Francisca das Chagas superou as limitações do filho para encontrar a felicidade. Casos de adoção diferenciada são poucos, segundo CNJ
Aos poucos, famílias que desejam adotar uma criança percebem que não há limitações para encontrar a felicidade, mesmo que ela venha acompanhada de complexidades. É o caso da dona de casa Francisca das Chagas Costa, que superou todas as barreiras e adotou um menino com autismo, deficiente visual e retardo mental.
"Adotar uma criança especial não é dificuldade nenhuma. É só você aceitar. Não ter vergonha, sair e mostrar para o mundo que ele é um ser humano também", declarou.
Quem vê Raimundo Nonato anos oito atrás nem imaginava que ele se tornaria um adolescente ativo, feliz e cheio de energia. A não ser uma pessoa: Francisca das Chagas, que ignorou qualquer impossibilidade de uma relação maternal entre os dois e hoje são uma família.
Juntos, mãe e filho vencem a cegueira, o retardo mental e o autismo. "Eu falei que queria ele, me perguntaram se tinha certeza. Quando fui ao abrigo conhecê-lo e ao entrar lá, o Nonato ainda no berço abraçou o meu pescoço, me deu mais vontade de querer ele", contou Chagas emocionada.
Mas o que poderia ser um bom exemplo, infelizmente ainda é uma exceção. São poucas as pessoas interessadas em abraçar a causa da adoção 'diferenciada'. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, no Brasil para cada criança ou adolescente disponível há em média cinco pessoas interessadas em adotar, no entanto, apenas duas estão dispostas a trazer para suas famílias pessoas com algum tipo de deficiência.
O Centro de Reintegração Familiar e Incentivo à Adoção (Cria) acompanha três situações em que a adoção foi de uma criança com algum tipo de deficiência. Aqui a batalha contra o preconceito e a favor da conscientização.
"Nós temos o papel muito importante de sensibilizar, mostrar para as pessoas adoções de crianças especiais que deram certo e a família encontra-se feliz", comentou a coordenadora do Cria, Francimélia Nogueira.
Em um abrigo de Teresina para crianças e adolescentes que perderam o vínculo com a família, 10 dos 38 acolhidos têm alguma deficiência e aguardam a adoção. O desejo é que atitudes positivas possam transformar a angústia de uma espera por uma nova família em esperança.
"Uma criança especial precisa de uma família, tanto quanto qualquer outra. As especiais demandam um pouco de trabalho e as famílias muitas vezes não estão preparadas. Quem tiver o interesse de adotar, veja a possibilidade de buscar uma criança com deficiência para contribuir melhor para o interesse delas", destacou a assistente social Leonilda Sá.
Fonte: G1