sexta-feira, 24 de abril de 2020

Acolher crianças com deficiência intelectual durante o isolamento

ONG promove encontros presenciais de jovens voluntários com crianças que têm autismo, síndrome de Down, paralisia cerebral e outras condições ou síndromes. Instituição precisou remodelar atividades por causa da pandemia do coronavírus. Visitas foram substituídas por encontros virtuais. Sucesso da iniciativa ampliou rede de beneficiados e apoiadores.


Luiz Alexandre Souza Ventura para o brasil.estadao.com.br


Os encontros semanais de Rafael, adolescente de 14 anos que tem o Transtorno do Espectro Autista (TEA), com Michel, de 16 anos, e Malu, de 15, jovens voluntários da ONG The Friendship Circle, estão interrompidos por causa da pandemia do coronavírus.

Com as medidas de isolamento social impostas pelo combate à covid-19, as visitas presenciais deram lugar a conversas pela internet. Essa mudança gerou preocupação nos dois lados.

Havia principalmente receio de perda da conexão entre os três, algo conquistado com muita dedicação e que poderia desmoronar por causa da distância. Felizmente, o resultado foi o contrário. A atividade online deu tão certo que permitiu ampliar o número de acolhidos e de apoiadores.


“Das 55 crianças atendidas, surpreendentemente, apenas duas não se adaptaram ao novo formato”, celebra Beila Schapiro, presidente da The Friendship Circle. “As famílias imaginaram que o trabalho não voltaria tão cedo, mas conseguimos manter os momentos lúdicos entre as pessoas que já têm vínculo afetivo e as crianças se entusiasmaram”, comenta a presidente.

O grupo tem 150 voluntários e muitos aproveitaram a proposta online para apresentar novas ideias. Alguns ‘jovens líderes’, que não participam dos encontros presenciais, se uniram a outros voluntários e apoiadores, inclusive adultos, para construir uma agenda de atividades ministradas por eles, como lives e oficinas.

Essas ações têm importantes participações de pessoas que são referência na inclusão, como Suzana Gullo, esposa do apresentador Marcos Mion e mãe de Romeo Mion. Ela conversou com os acolhidos sobre as necessidades e os desafios para fortalecer uma sociedade inclusiva.






A coisa que a gente mais gosta de ver (e promover) são os abraços apertados entre os nossos jovens voluntários e as nossas crianças atendidas. Mas, como hoje, no dia Mundial da Conscientização do Autismo, o mundo inteiro está mobilizado a evitar o contato físico, nós sugerimos que você faça diferente: Ligue (ou faça uma vídeo chamada) para aquele seu amigo com autismo e diga o quanto esta amizade é importante pra você. É uma maneira de estar junto, mesmo sem estar tão próximo. Afinal, nós do Friendship Circle sempre acreditamos e sempre acreditaremos na força de uma amizade, mesmo que, por um tempo, os abraços sejam substituídos por outras formas de afeto. #diamundialdoautismo #conscienciasobreautismo #abrilazul #lightitupblue #amizadequeensina #querosaberlidar #tenho1amigoautista #conhecimentosempreconceito #naodaparareconhecer #tenteconhecer #friendshipcircle
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Outro encontro de bastante repercussão foi, na verdade, uma aula de pintura com a artista plástica Patrícia Carparelli. E a apresentadora Isabella Fiorentino também participou de uma live sobre conscientização.

“Estamos estruturando possíveis aulas de culinária e contação de histórias. Tudo isso só nos despertou para ampliar a rede. A tecnologia vai nos permitir beneficiar muito mais crianças com deficiências e, inclusive, expandir nosso trabalho nacionalmente”, diz Beila Schapiro.

A presidente da The Friendship Circle ressalta que essa nova realidade pode permitir aos jovens voluntários uma aproximação com crianças mais afastadas.

“Quem sabe, aumentamos o número de atendimentos? Sem o deslocamento físico e o trânsito, há mais tempo para dedicar a outra criança”, completa Beila Schapiro.

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