas em grupos diferentes: um foi treinado para copiar letras à mão enquanto o outro usou computadores.
A pesquisa testou a capacidade destas crianças de aprender as letras; mas os cientistas também usaram exames de ressonância magnética para analisar quais áreas do cérebro eram ativadas e, assim, tentar entender como o cérebro muda enquanto as crianças se familiarizavam com as letras do alfabeto.
O cérebro das crianças foi analisado antes e depois do treinamento e os cientistas compararam os dois grupos diferentes, medindo o consumo de oxigênio no cérebro para mensurar sua atividade.

Respostas diferentes

Os pesquisadores descobriram que o cérebro responde de forma diferente quando aprende através da cópia de letras à mão de quando aprende as letras digitando-as em um teclado.
As crianças que trabalharam copiando as letras à mão mostraram padrões de ativação do cérebro parecidos com os de pessoas alfabetizadas, que conseguem ler e escrever.

Este não foi o caso com as crianças que usaram o teclado.
O cérebro parece ficar "ligado" e responde de forma diferente às letras quando as crianças aprendem a escrevê-las à mão, estabelecendo uma ligação entre o processo de aprender a escrever e o de aprender a ler.
"Os dados do exame do cérebro sugerem que escrever prepara um sistema que facilita a leitura quando as crianças começam a passar por este processo", disse James.
Além disso, desenvolver as habilidades motoras mais sofisticadas necessárias para escrever à mão pode ser benéfico em muitas outras áreas do desenvolvimento cognitivo, acrescentou a pesquisadora.

As descobertas da pesquisa podem ser importantes para formular políticas educacionais.
"Em partes do mundo, há uma certa pressa em introduzir computadores nas escolas cada vez mais cedo, isto (esta pesquisa) pode atenuar (esta tendência)", disse Karin James.
Muitas escolas americanas já transformaram o ensino da escrita à mão em alternativa opcional para professores. Por isso, muitos educadores não ensinam mais caligrafia.
Uma solução poderia seria usar algum programa em um tablet que simulasse o ato de escrever à mão.
Mas, pelo que a pesquisa da cientista sugere, nada parece substituir o aprendizado com a escrita à mão.

Fonte:  http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Ainda, o preconceito em ação

Mãe tem filho com síndrome de Down e abandona criança com o pai
 Leo, bebê que nasceu com síndrome de Down, veio ao mundo em 21 de janeiro, em um hospital da Armênia (Foto: Reprodução/Facebook/Samuel Forrest)

Mãe da criança pediu para marido escolher entre ela ou o bebê.Caso aconteceu na Armênia; Leo nasceu em 21 de janeiro.
Reflita sobre a seguinte situação: uma mulher acaba de conceber uma criança, que nasceu com síndrome de Down, e, com vergonha da condição do bebê, dá um ultimato no marido: ou ele fica com o recém-nascido ou com ela.
Foi o que aconteceu com o Samuel Forrest Badalyan, da Nova Zelândia, em janeiro passado. Casado há 18 meses, a mulher dele deu à luz o primeiro filho do casal, Leo, em 21 de janeiro, na Armênia.
No entanto, poucas horas após o parto, ao descobrirem que Leo tinha nascido com a síndrome, a mãe do bebê e a família dela decidiram abandoná-lo. De acordo com “Daily Mail”, citando a emissora “ABC”, a mãe se recusou a olhar ou mesmo tocar no filho.
Samuel disse que ficou chocado inicialmente quando os médicos disseram que o filho possuía síndrome de Down, mas nunca passou pela sua cabeça abandoná-lo. “Eles me levaram para vê-lo, eu o vi e pensei ‘ele é lindo e perfeito’”.
Quando o neozeolandês levou o bebê para a mulher, ela ameaçou deixá-lo caso permanecesse com a criança. Ele decidiu ficar com o recém-nascido e a mulher pediu o divórcio uma semana depois.
O pai de primeira viagem tenta agora arrecadar verba para sair do país do leste europeu e voltar para sua terra natal. Uma página para angariar fundos foi criada e já arrecadou mais de US$ 180 mil em apenas dez dias. O dinheiro será usado para que a nova família encontre uma casa em Auckland e será investido na educação da criança.

