Quer dizer que o DI no
autismo poderia surgir como consequência dos déficits de
comunicação sociais graves nos mecanismos dependentes da
experiência, que subjazem ao desenvolvimento neurocognitivo.
Torna-se claro que, sem estar em desacordo com a existência do
autismo+DI como uma comorbidez, não se vislumbrou a possibilidade de
que as crianças com TA não tenham acesso à entrada adequada que
apoie a eficiente organização e especialização do cérebro em um
desenvolvimento neurotípico. Isto poderia propor que a criança em
última instância também tivesse um DI, já que nos basearíamos em
um padrão de medição não adaptado à realidade do autismo. Maior
severidade pode conduzir a um maior comprometimento do processamento
da informação linguística, mas isto não significa que exista um
DI real. Poderíamos voltar às palavras de Amir Klin, onde o autismo
se autogera e, neste caso, o não por este freio à autogeração
conduziria à aparição deste DI, não como uma comorbidez, senão
como uma consequência. O trabalho de Dawso et all de 2011 sobre o
Modelo Denver, mostrou uns resltados muito bons sobre um programa de
intervenção precoce intensiva em crianças pequenas, quer dizer,
que a evideêncisa sobre o impacto positivo da intervenção precoce
em uma melhor evolução da criança tem já uma evidência forte e
vemos como altera os conceitos que até há pouco se tinha.
E um último estudo,
também paralelo, publicado em 9 de Dezembro na revista Journal of
Child Psychology and Psychiatry, também de Catherine Lord e
colaboradores, nos fala do desenvolvimento da inteligência nas
pessoas com TEA. No estudo, Lord e seus colegas avaliaram 85 crianças
com autismo, aos 2,3,9 e 19 anos. O propósito era poder medir a
evolução no tempo, e claro, ver as variações em todos os níveis
de cada criança ao chegar aos 19 anos. Os resultado destes 17 anos
de estudo estão de acordo com o que os autores previam, ainda que
tenha havido alguns resultados não esperados. Tal como dizíamos no
início deste artigo, o quociente intelectual é um critério, e não
uma relação e tampouco explca tudo, e neste estudo, tampouco.
Quando os participantes do estudo chegaram aos 19 anos de idade, os
investigadores os dividiram em dois grupos em função de suas
pontuações de QI. Colocaram 53 crianças com um quociente
intelectual verbal abaixo de 70 em um grupo de baixa inteligência e
32 crianças restantes com 70 ou mais num grupo de alta inteligência.
Os resultados do estudo nos apontam que um baixo quociente verbal e
um baixo nível de habilidades aos 2 anos dá 85% de probabilidade de
que aos 19 anos de idade apareça um baixo nível intelectual.
Contudo, do grupo de crianças que aos dois anos deram uma maior
pontuação, apenas 66% continuaram aos 19 anos no grupo de alto
nível. É interessante destacar que, segundo alguns autores, apenas
50% dos participantes receberam algum tipo de terapia especializada.
Não se especifica o que até há 17 anos se entendia como terapia
especializada. Há que se destacar que 8 crianças do grupo de maior
nível já não cumprem critérios para o autismo aos 19 anos.
Nenhuma das 8 crianças que perderam os critérios para diagnóstico
consumiram fármacos anti-psicóticos. E todos eles receberam
intervenção precoce, mas não se especifica de que tipo. Outros
dados interessantes e referidos ao grupo de alto funcionamento é que
na idade de 19 anos seguem tendo problemas em aspectos básicos da
vida cotidiana. E no grupo das 53 pessoas do grupo de baixo nível,
se encontram grandes vasriações no que se refere às suas
habilidades, aspecto que se distancia do QI, já que não parece ser
o único fator determinante. Em 2011 foi publicado um artigo em que
já se destacava o fato de que os resultados dos testes de
inteligência não correspondem ao rendimento escolar das crianças
com autismo.
(continua...)
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