Brasil avançou na educação, mas saúde e mercado de trabalho ainda são grandes desafios, afirma Associação DF Down. Veja atividades em Brasília.
Por Luiza Garonce para o G1 DF
Divulgação/Apae-BM
O Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado nesta quinta-feira (21), é ao mesmo tempo motivo de celebração e de luta. Segundo a presidente da Associação DF Down, Cléo Bohn, que atua junto a cerca de 250 famílias no Distrito Federal, a inserção no mercado de trabalho ainda é o maior obstáculo.
"Avançamos com muita dificuldade, porque muitas leis ainda não são cumpridas", disse ao G1.
"Temos conhecimento de mais de 70 pessoas com Down graduadas no país, mas o mercado de trabalho é o grande desafio."
Exposição sobre pessoas com Síndrome de Down — Foto: Divulgação
"Temos razão pra celebrar? Está todo mundo incluído? Ainda não.""Avançamos especialmente na educação inclusiva, mas temos que melhorar as políticas de trabalho e de saúde", explica Patrícia. Com o entendimento de que ainda há muito o que se avançar em todo o mundo, uma campanha internacional da Coordown Itália questiona as "razões para celebrar" (veja abaixo).
Em todo o Brasil, cerca de 300 mil pessoas têm a síndrome, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – o levantamento mais recente é de 2010. O recorte do DF não existe, porque a Secretaria de Saúde não faz este controle.
"Essa é uma das nossas pautas", disse Patrícia Almeida. "Fizemos o pedido para que o registro seja compulsório no nascimento, mas a lei [nº 13.685/2018] começou a valer em dezembro e o Ministério da Saúde ainda precisa fazer uma portaria para capacitar as secretarias estaduais."
Para a fundadora da Central Humanizada de Acolhimento à Trissomia 21 (Chat 21), uma rede virtual que acolhe e informa mães e pais de pessoas com Down em todo o Brasil, o momento também é de celebração.
Desde 2017, quando começou a funcionar, o projeto atendeu cerca de 700 mil famílias. "É um número importante, embora pareça pequeno se pensarmos na proporção populacional do Brasil", diz Gabriela Laborda.
Segundo ela, a rede online permite que o alcance das pessoas que precisam de ajuda cresça a cada ano.
"O atendimento é imediato e gratuito. A mãe ou o pai pode enviar uma mensagem quando quiser que a nossa equipe responde."
O "Chat 21" funciona com uma rede de apoiadores em 20 estados do Brasil. As principais frentes de atuação são um portal informativo – onde é possível encontrar detalhes sobre o projeto e vídeos explicativos voltados para a saúde – e grupos de Whatsapp.
É na troca de mensagens que a atuação do projeto se faz mais efetiva – e pessoal. "Os grupos são administrados por equipes multidisciplinares, com fonoaudióloga, psicopedagogos, especialistas em amamentação, em direitos humanos", explica Gabriela.
"E todos são pais de crianças com Down. Então não fica a sensação de que a pessoa que te ajuda não sabe o que é ter uma criança com a síndrome, não sabe o que você está vivendo."
"É empatia na prática."
Foi buscando essa relação, de igual para igual, que Gabriela fundou o "Chat 21". Ela é mãe da Maíra, uma menina de 4 anos que tem a síndrome. "Eu lembro dos médicos me falando que estava tudo bem, que ela ia crescer saudável, mas eu perguntava: 'você tem filho com down? Sabe como é?'."
"Eu não conhecia ninguém, foi um universo novo e inesperado que se abriu pra mim e eu queria ter com quem conversar."
Assim como ela, os pais que procuram a rede de apoio virtual querem compartilhar as angústias, medos e dúvidas. As principais, segundo Gabriela, residem nas questões de saúde, como cardiopatia e apneia, e no desenvolvimento cognitivo e da fala.
"O processo começa logo no diagnóstico. Surge o receio do preconceito e a dificuldade de entendimento sobre a síndrome. Tudo isso traz uma responsabilidade muito grande: estar com um bebê e você não conhecer aquele diagnóstico."
Além de uma rede de "desabafo" e apoio, os grupos também compartilham conteúdos informativos seguros – "para evitar que as pessoas leiam coisas erradas na internet", explica ela.
Comemorações em Brasília
3ª CaminhaDown em Brasília, no Parque da Cidade — Foto: Little Things Photo/Divulgação
Em celebração ao Dia Internacional da Síndrome de Down, a Associação DF Down promove uma caminhada no Parque da Cidade, das 9h às 14h30. A concentração será no estacionamento 10.
A 5ª edição da CaminhaDown tem como objetivo afirmar os direitos das famílias e das pessoas com deficiência intelectual e aproximar a sociedade do tema, em busca de uma inclusão efetiva.
Brinquedos para crianças durante CaminhaDown no Parque da Cidade em Brasília — Foto: Gi Salles/Divulgação
O evento vai contar com um pequeno show da banda Baião de 2, formada por músicos alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a fanfarra do bloco carnavalesco "Vai Quem Fica", além de brinquedoteca e lanche para as crianças.
Pela manhã, também serão realizadas atividades no Senado. A partir das 9h, haverá palestras, peça teatral, apresentações de dança e música, além de homenagens. O evento segue até as 12h45 no auditório Antônio Portela.
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