Fonte:  http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/02/mae-tem-filho-com-sindrome-de-down-e-abandona-crianca-com-o-pai

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O desenvolvimento da linguagem e a inteligência no autismo(Conclusão)

Depois da leitura dos trabalhos aqui resenhados entendemos que há cada vez uma maior evidência de que existem aspectos que influem diretamente no desenvolvimento da inteligência, tal como a conhecemos, nas pessoas com transtornos do espectro autista. Que a discapacidade intelectual associada ao autismo talvez tenha sido superestimada ou não entendida adequadamente e que podemos estar diante de um novo paradigma na compreensão do autismo. Ou seja, que nos casos mais severos e ademais não existe uma intervenção precoce e intensiva, a qualidade intelectual se verá muito mais afetada. Portanto, talvez dentro de 10 ou 15 anos, estejamos vendo estudos paralelos que mudem estes números de forma radical, já que cada vez existem mais pessoas com TEA que recebem atenção de forma intensa e precoce e também estamos vendo que na prática diária os casos mais graves reduzem de forma significativa os aspectos relativos a comunicação e condutas inadequadas, graças aos novos modelos de intervenção. E novamente vemos como a atenção em família é de grande importância. A necessidade de que as famílias possam ter acesso a programas de formação é básica, já que desta forma, e em colaboração com as equipes de profissionais a evoução é muito maior, e portanto se reduz a severidade. E novamente vemos como aproximadamente 20% das crianças perdem seu diagnóstico, ainda que ninguém saiba explicar o por quê, se sabemos que nos casos expostos aqui todos receberam intervenção intensiva e precoce e suas famílias tiveram acesso à formação. Tal como afirmava Sartre “Somos o que fazemos com aquilo que os outros fizeram de nós” e talvez este extenso artigo sirva para que apreciemos a importância do desenvolvimento da linguagem no autismo e da relação das funções executivas com o desenvolvimento da inteligência, dentro dos padrões que comumente entendemos como normais.

Bibliografía:
  1. De l’education d’un homme sauvage ou des premiers developpemens physiques et moraux du jeune sauvage de l’Aveyron. Goujon. Paris, 1801.
  2. Patricia K. Kuhl, Brain Mechanisms in Early Language Acquisition, Neuron, Volume 67, Issue 5, 9 September 2010, Pages 713-727, ISSN 0896-6273, dx.doi.org/10.1016/j.neuron.2010.08.038.
  3. Jones W, Klin, A.(2013) Attention to eyes is present but in decline in 2-6-month-old infants later diagnosed with autism. Nature dx.doi.org/10.1038/nature12715
  4. Landa, R. J., Gross, A. L., Stuart, E. A. and Faherty, A. (2013), Developmental Trajectories in Children With and Without Autism Spectrum Disorders: The First 3 Years. Child Development, 84: 429–442. doi: 10.1111/j.1467-8624.2012.01870.x
  5. Gotham K., Pickles A., Lord C. (2012). Trajectories of autism severity in children using standardized ADOS scores. Pediatrics 130, e1278–e1284.10.1542/peds.2011-3668
  6. Pellicano, E. (2013), Testing the Predictive Power of Cognitive Atypicalities in Autistic Children: Evidence from a 3-Year Follow-Up Study. Autism Res, 6: 258–267. doi: 10.1002/aur.1286
  7. Bennett T.A. et al. J. Can. Acad. Child Adolesc. Theory of Mind, Language and Adaptive Functioning in ASD. A Neuroconstructivist Perspective. Psychiatry 22, 13-19 (2013)
  8. Alice S. Carter et al. Anxiety and Sensory Over-Responsivity in Toddlers with Autism Spectrum Disorders: Bidirectional Effects Across Time. Journal of Autism and Developmental Disorders June 2012, Volume 42, Issue 6, pp 1112-1119
  9. Anderson D.K. et al. Changes in Maladaptive Behaviors from Midchildhood to Young Adulthood in Autism Spectrum Disorder. American Journal on Intellectual and Developmental Disabilities, v116 n5 p381-397 Sep 2011
  10. Vivanti G, Barbaro J, Hudry K, Dissanayake C and Prior M (2013) Intellectual development in autism spectrum disorders: new insights from longitudinal studies. Front. Hum. Neurosci. 7:354. doi: 10.3389/fnhum.2013.00354
  11. Anderson, D. K., Liang, J. W. and Lord, C. (2013), Predicting young adult outcome among more and less cognitively able individuals with autism spectrum disorders. Journal of Child Psychology and Psychiatry. doi: 10.1111/jcpp.12178
Fonte: http://autismodiario.org/2014/01/11/el-desarrollo-del-lenguaje-y-la-inteligencia-en-el-autismo/


