sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Mãe garante a filha autista professor especial e busca direito para mais 170

Andrea Dul, de Poá, conseguiu professor exclusivo para Andressa, de 9 anos. Sua filha e outras quatro crianças já conquistaram o direito


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A advogada Andrea Dul, de Poá, é mãe da Andressa Dul, de 9 anos. Quando a menina tinha 2 anos e 8 meses, foi diagnosticada com autismo. Desde então a mãe sempre buscou informações e cuidados que pudessem ajudar no desenvolvimento da menina.

Em 2013 foi avisada pela escola particular onde a filha estudava que a menina não poderia mais frequentar as aulas na unidade de ensino por causa de suas necessidades especiais. Andrea usou seus conhecimentos e conquistou na Justiça o direito ao professor exclusivo. Desde então, ela ajuda outras mães. Já conseguiu o mesmo direito para mais quatro famílias e preparou a documentação para outras 170.

“Desde pequeninha ela já ia para a escola porque eu precisava trabalhar. Quando ela completou um ano já falava e andava, de repente ela regrediu. Eu percebi que a fala dela estava mais comprometida”, comenta.

Em busca de um diagnóstico, foram várias consultas com neurologistas e psiquiátricas, até que veio a resposta. A falta de conhecimento sobre o autismo – reconhecido como deficiência apenas em 2013 – fez com que a escola (particular) onde ela estudava avisasse para Andrea que a menina não poderia mais frequentar as aulas, já que a sala contava com 25 crianças e apenas uma professora. “Eu apenas disse que em uma semana voltaria com a liminar da Justiça para que a milha filha continuasse estudando lá e tivesse os cuidados que ela precisa e foi o que eu fiz.”

Apesar de todo o conhecimento técnico-jurídico que possui, Andrea diz que redigiu com uma “grande dose de emoção” o texto que foi apresentado na Justiça. A advogada conquistou o direito para a filha e conta que, desde então, sua filha Andressa não só se desenvolveu na escola, como também passou a ajudar outras mães a conquistarem o mesmo direito para os seus filhos.


Multiplicação 

No final de 2015 ela organizou o grupo das Mães de Azuis. Ao todo, são cerca de 200 mães que convivem com os mesmos problemas de atraso no desenvolvimento de seus filhos e buscam ajuda. “Primeiro nós acolhemos as mães que chegam assustadas tentando entender o que se passa com seus filhos. Depois disso, nós explicamos para elas quais direitos elas têm, como o professor exclusivo na sala de aula e outros benefícios previstos para os deficientes.”

Foi assim que Andrea já assegurou para quatro famílias o direito do professor exclusivo na sala de aula. Outros dois casos aguardam a decisão e ela já elaborou o documento para mais 170 famílias.

O filho de Claudete Correia da Silva, por exemplo, já tem 12 anos, mas, apenas no ano passado ela soube do direito da professora auxiliar. Sem nenhum outro tipo de tratamento, o menino que até então não era alfabetizado, hoje consegue acompanhar as atividades da turma. “Ele tinha o diagnóstico de que era hiperativo. Tinha 30 alunos na sala e a professora deixou bem claro que não ia dar atenção só para ele. Nessa época ele perdeu muito no aprendizado, mas desde o ano passado foi muito positiva essa mudança. Agora ele interage e, dentro das limitações dele, está aprendendo.”

Outro benefício previsto em lei, que muitas famílias desconhecem, é o auxilio de um salário mínimo por mês para aqueles que têm a renda inferior a um salário mínimo.

Graças a advogada, a família de Luan conquistou esse direito. Kelen Luisa França tem 41 anos e está desempregada. Seu filho de 5 anos foi diagnosticado com autismo no ano passado. Além de não ter um emprego fixo, ela precisa cuidar da mãe, que está doente, e o pai do menino também está desempregado. “Eu tinha feito o pedido duas vezes e tinha sido indeferido, agora saiu. Com esse dinheiro, eu vou investir diretamente no Luan: vou colocar ele para fazer algum esporte, proporcionar mais bem estar para pagar uma condução quando for preciso levá-lo até uma consulta, por exemplo”, conta.

Toda a assistência dada pela advogada é gratuita, mas, como a demanda tem crescido, ela estuda firmar uma parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que os casos sejam encaminhados para a Defensoria Pública.

Matéria extraída do DeficienteCiente.com.br
Fonte: G1

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