Tradução, edição e adaptação: Janez Robba

sábado, 7 de fevereiro de 2015

O desenvolvimento da linguagem e a inteligência no autismo(parte 4)

Quer dizer que o DI no autismo poderia surgir como consequência dos déficits de comunicação sociais graves nos mecanismos dependentes da experiência, que subjazem ao desenvolvimento neurocognitivo. Torna-se claro que, sem estar em desacordo com a existência do autismo+DI como uma comorbidez, não se vislumbrou a possibilidade de que as crianças com TA não tenham acesso à entrada adequada que apoie a eficiente organização e especialização do cérebro em um desenvolvimento neurotípico. Isto poderia propor que a criança em última instância também tivesse um DI, já que nos basearíamos em um padrão de medição não adaptado à realidade do autismo. Maior severidade pode conduzir a um maior comprometimento do processamento da informação linguística, mas isto não significa que exista um DI real. Poderíamos voltar às palavras de Amir Klin, onde o autismo se autogera e, neste caso, o não por este freio à autogeração conduziria à aparição deste DI, não como uma comorbidez, senão como uma consequência. O trabalho de Dawso et all de 2011 sobre o Modelo Denver, mostrou uns resltados muito bons sobre um programa de intervenção precoce intensiva em crianças pequenas, quer dizer, que a evideêncisa sobre o impacto positivo da intervenção precoce em uma melhor evolução da criança tem já uma evidência forte e vemos como altera os conceitos que até há pouco se tinha.
E um último estudo, também paralelo, publicado em 9 de Dezembro na revista Journal of Child Psychology and Psychiatry, também de Catherine Lord e colaboradores, nos fala do desenvolvimento da inteligência nas pessoas com TEA. No estudo, Lord e seus colegas avaliaram 85 crianças com autismo, aos 2,3,9 e 19 anos. O propósito era poder medir a evolução no tempo, e claro, ver as variações em todos os níveis de cada criança ao chegar aos 19 anos. Os resultado destes 17 anos de estudo estão de acordo com o que os autores previam, ainda que tenha havido alguns resultados não esperados. Tal como dizíamos no início deste artigo, o quociente intelectual é um critério, e não uma relação e tampouco explca tudo, e neste estudo, tampouco. Quando os participantes do estudo chegaram aos 19 anos de idade, os investigadores os dividiram em dois grupos em função de suas pontuações de QI. Colocaram 53 crianças com um quociente intelectual verbal abaixo de 70 em um grupo de baixa inteligência e 32 crianças restantes com 70 ou mais num grupo de alta inteligência. Os resultados do estudo nos apontam que um baixo quociente verbal e um baixo nível de habilidades aos 2 anos dá 85% de probabilidade de que aos 19 anos de idade apareça um baixo nível intelectual. Contudo, do grupo de crianças que aos dois anos deram uma maior pontuação, apenas 66% continuaram aos 19 anos no grupo de alto nível. É interessante destacar que, segundo alguns autores, apenas 50% dos participantes receberam algum tipo de terapia especializada. Não se especifica o que até há 17 anos se entendia como terapia especializada. Há que se destacar que 8 crianças do grupo de maior nível já não cumprem critérios para o autismo aos 19 anos. Nenhuma das 8 crianças que perderam os critérios para diagnóstico consumiram fármacos anti-psicóticos. E todos eles receberam intervenção precoce, mas não se especifica de que tipo. Outros dados interessantes e referidos ao grupo de alto funcionamento é que na idade de 19 anos seguem tendo problemas em aspectos básicos da vida cotidiana. E no grupo das 53 pessoas do grupo de baixo nível, se encontram grandes vasriações no que se refere às suas habilidades, aspecto que se distancia do QI, já que não parece ser o único fator determinante. Em 2011 foi publicado um artigo em que já se destacava o fato de que os resultados dos testes de inteligência não correspondem ao rendimento escolar das crianças com autismo.

(continua...)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Menino autista desacreditado por médicos é cotado para prêmio Nobel


 Jacob Barnett, de 14 anos, prepara sua tese de Phd em sistemas quânticos.

Aos dois anos de idade, o jovem americano Jacob Barnett foi diagnosticado com autismo, e o prognóstico era ruim: especialistas diziam a sua mãe que ele provavelmente não conseguiria aprender a ler ou sequer a amarrar seus sapatos.
Mas Jacob acabou indo muito além. Aos 14 anos, o adolescente estuda para obter seu mestrado em física quântica, e seus trabalhos em astrofísica foram vistos por um acadêmico da Universidade de Princeton como potenciais ganhadores de futuros prêmios Nobel.
O caminho trilhado, no entanto, nem sempre foi fácil. Kristine Barnett, mãe de Jacob diz que quando criança, ele quase não falava e ela tinha muitas dúvidas sobre a melhor forma de educá-lo.
“(Após ser diagnosticado), Jacob foi colocado em um programa especial (de aprendizagem). Com quase 4 anos de idade, ele fazia horas de terapia para tentar desenvolver suas habilidades e voltar a falar”, relembra.
“Mas percebi que, fora da terapia, ele fazia coisas extraordinárias. Criava mapas no chão da sala, com cotonetes, de lugares em que havíamos estado. Recitava o alfabeto de trás para frente e falava quatro línguas.”
Jacob diz ter poucas memórias dessa época, mas acha que o que estava representando com tudo isso eram padrões matemáticos. “Para mim, eram pequenos padrões interessantes.”

Estrelas

Certa vez, Kristine levou Jacob para um passeio no campo, e os dois deitaram no capô do carro para observar as estrelas. Foi um momento impactante para ele.
Meses depois, em uma visita a um planetário local, um professor perguntou à plateia coisas relacionadas a tamanhos de planetas e às luas que gravitavam ao redor. Para a surpresa de Kristine, o pequeno Jacob, com 4 anos incompletos, levantou a mão para responder. Foi quando teve certeza de que seu filho tinha uma inteligência fora do comum.
Alguns especialistas dizem, hoje, que o QI do jovem é superior ao de Albert Einstein.
Jacob começou a desenvolver teorias sobre astrofísica aos 9 anos. No livro The Spark (A Faísca, em tradução livre), que narra a história de Jacob, ela conta que buscou aconselhamento de um famoso astrofísico do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, que disse a ela que as teorias do filho eram não apenas originais como também poderiam colocá-lo na fila por um prêmio Nobel.
Dois anos depois, quando Jacob estava com 11 anos, ele entrou na universidade, onde faz pesquisas avançadas em física quântica.
Questionada pela rede BBC que conselhos daria a pais de crianças autistas – considerando que nem todas serão especialistas em física quântica -, Kristine diz acreditar que “toda criança tem algum dom especial, a despeito de suas diferenças”.
“No caso de Jacob, precisamos encontrar isso e nos sintonizar nisso. (O que sugiro) é cercar as crianças de coisas que elas gostem, seja isso artes ou música, por exemplo.”


Fonte:http://pensadoranonimo.com.br/menino-autista-desacreditado-por-medicos-e-cotado-para-premio-nobel/